sexta-feira, 8 de março de 2013

Gênesis Capítulo 32                                                   

Por Irmão Acyr

"Utilizamos de nossos próprios meios carnais e pensamos que estamos esperando em Deus! E pedimos para Ele abençoar aquilo que planejamos em nossos engenhosos corações, o que apenas O afasta de nós, porque demonstra nossa falha em depender somente dEle. Na obra de Deus, apenas os meios de Deus são aprovados". 

Gênesis 32:1 – “JACÓ também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus”. Deus jamais desiste de seus servos escolhidos, vemos claramente nesta passagem que Deus deixa claro a Jacó qual seria sua companhia na jornada: “O exército do céu”. Assim como foi com Eliseu na guerra contra os Siros: II Reis 6:16 – “E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. Mas qual é a reação de Jacó diante desta revelação? Ele se alegra sabendo que estava sobre promessa de Deus e na segurança do céu? Infelizmente não, ele se volta aos seus planos e táticas, ele usa suas antigas ferramentas da  sabedoria carnal: Gênesis 32:3,6 – “E enviou Jacó mensageiros adiante de si a Esaú..... E os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; e também ele vem para encontrar-te, e quatrocentos homens com ele”. Definitivamente, ao invés de simplesmente confiar na promessa de Deus (Gênesis 31:3 – “...Torna-te à terra dos teus pais, e à tua parentela, e eu serei contigo”), Jacó prefere fazer estratégias:

Gênesis 32:7,8 – “Então Jacó temeu muito e angustiou-se; e repartiu o povo que com ele estava, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos, em dois bandos. Porque dizia: Se Esaú vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará”. Seu primeiro pensamento é sempre um plano alternativo; Não somos assim todos nós? Confiamos em Deus, até certo ponto, mas no caso de Deus demorar muito ou parecer distante, lanço mão dos meus próprios recursos e criatividade carnal, não desejo confiar unicamente em Deus. A nossa terrível condição é que fazemos planos e depois pedimos para Deus aprovar e abençoar os nossos planos, mas nunca deveria ser assim, se queremos Deus no controle, então é Ele quem faz os planos e dirige nossos passos. Ele não abençoará os nossos planos, mas antes, nos dará planos abençoados de Sua Mente.

Quantas vezes sentimo-nos satisfeitos em acrescentar orações aos nossos planos, usamos todos os nossos métodos e depois pedimos a Deus para abençoar. Mas certo é que devemos chegar, antes, ao fim de tudo que o “eu” tem alguma participação para só então, vermos a manifestação de Deus. Todavia, nós nunca podemos chegar ao fim dos nossos planos até sermos levados ao fim de nós próprios. Devemos ver que “...Toda carne é erva, e toda a sua beleza, como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor...”(Isaias40:6e7).

Gen.32:22a32 - Após todos os seus planos e preparativos prontos, então algo inesperado e incrível ocorre com Jacó: Ele “...porém, ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subiu”. Este é um ponto decisivo em sua história, ficar a sós com Deus é o único meio de chegar a um conhecimento justo e verdadeiro de nossos próprios caminhos. Somente quando pesamos nossas vidas e nossos feitos na balança do santuário é que conhecemos seu real valor... não importa o que nós ou as outras pessoas pensam a nosso respeito e sim, o que Deus pensa. Longe do mundo; longe do eu; longe de todos os pensamentos, argumentos, cálculos, e emoções da natureza, e “só com Deus” é que podemos obter um juízo correto de nossa condição.

“Lutou com ele um varão”. Devemos notar que não foi Jacó que lutou com um varão e sim o varão que lutou com ele. Esta história é vulgarmente conhecida como o poder de Jacó na oração, mas o contexto deixa claro que não é assim, pois aquele que luta é sempre o que pretende alcançar algo do outro e neste quadro, quem luta é o varão pois ele pretendia arrancar algo de Jacó. Deus pretendia arrancar de Jacó a correta visão acerca de si mesmo, ele precisava enxergar que fraca e débil criatura ele era, mas como Jacó resistia tenazmente ao tratamento divino, o varão “tocou a juntura de sua coxa; e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele”. A sentença de morte tem que ser lavrada sobre a carne – o poder da Cruz tem que ser compreendido antes de podermos andar firmemente com Deus. Até aqui vimos toda a desenvoltura e poder do caráter de Jacó, seus planos, sua engenhosidade, sua perspicácia durante os 20 anos de estadia com Labão, mas neste episódio sua carne é tocada, o ponto mais resistente e forte de seu corpo é danificado de forma definitiva, ele se torna um aleijado na carne, como Mefibosete (IISm.4:4), já não pode mais lutar, não pode mais correr, não pode contar com a força da carne........ tudo o que ele pode fazer é exclamar ao Senhor: “não te deixarei ir” .... oh maravilhosa e sublime declaração, como disse o poeta:

“Nenhum outro refúgio tenho;
Minha alma desamparada apega-se a Ti”.

“Eu o aplacarei com o presente”, este era o engenhoso Jacó, ele tinha em sua carne astuta muitos recursos, mas agora, ele está entrando em uma nova era de sua história, ele aprenderá que a fé, a verdadeira fé, representa uma completa dependência de Deus e de Seus meios, não se utiliza de nada e nem resgata nada de nossa velha natureza.

Nossa grande falha, é que muitas vezes por trás de uma aparente piedade, nós, na verdade, nos utilizamos de nossos próprios meios carnais e pensamos que estamos esperando em Deus para abençoar aquilo que planejamos em nossos engenhosos corações, o que apenas O afasta de nós, porque demonstra nossa falha em depender somente Dele. Na obra de Deus, apenas os meios de Deus são aprovados.

Chegar ao ponto de dizer: “Não te deixarei ir se não me abençoares”, não é algo fácil de se atingir, Jacó lutou muito, pois ele confiava demais em sua carne, porém Deus é um especialista em deprimir o caráter mais ativo. Ele sabe como tocar a mola do poder da natureza, e escrever a sentença de morte inteiramente sobre ela; enquanto isso não é feito, não pode haver verdadeiro poder com Deus ou o homem. Temos de ser “fracos” para podermos ser “fortes”. “O poder de Cristo” só pode “repousar sobre nós” em ligação com o conhecimento de nossas fraquezas. Cristo jamais colocará o selo de Sua aprovação sobre o poder da natureza caída e manchada pelo pecado: Todas estas coisas tem que submergir-se para que Ele possa levantar-Se.

Gênesis 32:27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. Aqui vemos Jacó (suplantador, enganador) sendo intimidado a enfrentar de forma definitiva sua velha natureza na forma descrita por seu nome. Ele confessa ser Jacó, compreende a implicação disso, a manifestação do “eu” em toda a sua deformidade moral, ainda assim, é abençoado independentemente de sua condição ou mérito e passa a chamar-se Israel (príncipe). Recebeu seu novo nome quando a juntura de sua coxa foi tocada. Tornou-se num príncipe poderoso quando foi levado a conhecer-se como homem fraco; Ainda assim o Senhor teve de dizer: “Por que perguntas pelo meu nome?” Não é feita a revelação d´Aquele que, todavia, havia posto a descoberta do verdadeiro nome e condição de Jacó.

De tudo isso podemos entender que é uma coisa sermos abençoados pelo Senhor e outra inteiramente distinta termos a revelação de Seu caráter, por meio do Espírito, aos nossos corações. “E abençoou-o ali”, mas não lhe disse o Seu nome. Há grande benção em sermos levados a conhecermo-nos a nós próprios e poder discernir claramente o que Deus é para nós, e tudo o que foi necessário fazer por nós na Cruz em que nos transformou. Foi assim com Jacó quando a juntura de sua coxa foi tocada e ele já não podia mais correr, caso seu irmão viesse para matá-lo, agora ele estava obrigado a depender unicamente de Deus e de Sua misericórdia.
Gênesis 32:30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. Jacó não sabia ainda o nome d´Aquele Homem, mas compreendeu ser o Deus-Homem, o Único capaz de salvar a sua pobre alma. Ele ainda seria levado a conhecer mais intimamente esse Deus maravilhoso e veremos isso no restante de sua história.

Desejo frisar também que, o livro de Jó é, em certo sentido, um comentário pormenorizado desta cena na história de Jacó. Através dos primeiros trinta e um capítulos de seu livro, Jó discute com seus amigos, e mantém o seu ponto de vista contra todos os seus argumentos. Porém, no capítulo 32, Deus, por intermédio de Eliú, começa a lutar com ele; e, no capítulo 38 vem diretamente sobre ele com toda a majestade do Seu poder, subjuga-o pela manifestação da Sua grandeza e glória, e arranca-lhe as palavras bem conhecidas: Jó 42:5e6 – “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. Isto era realmente tocar a juntura da sua coxa. E notemos esta expressão, “agora te vêem os meus olhos”.

Ele não diz vêem-me os meus olhos; não, mas “vêem-Te”. Nada senão uma visão do que Deus é, pode realmente levar ao arrependimento e a verdadeira abominação de si mesmo. Assim acontecerá com o povo de Israel, cuja história é análoga à de Jó. Quando eles contemplarem Aquele que feriram, lamentar-se-ão, e então haverá plena restauração e bênção (Ap.1:7).  O seu fim, a semelhança de Jó, será melhor do que o princípio. Aprenderão o pleno significado desta frase, “para tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim, contra o Teu ajudador” (Os.13:9).

OBS:. Para acompanhar o Estudo do Livro de Gênesis a partir do capítulo1 >CLIQUE AQUI<

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