segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Estudo do Livro de Gênesis

                                                                         Estudo feito pelo Irmão Acyr


 

 

Capítulo 1                                                               

"No princípio criou Deus os céus e a terra". 


No princípio criou Deus os céus e a terra”. É notável como o Espírito Santo abre este livro sublime. No Princípio Deus. No princípio Deus e somente Deus é tudo.... Ele é tudo e todas as outras coisas só passam a existir por causa Dele e para Ele. Sem Ele, nada do que foi feito se fez. Todo aquele que crê terá um santo e inefável prazer nestas palavras. Não poderemos provar por fósseis, por geologia ou qualquer outra ciência os fatos em que cremos. Apenas compreendemos que Nosso Deus revela-Se a Si mesmo. Faz-Se conhecer por Suas obras: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos” (Sl 19:1). “Todas as Tuas obras Te louvam, ó Senhor” (Sl 145:10). “Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor, Deus Todo-Poderoso!” (Apoc.15:3).
Levantai ao alto os olhos e vede quem criou estas coisas, quem produz por conta o seu exército, quem a todos chama pelo seu nome; por causa da grandeza das suas forças e pela fortaleza dos Seu poder, nenhuma faltará” (Is 40:26). “.....os deuses das nações são vaidades; porém o Senhor fez os céus” (ICr 16:26).

-Verso 2:E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo”. Deus(Elohim-Trino) estava só na criação. Ele olhou na imensidade assolada e viu nela a esfera na qual os Seus planos e desígnios maravilhosos haviam ainda de ser realizados e manifestados- onde o Filho Eterno havia ainda de viver, trabalhar, testificar, sofrer e morrer, a fim de mostrar, à vista de mundos maravilhados, as perfeições gloriosas da Divindade. Tudo era trevas e caos; Deus é o Deus de luz e de ordem. “Deus é luz, e não há Nele treva nenhuma” (IJo1:5). As trevas e a confusão não podem viver na Sua presença, quer encaremos o fato pelo ponto de vista moral, físico, intelectual ou espiritual.

E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. O Senhor põe-se a ponderar acerca do palco de Suas futuras operações. Só Ele poderia trazer ordem ao caos, fazer separação entre as águas e criar as condições onde a vida pudesse manifestar-se sem medo da morte.

E disse Deus: Haja Luz. E houve luz”. Quão simples! E, contudo, como é próprio de Deus! “Ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu” (Sl 33:9).

Para os infiéis respondemos: “Pela fé, entendemos que os mundos, pela Palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hb11:3). Esta resposta satisfaz o espírito dócil. A filosofia pode rir-se desdenhosamente chamando de credulidade cega e antiquada à era digital, porém, que grande inaptidão ela possui para entender os desígnios das sagradas escrituras.

-Verso 5: “E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre luz e trevas. E Deus chamou à luz dia; e às trevas chamou noite”. Temos aqui dois grandes símbolos tão largamente empregados em toda a Palavra de Deus. A presença da luz faz o dia; a falta dela faz a noite. O mesmo se dá com a história das almas. Há os filhos da Luz e os filhos das trevas, esta é uma clara e solene diferença e jamais poderá haver mistura. Ninguém pode ser meio luz e meio trevas. Todos aqueles que foram iluminados pelo “Sol da Justiça” (Malaq.4:2) possuem uma nova natureza e já nele não habita trevas alguma.

-Verso 6 a 8 - “E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão........ E chamou Deus à expansão céus”. Que tremenda esta revelação; a ciência se rende boquiaberta à sabedoria do nosso Deus, Ele nos revela, nesta passagem, que no início de tudo Ele criou o nosso céu atmosférico entre as águas, de tal maneira que uma parte da água ficou suspensa sobre a atmosfera, no exato local onde hoje, provavelmente, temos a camada de ozônio. Esta disposição de um lençol de água em volta do planeta, fazia com que sobre a terra, ocorresse um clima extraordinariamente perfeito e uma proteção contra os raios cósmicos. Isto é tão definitivo e claro no relato Bíblico que, no término do dilúvio, vemos que (Gen.8:2) “cerraram-se as fontes do abismo e as janelas do céu” de tal forma que toda aquela água que, até então permaneceu suspensa sobre o firmamento, fosse toda derramada sobre a terra gerando a grande inundação e a completa mistura das águas do mar com os rios destruindo toda a vida que estivesse fora da arca.

-Verso 9 e 13 - Vemos aqui o Senhor ordenando cada detalhe da criação e a tudo dando Suas ordens e separando as águas dos mares e dos rios e criando cada semente segundo sua espécie, para que jamais houvesse qualquer confusão e toda a natureza obedecesse a perfeita ordenação.    

-Verso 14: "E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite..........E fez Deus os dois grandes luminares: O luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas". O Sol é o grande centro do nosso universo e, em torno dele giram os astros menores. Dele recebem sua luz. O Sol, pode ser visto como figura d'Aquele que, em breve há de levantar-Se para o alvorecer de um dia brilhante de interminável Glória.

A Lua, sendo por si mesma opaca, recebe toda sua luz do Sol. A Lua reflete sempre a Luz do Sol, salvo quando a terra (mundo) e as suas influências intervém. Poderemos dizer que tipologicamente, assim como o Sol pode ser visto como um símbolo de Cristo, a Lua pode simbolizar a Igreja. Esta não tem luz própria, mas sempre deve refletir a luz de seu Senhor. É através da Igreja que o mundo conhece a Cristo. “Vós sois a nossa carta,......conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo”. (II Cor.3:2,3).

A Luz da Lua não é sua, ela apenas reflete a luz que recebe. Assim deve ser a Igreja que não é chamada para se mostrar a si mesma ao mundo. Deve apenas refletir a Luz que recebe e, para isso, deve estudar com santa devoção o caminho que o Senhor trilhou aqui no mundo; e, mediante a energia do Espírito Santo, trilhar esse caminho, sem deixar que as nuvens e neblinas do mundo ofusquem sua missão.
(Obs.: Uma curiosidade acerca da Lua é que, quando vista por um telescópio, lembra uma terra devastada pela destruição e sequidão, um deserto em ruínas. Não tem beleza em si mesma, porém é belíssima quando resplandece e brilha no horizonte pela luz do Sol nela refletida).

As estrelas. “Uma estrela difere em glória de outra estrela” (ICor.15:41). Assim será no reino futuro do Filho de Deus, Ele resplandecerá e o Seu corpo, a Igreja, refletirá fielmente, o Seu brilho. Os Santos, individualmente, brilharão nessas esferas que o Justo Juiz lhes distribuir, como galardão do serviço prestado durante a noite da Sua ausência (Lc. 19:12a19).

-Verso 26: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.....à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou; frutificai, e multiplicai-vos e enchei a terra, e sujeitai-a”.  Nota-se a mudança de ele para eles. Não nos é apresentada a criação da mulher em detalhes até o capítulo 2, mas aqui Deus os abençoa e lhes concede governo universal. Eva recebe suas bênçãos em Adão. A mulher era vista como parte do homem, ainda que nem houvesse sido chamada à existência. “No teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Sl.139:16).

Assim é com a Igreja- a noiva do segundo homem. Ela era vista desde toda a eternidade em Cristo, a sua Cabeça; como lemos no primeiro capítulo de Efésios(versículo4): “Como também nos elegeu Nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos irrepreensíveis diante Dele em amor”. Antes que um só membro da Igreja, tivesse respirado o fôlego da vida, todos eram, na mente de Deus, predestinados para serem conforme a imagem de Seu Filho. Os desígnios de Deus tornam a Igreja necessária para completar o homem místico. Por isso a Igreja é chamada “a plenitude Daquele que cumpre tudo em todos”(Ef.1:23).

Quando olhamos para o plano de Deus na salvação do homem, jamais poderemos pensar que ele é restrito à individualidade de cada salvo, não, porém Deus está formando um corpo, uma adjutora para o segundo homem. “Não é bom que o homem esteja só: Far-lhe-ei uma adjutora”(Gn2:18). “Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher do varão. Porque também o varão não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do varão.....Todavia, nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão, no Senhor. Porque, como a mulher provém do varão, assim também o varão provém da mulher, mas tudo vem de Deus”(I Cor.11:8a12). Deus não deixou o primeiro homem sem uma adjutora e nem tampouco deixará o segundo. Óh que pensamento sublime: Assim como haveria um vazio na criação sem Eva, haveria uma falta na Nova Criação sem a noiva de Cristo, a Igreja. (Ef.1:18a23).


Gênesis Capítulo 2

"...O Descanso do sábado foi interrompido...Os judeus reuniam-se em suas sinagogas aos sábados para lerem a Lei e os profetas(Atos13:14 e 17:2e3), os cristãos, guardavam o primeiro dia da semana, reunindo-se para “partir o Pão.”


Gen.2:1 a 3 - ASSIM os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera. O Senhor abençoou e descansou no sétimo dia. O Senhor contemplava toda a perfeição de Sua obra. Ele teve o Seu descanso pois nada mais havia para ser feito, tudo estava pronto em perfeito e santo equilíbrio. “As estrelas da alva juntas alegremente cantavam e todos os filhos de Deus rejubilavam”(Jó38:7).

Depois disto, lemos que Deus ordenou ao homem que guardasse o sábado, e que o homem falhou completamente em o fazer; mas nunca mais lemos as palavras, “Deus descansou”; pelo contrário, o Senhor Jesus disse: “.....Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também” (Jo5:17). O Sábado, no sentido próprio e exato do termo, só podia ser celebrado no meio de uma criação imaculada – uma criação na qual não podia ser discernida nódoa de pecado. Deus não pode ter descanso onde há pecado; necessitamos apenas olhar em nossa volta para podermos compreender a impossibilidade absoluta de Deus ter um descanso na criação agora. Os espinhos e cardos, juntamente com milhares de outros frutos tristes e humilhantes de uma criação em gemidos, levantam-se perante nós e declaram que Deus deve estar a trabalhar e não a descansar (Gen.3:17e18; Rom.8:19a21). Poderia Deus ter descanso no meio dos suspiros, das lágrimas, dos gemidos e das dores, as enfermidades, a morte, a degradação e culpa de um mundo arruinado? Poderia Deus assentar-Se, na realidade, e celebrar um sábado no meio de tais circunstâncias? (Heb.4:4,5,9e10).  

O Descanso do sábado foi interrompido e, desde a queda até a encarnação, Deus não deixou de trabalhar; desde a encarnação até a cruz, Deus o filho trabalhou; e desde o Pentecoste até esta data, Deus o Espírito Santo tem estado trabalhando. Certamente que Cristo não teve descanso quando esteve no mundo. É verdade que Ele acabou a sua obra – porém, onde passou Ele o dia de Sábado? No sepulcro! Sim, O Senhor, O Deus manifestado em carne, Senhor e mantenedor de toda a criação e, também, do sábado, passou o sétimo dia no silêncio sombrio do túmulo. Poderia o Filho de Deus passar o sétimo dia na sepultura se esse dia fosse para ser passado em paz e descanso, e de sentir que nada mais restava fazer? Impossível!    O que fazia o homem enquanto o Filho de Deus estava na sepultura? Guardava o sábado! Que pensamento! Cristo na sepultura para reparar um sábado quebrado, e no entanto o homem procurando guardar o sábado como se ele não tivesse sido quebrado. Guardavam um sábado do homem e não de Deus. Era um sábado sem Cristo – uma formalidade vazia, ineficaz, sem valor, porque era uma formalidade sem Cristo e sem Deus.

E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro...... Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito.”(Mt.28:1,5,6). Que tremenda revelação temos aqui, no primeiro dia da semana, no raiar de um Novo Tempo, de um Novo Testamento, de uma nova dispensação, de uma Nova Aliança de Deus com Seu povo, o Túmulo estava vazio. No Primeiro Dia da Semana, Ele ressuscitou dentre os mortos; Este não é um novo sábado, mas um dia inteiramente NOVO. É o primeiro dia de um novo período e não o último dia de um velho período. O sétimo dia está ligado com a terra e o descanso terrestre; o primeiro dia da semana, pelo contrário, introduz-nos no céu e no descanso celestial.

Há nisto uma diferença de princípios; Se guardamos o sábado, tornamo-nos desse modo criaturas terrestres, tanto mais que esse dia é, claramente, o descanso da terra – descanso da criação; porém, se eu sou ensinado pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo a compreender a significação do primeiro dia da semana, compreenderei imediatamente a sua ligação íntima com a nova e celestial ordem de coisas, das quais a morte e ressurreição de Cristo formam o fundamento eterno.

O sétimo dia pertencia a Israel e à terra. O primeiro dia da semana pertence à Igreja e ao céu. Além disso, a Israel foi mandado guardar o dia de sábado: a Igreja tem o privilégio de desfrutar o primeiro dia da semana. O sétimo dia era o ensaio da condição moral de Israel; o primeiro dia a prova significativa da eterna da aceitação da Igreja. Aquele manifestou o que Israel podia fazer por Deus; este declara perfeitamente o que Deus fez por nós.

Como vemos em Apocalipse 1:10 - “Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta”.  O primeiro dia da semana, aqui referido, ou o dia do Senhor, mostra claramente, não o acabamento da criação, mas o triunfo perfeito e glorioso da redenção. Vemos na história da Igreja primitiva uma clara distinção entre o sábado e o primeiro dia da semana. Os judeus reuniam-se em suas sinagogas, aos sábados para lerem a Lei e os profetas(Atos13:14 e 17:2e3), os cristãos, guardavam o primeiro dia da semana, reunindo-se para “partir o Pão” (Atos20:7 e ICor.16:2).

Seria justo obrigar os cristãos a guardarem o dia em que o Senhor estava no sepulcro, ou o maravilhoso Dia em que Ele o deixou? (João 20:1e19,20; Cl.2:16; Lc.:24:1).
E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pós-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco” (João1:1,19,26). É bem provável que se aqui estivesse escrito: “após sete dias Jesus apareceu”. Então  alguém poderia entender que no sábado seguinte Ele voltou, mas, propositadamente, lemos que após oito dias Jesus retornou à reunião da Igreja, para que ficasse bem claro que Ele só voltaria no domingo seguinte!!        

Não devemos supor que nós perdemos de vista que o sábado será guardado outra vez na terra de Israel e sobre toda a criação: será incontestavelmente: “.......resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb.4:9). Quando o Senhor Jesus assumir a Sua posição de governo sobre toda a terra (milênio), haverá um sábado glorioso – um descanso que o pecado nunca mais interromperá. Porém, agora, Ele é rejeitado, e todos os que O conhecem e O amam são chamados a tomar o seu lugar com Ele na Sua rejeição; são chamados para “sair fora do arraial, levando o Seu vitupério” (Hb13:13).

Agora, no entanto, vivemos a realidade de um sábado quebrado e a promessa de um descanso futuro que nos será dado na ressurreição. Apoc.7:9 a 17:
9 - Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos;
10 - E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.
11 - E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus,
12 - Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém.
13 - E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram?
14 - E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.
15 - Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra.
16 - Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles.
17 - Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima. 

As água da vida”- Que promessa maravilhosa temos aqui! Podemos ver claramente, a história da criação sendo recontada com um maior número de detalhes, omitidos na primeira narrativa.

Gen.2:4 a 17- Observemos que não havia chuva, apenas uma neblina, as águas não eram abundantes e não havia homem para cultivar a terra. Após a criação das plantas, do homem e de toda a vida, Deus fez um rio que saia do Édem para regar o Jardim. Que maravilhosa tipologia temos aqui acerca do Rio da Vida que procede do Senhor.
 Ex.17:6 - Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel.
João 7:37,38 -  E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.
38-  Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.
Salmo 46:4 - Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.  

Podemos ver em Apocalipse 22:1,2 e 14, o cumprimento do plano eterno do nosso Deus que matará, para sempre a nossa fome e sede de Justiça através do Rio da Vida que vem de Seu Santo trono.  
 1- E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.
2- No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações.
14- Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.

Gen 2:17- Deus ordenara que Adão não se alimentasse de conhecimento do bem misturado com o mal. Deus avisou que disso procederia, irremediavelmente, a morte eterna. A vida de Adão estava pendente da sua obediência. Ele precisava aprender a confiar em Deus, ainda que não compreendesse a razão de tal ordem!

O erro de Adão trouxe a morte, a obediência de Cristo nos trouxe a vida e estabeleceu o grande parâmetro: Gen.2:17- “..... no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. No Segundo Homem, em Cristo Jesus nos é dito “crê e viverás”... “aquele que crê no Filho, tem a vida eterna” (Jo.3:36). João 5:24 - “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.  Ó sublime promessa, quando tudo era vida, a desobediência trouxe a morte, mas agora, quando tudo é morte, o Crer em Cristo nos traz a vida.

Gn.2:18,20 e 21-  “E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele..........mas para o homem não se achava ajudadora idônea. Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar”. Que sublime revelação, o Senhor Deus deseja e estabelece para o homem um padrão, um ajudadora idônea, e vê que em toda a criação não se podia encontrar. Nosso Deus conhece a perfeição, Ele não permite nada menos que a perfeição. Ele decide criar a mulher. Ele é a complitude da obra, o elo perfeito para o primeiro homem. Para a mais profunda e perfeita união, Deus remove a mulher do próprio corpo de Adão. 

Para que isso fosse possível, era necessário que Adão adormecesse em sono profundo. Quando acordou de seu sono Adão exclamou: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada”(Gn2:23). Que sublime ordem de eventos. Não foi isso que disse o Senhor Jesus acerca de sua crucificação e morte? Joao12:32-  E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. O Senhor estava dizendo que no sono de sua morte de cruz, do Seu corpo, de Seus ossos, de Sua carne, seria tirada A Mulher, a Noiva, a Igreja – Ef.5:30,32 - Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.

Do sono profundo do primeiro homem (Adão) foi tirada a primeira mulher. Do sono da morte do segundo Homem (Cristo Jesus) foi tirada a segunda mulher, a Igreja. Em vista de tão sublime revelação, de tão maravilhoso plano forjado por nosso Deus desde à eternidade, o que mais poderíamos fazer que não nos prostrarmos reverentes ao Rei dos reis, à Sua eterna Bondade e ao Sublime Amor com que nos amou e chamou a tão maravilhosa comissão.


Gênesis Capítulo 3
                                                                          
"... O diabo não aparece com chifres ou odor de enxofre, mas com grande esperteza!" 

Gn.3:1- É assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? Podemos ver a grande astúcia da serpente nestas palavras. O diabo não aparece com chifres ou odor de enxofre, mas com grande esperteza! E lança uma dúvida veemente sobre a Palavra de Deus. Ele não disse que Deus havia mentido e nem ataca de forma frontal, apenas lança a semente da dúvida: Foi isso mesmo que Deus disse? Aqui estava lançada a sorte, estava sob ataque o fundamento, o alicerce da fé que a Eva mantinha. Se ela estivesse firmada na Palavra de Deus, não esticaria o assunto, um coração cheio da Palavra de Deus responderia com pressa: “....pelas Palavras dos teus lábios me guardei das veredas do destruidor” (Sl.17:4).

Porém, ao invés da simples resposta de fé, Eva permanece no diálogo e responde: Gn.3:3-  “Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais”. É incrível que Eva, sem o menor constrangimento, acrescenta algo a Palavra de Deus. Ela acrescenta a seguinte sentença: “Não comereis e nem nele tocareis”, mas quando lemos a ordem do Senhor em Gn.2:17, percebemos que Deus não disse nada sobre tocar, Deus apenas disse não comereis. Vemos que Eva decide ajudar a Deus e dar o seu acréscimo à Palavra, vemos que ela não deseja uma obediência cega, uma fé simples, ela deseja acrescentar o seu estilo, a sua ponderação sobre o que o Senhor disse. Satanás sabia que esta era sua oportunidade, sabia que a dúvida havia florescido, percebeu que aquela mulher não tinha completa fidelidade à Palavra de Deus, não tinha noção da magnitude e poder que são inerentes à Palavra. Ele sabia que “um racionalismo polido, um leve duvidar, está muito próximo de infidelidade atrevida; e a infidelidade que se atreve a julgar a Palavra de Deus não está longe do ateísmo que nega a Sua existência”. Eva nunca teria ficado a ouvir a serpente desmentir Deus se não tivesse previamente caído em relaxamento e indiferença quanto à Sua Palavra.

Gn.3: 4 e 5 - Após o primeiro vacilo de Eva e sua grave presunção em acrescer palavras humanas à Palavra de Deus, satanás torna-se mais ousado e parte para um segundo e mais insolente ataque. Ele diz à mulher: “Certamente não morrereis, porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”. Podemos ver que não há limites para a petulância da serpente, com que perversidade ela leva a mulher a duvidar do amor de Deus, convence a mulher de que se Deus a amasse, não a teria privado de desfrutar de tão grande benefício de conhecimentos. Afirma que Deus estava sendo egoísta e covarde impedindo o homem de conhecer, ao mesmo tempo, o bem e o mal. Ela diz a mulher que o homem bem poderia lidar com esse conhecimento e que, certamente, não morreria, mas seria como Deus, seria igual a Deus, seria portador de todo o conhecimento. Que grande armadilha estava diante de Eva, que terrível pretensão, que desejo profano estava sendo instalado no frágil coração, um pretenso grito de liberdade, uma suposta e falsa independência, uma afronta velada, a criatura feita de barro esbraveja ao Criador, por que me fizeste assim? Sou dono dos meus caminhos, tenho livre arbítrio e decido o meu futuro escolhendo entre o bem e o mal! O homem então sonhou ser seu próprio deus, assim como satanás um dia o fez rejeitando a autoridade e soberania de Seu Criador, “adquiriu um campo com o galardão da iniqüidade; e, precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram” (At.1:18).

Eva não confiou no amor de Deus. Na hora da tentação somos persuadidos a pensar que se Deus nos amasse faria nossa vida mais fácil e nos daria conhecimentos e bens, somos tentados a achar que os caminhos pelos quais o Senhor nos conduz, são por demais de espinhosos e que Ele nos priva de muitas coisas a que temos direito. Essa é a voz de satanás! O Verdadeiro filho de Deus, sabe que o caminho “estreito” pelo qual está sendo conduzido é o melhor, não ousa contestar ao Pai e sabe que seu fim será o Reino Eterno de bem aventuranças que palavras humanas não podem descrever.

Desconfiar de Deus é reflexo de não conhecer a Deus intimamente, por este erro todos pereceram, mas o Senhor Jesus, esperança nossa nos diz: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”(Jo.17:3). Não conhecer a Deus é morte e conhecê-Lo é vida. Isto torna a vida algo totalmente fora de nós mesmos e dependente do que Deus é. Seja em que nível for, nunca será dito que vida eterna é “conhecer a si mesmo”. Tudo o que somos e ainda seremos dependerá do conhecimento que temos de Deus. Até mesmo o conhecimento que temos de nós mesmos dependerá do que vemos em Deus. A ciência diz: “Conhece-te a ti mesmo”; mas o crente, confia na Palavra e ouve: “Lembra-te do Teu Criador”, ame-O de todas as tuas forças, coração, entendimento e alma, busque Seu Reinado e todas as demais coisas vos serão acrescentadas. Mesmo o auto-conhecimento, e, também, a verdade acerca de uma natureza completamente manchada pelo pecado que domina todos os mais íntimos desejos do homem não regenerado será desnudada diante de você. 

Gn.3:6 - E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Aqui está o princípio de todo falso amor e mais terrível ilusão do coração. Como nos ensina o apóstolo João em sua epístola (IJo.2:16)- Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, näo é do Pai, mas do mundo. Esta é a essência de toda a tentação (tudo o que há no mundo), o cerne da mais vil arma de satanás contra todos os filhos de Deus. Satanás, o príncipe deste mundo (Jo14:30), criou um sistema para agir nas áreas mais fragilizadas pelo pecado, assim, ele sempre nos tenta através de todos os encantos e fascínios mundanos.

-Concupiscência dos olhos (viu a mulher que aquela árvore era agradável aos olhos): Ah! quantas belezas e fascínios o diabo tem criado para nos atrair neste mundo, para nos envolver em tantas coisas aparentemente inocentes mas que sempre nos impedirão de ter Deus no centro de nossas vidas. Hoje existem cassinos, Las Vegas, os grandes shoppings e centros de consumo, as artes, os torneios esportivos..... ah, quantas coisas para envolver nossa vida a fim de que não olhemos mais para nossa verdadeira habitação que é celestial e nos esqueçamos de desejar nosso lar.

-Concupiscência da carne (viu a mulher que a árvore era boa para se comer): Quantos prazeres alimentam nossa carne? Desde as iguarias gastronômicas para aqueles que estão sempre pensando em comer, até a lascívia e libidinosidade para aqueles que fazem da sensualidade um padrão no consumo de roupas, cosmética e prazeres em filmes e piadas imorais. Desde os filmes de comédia com piadas obscenas até aqueles romances onde os atores se relacionam e se beijam como se fossem casados sendo tudo nada mais que prostituição. Satanás possui uma vasta rede de prazeres “inocentes” para enredar e enganar aqueles que buscam escapar das corrupções deste mundo vão.

-A soberba da vida (RC) ou ostentação dos bens (NVI) (viu a mulher que a árvore era desejável para dar entendimento): E não é este o grande argumento da humanidade independente? O homem pelo homem, caminhando sem dar satisfações a Deus, sem dar glória a Deus, buscando os bens da terra e conhecimento sem limites para se vangloriar de seu Feitoria a ponto de entoar frases famosas como: “Nem Deus afunda o Titanic”. Assim, o homem constrói seu mundo infiel e empilha lenhas e brasas sobre a própria cabeça ante o furor da ira do Senhor. Muitos se gabam de seus bens, casas e carros. Pensam que para sempre terão boa saúde e que estão acima de todos por possuírem coisas, quando na verdade, são possuídos por elas e caminham para a destruição de suas almas. Sem dúvida a soberba da vida, o desejo de glória, a paixão por riquezas e sucesso tem sido uma ferramenta poderosíssima nas mãos do inimigo de nossas almas desde o início da criação. Que o Senhor seja nossa força e refúgio para guardar-nos disso. 

Gn.3:7- “Coseram folhas de figueira” para cobrir a nudez. Que terrível engano! o pecado estava instalado no coração do homem, ele se achava auto-suficiente, se achava independente, estava nu, então precisava resolver isso da sua maneira fazendo roupas a seu estilo. Óh, grande ilusão! Roupas feitas pelas mãos do homem jamais esconderão sua vergonha. O pecado não será coberto pela figueira (justiça humana, justiça própria), nenhuma boa obra que fizesse o poderia justificar. Só havia uma saída: Na pele de outro, no sangue de outro, no sacrifício e morte de outro, o pecado poderia ser apagado. Deus providencia as roupas, Deus mata e veste o homem com a pele e justiça de “Outro” (Gn.3:21). Ó sublime, ó maravilhosa profecia de nosso substituto na morte de Cruz, o nosso Cordeiro pascal, nossa Eterna redenção, aleluia!!

Gn.3:8 a 12 - “Ouvi a Tua voz soar no jardim e temi”. Vemos que parte da promessa feita pela serpente era verdadeira. Comendo da árvore o homem adquirira conhecimento e consciência. Agora o homem conhecia o bem, mas não tinha força para fazê-lo, conhecia o mal, mas não tinha forças para resistir a ele. Muitos insistem em afirmar que a consciência nos levaria a Deus, mas qual foi a atitude de Adão? Em seu primeiro ato de consciência ele acusa a mulher e se mostra um covarde. A consciência produziu vergonha, censura e remorso. Como poderia a compreensão do eu sou levar-me a Deus? Não é certo que eu fugiria dEle após ver minha situação? Mas quando vejo quem Deus é, ÓH aleluia, a Ele irei pelo sangue do Cordeiro e não por meus atos de bondade ou pelas folhas da figueira.

Observamos que o ponto de partida de toda religiosidade humana se baseia no fato do homem estar nu e desejar vestir-se. Assim, não tem sido poucos os esforços que o homem tem empreendido para remediar sua situação. De sorte que ele está claramente nu e todas as suas obras são o resultado de ser ele assim. Devemos saber que estamos vestidos, antes de podermos fazer qualquer coisa para agradar a Deus.
Esta é a diferença entre o verdadeiro cristianismo e a religiosidade humana. Aquele, baseado sobre o fato do homem estar vestido nos méritos de Cristo, este sobre o fato do homem estar nu desejando justificar-se por alguma obra. A primeira tem como ponto de partida a aquilo que a última tem como seu alvo. Tudo o que um verdadeiro cristão faz é porque está vestido perfeitamente e adequadamente. Tudo o que o mero religioso faz é com o fim de vestir-se.

Quando Adão  ouviu a voz do Senhor no jardim, “temeu”, como ele próprio confessou, “estava nu”, ainda que tivesse sobre si o seu vestido de folhas. É claro que esse vestido nem sequer podia satisfazer sua própria consciência, pois “se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus” (IJo.3:21). Porém se até mesmo a frágil consciência humana não pode achar repouso nos esforços religiosos do homem, quanto menos a santidade de Deus. Adão, assustado fugiu e tentou esconder-se de Deus, pois tudo o que a religião forjada na mente do homem pode oferecer é um esconderijo de Deus.

E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Adão onde estás”? Ó bendita pergunta, todo o universo criado em perfeição podia mostrar muitos atributos de Deus como sua sabedoria, poder e onisciência, mas ainda faltava algo a ser aprendido sobre Ele, O Seu Infinito Amor. “Adão, onde estás”? O Criador e Senhor ofendido busca o homem escondido na vergonha do seu pecado. Óh aleluia! Quem poderá medir esse amor tão grande? Deus primeiro desceu para criar; e depois que a serpente ousou imiscuir-se na criação, Deus desce para salvar

Gn.3:12 - “.....A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi”. Quão profundas as marcas do pecado no caráter do homem; todos poderiam ser culpados, a mulher, as circunstâncias, até o próprio Deus, mas nunca o EU. Quão dificilmente o pecador reconhece seu estado, quão dificilmente se lançará aos pés da cruz em profundo clamor por entender que não possui uma só célula em seu corpo que não esteja manchada pelo pecado e que, por isso, precisa, desesperadamente, encontrar o verdadeiro arrependimento.

Gn.3:15- “A semente de mulher”. Pela fé, Adão compreendeu que nada do que ele fizesse traria a libertação do pecado, mas que Deus faria nascer da mulher, daquela mesma mulher que errou, dela mesma, pelo Amor que só Deus possui, dela descenderia o salvador de todos os homens, assim: “chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes (Gn.3:20). Ele não a chamou mãe de todos os mortos vivos, mas a chamou Eva, mãe de todos os que vivem.

Gn.3:17- “Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida”. O pecado afeta toda a criação, a terra fica amaldiçoada por causa do homem. Sabemos que mesmo a terra será redimida pelo fogo (IIPe.3:7) na revelação de nosso Senhor, agora, porém, esta é a sua condição. Munido deste conhecimento o homem avança por um mundo que está debaixo da maldição confiando apenas Naquele que abriu um “Novo e Vivo caminho” (Hb10:20) para a Vida Eterna pela ressurreição dentre os mortos.

Gn.3:21- “E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu”. E fez o Senhor Deus.... o orgulhoso coração do homem terá que reconhecer que somente aquilo que Deus fez pode ocultar sua nudez, somente aquilo que é feito em Deus, que tem sua origem em Deus, pode satisfazer a Sua ira bendita contra o pecado.

Gênesis Capítulo 4

"...Que jamais venhamos a oferecer a Deus sacrifícios de nossa criatividade ou da beleza de nossas obras na terra,quando elas não estejam refletindo o Verdadeiro e único sacrifício do Cristo Crucificado".

Caim e Abel, diferentes atitudes de dois pecadores perante Deus.
Gn.4:1 - E CONHECEU Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem. Podemos ver que Eva guardava o sentido da religiosidade e da gratidão a Deus e, apesar de terem sido expulsos do Éden, ela louva ao Senhor com gratidão pelo nascimento de seu filho.

Gn.4: 2 a 5 - E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. Aqui podemos ver a clara diferença de um crente que conhece ao Senhor e de um que é apenas participante da Igreja. O que diferenciava esses dois adoradores? Seria uma questão de caráter, um teria o coração melhor que o outro? Seria uma questão de natureza?

Pela Palavra de Deus compreendemos que depois da queda, ambos possuíam uma natureza decaída e contaminada pelo pecado e que nada havia de natural que os distinguisse, ambos eram pecadores, quem é “nascido da carne é carne” (Jo 3:6). Podemos glorificar a Deus, pois aqui, nestes dois irmãos iremos ver a manifestação da graça de Deus através do Dom da Fé que vem de Deus. Adão se tornou o líder de uma raça caída, que pela sua “desobediência”, foi feita de “pecadores” (Rom.5:19). Sabemos que Adão, pela fé, implantada em seu coração, ouviu do Senhor a Grande Promessa que da semente da mulher Nasceria o Salvador pra esmagar a cabeça da serpente. Pela fé, ele poderia esperar Aquele que pela morte iria vencer a morte, Aquele que pelo Seu Sangue Bendito derramado na Cruz abriria um vivo e perfeito caminho de volta à comunhão com Deus.

Rm.5:12,18,19 - Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram... Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos. As duas naturezas. Uma recebida de Adão, outra de Cristo. Sabemos que a maneira de recebermos a natureza do primeiro homem é por meio do nascimento, assim também o modo de recebermos a natureza do Segundo homem é por meio do Novo Nascimento.

Adão pôde compreender que “a vida da carne está no sangue” (Gn.9:4) e que “sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados" (Hb.9:22). Ele esperava um salvador, ele desejava um salvador, ele compreendeu que não havia nada nele mesmo e nada que  pudesse FAZER por si mesmo afim de se salvar e estabelecer relacionamento com o Pai, ele havia compreendido que deveria vestir-se com a pele de outro (Gn.3:21), com a Justiça de Outro, com o sacrifício de Outro, a fim de ser justificado e aceito. Ele tinha essa fé, mas não poderia transmiti-la a seus filhos, ela era uma possessão divina. Não era hereditária. Adão podia ensinar a seus filhos métodos, costumes e ritos oferecidos ao Senhor, mas a fé, cada um receberia do Senhor.

Desta forma, um bebê recém nascido, ainda que nada tenha feito de errado, é participante da natureza decaída de Adão. Assim também, um recém nascido de Deus, uma alma regenerada, embora nada tenha feito à semelhança da perfeita obediência do homem Cristo Jesus, é, contudo participante de Sua Natureza Santa e Perfeita!! “Oh Aleluia e Glória ao Nosso Deus”!
Onde estava a diferença entre Caim e Abel? Estaria em suas naturezas? Ambos não eram pecadores? O que os distinguia? A diferença não apareceu neles, em suas naturezas ou circunstâncias, mas em seus sacrifícios. Isto está claramente relatado em Hb.11:4 - “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala”.
Por que a Bíblia diz que Abel possuía fé? Qual era a mensagem de seu sacrifício? Vamos entender isso comparando com aquilo que Caim ofereceu.

Gn.4:3 - E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Caim, o irmão mais velho e, provavelmente, o mais forte, herdou de seu pai Adão, a profissão de lavrador da terra. Sem ferramentas agrícolas, tratores ou incrementos, com muito suor e esforço, lavrou a terra que estava debaixo da maldição de Deus e colheu o melhor de seus frutos para oferecer ao Senhor. Não podemos duvidar da sinceridade de Caim e de sua grande tristeza ao perceber que Deus rejeitara o seu sacrifício. Facilmente podemos perceber que ele era um homem de caráter forte e grande orgulho, ele havia aprendido que folhas de figueira (obras humanas) não poderiam esconder a vergonha da nudez do pecado (Gn.3:7), seus pais já haviam tentado esse método, o método da justiça humana, esforço humano, auto-justificação. Ele sabia que somente o sangue de outro cobria a nudez (Gn.3:21), mas ele tinha muita convicção de que seu método, seu sacrifício SEM sangue, poderia agradar a Deus, ele não desejava ouvir os velhos ensinos transmitidos por seu pai. Afinal, ele trabalhou tanto, era bom em lavrar a terra e, se ele era bom em cuidar da terra, por que não oferecer do fruto dela ao Senhor. Ele deve ter pensado que com seu grande esforço e sacrifício poderia se aproximar de Deus, poderia ser justificado por si mesmo, por suas boas obras na terra, seria auto-suficiente quanto à salvação.

Ele não compreendeu que sem vida sacrificada, não pode haver aproximação de Deus. Vemos que nosso Mestre Jesus “andou fazendo o bem” em toda a sua vida (At.10:38), mas foi a Sua morte de Cruz que rasgou o véu de separação (Mt. 27:51). Quanto orgulho e presunção havia em Caim quando criou seu próprio método de adoração, recusando-se a crer que somente o método de Deus é aceitável a Deus e que somente pelo sangue do Cordeiro Santo podemos ser justificado, e somente a crucificação da natureza adâmica dá lugar à Natureza de Cristo. Ele não teve fé para entender que “Deus não é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa” (At.17:25), não entendeu que a salvação não é por nossos méritos ou obras, mas que tudo vem de Deus (Rm.11:35) e que das mãos Dele recebemos (ICr. 29:14). Não temos nenhuma virtude, esforço ou bondade que possa impressionar a Deus, temos que aprender que dependemos dEle em tudo e que nosso papel é aceitar o que Ele nos oferece, aceitar Sua Bendita Graça, Seu Bendito Sacrifício e Seu próprio Sangue que nos lavou e remiu e que, pela Fé, Abel compreendeu e profetizou quando derramou o sangue de seu cordeiro diante do altar.     

Gn. 4:4 - “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta”. Abel compreendeu, pela fé, a grande verdade que ele poderia pôr entre si e as conseqüências de seu pecado, a morte de outrem, um substituto para carregar a morte decorrente do pecado. Uma vítima imaculada para cumprir as exigências da Santidade de Deus, assim: “......nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” (IITim.1:10). Ao invés de oferecer os frutos de uma “terra amaldiçoada” (Gn.3:17) a Deus, Abel reconhece sua culpa, seu estado de pecado e encontra um “substituto” para morrer em seu lugar, morrendo a morte destinada ao pecador, “porque o salário do pecado é a morte” (Rm6:23). Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm.5:1), “pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo (Hb.11:4). Nada tem a ver com sentimentos, apenas fé!

Por que Abel ofereceu o sangue e a gordura? O Sangue representava a “vida” e a gordura a excelência, por isso a Lei dada a Moisés proibia que se comesse o sangue (Gn.9:4; Lv.17:11). “Estatuto perpétuo é pelas vossas geraçöes, em todas as vossas habitações: nenhuma gordura nem sangue algum comereis” (Lv 3:17). Ó maravilhoso sacrifício realizado por Nosso Senhor Jesus: Ele derramou todo o Seu bendito Sangue e em Sua ressurreição Ele diz: “um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc.24:39). Ele não diz carne e SANGUE, Ele diz carne e ossos. Por que motivo? Porque aquilo que foi ofertado por nossa vida e deixado na Cruz, Ele não poderia reaver, foi ofertado ao Pai. Algo que muito impressionou os Judeus foi a afirmação do Senhor Jesus: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo. 6:54) “meu sangue verdadeiramente é bebida” (Jo. 6:55). Todo Judeu sabia que jamais poderia beber sangue, mas aqui o Senhor Jesus diz que deveriam beber do bendito sangue porque “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo.1:4). Neste sangue derramado temos a vida, o Senhor doou todo o Seu sangue em nosso favor, este sangue agora está a disposição de todo o pecador contrito e arrependido que se volta para Deus em busca da Verdadeira Vida. 

Vemos na história de Caim e Abel a clara identificação dos ofertantes com os seus sacrifícios. De Abel diz a Palavra: “Deus dá testemunhos de seus dons” (Hb.11:4). Deus justifica e abençoa Abel pelo seu “dom” ou sua dádiva, sua oferta. O que diferenciou Abel foi o seu sacrifício e não suas qualidades de um pecador mais “bonzinho” ou menos “mau”. Este é um ensino tremendo para a Igreja de nossos dias. Que jamais venhamos a oferecer a Deus sacrifícios de nossa criatividade ou da beleza de nossas obras na terra,quando elas não estejam refletindo o Verdadeiro e único sacrifício do Cristo Crucificado.

Na versão dos LXX ou septuaginta lemos em Gn. 4:7 - “Se bem fizeres ou se fizeres sua oferta corretamente, não é certo que serás aceito?” Temos um tremenda revelação nesta indagação, porque vemos dois religiosos apresentando duas ofertas, uma segundo o modelo Bíblico, outra segundo o modelo humano e terreno, um que baseava no sangue ofertado, outro que seguia a cultura ou o “cultivo da terra”, um era de fato celestial, o outro era terreno e mundano. Por fim, o falso adorador, o falso religioso, passa a odiar seu irmão a ponto de perseguir e matar, não é assim que sempre ocorre em todas as eras da Igreja?

Que tragédia ocorreu com Caim! Por ignorar o caráter de Deus ele disse que seu pecado era grande demais para ser perdoado e saiu da presença de Deus para construir uma cidade e teve na sua família os inventores e apreciadores das ciências úteis e ornamentais – agrônomos, músicos e mestres de todas as obras de metais. Ele não queria o perdão, porque não queria Deus. Era radicalmente corrupto e fundamentalmente mau, mas não tinha o sentido exato de sua condição. Tudo o que desejava era fugir da presença de Deus e perder-se no mundo com suas ocupações. Pensou que podia viver muito bem sem Deus, e portanto dispôs-se a aformosear o mundo, tanto quanto pôde, com o fim de o tornar um lugar aprazível, e ele próprio um homem digno de respeito nele; embora aos olhos de Deus o mundo estivesse debaixo de maldição, e ele fosse um “fugitivo e vagabundo” (Gn. 4:12).

Assim ficou estabelecido o caminho de Caim. Todos aqueles que desejam oferecer algo a Deus, que desejam apresentar o resultado de seu labor, desconhecem-se a si próprios, vivem na ignorância do caráter de Deus, mas possuem uma religião, desejam “melhorar o mundo”, tornar a vida agradável em vários modos, adornar a cena com cores mais belas e, finalmente, o Remédio de Deus é rejeitado, e os esforços do homem para melhorar sua condição é posto em seu lugar.

O sangue de Abel clama da terra, mas o som das harpas e instrumentos feitos pelos filhos de Caim abafam esse som. Em nossos dias o Sangue do Filho de Deus foi derramado sobre a terra e assim como Abel, ao invés de edificar uma cidade na terra, ele achou apenas uma sepultura em suas entranhas e a Sua cidade é a Jerusalém celestial. Na terra os filhos de Caim possuem sua pátria, mas nós, os filhos de Deus, declaramos: “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fil.3:20).

Gênesis Capítulo 5

O Reinado da morte

"...A sua fé não lhe foi dada para melhorar o mundo, mas para andar com Deus".

Gn.5:1 a 20 - ESTE é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez. Homem e mulher os criou; e os abençoou e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados. E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete. E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias que Adão viveu, novecentos e trinta anos, e morreu. E viveu Sete cento e cinco anos, e gerou a Enos. E viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos, e morreu. E viveu Enos noventa anos, e gerou a Cainã. E viveu Enos, depois que gerou a Cainã, oitocentos e quinze anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enos novecentos e cinco anos, e morreu. E viveu Cainã setenta anos, e gerou a Maalaleel. E viveu Cainã, depois que gerou a Maalaleel, oitocentos e quarenta anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Cainã novecentos e dez anos, e morreu. E viveu Maalaleel sessenta e cinco anos, e gerou a Jerede. E viveu Maalaleel, depois que gerou a Jerede, oitocentos e trinta anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Maalaleel oitocentos e noventa e cinco anos, e morreu. E viveu Jerede cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque. E viveu Jerede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Jerede novecentos e sessenta e dois anos, e morreu. Neste relato do capítulo cinco encontramos a humilhante fraqueza do homem e sua sujeição ao domínio da morte. Ele podia viver centenas de anos e gerar filhos e filhas; mas por fim, tinha que ser escrito que morreu.

De onde veio esta coisa estranha e temível, a morte? O Esp. Santo nos responde: “.... por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte” (Rm5:12). O pecado quebrou em dois o elo de ligação da criatura com seu Deus. Não pode haver comunhão entre Deus e o homem, salvo no poder da vida; mas o homem está debaixo do poder da morte; por isso não pode haver comunhão com base em meios naturais.

A vida não pode ter comunhão com a morte, assim como não há comunhão entre luz e trevas, a santidade e o pecado. O homem precisa se encontrar com Deus num terreno absolutamente novo, e sobre um novo princípio, a saber, a fé; Esta fé habilita-o a reconhecer sua posição de “vendido sob o pecado”, e, portanto, sujeito à morte; enquanto que, o mesmo tempo, habilita-o a compreender o caráter de Deus, como o doador de uma nova vida - vida além do poder da morte - uma vida que nunca pode ser tocada pelo inimigo, nem perdida por nós.

Ora, é impossível que satanás possa tocar nessa vida, quer seja na sua origem, no seu meio, no seu poder, na sua espera, ou na sua duração, porque Deus é a sua origem, Cristo ressuscitado é o seu meio; O Espírito Santo o seu poder; O céu é sua esfera; e a eternidade a sua duração. Assim, para aquele que possui esta maravilhosa vida, toda a cena é alterada; Enquanto em certo sentido pode-se dizer que no “meio da vida estamos na morte”, todavia, noutro sentido, pode ser dito “no meio da morte estamos na vida”. É verdade que mesmo o crente deve morrer ou “dormir em Jesus”, mas isto não é morte, mas vida em atividade, porque o “partir para estar com Cristo” não altera a esperança específica do crente, a qual é encontrar com Cristo nos ares, para estar com Ele, e ser semelhante a Ele, para sempre (ITs.4:17).

Gn.5:21 a 24 - E viveu Enoque sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém. E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou. Aqui encontramos Enoque, a exceção, enquanto de todos os outros se diz, viveu, gerou filhos e morreu, deste se diz: “Andou com Deus para não ver a morte”...“Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus” (Hb.11:5). Enoque foi o sétimo depois de Adão, e é maravilhoso notarmos que a morte não pode triunfar sobre o “sétimo”; mas no seu caso Deus interveio e fez dele um troféu da Sua própria vitória gloriosa sobre todo o poder da morte. Como exulta o coração do crente após, por 6 vezes ter lido “e morreu”, quando lemos que na sétima vez, lemos, “não viu a morte”... e se perguntarmos como isso aconteceu? A resposta é: “Pela fé”. O homem de fé sentia que nada tinha a fazer com o mundo, salvo ser uma testemunha paciente da Graça de Deus e do Juízo vindouro. Os filhos de Caim podiam gastar as suas energias num esforço vão de melhorar o mundo amaldiçoado, mas Enoque achou um mundo melhor, e viveu no poder dele. A sua fé não lhe foi dada para melhorar o mundo, mas para andar com Deus.

Oh! Quanta coisa se acha compreendida nestas três palavras, “andou com Deus”! Que separação e renúncia própria! Que santidade e beleza moral! Que graça e afabilidade! Que humildade e ternura! E, todavia, que zelo e energia! Que paciência e longanimidade! E, contudo, que fidelidade e decisão firme! Andar com Deus abrange tudo o que está dentro dos limites da vida divina, quer seja ativa ou passiva. Compreende o conhecimento do caráter de Deus tal qual Ele o revelou. Implica também a compreensão do parentesco que temos com Ele. Não se trata de mera maneira de viver de regras e regulamentos; nem de elaborar planos de ação; nem tão pouco de resoluções de andar cá e lá, fazer isto ou aquilo. Andar com Deus é muito mais do que qualquer ou todas estas coisas. Além disso, pode, por vezes, levar-nos contrariamente aos pensamentos dos homens, e até mesmo dos nossos irmãos, se eles próprios não estiverem andando com Deus.

Assim, temos em Abel e Enoque, instrução valiosa quanto ao sacrifício sobre o qual descansa a fé. Em Abel prefigura-se o sacrifício do Senhor na Cruz e em Enoque a “transladação” ou arrebatamento da Igreja. A Igreja conhece sua justificação perfeita pela morte e ressurreição de Cristo e espera pelo Dia em que Ele virá buscá-la. Dois anjos, “os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (Atos1:11).

Em nossos dias muitos cristãos não crêem no arrebatamento da Igreja antes da grande tribulação; esta porém é uma triste e errônea compreensão da verdade profética contida nestes textos. A Igreja, a semelhança de Enoque, será tirada do meio do mal que a rodeia e do mal que há de vir nas “asas da abominação” do anticristo. Enoque não foi deixado para  ver o mal do mundo elevado ao máximo. Não viu como “se romperam todas as fontes do grande abismo” no dilúvio que, pelo juízo, a todos os ímpios consumiu. Foi levado antes de ter ocorrido todas essas coisas para ser um símbolo encantador daqueles que não dormirão, mas que serão transformados, “num momento, abrir e fechar de olhos” (ICor.15:51,52). Transladação era a esperança de Enoque, a esperança da Igreja é expressa pelo Espírito Santo do seguinte modo: “E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura (ITs.1:10).

Para melhor entendimento da profecia acerca do período chamado “grande tribulação”, precisamos entender que, neste período, haverá um tratamento específico para o remanescente de Israel, o qual aguarda o “Sol da justiça trazendo salvação debaixo de suas asas” (Ml.4:2). Eles terão de pelejar contra o anticristo nesse período, assim como aqueles que se converterem nessa época. Mas a Igreja não está aguardando a manifestação do “Sol da Justiça”, porque para ela, Ele já é manifesto; A Igreja, no entanto, aguarda a “Estrela da Manhã” (Apoc.2:28). Assim como no mundo, a estrela da manhã é vista por aqueles que a esperam, antes do sol nascer, do mesmo modo Cristo, como a Estrela da Manhã, será visto, pela Igreja, antes que o remanescente de Israel possa ver os raios do “Sol da Justiça”.

Gênesis Capítulo 6

"...todos estavam fascinados com a prosperidade e a vida alegre do mundo, não poderiam pensar acerca do Juízo de Deus sobre eles".


Gn.6:1e2-“E aconteceu que, por se multiplicarem os homens sobre a face da terra, e lhes nascerem filhos e filhas; viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram”. Deus, claramente, estabelece as diferenças e limites de tudo aquilo que a Ele pertence. A mistura daquilo que é de Deus com aquilo que é do homem é uma forma especial de mal, e um instrumento eficiente nas mãos de satanás para manchar o testemunho de Cristo sobre a terra. Essa mistura pode, frequentemente, ter a aparência de algo muito agradável e proveitoso para uma promulgação mais ampla daquilo que é de Deus influenciando e divulgando a mensagem. Porém, do ponto de vista de Deus, jamais se poderá imaginar que haja ganho junto ao Senhor quando Seus filhos se misturam com os filhos do mundo ou quando a Verdade de Deus é corrompida pela mistura humana. Este não é o método de Deus de proclamar a Verdade, ou de promover os interesses daqueles que deveriam ocupar o lugar de Suas testemunhas sobre a terra.

Podemos ver que aos olhos dos homens essa mistura parecia lícita e boa, pois dela vieram os homens que “eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama”; todavia o parecer de Deus era completamente diferente. “Ele não vê como o homem vê”. 

Gn.6:3 a 5 - “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos do seu coração eram só má continuamente”. Isto, quanto a mistura do Santo com o profano, deverá ser sempre uma regra. Se a semente santa não mantiver sua pureza, tudo será perdido, no que diz respeito ao testemunho na terra. O primeiro intuito de satanás foi matar a semente santa, quando viu que falhou, procurou alcançar seu objetivo corrompendo-a.

Ora, é do maior interesse que compreendamos inteiramente o alvo, o caráter e o resultado desta união entre os “filhos de Deus” e as “filhas dos homens”. Existe grande perigo em nossos dias de se comprometer a verdade por amor a união. O cristão fiel jamais buscará a união quando esta compromete a Verdade. Assim, no período pré-diluviano, vemos a união ilícita entre o que é santo e o que é profano- entre o que era divino e o que era humano e que apenas teve o efeito de elevar o mal ao máximo e, então, seguiu-se o dilúvio.

Gn.6:4 - Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.
Gn.6:7 - E disse o SENHOR: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.
Gn.6:13- Então o disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.  

Esta é a sentença do Senhor: Destruirei toda a CARNE. Tinha que haver destruição de tudo aquilo que se havia corrompido. Havia manchado o caminho de Deus sobre a terra. “Os valentes, os varões de fama”, tinham de ser varridos da terra. Não era apenas o fim de alguma carne, não, toda a carne estava corrompida à vista de Deus, era irremediavelmente má. O Senhor anuncia Seu remédio a Noé nestas palavras: “Faze para ti uma arca de madeira de Gofer”.

O Coração humano podia inchar-se de orgulho ao ver em sua volta os homens de arte, a classe brilhante dos homens de talento, “os valentes e varões de fama”. O som da harpa e do órgão pedia comoção à alma, enquanto que ao mesmo tempo a terra era cultivada e as necessidades do homem eram supridas de forma a contradizer qualquer pensamento acerca do juízo eminente. Deus diz: “DESTRUIREI”. Não poderia o gênio do homem inventar um meio de salvação? Não poderiam os valentes libertarem-se pela sua muita força? Ah! Não! Havia apenas um meio de escapar, porém tinha sido revelado à FÉ e não à vista, não à razão, nem à imaginação. 

Hb.11:7- Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé. A Palavra de Deus faz com que Sua luz brilhe sobre tudo aquilo em que o coração do homem é enganado. Remove o brilho com que a serpente cobre um mundo frívolo, enganador e passageiro, sobre o qual pende a espada do juízo divino. Porém, é somente a fé que pode ser avisada por Deus, quando as coisas que Ele fala ainda não se vêem. A natureza é governada por aquilo que vê – é governada pelos seus sentidos. A fé é governada pela Palavra pura de Deus. Quando Deus falou a Noé do julgamento pendente, não havia sintoma dele. Contudo a Palavra de Deus tornou-o uma realidade presente para o coração que era capaz de juntar essa Palavra com a fé.

Noé viveu cerca de 1656 anos depois de Adão, pelas estimativas e cálculos de crescimento populacional naquele período em que não haviam muitas doenças e nem guerras, acredita-se que, no período de Noé, deveriam haver cerca de 700.000.000 de pessoas sobre a face da terra. De todas essas pessoas, nenhum tio, sobrinho ou primo de Noé acreditou naquilo que ele pregava, todos estavam fascinados com a prosperidade e a vida alegre do mundo, não poderiam pensar acerca do Juízo de Deus sobre eles. Todo o mundo poderia satirizar e escarnecer com Noé quando ele falava acerca de chuva, quando nenhuma gota dela jamais havia caído sobre a terra. Somente a Palavra de Deus era seu alicerce, era o fundamento da sua pregação. Como poderia ele testificar acerca do Juízo futuro quando nem sequer uma nuvem tinha aparecido no horizonte do mundo?   

Tudo o que o homem de fé precisa saber é que Deus tem falado; isto dá perfeita certeza à sua alma. “Assim diz o Senhor” resolve tudo. Uma simples linha da Sagrada Escritura é resposta abundante para toda a argumentação e todas as fantasias da mente humana. 

Gn.6:13 e 14 – “Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra. Faze para ti uma arca da madeira de gofer”. “Toda a carne” havia se tornado tão má que não podia ser pior; pelo que nada restava senão Deus destruí-la totalmente; e salvar aqueles que foram achados segundo seus desígnios. Isto mostra a doutrina da Cruz de um modo intenso.Vemos ali imediatamente o Juízo de Deus abrangendo na sua sentença a natureza e o seu pecado; e, ao mesmo tempo, a revelação da Sua graça salvadora, em toda sua amplitude e adaptação perfeita àqueles que, segundo o juízo de Deus, têm chegado ao ponto mais baixo da sua condição moral. “Com que o Oriente do alto nos visitou” (Lc.1:78). Onde? Precisamente onde estamos, como pecadores. Deus desceu até as profundezas de nossa ruína.

A Luz deve julgar todas as coisas que lhe são expostas. A Luz de Cristo, ao mesmo tempo que julga o pecador em sua condição de completa perversão e pecado, também lhe aponta o remédio, dá o conhecimento da “salvação na remissão dos pecados”. A Cruz, ao mesmo tempo que revela o juízo de Deus contra “toda carne”, mostra Sua salvação para o pecador perdido e culpado. O pecado é perfeitamente julgado e o pecador perfeitamente salvo- , e Deus é perfeitamente revelado e intensamente glorificado na Cruz. Este paralelo pode perfeitamente ser compreendido na primeira Epístola de Pedro. IPedro3:18a22- “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito;  No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo; o qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências".

Cristo nos protege da justa ira de Deus, porque Ele recebeu a nossa punição, o que nós merecemos foi sobre ele colocado – Salmo 42:7: “Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim”. Todas as comportas do grande abismo se abriram para derramar as águas do Juízo sobre o nosso substituto, o nosso campeão, que suportou toda a força da punição que a nós estava destinada. 

Gn.6:17 a 22 -  Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo. E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão. Das aves conforme a sua espécie, e dos animais conforme a sua espécie, de todo o réptil da terra conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, para os conservar em vida. E leva contigo de toda a comida que se come e ajunta-a para ti; e te será para mantimento, a ti e a eles. Assim fez Noé; conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.

Gênesis Capítulo 7

"...a Igreja terá que caminhar em franca oposição ao mundanismo e materialismo...todo aquele que pertence à semente Santa, não terá seus afetos voltados para este mundo, mas caminhará reto e destemido para sua habitação celestial!"

Gn. 7:1 a 5 - Depois disse o SENHOR a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração. De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea. Também das aves dos céus sete e sete, macho e fêmea, para conservar em vida sua espécie sobre a face de toda a terra. Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz. E fez Noé conforme a tudo o que o SENHOR lhe ordenara.

Noé sentiu alguma ansiedade quanto às ondas do julgamento divino? Nenhuma absolutamente. Flutuou em paz sobre as águas em que “toda a carne” foi julgada. Foi posto em lugar fora do alcance do julgamento. Podia ter dito na linguagem de Romanos 8:31 - “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Ele foi convidado por Deus a entrar na arca: “Entra tu e toda a tua casa na arca”. E depois de ter Noé tomado seu lugar na arca, lemos: “e o Senhor a fechou por fora”.

Aqui estava a segurança perfeita para todos os que estavam dentro da arca. O Senhor guardava a porta e ninguém podia entrar na arca e nem sair dela sem Sua permissão. Só havia uma porta e uma janela na arca. A porta o Senhor fechara, mas a janela, que ficava em cima (Gn.6:16), deixara destrancada para que Noé pudesse abrir quando desejasse olhar para cima, para o céu de onde veio tão grande julgamento sobre a “toda a carne” e também, tão grande salvação sobre sua família. Eles não tinham como olhar para baixo, para as águas e a destruição e morte que elas haviam causado, pois a salvação de Deus, a “madeira de Gofer”, estava entre eles e condenação.

Nada pode ilustrar melhor a segurança de um crente em Cristo do que estas palavras, “e o Senhor o fechou por fora”. Quem poderia abrir o que Deus fecha? A família de Noé estava completamente segura. Da mesma forma, quem pode tomar as chaves das mãos de Cristo! Quando Dele se diz: Apoc.- 3:7 - “E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre”. Ele tem em suas mãos “as chaves da morte e do inferno” (Apoc.1:8). Ninguém pode entrar ou sair dos portais da sepultura sem contar com Ele. Ele tem “todo o poder no céu e na terra” (Mt.28:18). N’Ele o crente está perfeitamente seguro.

Pensemos um pouco agora, acerca daqueles que ficaram do lado de fora da arca. A mesma mão que havia fechado Noé na arca, tinha-os deixado fora, e era tão impossível aos que estavam fora entrarem ela, como para os que estavam dentro, sair. Aqueles estavam irremediavelmente perdidos, estes estavam eficientemente salvos. A longanimidade de Deus e o testemunho do Seu servo tinham sido desprezados. As coisas temporais tinham absorvido toda suas vontades e desejos. “Comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca e veio o dilúvio e consumiu a todos” (Lc.17:27). Todas essas coisas não são más em si mesmas, são boas e podem ser feitas e praticadas no temor de Deus por meio da fé. Como diz o Espírito Santo: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (ICor.10:31). Mas eles não agiam assim, haviam deixado Deus de fora de seus planos, pensavam, falavam e atuavam por si mesmos, “......toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”; Fizeram a sua própria vontade e esqueceram Deus. 

Algo que precisamos atentar acerca da mensagem do dilúvio em nossos dias, é aquilo sobre o que nos adverte o Senhor Jesus: “E como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt.24:37). Temos visto muitos discursos, até mesmo dentro das Igrejas, que falam de um mundo melhor, um mundo que pode melhorar a cada dia, cheio de justiça, retidão e que talvez a Igreja possa se ocupar de uma cadeira nesta construção. Mas o que nos diz o Senhor Jesus? Ele nos diz: “Assim como nos dias de Noé....”. Em que condições achava-se o mundo nos dias de Noé? A justiça dominava? A Verdade de Deus reinava sobre os homens? A Sagrada Escritura responde: “A terra......encheu-se de violência; Toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra; a terra ......estava corrompida diante da face de Deus”. Pois bem, “assim será também nos dias do Filho do Homem”. Assim, basta ter um coração obediente à Palavra de Deus para não se render a opiniões humanas preconcebidas e entender como deverá ser e, já tem sido, o estado do mundo nos dias do retorno de nosso Senhor para arrebatar a Igreja e dar início ao dilúvio da grande tribulação. Serão dias terríveis de grande dificuldade para a Igreja. Muitas acusações e muita luta para se manter a santidade e as convicções doutrinárias, pois a Igreja terá que caminhar em franca oposição ao mundanismo e materialismo, sempre crescente, em um mundo cada vez mais corrompido.

Sem dúvida, assim como nos dias de Noé, o homem mostra bastante esforço e energia em tornar o mundo um lugar agradável, porém isso era uma coisa muito diferente de torná-lo um lugar conveniente para Deus. O homem está ocupado em remover as pedras do caminho da vida humana, e torná-lo o mais liso possível; mas isso, nem de longe é “endireitar no ermo vereda a nosso Deus” (Is.40:3). Nem tão pouco é aplainar o que é áspero para que toda a carne veja a salvação do Senhor. A civilização prevalece; porém civilização não é justiça. A varredura e o embelezamento continuam; mas não é com o fim de preparar casa para Cristo, mas sim para o anticristo. A sabedoria do homem é empregada com o fim de cobrir, com as dobras da sua própria roupagem os defeitos e manchas da humanidade; contudo, embora cobertas, não são tiradas! Encontram-se tapadas, e em breve aparecerão com deformidades mais repugnantes do que nunca.

O Senhor decretou: “O fim de toda a carne é vindo perante a minha face” (Gn6:13). Esta sentença foi (no dilúvio) e ainda será executada, ela é irrevogável, ela se cumprirá quer seja por aqueles que são “crucificados com Cristo” (Rom. 6:4a6), ou por aqueles que rejeitam ao Senhor e serão consumidos no juízo (Apoc.19:15e21). Embora a voz dos escarnecedores possa ainda dizer, “onde está a promessa da Sua vinda? Porque desde que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação” (IIPe.3:4), mas o momento em que receberão resposta se aproxima rapidamente, pois “...o Dia do Senhor virá como ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão” (IIPe.3:4a10). Pela fé compreendemos que, antes que o mal atinja seu ponto culminante pelas mãos do anticristo e, antes da destruição e juízo completo do Senhor sobre toda carne e impiedade, o remanescente fiel irá encontrar seu “Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (ITs.4:17). A Igreja de Deus não espera a ocasião do mundo arder em brasas, mas o aparecimento da “resplandecente estrela da manhã” (Ap.22:16).
 
IICor. 6:2 - (Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação); agora é o tempo da graça, da perfeita salvação. Precisamos apontar aos perdidos a arca de escape do juízo vindouro pois “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (IICor.5:19). Agora Deus perdoa o pecado por meio da Cruz, mas então puni-lo-á, no inferno, e isso para sempre. Agora é o tempo aceitável para salvação. 

IIPed. 3:15 - E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada. IIPed. 3:9 - O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.

Por tudo isso, compreendemos que vivemos um momento de grande seriedade – Pura graça proclamada – pura ira pendente! Esta é a responsabilidade solene de cada crente, por cuidar que não caia e por anunciar o evangelho a todos aqueles que ainda desconhecem o perigo que ronda os que se perdem.   

A semente santa - Complemento capítulo 7 

"...porém o caminho dos ímpios perecerá".

Desejo aqui abrir uma sessão parentética em nosso estudo de Gênesis, para que possamos refletir acerca da forma como o Senhor vê e classifica todos os seres humanos em apenas duas categorias de pessoas. Os justos e os injustos.

Gn.18:25 - Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?

Gn.1:5 e 6 - Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. Porque o SENHOR conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá.

Gn. 37:12 - O ímpio maquina contra o justo, e contra ele range os dentes.

Gl. 3:24 - De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.

Precisamos observar alguns detalhes aqui, vemos claramente as duas categorias de pessoas, aqueles que são ímpios e aqueles que são justos, ou melhor, justificados pela fé em Cristo Jesus. Entendemos, claramente, que o mundo comporta apenas essas duas classes de pessoas ou sementes. E que cada um de nós deverá pertencer a uma delas. Podemos nos alegrar em saber que, em Cristo Jesus nosso Senhor, “também nós, que noutro tempo éramos insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros” (Tt. 3:3), agora podemos ser justificados, declarados justos e aceitos na família de Deus. Podemos deixar o caminho e a semente da impiedade.

Vamos observar como surgiram essas duas sementes sobre a terra. Quanto à semente justa, sabemos que foi criada por Deus à sua imagem e semelhança (Gn.1:26). Já a semente da impiedade, foi introduzida na criação pela serpente, como vemos no relato Bíblico: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn.3:15). Este texto é também chamado de proto-evangelho, porque neles vemos a promessa da semente santa que viria da mulher, o Senhor Jesus. 

A serpente será ferida na cabeça, ou seja, será morta e destruída pela semente da mulher, também podemos compreender que haverá uma perpétua inimizade entre ambas as sementes e que a semente da serpente terá poder para ferir o calcanhar da Semente Santa. Isto é algo de muita importância para compreendermos a caminhada Cristã neste mundo e as aflições e perseguições sofridas por aqueles que são parte da semente santa. Esta foi uma determinação e uma profecia do Pai, não pode ser mudada!

Adão, compreendendo a profecia pôde abençoar sua esposa chamando-lhe Eva; ”Porquanto era mãe de todos os viventes”(Gn.3:20). Ela havia comido da árvore do bem e do mal e em seu ventre seriam gerados os representantes destas duas sementes. Quando teve seu primeiro filho, Caim, Eva louvou a Deus e disse: “Alcancei do Senhor um homem” (Gn.4:1).
No capítulo 4 de Gênesis, nos dois primeiros filhos de Eva, houveram as manifestações das duas sementes, uma em Caim e outra em Abel (Gn. 4: 4e5). A narrativa de Gênesis 4 termina com a árvore genealógica de Caim, seus feitos e aquilo que ele gerou. Uma maldade crescente que termina no assassino Lameque, um homem que se considerava mais corajoso e mais capaz que os outros e, tamanho era seu orgulho e presunção que foi capaz de matar outro homem por ter pisado em seu pé. Um assassinato de causa banal, por puro e simples orgulho e vaidade. Assim vemos que a semente de Caim caminha para uma maldade cada vez maior.

E quanto a semente santa? Teria ela morrido com Abel? Vemos no capítulo 5, que Adão gerou outro filho conforme a sua imagem e semelhança. Vemos, então, que a semente Santa tem seu retorno em Sete, do qual nascem filhos e filhas e no auge dessa geração santa, surge Enoque (Gn.5:24), o qual Deus o tomou para si. Um símbolo da Igreja Santa que será arrebatada pelo Senhor antes do juízo que virá sobre o mundo. 

Nesta mesma genealogia de Sete, também encontramos o Justo Noé (Gn.5:32). Que foi aquele que condenou o mundo por sua arca de justiça (Hb.11:7). Quando chegamos ao capítulo 6 de Gênesis, temos então uma surpresa terrível. Algo que parecia inimaginável acontece, a semente santa se mistura com a da serpente, nascem então os valentões e os homens de FAMA. Homens que buscavam e alcançavam a fama e o destaque (Gn.6:4).
Podemos perceber que o Senhor abomina essa mistura, ela não é admitida em qualquer esfera. O Senhor anuncia então a destruição de “toda a carne” (Gn.6:13). Vemos algo terrível no dilúvio,”e expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem” (Gn.7:21).

Somos inclinados a pensar então, que a semente da serpente havia desaparecido com todos os descentes de Caim, pois após o dilúvio somente os filhos de Noé, descendente de Sete, permaneceram vivos. Porém, quando chegamos ao capítulo 9 de Gênesis, vemos ressurgir a semente da maldição, a semente da serpente: “E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos” (Gn.9:25).

É fundamental que observemos que Noé amaldiçoa Canaã trazendo de volta a semente do mal e logo depois diz que ele seria servo de Jafé e habitaria nas tendas de Sem; isto é algo muito importante, porque deste ponto em diante, haveria uma grande proximidade entre as duas sementes, elas já não estariam separadas territorialmente, elas habitariam na mesma tenda, dando uma clara amostragem daquilo que veríamos nas tendas da Igreja onde o joio e o trigo habitam juntos, em grande proximidade, mas possuem naturezas completamente diferentes: “Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro” (Mt.13:30).

Neste tempo, não podemos fazer separações físicas entre os descendentes do Filho do Homem e os descendentes da serpente, ambas as sementes estão na Igreja, sabemos que os descendentes da boa semente, são cidadãos celestiais e seu gestos e atos dizem isso claramente. Quanto aos descendentes de Caim, vemos que são filhos do mundo, seus desejos e anseios dizem, claramente, que são filhos deste mundo e armam aqui as suas tendas, cavam profundas covas para seus tesouros na terra que por Deus foi amaldiçoada. “Hoje tomo por testemunhas contra vós o céu e a terra, que certamente logo perecereis da terra, a qual passais o Jordão para a possuir; não prolongareis os vossos dias nela, antes sereis de todo destruídos” (Dt.4:26). Assim, entendemos que todo aquele que pertence à semente Santa, não terá seus afetos voltados para este mundo, mas caminhará reto e destemido para sua habitação celestial!   
 
Gênesis Capítulo 8

"...A mente carnal pode descansar em qualquer coisa menos em Cristo. Pode alimentar-se de toda a imundície".

Antes de iniciar o estudo acerca do capítulo 8, gostaria de mencionar aqui um conceito estudado por aqueles que vêm nos eventos Bíblicos um formato dispensacionalista, ou seja, uma cadeia de eventos planejados e executados de forma didática pelo Nosso Deus. Através deste pensamento, os estudiosos acreditam que Enoque, representando a Igreja é arrebatado antes do juízo de Deus desencadeado no dilúvio, por isso ele representa a Igreja sendo arrebatada antes da Grande Tribulação. Noé, porém, é uma figura do remanescente de Israel que será conduzido através das águas profundas da aflição(convertidos durante o período da grande tribulação), e do fogo do julgamento, e levado ao pleno gozo da bem-aventurança milenial em virtude do concerto eterno de Deus.

O corvo e a pomba – Gn.8:1 a 8 - “E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra”. A ave imunda escapou-se e achou sem dúvida um lugar de repouso sobre qualquer carcassa flutuante. Não voltou a procurar a arca. Não foi assim com a pomba. “A pomba, porém, não achou repouso para a planta do seu pé, e voltou a ele para a arca; e tornou a enviar a pomba fora da arca......... E a pomba voltou a ele a tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico”. Podemos observar o agradável símbolo da mente regenerada, que no meio da desolação, busca e encontra o seu repouso e a sua porção em Cristo e tem a prova de que o julgamento é passado e uma nova terra se apresenta inteiramente à vista. A mente carnal, pelo contrário, pode descansar em qualquer coisa menos em Cristo. Pode alimentar-se de toda a imundície. “A folha de Oliveira” não tem encanto para ela. Pode achar tudo que precisa numa cena de morte e por isso não está ocupada com o pensamento de um novo mundo e as suas glórias; porém o coração que é ensinado e exercitado pelo Espírito de Deus pode descansar e regozijar-se naquilo que Ele descansa e Se regozija. Descansa na arca da Sua salvação “até aos tempos da restauração de tudo” (Atos3:21).

Gn.8:15 e 16 - “Então falou Deus a Noé dizendo: Sai da arca”.

O tempo de duração do dilúvio: Teve seu início no dia 17 do segundo mês do ano seiscentos de Noé (Gn.7:11). O dilúvio durou 40 dias de água caindo e subindo do abismo (Gn.7:12e17). E prevaleceram as águas mais 150 dias (Gn.7:24). A arca fica presa no Ararate (Gn.8:4). 223 dias depois do início do dilúvio (primeiro dia do décimo mês) aparecem o cume dos montes (Gn.8:5). 263 dias depois Noé solta o corvo (Gn.8:6). 270 dias depois solta uma pombinha (Gn.8:8). 277 dias depois do dia zero do dilúvio, Noé solta outra pomba que volta com o ramo de Oliveira (símbolo de Israel). 371 dias depois do início do dilúvio Noé sai da arca (dia 27 do segundo mês do ano seiscentos e um da vida de Noé- Gn.8:14).

Gn.8:18 -  “Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele”. “Então saiu Noé......., e edificou um altar ao Senhor”. Oh maravilhosa e simples obediência. A obediência da fé e a adoração da fé que, aqui, andam juntas. A arca havia conduzido Noé e sua família, em segurança sobre as águas do dilúvio, tinha-o conduzido do velho para o novo mundo, onde ele agora toma o seu lugar de adorador. Assim, desta mesma forma, uma pessoa verdadeiramente batizada, como diz o apóstolo: que “obedece de coração a forma de doutrina à que fostes entregues” (Rm.6:17), passou do mundo antigo para o novo em espírito e princípio pela fé. A água corre sobre sua pessoa, significando que o seu velho homem está sepultado, que o seu lugar na natureza é ignorado – que sua velha natureza é posta inteiramente à parte (Rm.6:4). Compare também Cl.2:12 e IPe.3:18a22.

Gn.8:20 a 22 - É importante notar que Noé edificou “ao Senhor um altar”. A superstição teria adorado a arca, como havendo sido o meio de salvação. A tendência do coração é sempre substituir Deus pelas suas ordenações. A arca era algo visível, uma ordenação notória, mas Noé pode passar, em adoração, da arca, para o Deus da arca.

No parecer da fé, entendemos que uma ordenação é somente válida enquanto transmite Deus, em poder vivo, à alma, se pode fruir Cristo por meio dela. Caso contrário, deixa de ser um instrumento de Deus para servir ao diabo. Afinal, foi assim que os Israelitas adoraram a serpente de metal no deserto. Até que o rei Ezequias  “tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã” (IIReis18:4).

Muitos por superstição e desconhecimento da verdade, por supervalorizarem as ordenações, passam a acreditar que Cristo e as ordenanças salvam; enfim, descobrirão que a salvação, jamais, poderá ser Cristo e alguma coisa. A salvação é, unicamente, Cristo! Somente Ele pode ser adorado e supervalorizado. As ordenações são meios de graça e nunca meios para a Graça. Como disse o apóstolo Paulo acerca dos ritos da Lei: “Se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl.5:2). Aqueles que tentam concilar para a salvação: Cristo e Lei, na verdade, não cumprem a Lei e não conhecem a Cristo, estão em franca idolatria, adorando o objeto da bênção em detrimento do abençoador. 

Gênesis Capítulo 9

"...A terra foi uma vez purificada com água e será mais uma vez purificada. Desta vez, porém, pelo fogo, do qual ninguém escapará, exceto aqueles que tiverem seu refúgio n’Aquele que passou nas águas profundas da morte e enfrentou o fogo do juízo divino, a saber, O Senhor Jesus, nosso Redentor".

Gn.9:1 a 3 - “E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra”. Notemos que o mandamento de Deus, dado ao homem, à sua entrada na terra restaurada, era para repovoar a terra; não apenas parte da terra, mas a terra. Ele desejava que os homens se dispersassem sobre a face da terra, e não que confiassem nas suas energias concentradas. Veremos no capítulo 11 como o homem descuidou e falhou nesta ordenança.

E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra”. O temor do homem encontra-se agora gravado no coração de todas as demais criaturas. Na vida e na morte os animais inferiores tinham que estar a serviço do homem. Deus também esclarece que nunca mais Seu juízo viria na forma de água: “Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio: Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios”(IIPedro3:6e7).

A terra foi uma vez purificada com água e será mais uma vez purificada. Desta vez, porém, pelo fogo, do qual ninguém escapará, exceto aqueles que tiverem seu refúgio n’Aquele que passou nas águas profundas da morte e enfrentou o fogo do juízo divino, a saber, O Senhor Jesus, nosso Redentor.

Gn.9:4a8- A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem. Mas vós frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela. Devemos comparar estas passagens com Atos 15:29 e Levítios 24:20.

Gn.9:13 a 15 - “E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas.O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a terra.E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens. Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne”. Como é bom pensar naquilo que Deus lembrará e naquilo que Ele não lembrará. Ele lembrar-se-á de Seu concerto, mas não se lembrará dos pecados de seu povo. A cruz que ratifica o primeiro, remove os últimos.

Como o arco íris nos lembra, forçosamente, o calvário! Ali vemos, na verdade uma nuvem – uma nuvem negra, carregada com o juízo de Deus, despejando-se sobre a cabeça santa do Cordeiro de Deus – uma nuvem tão negra que até mesmo ao meio dia “houve trevas em toda a terra” (Lc.23:44). Mas Bendito seja Deus, a fé descobre na nuvem mais carregada que jamais houve, o arco mais brilhante e belo, que é o amor eterno de Deus penetrando através da terrível obscuridade e refletidos na nuvem que ecoa no Grito de Triunfo: “Tetelestai – está consumado”. A morte foi derrotada e haverá paz entre Deus e suas criaturas.   

Gn.9:20 a 29 - O último parágrafo deste capítulo apresenta-nos um espetáculo humilhante. O senhor da criação restaurada, falhou em governar a si mesmo: “E começou Noé a ser lavrador da terra e plantou uma vinha. E bebeu do vinho e embebedou-se; descobriu-se no meio da sua tenda”. Que estado para Noé, o único homem justo, o pregador da justiça! Ah! Que é o homem? Vejamo-lo onde quer que for, e veremos só fracasso. No Éden, falhou; na terra restaurada, falhou; na Igreja, ele falha e na presença da bem aventurança do milênio, ele falhará: O homem falha em toda a parte e em todas as coisas, nada de bom há nele. Quer a sua posição seja agradável, quer as suas vantagens sejam amplas e, vastos os seus privilégios, ele só pode mostrar falha e pecado.    

Devemos olhar para Noé sob dois aspectos, a saber, como uma figura e como um homem; Enquanto figura representa um símbolo cheio de beleza e significado, enquanto homem está cheio de pecado e loucura. Todavia, o Espírito Santo escreveu estas palavras: “Noé era varão justo e reto em suas gerações; Noé andava com Deus” (Gn.6:9). A graça divina havia coberto todos os seus pecados, e vestido a sua pessoa com um manto imaculado de justiça. Apesar de Noé ter mostrado a sua nudez, Deus não a viu, porque não olhava para ele na fraqueza da sua própria condição, mas no pleno poder da justiça divina, na Graça redentora que um dia seria manifesta em Cristo Jesus nosso Senhor. Por isso, podemos compreender a loucura da Cam que não compreendeu os pensamentos de Deus, a mente do Espírito, não conheceu nada acerca da bem-aventurança do homem cuja iniqüidade é perdoada e cujos pecados são cobertos; pelo contrário, Sem e Jafé mostram, com o seu procedimento, um exemplo perfeito do método divino de tratar com a nudez humana; pelo que herdam uma bênção, enquanto que Cam herda uma maldição.


Gênesis Capítulo 10

"...sempre que Deus tem um testemunho corporativo sobre a terra, satanás tem uma Babilônia pronta para manchar e corromper esse testemunho".


Gn.10:1 a 5 – “Por estes foram repartidas as ilhas dos gentios nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações”. Devemos explicar que este relato não está em ordem cronológica, de tal forma que da forma que, as genealogias vão sendo apresentadas antes do relato da torre de Babel, quando surgiram todas as línguas divididas. Estas genealogias, iniciando por Noé, prosseguem em seus descendentes até um período bem posterior a Babel, por isso, os filhos de Javã, tataraneto de Noé, vivem em um mundo onde as línguas já haviam sido divididas.

Gn.10:6 a 10 – “E o princípio do seu reino foi Babel...........” Gostaria de chamar  a atenção para este descendente de Cão, o filho amaldiçoado de Noé, este ilustre representante da semente da serpente. Ele faz de Babel o início de seu reino. Torna-se um poderoso caçador diante dos olhos do Senhor  e, certamente, diante dos homens. Vemos que o Senhor não freia seus intentos, antes permite que este homem poderoso dê vazão aos seus sonhos de poder e grandeza.

Gn.10:11 a 20 – “Estes são os filhos de Cão segundo as suas famílias, segundo as suas terras, em suas nações”. Quero aqui demonstrar, a descendência originada deste filho de Noé. É interessante notar que no versículo 14 encontramos os filisteus e no versículo 15, temos Canãa, que foi pai dos sidônios, dos heteus, dos jebuseus, dos amorreus, girgaseus, heveus, arqueu, sineu, arvadeu..... todos os mais terríveis inimigos do povo de Deus surgiram desta genealogia, cumprindo, cabalmente a profecia de Noé sobre a descendência de Cão.

Gn.10:31 - “Estes são os filhos de Sem segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, nas suas terras, segundo as suas nações”. É importante notar que os filhos de Sem passaram, em determinado instante, a falar línguas diferentes, ainda que fossem irmãos, fato que torna notório o evento de Babel, dividindo a língua de pessoas mesmo que elas fossem irmãs. Assim, é possível que nem os próprios familiares se entendessem após este evento trazido pelo Senhor.

Agora refletiremos um pouco acerca de Ninrode e sua Babel. O Homem que “começou a ser poderoso sobre a terra” (Gn.10:8). Ele edificou a torre que, em tempos futuros daria origem à maior inimiga do povo de Deus, a Grande Babilônia que, no antigo testamento, aparece como uma cidade que persegue, aprisiona e mata o povo Santo, mas que, no Novo Testamento, aparece como um sistema religioso que corrompe e engana o povo de Deus (Apoc.17:5e6). Entendemos, desta forma, que a mente por trás da grande Babilônia é sempre a mesma, aparece em toda a Bíblia, está ligada à semente maldita, persegue o povo de Deus e tem sua inspiração na frase cunhada pela serpente e que seduziu o coração da primeira mulher: “Sereis como Deus” (Gn.3:5). Mal Israel havia iniciado as guerras de conquista de Canãa e uma capa babilônica lançou vergonha e derrota ao seu exército (Josué 7:21). Desejo apenas frisar que sempre que Deus tem um testemunho corporativo sobre a terra, satanás tem uma Babilônia pronta para manchar e corromper esse testemunho.

Quando Deus liga Seu nome a uma cidade sobre a terra (Jerusalém), então, babilônia toma a forma de uma cidade. Quando Deus liga seu nome com a Igreja, então Babilônia toma a forma de um sistema religioso corrompido, chamado no Apocalipse de “a grande prostituta”, “a mãe das abominações”, etc. É sempre o instrumento talhado pelas mãos de satanás para impedir a operação divina, seja com o Israel do Antigo Testamento ou a Igreja do Novo.

Através de todo velho testamento, Israel e Babilônia soa vistos em franca oposição: Quando Israel se encontra poderoso, Babilônia aparece em decadência e vice-versa. Deste modo, quando Israel falhou inteiramente como testemunho do Senhor, “o rei de Babilônia lhe quebrou os ossos” (Jr. 50:17). Os vasos da casa de Deus, que deveriam permanecer na cidade de Jerusalém, foram, levados para a cidade de Babilônia. No entanto, Isaías, na sua profecia sublime, conduz-nos ao oposto de tudo isso: Mostra-nos em magnificentes tons, um quadro em que a estrela de Israel se vê em ascendência, e Babilônia em decadência: “E acontecerá que, no dia em que o Senhor vier a dar-te descanso do seu trabalho, e de tremor, e da dura servidão com que te fizeram servir, então proferirás este dito contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! A cidade dourada acabou!... Desde que tu caíste, ninguém sobe contra nós para nos cortar” (Is.14:3a8).

No novo testamento a Babilônia se opõe à esposa do Cordeiro e é, por fim, lançada como uma grande mó ao mar (Apoc.18:21).

Cuxe gerou a Ninrode; este começou a ser poderoso na terra..... Este foi poderoso caçador diante da face do Senhor......O princípio do seu reino foi Babel.....” (Gn.10:8a10). Quero lembrar que Babel deu origem a Babilônia e que, tal qual o caráter de seu fundador, Ninrode, assim é, também, o reino por ele fundado: “Caçador diante do Senhor e poderoso sobre a TERRA”.  Sempre apresentada como uma influência poderosa na terra, agindo em antagonismo positivo contra tudo que tem sua origem no céu. Somente após sua queda é que se houve um grito no céu: “Aleluia! Pois já o Senhor, Deus todo-poderoso reina” (Apoc.19:6). Então toda a caçada poderosa de Babilônia terá acabado para sempre, quer seja a sua caça às feras, para as dominar; ou a sua caça às almas, para as destruir. 

Gênesis Capítulo 11

"...Após o pecado o homem tornou-se rasteiro, apegado à terra, orgulhoso e mantendo uma consistência melancólica em todos os seus propósitos: Procura pôr sempre Deus a parte, e exaltar a si mesmo".


Este capítulo é de especial interesse para a mente espiritual, pois registra dois fatos profundamente opostos e importantes para nossa compreensão de todo ensino Bíblico, a saber: A edificação de Babel e a chamada de Abraão, ou, por outras palavras, o esforço do homem para suprir as suas necessidades, e a provisão de Deus dada a conhecer à fé – a diligência do homem para se estabelecer na terra, e Deus chamando um homem para sair dela, para ter a sua porção e o seu lar no céu.

Gen.11:1 a 4 – “E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala. E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali........E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”. O coração humano procura sempre um nome, uma parte, e um centro na terra. Tem pouquíssima ou nenhuma preocupação quanto ao céu, ao Deus do céu e a glória de Seu Reino. O homem mostra claramente que não desejava um lugar para a habitação de Deus, mas apenas para o seu próprio nome e glória pessoal. Após o pecado o homem tornou-se rasteiro, apegado à terra, orgulhoso e mantendo uma consistência melancólica em todos os seus propósitos: Procura pôr sempre Deus a parte, e exaltar a si mesmo.

Na história do homem sempre poderemos ver uma tendência para a associação e confederação, da mesma forma que vemos na Babilônia esta manifestação do gênio e da energia do homem em construir um império sem Deus. Os homens tendem a associar-se, seja na filantropia, na política e mesmo na religião, para sentirem-se fortes e poderosos; se olharmos a nossa volta, veremos um mundo cheio de associações, a maioria delas organizadas com o fim de promover os interesses humanos e exaltar o nome do homem. O cristão deve apenas conhecer uma associação, e esta é a Igreja do Deus vivo, unida pelo Espírito Santo, que veio do céu como testemunha da glorificação de Cristo, para batizar os crentes num corpo, e constituí-los em lugar de habitação de Deus. Babilônia é o oposto disso e torna-se, por fim, “morada de demônios”(Apoc.18:2).

Gn.11:5 a 9 - “E o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim o SENHOR os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade”. Aqui vemos o primeiro intento dos homens em fazer uma confederação, uma união em torno de seus próprios nomes. O Senhor desfaz por completo esse intento enviando a confusão das línguas, pois o alvo da união possuía um foco absolutamente errado e humanista. Quando lemos o segundo capítulo de Atos, vemos a repetição do fenômeno das línguas fazendo um trabalho completamente oposto, unindo ao invés de espalhar. O Espírito Santo habilitou os mensageiros da graça a darem a sua mensagem na própria língua em que cada ouvinte havia nascido (Atos 2:8). Deus desejou alcançar o coração do homem com a doce história da Graça! A Lei dada do monte em fogo não foi assim promulgada (Heb.12:18a21). Quando Deus dizia o que o homem deveria ser, falou só numa língua e deu a lei mosaica; Mas quando disse o que Ele Próprio Era, em sua Graça Majestosa, falou em muitas línguas. A graça passou sobre a barreira que a vaidade e loucura do homem tinham dado causa a que fosse erguida, a fim de que cada homem pudesse ouvir e compreender as boas novas da salvação (em seu próprio idioma natal). E com que objetivo? A fim de associar o homem sob o terreno de Deus, em volta do centro de Deus e segundo os princípios de Deus. Era para lhes dar, na realidade, uma língua, um centro, um objetivo, uma esperança, uma vida. Era para os ajuntar de tal maneira que nunca mais fossem espalhados ou confundidos; para lhes dar um NOME e um LUGAR que deveriam perdurar para sempre; para lhes edificar uma torre cujo topo não só chegaria ao céu, mas cujos fundamentos inabaláveis, lançados pela mão onipotente do próprio Deus, estariam no céu. Era para os ajuntar em volta da pessoa gloriosa de um Cristo ressuscitado e exaltado, e uni-los a todos num grande desígnio de louvor e adoração. Em Apoc.7:9 vemos a consumação deste plano maravilhoso de Deus em que pessoas de todas as tribos línguas e nações estarão congregados para adorar O Cordeiro de Deus.

Assim, claramente, podemos distinguir as línguas da confusão e divisão em Babel e as Línguas de união e de clara mensagem em Pentecoste. Esta é conduzida pela energia do Espírito Santo, aquela pela energia profana do homem pecador querendo ser grande. Uma tem como seu objetivo a exaltação de Cristo, a outra tem como seu alvo a exaltação do homem. E nisto o apóstolo Paulo declara: “O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo...” (ICor.14:4) Que triste derrota para a Igreja quando seus membros estão interessados em “edificar para si mesmos”, construir nomes para si mesmos, em detrimento do crescimento e edificação da Igreja que exalta Cristo. O Apóstolo continua dizendo: “....mas o que profetiza (ensina a Palavra de Deus) edifica a Igreja”. Vemos, claramente que, no texto de ICor.14 ocorre uma tentativa de se recriar as línguas da confusão e divisão, mas o Apóstolo exorta: “Dou graças a Deus porque falo mais línguas do que todos vós (hebraico, aramaico, grego, latim, árabe). Todavia, eu antes quero falar na Igreja cinco palavras na minha própria inteligência (palavras claras e bem compreendidas), para que possa também instruir (ensinar) os outros, do que dez mil palavras (que nem eu entendo) em língua desconhecida” (ICor.14:18e19). Fica claro que, seria uma grande demonstração de grandeza pessoal, o falar em muitas línguas desconhecidas por aquele povo, de tal forma que as pessoas nada entenderiam,  porém, poderiam aplaudir a eloquência do locutor cheio de dons; mas Paulo esclarece que ele não desejava esse tipo de Glória e edificação pessoal, pois ele se preocupava com o ensino da Igreja, com a mensagem clara e bem explicada da Palavra de Deus. Ele complementa: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento (estudem a Bíblia), mas sede meninos na malícia (nesse desejo de glória pessoal), e adultos no entendimento. Está escrito na Lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo (línguas humanas, obviamente, porém, de outras nações, não judeus); ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis (crentes gentios), mas para os infiéis (judeus que rejeitaram o messias); e a profecia (ensino claro da Palavra) não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis (Igreja).

Precisamos entender que algumas pessoas se levantaram na Igreja de Corinto buscando uma glória e edificação pessoal, por isso, houve a necessidade da intervenção do Apóstolo Paulo, deixando claro que todos poderiam falar em outras línguas e manifestar esse dom maravilhoso da Igreja, que deve unir todas as tribos, línguas e nações em torno da Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Assim, ele declara: “Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar” (ICor.14:9). No pentecoste, o grande sinal das línguas foi dado aos judeus incrédulos afim de que soubessem que a profecia de Isaias 28:11e12 estava se cumprindo, revelando que a Graça de Deus já não estaria restrita à língua hebraica. Após este sinal maravilhoso, a Igreja continuou crescendo e crescendo; nos dias de hoje, atingindo, cada vez mais muitas línguas e povos distantes. O maravilhoso dom de línguas continua fazendo com que cada um entenda a Palavra de Deus em sua própria língua materna, traduzindo a Bíblia e pregando o evangelho nos idiomas de cada nação. Esta é a obra maravilhosa do Pentecoste, línguas de união, línguas que trazem as boas novas a todos os povos, de todos os países e raças; nisto consiste a enorme diferença entre Babel e Pentecoste. Ficando assim muito claro que, as línguas que dividem e confundem possuem sua origem em Babel, as línguas que ensinam a Palavra de Deus com clareza e que unem os povos em torno de Cristo e solidifica a Igreja, nasceram em Pentecoste. Que jamais venhamos a esquecer essa diferença e nem confundir suas funções.

Gn.11:11 a 32 – Nesta passagem, gostaria de apresentar uma curiosidade interessante acerca da genealogia de Sem. Em Gn.6:3, O Senhor havia determinado encurtar a vida do homem para 120 anos e podemos perceber claramente aqui, a forma como o Senhor faz cumprir esta sentença na vida dos patriarcas encurtando seus anos, um pouco a cada geração. Vejamos: E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos. E viveu Arfaxade depois que gerou a Selá, quatrocentos e três anos. E viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos. E viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos. E viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos. E viveu Naor, depois que gerou a Terá, cento e dezenove anos. Vemos que Terá, pai de Abraão morre com119 anos, provavelmente em boa velhice. Ainda que alguns personagens, como o próprio Abraão, tenham passado dos 120 anos, é fácil observar que as idades foram encurtadas e que os 120 anos se tornaram um limite bem definido para os seres humanos, provando, mais uma vez, a coerência absoluta da Palavra de Deus.     
             
Gênesis Capítulo 12

"...As influências da natureza são sempre hostis à plena realização e poder prático da 'chamada de Deus'. Somente a morte quebra esses laços que nos prendem à natureza e ao mundo. É preciso que compreendamos a verdade de que se morremos em Cristo (Gl.6:14), estamos crucificados para o mundo".


Gen.12: 1 a 4 - A chamada de Abraão: “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.... Assim partiu Abrão.......” Observando a ordem dada por Deus, podemos ver que era uma prova muito difícil para Abraão, pois ele deveria se despedir de todos os seus familiares, isto incluía seu pai e também seu sobrinho órfão, Ló. Abraão, então, partiu de Ur dos caldeus, porém, com ele levou seu pai e sobrinho (Gen11:31), seus laços de carne e sangue, e parou em Harã, que ficava na metade do caminho para chegar a Canaã, a terra prometida por Deus. Assim, ele não se desvencilhou de seus parentes mais próximos e nem chegou até o destino ordenado por Deus.

Atos 7:2 a 4 - E ele disse: Homens, irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar. Então saiu da terra dos caldeus, e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora (Canaã). Precisamos observar que a narrativa do capítulo 11 não está em ordem cronológica com o capítulo 12, pois, preocupa-se em apresentar as genealogias e não o momento exato da chamada. Assim, devemos compreender, através da mensagem de Estevão (At.7), que a chamada de Abraão ocorre ainda em Ur dos caldeus e que, ele deveria ir só, não poderia levar sua parentela. Desta forma, o Senhor, pacientemente, começa a quebrar os laços de carne, começando com Terá, pai de Abraão, que morre em Harã, antes que ele partisse em definitivo para Canaã. Abraão e, apenas Abraão, foi escolhido para ser causa da bênção para todas as famílias da terra. Assim, ele ainda precisaria compreender que, separar-se do seu sobrinho Ló, também era uma exigência divina, ainda que os olhos humanos não pudessem entender este princípio da operação de Deus. 

Embora chamado para Canaã, Abraão demora-se em Harã, até que os laços da natureza fossem quebrados pela morte. As influências da natureza são sempre hostis à plena realização e poder prático da “chamada de Deus”. Somente a morte quebra esses laços que nos prendem à natureza e ao mundo. É preciso que compreendamos a verdade de que morremos em Cristo (Gl.6:14), estamos crucificados para o mundo; A cruz de Cristo é para nós o que o Mar Vermelho foi para Israel, a saber, aquilo que nos separa, para sempre, da terra, da morte e do julgamento.

Gostaria de apontar aqui alguns aspectos da Cruz de Cristo como base de nossa adoração e de nossa paz com Deus. A mesma Cruz que me liga com Deus separou-me do mundo. Um homem morto, acabou, evidentemente, para o mundo; e tendo ressuscitado com Cristo, está ligado com Deus no poder de uma nova vida, uma nova natureza. Estando assim inseparavelmente unido com Cristo, ele participa da Sua aceitação com Deus, e na Sua rejeição pelo mundo. A primeira faz dele um adorador e cidadão do céu; a segunda torna-o uma testemunha e um estrangeiro na terra.

Não sabemos quanto tempo Abraão se demorou em Harã, até que livre do obstáculo da natureza ele pudesse obedecer plenamente à ordenação de Deus para ir a Canaã. Vemos que Deus, pacientemente e graciosamente, esperou por Seu servo. Contudo não houve adaptação ou mudanças no mandato do Senhor, nem houveram novas revelações à Abraão durante o tempo de sua permanência em Harã. É bom notarmos esse fato, que devemos agir segundo a luz comunicada, somente então, Deus nos dará mais Luz. Àquele que tem se dará (Mt.13:12). Há, quão grande a nossa dificuldade e reluntância em quebrar todos os laços para, então, vivermos uma cega e plena obediência a Deus; não conseguimos perceber que existe verdadeira benção para alma em cada ato de obediência, pois a obediência é fruto da fé.

Gen.12:4 a 6 - Deus não nos obriga a obedecê-lo, porém nos cativa, diante dos nossos olhos coloca figuras de esperança e expectativa. Foi assim no caso de Abraão, o “Deus da glória” lhe apareceu. Com o fim de pôr diante de sua visão um objeto atraente: “uma terra que eu te mostrarei”. A terra de Deus era, no parecer da nova natureza – o juízo da fé – muito melhor que Ur ou Harã; embora ele nunca a tivesse visto, a fé julgava valer a pena possuí-la. Ela não era apenas digna de ser possuída, mas também que valia a pena deixar todas as coisas presentes por ela. Por isso lemos: “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia” (Hb.11:8). Abraão jamais vira a terra, porém andava “por fé e não por vista” (IICor.5:7), e a fé descansa em um terreno muito mais sólido do que a evidência dos nossos sentidos, isto é, a Palavra de Deus.

É preciso ver uma aplicação prática deste andar pela fé que está aliançada à nova natureza adquirida em Deus pela Cruz de Cristo. Todos podem aceitar o ensino de que devemos renunciar o mundo para ganharmos o céu, mas como pode a natureza decaída renunciar àquilo a que está aliançada? O homem natural não vê encantos no céu e nem mesmo deseja morar nele, ainda que, por medo, até possa desejar escapar do inferno e seus tormentos, mas temos que entender que o desejo de escapar do inferno, e o desejo de se chagar ao céu, partem de duas origens diferentes. O primeiro pode existir na velha natureza, mas o segundo, somente na Nova.     

Quão diferente é o evangelho de um sistema legalista onde se procura servir a Deus com a própria força humana, pois o evangelho da Glória de Deus (ITim.1:11) nos revela o Próprio Deus vindo ao mundo, tirando o pecado pelo sacrifício da Cruz e, não somente isto, mas também concedendo uma nova vida, uma nova natureza ao pecador que antes jazia morto em seus delitos e pecados (Ef.2:1). Seria impossível educar e dominar, por meio de dogmas de uma religião sistemática, uma natureza irremediavelmente corrompida, de maneira a que eu possa desse modo renunciar o mundo que amo, e alcançar um céu que detesto. Deus, em graça infinita, e com base no sacrifício de Cristo, concede-me uma natureza que pode gozar o céu, e o céu para essa natureza gozar é Ele Próprio, a fonte infalível de toda a alegria do céu.

Gen.12:6 a 8 – “E passou Abrão por aquela terra até ao lugar de Siquém, até ao carvalho de Moré; e estavam então os cananeus na terra”. Certamente, a presença dos cananeus na terra de Deus seria uma grande prova para Abrão. Seria uma exigência de Deus para sua fé. “E apareceu o Senhor a Abrão, e disse: À tua semente darei esta terra”. Vemos a ligação entre os dois relatos, os cananeus estavam na terra, mas para que os olhos de Abrão não se fixassem neles, o Senhor aparece a Abrão e reafirma a promessa. Os cananeus na terra são a expressão do poder de satanás. Mas não temos que estar ocupados e preocupados com o poder de satanás, temos que estar focados em nossa herança e no poder de Nosso General, Jesus Cristo. “E moveu-se dali para a montanha do lado oriental de Betel, e armou a sua tenda........ e edificou ali um altar ao SENHOR, e invocou o nome do SENHOR”. É maravilhoso percebermos que o altar e a tenda nos dão os dois grandes traços do caráter de Abrão: Adorador de Deus e estrangeiro na terra. Nada tendo no mundo, temos, todavia, tudo em Deus.

É preciso observar que se os céus nunca tivessem nuvens, e o oceano nunca se agitasse, o crente não conheceria tão bem o Deus com quem temos que tratar. Quando todas as coisas correm agradavelmente, os nossos bens e negócios em plena segurança, somos propensos a confundir a paz que repousa sobre tais circunstâncias com aquela paz que emana do conhecimento da presença de Cristo. O Senhor conhece isto, portanto vem, de um ou de outro modo, e sacode o apoio; isto é, se estivermos descansando nas circunstâncias, ao invés de esperarmos n’Ele. Somos, propensos a pensar que uma carreira de retidão pode ser medida pela ausência de provações e lutas, quando, na verdade, a carreira de obediência é sempre muito difícil para a carne e o sangue. Abrão não encontrou somente os cananeus, mas também “havia fome na terra”.

Gen.12:9 a 12 - Abrão estava no lugar onde Deus o havia posto; e, evidentemente, não recebeu instrução para deixá-lo. A fome estava ali; e, além disso, o Egito ficava perto,oferecendo alívio da pressão; ainda assim o dever do servo de Deus era claro. É melhor morrer-se de fome em Canaã, se assim tiver de ser, do que viver na luxúria do Egito. É melhor sofrer no caminho de Deus do que estar à vontade no de satanás. É melhor ser pobre com Cristo do que rico sem Ele. No Egito Abrão obteve ovelhas, vacas, jumentos, servos, servas, jumentas e camelos (Gn.12:16), para muitos, prova real de que ele havia tomado a decisão correta. Mas, Óh!! Ele nao tinha altar – não Havia comunhão com Deus. O Egito não era lugar da presença de Deus. Abrão perdeu muito mais do que ganhou indo para lá. Quantos, para evitar a provação e o exercício espiritual ligado com o caminho de Deus, se têm desviado para as correntes do presente século mau. Pode muito bem ser que tenham conseguido, como na frase popular, “feito dinheiro”, aumentados os bens, conseguido os favores do mundo e que sejam “muito estimados” pelos seus faraós, alcançado um nome e uma boa posição entres os homens. Será que estas coisas podem ser comparadas com a íntima comunhão com Deus? E podemos trocar uma pela outra? Muitos têm trocado o Senhor por um pouco de bem estar, alguma influência e dinheiro neste mundo.

Gen.12:13 a 20 – “Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti. e foi a mulher tomada para a casa de Faraó.........E fez bem a Abrão por amor dela; e ele teve ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos”. Aqui vemos o pai da fé, o nosso herói Abrão, usando de uma triste artimanha, ele já tinha cometido o pecado de descer ao Egito, agora, deliberadamente, se utiliza da beleza de sua esposa para obter os favores financeiros de Faraó, correndo até mesmo o risco de expor sua esposa à vergonha do adultério. Devemos entender que os caminhos do Egito sempre partem  na mais íngrime descida rumo ao precipício e, se não fosse a intervenção divina, o pior teria acontecido a Sarai. Porém o Senhor a protegeu – “feriu, porém, o SENHOR a Faraó e a sua casa, com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão”.

A Bíblia deixa claro que Abrão era um pecador dependente da Graça de Deus, como qualquer um de nós e que, assim como ele, todos, quando tentados a seguir o curso deste mundo, devemos lembrar d’Aquele “que se deu a Si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus, nosso Pai” (Gl.1:4). Que Deus nos guarde em Sua mão e à sombra de Suas Asas, até vermos Jesus como Ele é, e sermos semelhantes a Ele, andarmos e estarmos com Ele para sempre.

Gênesis Capítulo 13

"...o fato é que quando alguém não anda realmente com um motivo verdadeiro e afeições puras facilmente encontrará uma pedra para tropeçar. Pouco importa o que seja a causa...porque a Verdadeira causa, encontra-se oculta, longe da observação normal, nas câmaras íntimas dos afetos e desejos do coração, onde o mundo ainda tem sido procurado e amado".


Gn.13:1 a 4 - “Subiu, pois, Abrão do Egito ........ até ao lugar onde a princípio estivera a sua tenda, entre Betel e Ai; até ao lugar do altar que outrora tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do Senhor.” Aqui vemos o Senhor restaurando seu servo que havia descido ao Egito. No Egito não existe altar, não se invoca o nome do Senhor, mas algo que nos chama muitíssimo a atenção é que Deus traz Abrão de volta, depois de sua queda e fracasso em obedecer, Deus o traz no exato lugar “do altar que outrora tinha feito”. Deus não o rebaixa a um lugar menos nobre ou mais distante, Deus o restaura por completo, porque a Graça do Deus não trabalha sobre os nossos padrões de medida e, nem mesmo sobre os nossos méritos, O Senhor o restaura totalmente e nada lhe “lança em rosto” (Tiago1:5). Assim é o Nosso Grande Deus, perfeito em Si mesmo e completamente Bondoso. Nada pode satisfazer a Deus com respeito a um apóstata ou extraviado, senão a sua inteira restauração. “Se voltares, ó Israel, para Mim voltarás”(Jr.4:1). A alma restaurada terá uma compreensão viva e profunda do mal de que foi liberta; liberta não para pecar mais, mas para ter profunda gratidão e amor Àquele que a libertou.

Abrão e Ló separam-se. (Gn.1:5 a 8) 

Talvez, mais difícil do que a prova da fome, tenha sido para Abrão o separar-se de seu último parente trazido de Ur. Ló havia se unido ao seu tio Abrão para a viagem rumo à terra prometida (Canãa), provavelmente também esperando pela promessa que fora feita a seu tio, mas ele mesmo não possuía tal promessa, ele andava pela correnteza ou pela influência gerada por seu tio. Assim como nos grandes avivamentos e, na saída de Israel da terra do Egito, sempre há aqueles que acompanham o movimento sem a verdadeira Fé, sem terem sido chamados por Deus, sem compreenderem o destino celestial. No meio da jornada eles acabam causando grandes males para os santos; Assim como o populacho, o vulgo que saiu do Egito com o povo de Deus, mas dele não fazia parte: “E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer?”(Nm.11:4). Assim, somos exortados a ver se estamos andando segundo a influência divina ou humana; se a nossa fé está posta na sabedoria do homem ou no poder de Deus; se estamos fazendo as coisas porque os outros fazem, ou porque o Senhor nos chamou para fazer; se somos meramente fortalecidos pela influência de nossos semelhantes ou sustentados pela fé em Deus. Esta é uma séria indagação. É um grande privilégio desfrutarmos da comunhão com nossos irmãos, porém este não deve ser o sustentáculo de nossa fé e sim o nosso relacionamento pessoal com Deus e, este foi o ponto que Ló não pôde compreender em sua jornada. Ele viu muitas vezes a maravilhosa adoração e os altares que seu tio Abrão construiu ao longo do caminho, mas jamais conseguiu ver o real sentido da profunda comunhão com Deus.

O contraste entre a fé de Abrão e a conformidade com o mundo de Ló (Gn.13:9a13).

Devemos pensar em qual o motivo de Ló ter se afastado da verdadeira fé e do caminho para Canaã. Existe uma crise na história de cada homem em que será, indubitavelmente, revelado o fundamento em que ele descansa, quais os motivos por que é instigado e quais os fins que o animam. Assim foi com Ló. Não morreu em Harã; mas caiu nas planícies de Sodoma. A causa aparente de sua queda foi a contenda de seus pastores e os pastores de Abrão; porém o fato é que quando alguém não anda realmente com um motivo verdadeiro e afeições puras facilmente encontrará uma pedra para tropeçar. Pouco importa o que seja a causa aparente que serve de estopim para afastar do Caminho Santo, porque a Verdadeira causa, encontra-se oculta, longe da observação normal, nas câmaras íntimas dos afetos e desejos do coração, onde o mundo ainda tem sido procurado e amado.

A contenda poderia facilmente ser resolvida sem prejuízo espiritual, assim foi para Abrão, pois a ocasião apenas lhe deu oportunidade de mostrar sua elevação espiritual recusando-se a fazer a primeira escolha e descansando no terreno da fé. Mas para Ló, foi oportunidade de mostrar todo o mundanismo escondido em seu coração. Assim, também, muitas controvérsias se levantam na Igreja de Deus e, muitos nelas tropeçam e são arrastados de volta para o mundo; então atribuem a culpa às controvérsias, mas a verdade é que essas coisas eram apenas os meios de revelar aquilo que jamais saiu de seus corações rebeldes contra Deus: o “amor ao mundo”. 

Sempre que houver contendas entre os irmãos na presença dos cananeus e dos pereseus, é uma fato lamentável e triste, mas que nossa resposta possa sempre ser: “Ora, não haja contenda entre mim e ti......porque somos irmãos” (Gn.13:8). Abrão também podia ser atraído pelas “campinas bem regadas”, mas preferiu descansar em Deus e deixou que o Senhor o conduzisse. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança” (Sl.16:6).

Que escolheu então Ló, quando lhe foi dada a preferência? Escolheu Sodoma. O próprio lugar que estava prestes a ser julgado e condenado por Deus. Por que escolher um tal lugar? Porque olhou para as aparências e não para o caráter intrínseco e destino futuro. O caráter intrínseco era a impiedade e o destino o julgamento e destruição por fogo e enxofre. Nem Abrão ou Ló poderiam saber o destino de Sodoma, mas Deus sabia, e Ló não priorizava ouvir o Senhor. Os seus olhos cobiçaram a “campina, que era bem regada”, o seu coração foi atraído por ela...... “armou as suas tendas até Sodoma” (Gn.13:12). Esta foi a mesma escolha feita por Demas: “Demas me desamparou, amando o presente século” (IITim.4:10). 

A parte de Abrão (Gn.13:14a18):

E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre”. A contenda na vida do crente Abrão, longe de o desanimar e afastar do Senhor, pelo contrário, serviu apenas para revelar os seus princípios celestiais e fortalecerem, no seu espírito, a vida da fé. Além disso, fortaleceram as suas perspectivas e libertaram-no de um (Ló) que só podia lhe ser um peso morto (Obs.: A palavra espírito aqui utilizada com letra minúscula refere-se ao espírito humano, ou a parte de nós que se liga a Deus, conforme a Palavra nos ensina em Efésios 3:16). E, também, interessante notar que os homens sempre encontram o seu próprio meio, os que correm sem serem enviados caem de um modo ou de outro e regressam àquilo que professavam ter abandonado. Por outro lado aqueles que são chamados por Deus e se apóiam N’Ele são, por Sua graça mantidos e as “suas veredas são como a Luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Prov.4:18). “Aquele que perseverar até o fim, será alvo” (Mt.10:22). É importante também observar que, sempre, devemos seguir conforme o “talento” que o Senhor nos confiou, se um, dois, ou cinco, é com eles que devemos negociar, não devemos ir além, nem mesmo ficar aquém daquilo a que o Senhor nos ordenou trabalhar, pois somente Ele ordena os talentos conforme a capacitação que Ele mesmo dá a cada um de nós. Todos os que Cristo chama para qualquer serviço especial mantê-los-á, infalivelmente, porque Ele nunca chamou ninguém para “militar à sua própria custa” (ICor.9:7).

Abrão foi chamado por Deus e por isso poderia dizer: “Oh! quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual operaste para aqueles que em ti confiam na presença dos filhos dos homens!” (Sl.31:19). Ló podia escolher Sodoma, mas quanto Abrão, ele buscou e encontrou tudo em Deus! Aqueles que partem para Sodoma, nunca tiveram em seus corações a verdadeira adoração a Deus, mas somente o amor ao mundo, eles recebem o seu prêmio, alcançaram o anseio de seus desejos secretos, pois Deus “satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a sua alma” (Sl.106:15). Quanto mais forte e satisfeita se fez, mais morto se achou o espírito.       

Gênesis Capítulo 14

"...o meio mais eficaz de servir ao mundo é ser fiel para com ele por meio da SEPARAÇÃO e, assim, testificar contra ele e seus caminhos! Jamais podemos nos misturar ao mundo com o fim de ganhar o mundo, isto não passa de ensino de demônios”.

Gn.14:1 a 11 – Interessante vermos a guerra de cinco reis contra quatro, a revolta de alguns reis contra a dominação exercida por Quedorloamer e seus reis aliados. Abraão nada tinha a ver com esses acontecimentos, como um cidadão do céu e tendo seus tesouros escondidos em Deus, ele não despertava nenhum interesse ou cobiça dos reis da terra, estava fora dos conflitos. Ló porém, habitante de Sodoma, estava no centro do conflito, ele havia estabelecido seus interesses junto com o mundo que despreza Deus, assim, quando chegou a guerra e as tempestades, ele estava bem no meio dela.

Pedro no diz que a “alma justa de Ló era afligida dia a dia pelo que via e ouvia das obras injustas cometidas em Sodoma” (IIPe.2:8), mas que testemunho podia ele ter frente a essas obras quando ele mesmo estabeleceu ali as suas “tendas”? Ló não estava em Sodoma para ser um testemunho de Deus e sim porque Sodoma lhe oferece privilégios financeiros em uma “campina bem regada”. Quantas vezes não defendemos nossa posição privilegiada em algum negócio ou situação que sabemos serem maus diantes do Senhor com  argumento de que, desse modo, somos mais úteis ao serviço e que no fim os lucros serão revertidos para a obra. Que terrível é esta posição a que Samuel refuta dizendo: “Obedecer é melhor do que sacrificar; e o atender melhor é de que a gordura de carneiros” (ISm.15:22).

Gn.14:12 a 17 - Qual destes dois homens serviu melhor ao Senhor, Abraão ou Ló? O que foi para Sodoma e se imiscuiu ao mundo, ou o que saiu dele e de sua terra e até mesmo de sua parentela? Não é a história destes dois homens uma prova indiscutível de que o meio mais eficaz de servir ao mundo é ser fiel para com ele por meio da SEPARAÇÃO e, assim, testificar contra ele e seus caminhos? Jamais podemos nos misturar ao mundo com o fim de ganhar o mundo, isto não passa de “ensino de demônios”.

Faz-se necessário lembrar que uma genuína separação do mundo só pode ser resultado de comunhão com Deus. Eu posso separar-me do mundo e tornar, a mim mesmo, o centro do “meu ser”, a semelhança de um monge ou de um cínico, fazendo pecado ainda maior. A separação para Deus é algo muito diferente. Uma esfria-se e contrai-se a outra aquece e expande. Aquela lança sobre nós mesmos, esta faz-nos sair em atividade e amor pelos outros. A primeira faz da personalidade e dos seus interesses o nosso centro; a última faz de Deus e Sua glória o nosso centro. Assim, no caso de Abraão, vemos que a sua separação o capacitou a prestar um serviço ainda maior àquele que se havia metido em dificuldades pelos seus caminhos mundanos.

Gn.14:14 - “Ouvindo, pois, Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascidos em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã”.  A fé verdadeira, ao mesmo tempo que nos torna INDEPENDENTES, jamais nos torna INDIFERENTES. Abrão pensa a Ló como “irmão que estava preso” e não simplesmente como alguém que dele se havia separado indo atrás das campinas bem regadas de Sodoma.
Existem três coisas que a verdadeira fé gera em um coração contrito: A fé “purifica o coração”, “age por amor” e “vence o mundo” (respectivamente: At.15:19, Ef.3:17, IJo.5:4). 

O Rei de Sodoma e Melquisedeque.

Gn.14:17 a 24 – Vemos claramente nesta passagem que um homem de fé não está livre dos assaltos do inimigo; e acontece que invariavelmente após uma vitória, encontra-se uma nova tentação. Assim aconteceu com Abrão: “O rei de Sodoma, saiu-lhe ao encontro (depois de ferir a Quedorloamer e os reis que estavam com ele)”. O rei de Sodoma e o rei Quedorloamer representam as faces distintas em que o inimigo se apresenta: No primeiro o silvo da serpente e, no segundo, o rugido do Leão. “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra”; ÓH bendita sabedoria e intervenção de nosso Deus! Ele não interveio tão diretamente quando Abrão foi enfrentar o poder militar de Quedorloamer; mas isto foi necessário quando o inimigo se apresentou lisonjeiro e sedutor oferecendo os bens materiais pertencentes à Sodoma. Abrão precisava ouvir a confirmação da antiga promessa: “pertencente ao Deus altíssimo, possuidor dos céus e da terra”. Abrão foi lembrado de que em seu Deus ele possuía tudo, Sodoma nada tinha para ele. Assim, lendo a Palavra de nosso Deus (Bíblia), todos os dias somos lembrados de nossa cidadania celestial e de que nenhuma herança podemos desejar neste mundo que pelo fogo será consumido muito em breve (IIPe.3:7).

O pão e o vinho animaram o espírito de Abrão na terrível batalha que teria ao dizer não para o rei de Sodoma e sua oferta sedutora. Abrão compreendeu que um homem que era bendito de Deus, não precisava tomar coisa alguma do inimigo. E se o Possuidor dos céus e da terra enchia sua visão, os “bens” de Sodoma jamais teriam poder de seduzi-lo ou arrancar-lhe o foco. 

Levantei minha mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra, Jurando que desde um fio até a correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão” (Gn.14:22b e 23); Como poderia Abrão pensar em libertar Ló do poder sedutor do mundo se ele mesmo tivesse sucumbido às mesmas tentações? A única forma de libertar outros é ser eu mesmo dele liberto. Enquanto eu permanecer no fogo é-me impossível tirar alguém dele. O CAMINHO DE SEPARAÇÃO é o caminho de poder, paz com Deus e Bem-aventurança. Em meio a maior prova, Deus sempre é o maior escudo para aqueles que Nele confiam! “Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com ele” (IICr.16:9). Assim, Melquesideque fortaleceu Abrão, que nada tomou de Sodoma para si. Aleluia e Glória, eternamente, ao Nosso Deus!!!

Como um servo leal e compassivo do nosso Deus, Abrão entende que não poderia obrigar seus confederados (exército aliado Gn.14:13- Manre, Escol e Aner), aqueles que lutaram ao seu lado, na batalha contra Quedorloamer, a seguirem seu mesmo exemplo de renúncia; assim ele os deixa livres para a escolha e diz: “Estes que tomem a sua parte” (Gn.14:24). Quanto a eles, estavam livres para a escolha, provavelmente, até poderiam escolher o mundo, pois jamais foram “eleitos e chamados” para dele saírem.
Que Deus muito os abençoe!!

Gênesis Capítulo 15

"...Não devemos professar possuir os benefícios que a cruz nos garante, enquanto recusamos a rejeição que essa cruz inclui. Podemos ter a certeza que o caminho para o Reino não é alumiado pelo brilho do sol do favor deste mundo, nem coberto com as rosas da sua prosperidade. Se um cristão progride no mundo, tem bons motivos para avaliar se esta mesmo na companhia do Cristo Bendito".


Gn.15:1 - Este capítulo se inicia com a frase: “Depois destas coisas veio a Palavra do Senhor à Abrão.....” É fácil notarmos que há uma clara continuidade da narrativa do capítulo 14. É possível que após a guerra contra os quatro reis e a forma, até mesmo insolente e inadequada com que Abrão, simplesmente rejeitou a oferta do rei de Sodoma, ele estivesse ponderando se havia agido corretamente quando recusou os bens e até mesmo qualquer forma de amizade e honraria que pudesse vir desse rei. Não teria sido um exagero por parte da Abrao tamanha renúncia. Que ele poderia fazer agora se os quatro reis por ele derrotados se unissem com o rei de Sodoma e todos viessem tomar vingança de sua insolência, sendo ele apenas um camponês, sem muralhas que o protegessem nos campos abertos onde pastavam seus rebanhos sob os carvalhaes de Manre?
É em meio a todos estes pensamentos que ele ouve a Palavra do Senhor “dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão”. Nenhuma flecha do inimigo pode penetrar o escudo que protege o crente mais fraco em Jesus.

Gn.15:2 a 6 - “Então disse Abrão: Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro”. Abrão sabia que sua semente herdaria a terra (Gn.13:15), e pensava que filiação e sucessão acham-se inseparavelmente ligadas na mente de Deus. Assim, o Herdeiro precisava ser, também, Filho. Como vemos em Tiago1:18- “segundo a Sua Vontade, Ele nos gerou”. Ser gerado em Deus, ser filho de Deus, nos habilita para o Reino, para a herança. Abrão pensava neste princípio e desejava ardentemente um filho. Mas seu corpo estava amortecido e também o de Sara, sua esposa. Então o Senhor da vida e da morte, Aquele que chama à existência as coisas que não são, fala a Abrão dizendo: “mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro”.

Gn.15:6 – “E creu ele no SENHOR, e imputou-lhe isto por justiça”. Abrão creu no fato de ter Deus poder sobre a morte, poder para ressuscitar e trazer vida onde já a morte reinava e as células se degeneravam pelo avançar dos anos e da idade. Sara poderia conceber vida em seu ventre morto! “Deus não é Deus dos mortos mas dos vivos” (Mt.22:32), por estar o homem debaixo do poder da morte e sob o domínio do pecado, não pode conhecer a posição de filho. Assim, só Deus pode conceder a adoção de filhos pelo poder do Cristo Ressurreto que destrói o poder da morte. Nesta mesma fé, Abrão pôde crer que haveria nova vida no ventre amortecido de Sara e isto lhe foi imputado por justiça, porquanto creu na vida de ressurreição do Filho de Deus que vence a morte, a sepultura e o pecado. Rm.4:23e24- “Ora, não só por causa dele (Abrão) está escrito, que lhe fosse tomado em conta (a fé na ressurreição), mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor”. Esta fé, será também, a nossa justiça e justificação diante do Deus vivo, pois é através dessa fé que somos recriados à imagem de nosso Bendito Salvador quando nascemos de novo da água e do Espírito (João3:5) e passamos da morte para a Vida. A Vida de Ressurreição em Cristo Jesus Nosso Senhor.

Gn.15:7 – “......Eu sou o SENHOR, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la”. Vemos aqui a grande questão do direito de sucessão, o direito à herança dada aos filhos. Paulo diz aos Romanos8:17 -  “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados”. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso de glória muito excelente”(IICor.4:17). Não há dúvidas que os herdeiros participam da promessa e, também, das aflições da jornada. É uma grande honra para os discípulos beberem do mesmo cálix amargo do qual bebeu o mestre, participar do mesmo batismo de fogo de tal forma que assim como O Herdeiro, os co-herdeiros alcancem a promessa pelo caminho do sofrimento. A terra foi prometida à descendência de Abraão, mas não sem antes ter ele sido avisado que : “Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos”(Gn15:13).

Nós não podemos participar dos sofrimentos de Cristo no que concerne à ira de Deus, pois este cálix  Ele bebeu sozinho, mas quanto à rejeição dos homens, a todo o discípulo é dito: “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer Nele, mas também padecer por Ele”(Fil.1:29). Um crente jamais deverá buscar o sofrimento através de legalismos e regras humanas, tentando fazer-se mais cristão por obras e regras da Lei. Não, antes, quando verdadeiramente amamos a Cristo, nos aproximamos Dele, somos rejeitados e escarnecidos pelo mundo da mesma forma que Ele foi, sem que nós jamais venhamos a buscar isso, pois neste caso, não teria “valor algum a não ser para a satisfação da carne”.

Por outro lado, certifiquemo-nos de que não estamos com medo do cálice e batismo do Senhor. Não devemos professar possuir os benefícios que a cruz nos garante, enquanto recusamos a rejeição que essa cruz inclui. Podemos ter a certeza que o caminho para o Reino não é alumiado pelo brilho do sol do favor deste mundo, nem coberto com as rosas da sua prosperidade. Se um cristão progride no mundo, tem bons motivos para avaliar se esta mesmo na companhia do Cristo Bendito. Pois Ele disse: “Se alguém me serve, siga-me; e onde eu estiver ali estará também o meu servo”(Jo12:26). Qual foi o fim da carreira terrestre de Cristo? Foi uma posição elevada e de influência neste mundo? Ele encontrou o Seu lugar na cruz entre dois malfeitores condenados. “Mas”, dir-se-á “Deus estava em tudo isto”. Certamente; porém o homem estava nisto igualmente; e esta última verdade é que deve assegurar, inevitavelmente, a nossa rejeição pelo mundo, se tão somente andarmos em companhia de Cristo. A companhia que nos leva ao céu lança-nos para fora desta terra. E falar daquela verdade enquanto se desconhece esta, é prova de que alguma coisa esta errada.

Gn.15:12a17 – “E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele. Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia. E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades.

A história de Israel é toda resumida nestas duas figuras, o “forno” e a “tocha de fogo”. Aquele mostra-nos os períodos da sua história nos quais foram levados a sofrimento e provações; como, por exemplo, o longo período da escravidão do Egito, a sua sujeição aos reis de Canaã, o cativeiro babilônico e a sua dispersão presente e a condição de exilados (antes de formação do estado de Israel na Palestina). Durante todo este período de sua história, pode-se dizer que estavam passando pelo forno de fumaça (Dt.4:20; IRs8:51; Is48:10).   
Em seguida, na tocha de fogo, temos aquelas fases na história de Israel cheia dos acontecimentos e que o Senhor veio em seu socorro, tais como a libertação do Egito, por mão de Moisés; a sua libertação dos reis de Canaã, por meio do ministério dos juízes; o regresso de Babilônia por meio do decreto de Ciro; e a sua libertação final quando Cristo aparecer em glória para libertá-los do poder do anticristo e seu exército. A herança tem de ser alcançada pelo forno, e quanto mais negro for o fumo do forno, tanto mais brilhante e alegre será a tocha da salvação de Deus.

Este princípio de tratamento e polimento de caráter aplicado por nosso Deus, não é apenas direcionado ao povo como um todo, mas individualmente da formação de cada servo. Podemos ver o forno em ação na vida de todos os grandes heróis da fé antes que viesse o prazer da tocha. “Grande espanto e grande escuridão” passaram pelo espírito de Abraão. Jacó teve de passar 20 anos de trabalhos penosos na casa de Labão. José achou o seu forno de aflição nas prisões do Egito. Moisés passou 40 anos no deserto. Assim tem que ser com todos os servos de Deus. Primeiro têm que ser “experimentados”, para que, sendo tidos “por fiéis”, possam ser “postos no ministério”. O princípio de Deus, com respeito àqueles que O servem, é revelado nas palavras de Paulo, “não neófito, para que ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo”(ITim.3:6).

Precisamos compreender algo de suma importância: Uma coisa é ser filho de Deus, e outra completamente diferente e complementar é ser um servo de Cristo. Eu posso amar muito o meu filho, contudo, se o ponho para trabalhar no meu jardim, ele pode fazer mais mal do que bem. Porquê? É por que não é meu filho querido?? Não, mas porque não é um servo experimentado. Isto faz toda a diferença. Parentesco e trabalho são coisas distintas. É um fato que o serviço público e a disciplina privada acham-se intimamente ligados nos caminhos de Deus. Aquele que mais se apresenta em público necessitará de um espírito moderado, juízo prudente, mente dominada e mortificada, vontade vencida e tom maduro, que são resultados belos e seguros da disciplina secreta de Deus (o forno íntimo do Senhor, o cadinho perfeito em que Ele refina a prata e queima o barro fazendo os mais belos vasos para Sua própria honra).

Senhor Jesus, guarda os teus servos fracos muito perto da Tua Bendita Pessoa e na concavidade da Tua Mão!

Gênesis Capítulo 16

"...Não basta fazer coisas para Deus, nós temos que fazer coisas para Deus do jeito de Deus, jamais do nosso próprio jeito, esforço ou criatividade...Todo homem precisa compreender que não há espaço para criatividade humana e carnal na verdadeira “ceara do Senhor”, pois somente Ele Reina e distribui ordens e funções conforme a Sua Palavra".

Gn.16:1 e 2 – “Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, e ele tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar. E disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai”. Podemos ver aqui, a impaciência de Sara, mostrando um coração que prefere tudo e qualquer coisa a ter que esperar com paciência e resignação pela promessa do Senhor. Em Hebreus 6:12, temos a seguinte exortação: “......Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas”. Vivemos em mundo de imediatismo e grande pressa, sempre que alguém tem de esperar por alguma promessa de dinheiro ou recompensa, ele logo pensará em receber com juros se houver atraso; mas na vida de fé as coisas não funcionam assim, pelo contrário, aquele que possui um espírito subjugado e paciente encontra seu pleno galardão em esperar em Deus o cumprimento de tudo aquilo que Ele prometeu. O que Ele nos dá é sempre o melhor para nosso crescimento e amadurecimento espiritual.

O que Sara estava dizendo de forma inconsciente é: “O Senhor faltou-me; vou usar a minha criada egípcia como recurso para cumprir a promessa de Deus”. Tudo serve, menos Deus, para um coração que está debaixo da incredulidade. Quando agimos desta forma, perdemos a condição calma e equilibrada de uma alma que espera em Deus e lançamos mãos do “uso dos meios” para atingir o fim desejado.

Porém, é algo terrível a amargo afastarmo-nos do lugar de absoluta dependência de Deus. As conseqüências são desastrosas. Se Sara tivesse dito: “a natureza me faltou, mas Deus é meu recurso”, tudo teria sido muito diferente. Sara não olhava para Deus, olhava para a natureza e para “os meios”, se seu ventre estava amortecido. Então buscou o ventre de uma jovem egípcia que possuía os recursos naturais para gerar o descendente de Abraão. Assim, com a ajuda da natureza, da carne e dos “meios” humanos, ela pensava estar prestando grande ajuda ao Deus que prometera o sucessor. Não devemos pensar que aqueles que andam pela fé devem, simplesmente, desprezar os meios da natureza, não, antes, a fé aprecia os instrumentos, não por si mesmos, mas por causa d’Aquele que os usa. A incredulidade vê apenas o instrumento e julga o sucesso de uma causa pela sua aparente eficiência. A fé olha para o Deus que usa os instrumentos não importando sua aparente inutilidade. A falta de fé fez com que Sara olhasse para a juventude da escrava ao invés de esperar em Deus. Olhou para o potencial da carne ao invés de esperar na Graça d’Aquele que fez a promessa. Considerou que podia ajudar a Deus pelo esforço da carne humana e, por fim, descobriu, com clareza, que “Deus, não apenas rejeita aqueles que fazem coisas que não O agradam; mas Ele também rejeitará até mesmo aqueles que fazem coisas agradáveis a Ele, porém as fazem de acordo consigo mesmos” (Watchman Nee). Não basta fazer coisas para Deus, nós temos que fazer coisas para Deus do jeito de Deus, jamais do nosso próprio jeito, esforço ou criatividade. Como bem disse o Senhor a Moisés: “Atenta pois que o faças conforme o seu modelo.....” (Ex.25:40). Todo homem precisa compreender que não há espaço para criatividade humana e carnal na verdadeira “ceara do Senhor”, pois somente Ele Reina e distribui ordens e funções conforme a Sua Palavra. Precisamos atentar para uma grande verdade: “Existe uma grande diferença entre o emprego que Deus faz dos meios para me servir na obra, e o emprego que eu faço destes mesmo meios para excluir Deus da obra”. É preciso atentar para isso neste tempo de tantos “meios e recursos” para a Igreja do Senhor!

Gn.16:3 e 4 – “Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã. E ele possuiu a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos”. Ora, era evidente que Agar não era o instrumento eleito de Deus para cumprir a promessa feita à Abraão. Assim, logo se iniciaram as conseqüências da precipitação carnal, Agar passou a desprezar Sara quando viu ter concebido. Assim, Abraão e Sara “multiplicaram a sua dor” após ter lançado mão do recurso de Agar. 

Gn.16:5 - “Então disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti”. Sara ainda não possuía clareza do seu pecado e nem da forma de lidar com suas conseqüências, desta maneira, lança sobre Abraão a culpa de sua proposta. Esta não deve ser a forma que devemos lidar com nossas falhas e pecados. 

Gn.16:6 - “E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão; faze-lhe o que bom é aos teus olhos. E afligiu-a Sarai, e ela fugiu de sua face”. Sara queria se livrar do pecado e de suas conseqüências através da dureza e dos maus tratos, mas isso apenas agravava as coisas. Ela precisava aprender a se humilhar perante a poderosa mão de Deus e esperar pelo tratamento que Ele concede ao pecador penitente. Sara precisava enxergar o seu pecado para então ser tratada por Deus. Gn.18:15 – “E Sara negou, dizendo: Não me ri; porquanto temeu. E ele disse: Não digas isso, porque te riste”. Aqui, no capítulo 18, vemos Sara ainda aprendendo acerca do assumir, confessar e deixar o pecado; Deus nunca desiste de ensinar e disciplinar Seus filhos amados.


Gn.16:7 a 12 – Aqui podemos ver que o Anjo do Senhor encontra-se com Agar e diz a ela para se humilhar perante sua senhora, pois ambas estavam debaixo do tratamento de Deus e não seriam desamparadas pelo Senhor. Agar teria, em seu filho, muitas alegrias e uma numerosa descendência e, também, um símbolo eterno daquilo que a carne realiza quando se propõe a ajudar na Obra de Deus. Assim, para que possamos compreender o aspecto doutrinário deste capítulo, precisamos olhar para a Epístola de Paulo à Igreja da Galácia:

Gl.4:22a25 – “Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos”. Este texto nos mostra que, aos olhos de Deus, há um claro contraste entre as obras da carne, que geram filhos para a escravidão e a obra feita na Promessa de Deus, que gera filhos para a liberdade. A característica da obra segundo a carne é que ela representa o esforço humano afim de fazer, ou não, a obra de Deus, a obra fica na dependência da capacidade humana; e diz a Palavra: “O homem que fizer estas coisas, por elas viverá” (Gal.3:12). Mas o concerto de Sara revela Deus como O Realizador da promessa, inteiramente independente do homem, baseada apenas na Capacidade, Vontade e Bondade de Deus.

Quando Deus faz uma promessa, não é necessário esforço da natureza humana para cumpri-la......, Deus a realizará, independente das circunstâncias. Deixar de crer na promessa de Deus, ainda que Ele pareça demorado a realizá-la (afinal, Abraão já estava a 10 anos habitando em Canaã, terra da promessa - Gn.16:3) é uma terrível prova de incredulidade; “Não fez ali muitos milagres por causa da incredulidade deles” (Mt.13:58). 

Precisamos compreender qual foi o erro ocorrido na Igreja da Galácia. Por que o apóstolo Paulo compara a atitude deles com a atitude de Abraão com Agar? A razão é bem simples, eles estavam tentando ACRESCENTAR alguma coisa da natureza humana, algumas coisas das obras da carne, àquilo que Cristo já havia realizado por eles na Cruz. Jesus havia sido apresentado perante eles como crucificado (Gl.3:1). Isto era uma promessa divina gloriosamente consumada. Cristo crucificado correspondia perfeitamente tanto às exigências de Deus como às necessidades do homem. Porém os falsos mestres diziam: “....se não vos circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos” (At.15:1). Isto, como disse Paulo, era tornar Cristo sem nenhum efeito (Gl.5:2).
Cristo deve, no entanto, ser o Único Salvador, ou não é Salvador em Absoluto. Logo que alguém diz, “se não fizerdes isto ou aquilo não podeis salvar-vos” subverte e anula o evangelho. Porque no evangelho vejo Deus descendo para salvar completamente o pecador perdido e culpado sem que este tenha qualquer mérito ou capacidade de auto ajudar-se. A salvação é perfeita e completamente consumada na Graça e dependência da Cruz, a carne humana em nada pode contribuir, mas Deus faz a obra completa na Sua promessa e realização. Por isso, se alguém diz que tenho que praticar esta ou aquela obra da Lei para ser salvo, rouba à Cruz toda sua glória. A paz do evangelho não se assenta em parte na obra de Cristo e em parte na obra do homem; Não! Ela descansa inteiramente na Obra de Cristo.

Precisamos compreender que, debaixo da Lei, Deus de fato ficou em silêncio observando o que o homem podia fazer por si mesmo, tentando, pela sua capacidade carnal, cumprir a Lei. Desta forma lemos: “Todos aqueles, pois, que são das obras da Lei, estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da Lei, para fazê-las. E é evidente que pela Lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da Fé” (Gl.3:10e11). Este texto nos esclarece que para salvar-se o homem deveria cumprir toda a Lei, no entanto, Rom3:10e20 nos diz que ninguém pode ser justificado pela Lei porque por ela vem o conhecimento do pecado e ninguém consegue cumpri-la na íntegra. Desta forma entendemos que, mesmo no velho testamento, ninguém foi salvo por obras da Lei, mas pela promessa de Deus no Salvador Jesus Cristo. Por isso, lemos em Hb.11:39e40 – “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados”. “Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus”.... “Mas este (Jesus), porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb.7:18,19,24,24). Sem as obras da Lei, porque: “Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar” (Hb.8:13). “E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna” (Hb.9:15). Mesmo os Santos do Antigo Testamento foram salvos pelo Sacrifício de Jesus que a todos aperfeiçoou, porque eles aguardavam também, pela fé, a consumação desta promessa de Deus! 

Precisamos compreender, qual era então a heresia dos Gálatas que levou Paulo a Dizer: “Cristo de nada vos aproveitará......vós, os que vos justificais pela Lei: Da graça tendes caído” (Gl.5:2e4). Parece que entre os Gálatas haviam novidades doutrinárias, Paulo diz: “Maravilho-me......, quem vos fascinou?..... Receio de vós......eu queria que fossem cortados aquele que vos andam inquietando” (Gl.1:6; 3:1; 4:11; 5:12). Parece que haviam pessoas, na Igreja da Galácia, que haviam recebido novas doutrinas e ensinos de anjos (Gl.1:6a8). Parece que esses novos ensinos diziam que o homem deveria ajudar na Salvação de Deus cumprindo preceitos da Lei de Moisés, tais como: “abstinência de certos alimentos” (ITim.4:3), “a guarda de dias e festas judaicas” (Col.2:16) e finalmente a circuncisão característica do povo Judeu (Gl.5:2). Todas essas coisas: “Não toques, não proves, não manuseies. As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrina dos homens; As quais têm, na verdade, aparência de sabedoria, religiosidade, santidade, devoção voluntária, humildade e disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne” (Col.2:21a23). Paulo se opõe terminantemente a esta mistura de Lei com Graça para obtenção de uma suposta santidade superior. Ele diz: “Comei tudo de que se vende no açougue” (ICor.10:25). E o Senhor Jesus ensina: “Porque não é o que entra pela boca que contamina o homem e sim que sai dela” (Mt.15:11). Como seria fútil e legalista um cristão adotar a leis dietéticas da Torah e colocar-se debaixo de parte da Lei quando nem os Judeus puderam cumpri-la em totalidade, como disse Pedro: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?” (At.15:10).

Paulo conclui seu argumento explicando que a promessa da Salvação não pode ser ajudada por obras da Lei pois, na Lei, o homem trabalha por seu próprio esforço e, se o homem tiver alguma coisa a ver com o assunto, DEUS É POSTO DE LADO; e se Deus é posto de parte, não pode haver salvação, pois é impossível que o homem possa operar a sua salvação por meio daquilo que prova ser ele uma criatura perdida (pois a Lei aponta a incapacidade do homem em obedecer à perfeição de Deus). Por outro lado, se a salvação é uma questão de graça, então deve ser tudo graça. Não pode ser metade Graça e metade Lei. Os dois concertos são perfeitamente distintos. Não pode ser Agar e Sara. Tem de ser uma ou outra. Se for Agar, Deus nada tem que ver com isso; se for Sara, o homem nada tem que ver com isso. É assim inteiramente. A Lei fala ao homem, prova-o, vê o que ele vale realmente, declara-o em ruína, e deixa-o debaixo da maldição; e não somente o coloca debaixo da maldição, mas conserva-o ali, por todo o tempo que ESTIVER OCUPADO COM ELA – enquanto vive. “A Lei tem domínio sobre o homem em todo o tempo que vive” (Rm.7:1); porém, morto o homem o seu domínio cessa, necessariamente, tanto quanto lhe diz respeito, não obstante estar em vigor para amaldiçoar todo homem que vive. Mas nós morremos crucificados com Cristo (Rm.6:4a8), estamos “mortos para a Lei pelo Corpo de Cristo” (Rm.7:4). 

Os Gálatas, à semelhança de Abraão neste capítulo, estavam afastando-se de Deus, e voltando para a carne. Qual é o remédio para isto? Cair da Graça é voltar para debaixo da Lei, da qual nada se pode obter senão “a maldição”. Quero observar que, assim como os gálatas tiveram mestres falando com anjos e ensinando doutrinas que os faziam voltar para os preceitos da Lei, em nossos dias estes mesmo ensinos podem ocorrer, precisamos estar atentos. Ou seguimos o ensino Bíblico por completo, ou não somos o povo da Palavra de Deus. É comum surgirem falsos mestres para perturbar a Igreja, Vejamos um exemplo: O Senhor Jesus disse acerca de Sua vinda: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai” (Mc.13:32). Ele afirma que nem mesmo Ele, Jesus, sabe o Dia da Sua Parousia, ou seja, da Sua volta a terra. O que nós diríamos se aparecesse um homem dizendo que sabe o Dia da volta de Jesus, um homem que diz saber mais que o próprio Jesus. É triste que muitos falsos profetas têm surgido na história da Igreja falando sobre o grande advento e marcando datas, passando sobre a Bíblia, debochando da Palavra e ainda assim, encontram pessoas para os seguirem a seus falsos ensinos. Precisamos estar atentos, os Gálatas queriam voltar aos rudimentos da Lei, eles tinham seus falsos mestres e Paulo afirma com clareza e firmeza: “SEPARADOS estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído........ Um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gl.5:4e9). Nenhum pouco da falsa doutrina, ou do fermento (mistura de Lei com Graça), pode ser admitido na Igreja de Deus. Que o Senhor nos guarde de tamanha abominação.

Gn.16:15e16: “Agar deu a luz um filho a Abrão...” podemos ver que o filho da escrava, o filho da carne, não foi impedido de nascer, ele também teve o seu lugar ao sol. Ele jamais fez parte da promessa da benção de Abraão, da salvação para todos os povos, mas ele nasceu, ele cresceu, ele foi feito uma grande nação, uma grande nação de povos contrários e inimigos do povo de Deus: “Ele será homem feroz, e a sua mão será CONTRA todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos” (Gn.16:12). Aqui, nesta profecia Bíblica, entendemos que os descendentes de Ismael (árabes), filho da Egípcia Agar, estarão sempre diante dos Filhos de Sara (Israel), pois os árabes serão sempre inimigos confrontando Israel através de guerras e perseguições e, também, confrontando a Igreja de Deus (descendência espiritual de Abraão) através do Islamismo, que é a religião que mais tem perseguido e matado os cristãos nos dias atuais. A grande questão é: E quanto a nós, somos descendentes de Sara ou de Agar, somos da Lei, ou somos da Graça? Que esta dúvida jamais sobrecarregue os nossos corações fazendo-nos cair do favor imerecido e maravilhoso de Nosso Deus!

Gênesis Capítulo 17

"...Que nós possamos obediência cega a tudo aquilo que nos ordenar o Senhor, ainda que aos olhos do mundo pareça uma grande e insana loucura".  
 
Gn.17:1 -  “Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito. Quando Abrão tinha 86 anos, nasceu Ismael (Gn.16:16), filho de sua impaciência, pois, ao invés de esperar o tempo de Deus, Abrão se apressou e obteve um filho à sua maneira e não da maneira como Deus havia planejado. Assim, quando ele completou 99 anos, após 13 anos de silêncio, Deus volta a falar com ele face a face dizendo: “Anda na minha presença e sê perfeito”, ou seja, Abrão não use outros recursos, não olhe para outros métodos, olhe apenas para MIM, EU tenho que Ser tudo para você, EU tenho que ser o Centro da sua atenção e das suas afeições, na Minha presença há plenitude de alegria (Sl.16:11), não confie em seus recursos próprios, mas apenas em Mim. 

Gn.17:2 a 4- Abrão cai com rosto em terra devido à majestade e glória da presença do Senhor. O Senhor Deus fala e enfatiza duas coisas: “Sê perfeito, quanto a mim, eis minha aliança”. Abrão havia falhado, havia sido precipitado, mas Deus deixa claro que Ele nunca falha e nunca muda Seus decretos, Ele tinha uma aliança com Abrão e iria fazer cumprir e iria disciplinar e ensinar até que Abrão aprendesse, pela fé, a confiar só em Deus e não em si mesmo e nos recursos de sua carne! Então o Senhor estabelece a grande ordem: “Anda na minha presença e sê perfeito”. Esta, a primeira vista, parece uma ordem impossível, afinal, sabemos que, perfeito e “bom, só há um que é Deus” (Mt.19:17). Então, como podemos ser perfeitos aos olhos de Deus, se O Senhor Jesus foi o único homem que alcançou esta posição?

Precisamos compreender que, diante da falha que Abrão cometera em esperar a promessa de Deus tendo um descendente através da sua própria esposa, Deus aparece novamente para ele, e diz: “Ande”, ou seja, permaneça na Minha Presença, na minha doutrina, na minha Lei e seja perfeito. O Senhor não estava dizendo que Abrão poderia ser perfeito em si mesmo, pois isso é impossível, mas Deus estava dizendo que, se ele depositasse toda sua esperança no método de Deus, no ensino de Deus e no próprio Deus, então, Deus o faria perfeito quanto à justificação pela fé e esperança no próprio Deus que nos aperfeiçoa.

O Senhor Jesus diz em Mt.5:48: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. No verso 44 e 45 o Senhor Jesus nos diz: “amai os vosso inimigos.......para que sejais filhos de vosso Pai, que está nos céus, porque faz com que seu sol se levante sobre maus e bons e sua chuva desça sobre justos e injustos”. O Senhor Jesus está ensinando que ser perfeito, neste contexto, é agir sobre um princípio de graça em que façamos o bem até mesmo àqueles nos fazem mal. Um cristão, fazendo valer a Lei, ou defendendo e contendendo por seus direitos, não é perfeito como seu Pai celeste.  Em Mt.18:32e33, o Senhor nos diz: “Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti”? Aqui, o Senhor chama de malvado  aquele servo, não porque ele não tivesse o direito de cobrar o que o outro que lhe devia, mas pelo fato dele não ter a capacidade de demonstrar compaixão e Graça da mesma forma que o Pai faz, perdoando as nossas constantes falhas e dívidas. 

Outro aspecto da perfeição que de nós é exigida, está exposta em Hb.9:11e12 que fala acerca do Perfeito sacrifício do Senhor Jesus como única fonte de purificação às nossas consciências. Na Lei, o sangue de bodes e novilhos eram suficientes para se obter perdão na ocasião do sacrifício, mas não para sempre, por isso a consciência permanecia com o medo e a perturbação dos pecados que são constantes na vida do crente, mesmo dos mais dedicados. Agora, porém, até o crente mais fraco tem a sua consciência perfeita, não por ser melhor do que os adoradores do período da Lei, mas por possuir um melhor sacrifício! Se o sacrifício de Cristo é perfeito para sempre, então a consciência do crente é perfeita para sempre, não está mais sob o peso da culpa do pecado. 

É preciso distinguir acerca da perfeição na carne e a perfeição quanto à consciência. A pretensão da primeira equivale a exaltar o EU. Recusar a segunda é desonrar a Cristo e seu PERFEITO sacrifício. O crente mais simples deve ter a consciência perfeita quanto ao perdão da culpa e do pecado, mas quanto à carne, sabemos que nem mesmo Paulo, possuía uma “carne perfeita”. A carne não é apresentada como algo que pode ser melhorada e aperfeiçoada, não, antes, pelo contrário, como algo que deve ser crucificado! Precisamos entender que o crente tem o pecado em si, mas não sobre si, porque Cristo, O qual não tinha pecado em Si, teve sobre Si o nosso pecado quando foi pregado na Cruz. Desta forma entendemos que, ainda que o pecado habite em nossa carne mortal, já que em mim, ou seja, “na minha carne, não habita bem algum”, ele não pode assolar nossa consciência e nem nos fazer tremer, pois em nossa consciência sabemos que fomos completamente perdoados e que, um dia, ressuscitaremos como nosso mestre, completamente livres das marcas e influências que hoje o pecado ainda exerce sobre nós. 

E como disse o apóstolo Paulo em Filip.3:12 a 15- “Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos, não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito, mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado (ressurreição); mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Por isso, todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo”. “Todos quanto já somos perfeitos”....... somos perfeitos, não porque não pecamos mais sim porque temos a garantia de um dia ressuscitarmos incorruptíveis, da mesma forma que nosso mestre e, nossa consciência é perfeita, não deve ter peso, porque somos perdoados, não porque merecemos ou porque não erramos, e SIM PORQUE, EM CRISTO, obtemos perfeito e eterno perdão. Desta forma, “ainda que o pecado habite em nossa carne mortal” (Rm.7:18), somos perfeitos quanto à consciência e podemos andar na Presença de Deus em perfeição de obediência se, tão somente, aprendermos a confiar e a depender Dele. 

Gn.17:5a8 – “A terra de tuas peregrinações”. Vemos que em Gn.14:13 que Abrão é chamado de “o hebreu”, ou seja, o peregrino, alguém que não tinha lugar fixo, ou casa fixa. Todo crente é, também, chamado de peregrino neste mundo (IPed.2:11), pessoas que buscam uma pátria (Hb.11:14) e não a encontram nesta vida. Deus promete a Abrão que sua peregrinação pela terra não seria vã, mas que Deus daria toda a terra de sua peregrinação aos seus descendentes. Hoje vemos o povo de Israel, descendentes de Abrão, retornando e conquistando a região da Palestina e cumprindo a promessa de Deus.

Gn.17:9 a 14 – “Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado”. A circuncisão, no Velho Testamento, representa o Selo de Deus, o Selo da aliança de Deus, “selo da justiça” (Rm.4:11). Deus marca Seu povo com Seu Selo. No Novo Testamento, da mesma forma, vemos Deus Selando Seu povo através do Espírito Santo, “no qual estais selados para o dia da redenção” (Ef.4:30). Vemos que o selo que agora, todo crente possui, não é uma mera marca sobre a carne e sim, a presença do Espírito Santo, conforme Col.2:10a13 – “E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade; No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas”. “E, tendo Nele também crido, fostes SELADOS com o ESPÍRITO SANTO da promessa” (Ef.1:13). Entendemos assim que, no Velho Testamento, o Selo de Deus, era a cincuncisão feita pelas mãos de um cirurgião sobre a carne do prepúcio, mas, no Novo Testamento, o Selo de Deus é a presença do Espírito Santo, dado, não por mãos humanas, mas pelo Senhor Jesus que nos dá do Seu Espírito. 

Gn.17:15 a 22 – Podemos ver nestas passagens que Deus não se esquece de Sara, antes deixa claro que ela fazia parte da promessa, pois ela e Abrão constituíam “uma só carne diante do Senhor”, deveriam usufruir juntos da promessa. Deus diz: “Será mãe de nações, reis e povos sairão dela”. Quando ouviu isto, Abrão foi tentado a duvidar e “riu-se, e disse no seu coração: .......  dará a luz Sara da idade de noventa anos”? Haverá impossíveis para Deus? Abrão ainda não conhecia totalmente o Deus a quem ele servia, ele ainda precisava que Deus o disciplinasse e ensinasse sobre Seus Caminhos.

Gn.17:23 a 27 – Aqui, vemos uma característica maravilhosa da fé que Abrão possuía. Ainda que não houvesse os sistemas de anestesia que hoje possuímos, Abrão não teme obedecer a Deus. Talvez, alguém que visse ele cortando a pele da genitália de homens adultos, causando hemorragias e grandes dores, poderia achar que ele fosse um velho caduco e maluco, mas ele não titubeia, antes obedece na íntegra a Voz e o comando do Senhor! Que nós possamos, da mesma forma, demonstrar o mesmo tipo de obediência cega a tudo aquilo que nos ordenar o Senhor, ainda que aos olhos do mundo pareça uma grande e insana loucura.

Gênesis Capítulo 18

"...todo verdadeiro crente, só pode realmente ajudar o mundo, quando se separa dele!"

Gn.18:1- “Apareceu o Senhor à Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia. Levantou ele os olhos, olhou, e eis três homens de pé em frente dele. Vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, prostrou se em terra”. Ah! que doce comunhão havia entre este peregrino e seu Deus; da porta de sua tenda ele se atira prostrado aos pés do Grande Rei que veio ao seu encontro; eram amigos. Penso que isso nos faz lembrar o que disse o Senhor: “Se alguém me ama, guardará a minha Palavra; e meu Pai o amará, viremos para ele e faremos nele morada”(Jo 14:23). A doce comunhão que Abraão, o peregrino, gozava com o Senhor, jamais poderá ser compreendida por um mundano, por alguém que fincou suas raízes e seus anseios neste mundo; Abraão habitava em uma tenda em terra alheia, ele nunca fez parte do sistema.

Gn.18:3 a 8 - “Senhor meu, se acho mercê em tua presença, rogo-te que não passes do teu servo”. É maravilhoso notar que antes de pedir algo para si, Abraão deseja, mais do que tudo a Presença e a permanência do Senhor, ele queria dar algo ao Senhor, uma boa refeição, ele desejava ardentemente poder agradar ao Senhor. É provável que ele soubesse que o Senhor não sente ou jamais sentiria fome mas, segundo o costume de sua época, ele desejava agradar ao Senhor e o visitava, da melhor forma que pudesse. Este era Abraão, o amigo de Deus, por isso vemos nesta passagem, três privilégios especiais, a saber: Proporcionar repouso para o Senhor, gozar de plena comunhão com o Senhor, e interceder por outros perante o Senhor. Somente o Homem Perfeito, O Filho de Deus, agradou completamente ao Pai que disse: “Este é meu Filho amado em quem me comprazo”, em quem tenho prazer, descanso e refrigério. Aqui, ainda que deforma bastante imperfeita e tipológica, vemos um homem mortal e pecador que, de alguma forma, também pode proporcionar descanso e refrigério ao Senhor através de uma vida reta aos Seus Olhos.

Gn.18:9 a 15 - Aqui vemos Abraão desfrutando de comunhão com o Senhor acerca de seus interesses pessoais e, em seguida, com respeito ao destino de Sodoma. Aqui, ouvindo acerca de seu futuro, ele recebe a firme promessa: ¨Sara terá um filho¨! Esta promessa provocou o riso de Sara, da mesma forma que havia provocado o riso de Abraão no capítulo antecedente. Certamente, a Bíblia nos mostra dois tipos de riso: ¨Aquele com o qual o Senhor enche a nossa boca quando, em qualquer crise de provação, Ele intervém de maneira notável para o nosso alívio e aquele que, de forma contrária, surge no coração amargurado pela incredulidade que debocha e risse da promessa¨.

Gn.18:15 – “E Sara negou, dizendo: Não me ri, porquanto temeu”. A incredulidade faz de nós covardes e mentirosos; a fé torna-nos ousados e verdadeiros. Faz-nos idôneos ao ponto de chegar “com confiança ao trono da graça” e entrar no santuário “com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Heb.4:16; 10:22).

Gn.18:16 a 21 – “Tendo se levantado dali aqueles homens, olharam para Sodoma; e Abraão ia com eles, acompanhando-os. E disse o SENHOR: Ocultarei eu a Abraão o que faço, visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?” Oh quão maravilhosa posição Abraão alcançara diante do Senhor; a ele foi permitido conhecer a Mente do Senhor, Seus elevados pensamentos. O Senhor diz que não esconderia Seus intentos de Seu amado amigo. Podemos perguntar: Como ele alcançou tão sublime privilégio? Vemos então algo digno de nota, Abraão irá interceder por Sodoma; ele vai orar por Sodoma, ainda que ele nada tenha a ver com esta ímpia cidade. Ele não mora nela, ele não tem nenhum terreno, propriedade ou interesse financeiro nesta cidade ímpia, ele está do lado de fora, ele estava separado de tudo o que acontecia naquela cidade. É assim que podemos ver com clareza que Abraão poderia interceder por Sodoma, exatamente por estar dela separado; da mesma forma que todo verdadeiro crente, só pode realmente ajudar o mundo, quando se separa dele! Quando do seu esconderijo de oração clama ao Senhor e intercede pelos perdidos até que o Senhor envie o resgate que, no caso da família de Ló, foram dois anjos, mas  no caso da Igreja é a Palavra pregado no poder do Espírito Santo.

É interessante notar que este poder de intercessão dado a Abraão, foi negado a Ló. Ele estava dentro de Sodoma e de lá, tudo o que podia receber eram as constantes contaminações que o afligiam, mas não o convenciam a sair (IIPe.2:7e8), até que fora carregado pelos anjos (Gn.19:16); desta mesma forma, somos chamados à separação, muitas são as situações a que nos apegamos neste mundo e não conseguimos renunciar e, por isso, não somos capazes de ter a Mente do Senhor revelada a nós e nem somos capazes de interceder por cidade alguma.

Não precisamos ler os jornais para saber o que acontecerá ao mundo. A Palavra de Deus revela-nos tudo o que precisamos saber. Nas suas páginas puras e santificadoras aprendemos tudo quanto ao caráter, o curso, e o destino do mundo; ao passo que se procurarmos notícias junto dos homens do mundo podemos esperar que o diabo os use para lançar poeira em nossos olhos. Se Abraão tivesse ido a Sodoma a fim de obter informações quanto aos fatos ali passados, se tivesse recorrido a alguns de seus homens mais inteligentes, para saber o que eles pensavam das condições e do futuro de Sodoma, qual teria sido a resposta deles? Sem dúvida, teriam chamado a atenção para seus modernos sistemas de agricultura, arquitetura e os vastos recursos do país; teriam posto diante dos seus olhos um grande cenário de compras e vendas, construções, plantações, casamentos e contratos de casamentos. Sem dúvida, nunca teriam pensado também, no juízo de Deus, e se alguém tivesse falado nele teriam dado largas ao seu sorriso infiel. Por tudo isso, é claro que Sodoma não era o lugar próprio para se tomar conhecimento do FIM DE SODOMA.

Gn.18:19 - “Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do SENHOR, para agir com justiça e juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraäo o que acerca dele tem falado”. Que tremenda missão o Senhor concede a Abraão, ele deveria ordenar a casa e os filhos dele para servirem ao Senhor. Este é um assunto de máxima importância em nossas vidas, precisamos avaliar se temos cumprido este preceito. O que temos feito para ordenar a nossa casa? Será que temos feito os cultos domésticos com os devidos estudos Bíblicos e orações para criar este hábito em nossos familiares?

Gn.18:23 a 33 – “E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?” Abraão pôde interceder por aqueles que estavam embaraçados com a contaminação de Sodoma, e em perigo de serem envolvidos no seu julgamento. Foi um emprego feliz e santo do seu lugar de aproximação com Deus. Assim é sempre..... A alma que puder aproximar-se de Deus, na certeza da fé, tendo o coração e a consciência perfeitamente em descanso, e podendo descansar em Deus quanto ao passado, o presente e o futuro, poderá e quererá interceder pelos outros. O homem que tem “toda a armadura de Deus” poderá orar por todos os santos. Amém!


Gênesis Capítulo 19


"Sigamos, pois, uma conduta de santa separação do mundo".
  
 
Gn.19:1 – Ló estava assentado à porta de Sodoma. Esta era uma posição de importância, Ló havia encontrado progresso em Sodoma. Os juízes e homens de autoridade assentavam-se a porta para julgar o povo (IISamuel15:2). Ló parecia ter encontrado boa fama, reconhecimento e fortuna diante dos habitantes de Sodoma. Nos diz  a Palavra em IIPed.2:8 que ele tinha afligida sua alma pelas obras injustas que presenciava na cidade, mas não diz que ele desejava sair da cidade. É bem provável que se acostumara e conformara com as injustiças que, constantemente, presenciava. Que nos sirva de alerta o fato que os corações constantemente tocados e avisados pelos alertas do Senhor, quando não mudam radicalmente sua posição, passam ao estágio seguinte, que é o endurecimento (Hb.6:7e8).

Gn.19:2,3 – “E disse (Ló): Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos, em casa de vosso servo.......E eles disseram: Não, antes na rua passaremos a noite”. Que grande contraste temos aqui entre o tio Abraão e o sobrinho Ló. Em Gn.18:3, Abraão convida O Anjo do Senhor a ficar em sua tenda. E qual foi a resposta do Anjo? Versículo 5: “Assim faze como disseste”. No verso 3 de Genesis 19, encontramos: “E porfiou com eles muito”. Após a grande insistência de Ló, ele conseguiu receber os anjos em sua casa. Ele pode servir uma boa refeição aos enviados do Senhor, mas antes que se deitassem, os habitantes da cidade já estavam em sua porta. Talvez fascinados pela aparência e beleza daqueles seres celestiais, os sodomitas (homossexuais) sentiram-se atraídos.

Gn.19:4a8 – “Onde estão os homens que a ti vieram esta noite? Traze-os fora a nós, para que os conheçamos” (ter relação sexual). Vejamos a situaçao de Ló: Na tentativa de livrar os seus hóspedes do assédio daqueles homens, ele tenta a mais humilhante de todas as propostas e oferece suas filhas em lugar deles; devemos analisar como ele chegou a tal situação, vemos que primeiro ele escolheu a campina bem regada, depois ele armou suas tendas e, por fim, veio a assentar-se à porta de Sodoma. Ele pensava que lucraria no mundo dos sodomitas sem que este enlace se tornasse profundo o suficiente para prendê-lo completamente, mas as circunstâncias mostram o contrário, ele não podia persuadir os sodomitas a deixar seus hóspedes. E, então, teve de ouvir de seus concidadãos: “Como estrangeiro este indivíduo veio habitar aqui e quereria ser juíz em tudo?” Descobrimos, assim, que não podemos lucrar com o mundo e, ainda, dar testemunho de sua impiedade. Ló não poderia dar conselhos a eles enquanto fosse um deles.

Gn.19:5a14 – Ló não pode ajudar os anjos, pelo contrário, eles o salvam das mãos dos sodomitas, os quais não aceitam os argumentos de Ló, não criam no testemunho dele; Quão terrível ainda seria para Ló o ter que enfrentar o escárnio de seus genros, pois eles tiveram Ló como “zombador” , de forma nenhuma puderam crer que aquele homens que habitava entre eles há tanto tempo pudesse ser um portador de um recado de Deus. Deste fato podemos depreender que “é totalmente inútil falar do juízo vindouro quando temos o nosso lugar, a nossa parte, o nosso quinhão e, os nossos prazeres, na própria cena que está sendo julgada”. Abraão estava numa situação muito melhor para falar de juízo, tanto mais que estava inteiramente fora dessa cena. 

Oh! Se nossos corações desejassem mais ardentemente os frutos preciosos de nossa condição de peregrinos e estrangeiros neste mundo, de modo que, em vez de sermos tirados a força, a semelhança do pobre Ló, em vez de lançarmos atrás um olhar hesitante, pudéssemos com santa alegria, correr como bom corredores para o alvo da soberana vocação celestial.

Gn.19:15a23 - ....... Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de ti, e não pares em toda esta campina; escapa lá para o monte, para que não pereças...... E Ló disse-lhe: Ora, não, meu Senhor! Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e engrandeceste a tua misericórdia que a mim me fizeste, para guardar a minha alma em vida; mas eu não posso escapar no monte, para que porventura não me apanhe este mal, e eu morra. Eis que agora aquela cidade está perto, para fugir para lá, e é pequena; ora, deixe-me escapar para lá (não é pequena?), para que minha alma viva. Que quadro!! Parece com um homem a afundar-se, pronto a agarrar-se até mesmo a uma pena flutuante. Apesar de o anjo o mandar fugir para o monte, ele recusa, e agarra-se apaixonadamente à ideia de uma pequena cidade – um pequeno bocado do mundo. Temia a morte no local onde Deus misericordiosamente o enviava – temia todo o mal e só podia esperar segurança no lugar de sua própria invenção. “Ora para ali escaparei para que minha alma viva”. Como é triste, não se lançou inteiramente em Deus. Contudo, por fim não se sente tranquilo, mesmo ali na pequena cidade, então, por medo (Gn.19:30) lança-se no monte, onde primeiro deveria ter ido por ordem do mensageiro do Senhor.

Gn.19:24a38 – “E aconteceu que, destruindo Deus as cidades da campina, lembrou-se Deus de Abraão, e tirou a Ló do meio da destruição, derrubando aquelas cidades em que Ló habitara”. Eis aqui um quadro solene, o Senhor se lembra de seu servo Abraão e por sua intercessão poupa a família de Ló. Ainda assim, não vemos em Ló a disposição de voltar a vida de peregrino junto a seu tio, o que vemos é que seu fim torna-se ainda mais terrível quando suas duas filhas o embriagam e, na sua embriaguez ele se torna o instrumento para trazer a existência os amonitas e os moabitas – inimigos declarados do povo de Deus.

Que solene advertência para nós, Lembremo-nos da Palavra que nos diz: “Não ameis o mundo”. Nem as Sodomas ou Zoares que no mundo há. São todas as mesmas e nelas não existe segurança para nós, pelo contrário, sobre elas paira o Juízo do nosso Deus que, apenas retém ainda Sua espada esperando pacientemente que haja arrependimento por parte daqueles que hão de salvar-se até que se complete o “número dos redimidos” (Apoc.6:11).

Sigamos, pois, uma conduta de santa separação do mundo. Tenhamos a esperança, enquanto nos mantemos fora de todo o seu curso, da vinda do Mestre. Que as suas campinas bem regadas não tenham encantos para os nossos corações. Que as suas honras, as suas distinções e as suas riquezas sejam vistas por nós luz da Glória vindoura de Cristo. Que, á semelhança do patriarca Abraão, possamos estar na presença do Senhor, e, desse terreno elevado, olhemos para a extensa cena de ruína e desolação – para a vermos no seu todo, por meio do olhar antecipado da fé, como ruínas fumegantes.

Gênesis Capítulo 20

"É sempre motivo de dor para o coração ao ver como os filhos de Deus O desonram e se rebaixam diante do mundo quando utilizam artifícios egípcios para sua proteção ao invés da plena confiança em Deus que é nossa plena segurança e proteção". 


Gn.20:1a7 - Neste capítulo temos duas situações distintas, a primeira é a degradação moral a que as vezes o servo de Deus se expõe à vista do mundo; a segunda, a dignidade moral que sempre lhe pertence à vista de Deus. Abraão mostra, outra vez, receio diante dos homens daquele país estranho, sabendo que Deus não habitava ali entre eles, pois não havia temor de Deus em Gerar, mas o que Abraão se esquecera é que Deus estava sempre com ele onde quer que ele fosse. Esqueceu-se que Deus era a proteção de sua mulher, então recorreu ao mesmo estratagema que havia utilizado no Egito. Se Abraão tivesse se apoiado inteiramente em Deus, a fidelidade do Senhor o haveria livrado sem ter de passar pela vergonha de ser repreendido por Abimeleque.

É sempre motivo de dor para o coração ver como os filhos de Deus O desonram e se rebaixam diante do mundo quando utilizam artifícios egípcios para sua proteção ao invés da plena confiança em Deus que é nossa plena segurança e proteção. A fé nos conduz para além do alcance dos pensamentos do mundo, pois como podem os homens do mundo ou até mesmo os crentes mundanos compreender a vida de fé?

Impossível: a fonte de onde ela emana está muito além da sua compreensão: Eles vivem à superfície das coisas presentes. Desde que possam ver um fundamento palpável, eles confiam e ficam esperançosos, porem a ideia de descansarem inteiramente nas promessas de um Deus invisível lhes parece algo totalmente incompreensível.

Gn. 20:8a13 – Aqui vemos que aqueles que são graciosamente recebidos por Deus e iluminados pela Verdade do Senhor, quando se afastam da carreira de fé, ainda que por um só instante, descem ainda mais baixo do que aqueles que nunca conheceram ao Senhor, a ponto de serem repreendidos pelos mesmos. Assim, Abraão foi repreendido por Abilmeleque. Outro fato interessante a ser observado aqui, é a autodefesa de Abraão; ele diz: Fazendo-me Deus sair errante da casa de meu pai, eu lhe disse: Seja esta a graça que me fará em todo o lugar aonde chegarmos, dize de mim: É meu irmão. Vemos que Abraão havia alimentado uma coisa má durante anos, ele havia iniciado a sua carreira com certa reserva, com certa desconfiança na sua alma, e esta reserva era resultado de sua falta de plena confiança em Deus. Se ele pudesse ter confiado em Deus plenamente quanto à Sara, não teria havido necessidade de qualquer reserva ou subterfúgio. Deus a teria guardado de qualquer mal, quem pode fazer mal àqueles que são felizes objetos da proteção de Deus!! Todavia Abraão pode, em misericórdia, arrancar a raíz de todo o mal – confessá-lo, julgá-lo inteiramente, e deixá-lo. Não pode haver verdadeira benção enquanto não for trazida à luz cada partícula de fermento e calcada aos pés. 

Quando contemplamos o povo de Deus percebemos diferenças espantosas entre o que são aos olhos de Deus e o que são aos olhos do mundo. Deus contempla-os em Cristo, e por isso vê-os sem mácula, nem ruga, ou coisa semelhante ( Ef.5:27 ). Eles são o que Cristo é perante Deus. São perfeitos para sempre, quanto à sua posição em Cristo. Não estão na carne, mas no Espírito. Em si mesmo, eles são pobres, fracos, imperfeitos e inconstantes e é disso mesmo que o mundo toma conhecimento. O que o mundo vê e o que Deus vê são óticas completamente diferentes.

Contudo, é prerrogativa de Deus mostrar a beleza, a dignidade e a perfeição do Seu povo. É Seu privilégio exclusivo, visto ser Ele Próprio Quem outorga essas coisas. Eles têm somente a formosura que Ele lhes tem dado e é, portanto, Seu direito declarar o que essa formosura é; E Ele fará de maneira digna de Si mesmo, e nunca é tão abençoadora como quando o inimigo se dispõe a ferir, a amaldiçoar, ou acusar. Assim, quando Balaque se dispõe a amaldiçoar a semente de Abraão, diz a Palavra do Senhor: “Não vi iniqüidade em Israel, nem contemplei maldade em Jacó! As tuas moradas, ó Israel”! (Nm.23:21 e 24:5). Outro tanto, quando satanás se apresenta para resistir a Josué, a Palavra é: “O Senhor te repreenda, ó satanás,..... não é este um tição tirado do fogo”? (Zc.3:1). Assim o Senhor se interpõe entre o Seu povo e toda a língua que procura acusá-los. Ele não responde as acusações referindo-Se ao que o Seu povo é em si, ou o que são aos olhos dos homens deste mundo, mas o que Ele próprio tem feito deles, e onde os tem colocado.

Assim, no caso de Abraão, ele podia rebaixar-se à vista de Abimeleque, rei de Gerar; e Abimeleque podia ter de o repreender, porém, quando Deus trata do caso, Ele diz a Abimeleque: Eis que morto serás por causa da mulher que tomaste.... (Gn.20:3). E de Abraão Deus diz: profeta é, e rogará por ti (Gn.20:7). Sim, com toda “a sinceridade do seu coração e a pureza de suas mãos” neste caso com Abraão, o rei de Gerar não passava de um homem morto. E, além disso, ele tem de ser devedor das orações de um estrangeiro inconsistente que deverá orar pela restauração da sua casa. 

Gn.20:14a18 – “E orou Abraão a Deus, e sarou Deus a Abimeleque, e à sua mulher, e as suas servas, de maneira que tiveram filhos”. Assim é, pois, o método do Senhor: O Senhor pode ter controvérsias com os Seus, com base nos Seus caminhos, mas logo que o inimigo intenta acusações contra eles o Senhor defende sempre a causa dos Seus servos. Em sua contenda com Abimeleque, Abraão, claramente agiu mal, porém, Deus o corrigiu e o restaurou e, além de declarar sua condição de profeta eleito do Senhor, Deus exige que as restauração da casa de Abimeleque viesse apenas pela intercessão de Abraão, o que mostra o imenso carinho e cuidado do Senhor com Seus servos e o controle absoluto que o Senhor tem sobre tudo. “É Deus quem os justifica, quem os condenará?” (Rom.8:33e34). Abraão orou para que as mulheres estéreis do reino de Gerar tivessem filhos, enquanto sua própria mulher, por quem ele já havia orado tanto, continuava estéril.  Como deve ter sido difícil e incompreensível para Abraão ver que suas orações eram respondidas tão rapidamente quanto às mulheres estéreis de Gerar, enquanto Sara permanecia incapaz de conceber. Esta deverá ser, sempre, uma dura lição para o servo de Deus, saber que deverá ter seus olhos postos no Senhor, convicto de que Ele é o dono do tempo, sabe a hora certa, está nos treinando e disciplinando e nada nos dará antes de estarmos prontos.

Bendito seja eternamente o Seu nome!

Amém!

Gênesis Capítulo 21

"Abraão precisava compreender que a natureza (carne), nada pode fazer para Deus. O Senhor tem de “visitar”, o Senhor tem de “fazer”, e a fé deve esperar e a natureza (carne) deve ser inteiramente posta de lado como morta, uma coisa inútil, e então a glória divina pode brilhar". 
 
Gen.1:1 – “E o Senhor visitou a Sara, como tinha dito; e fez o Senhor a Sara como tinha falado”. Ó bendita esperança, ó grande alegria da visitação do Senhor para todo aquele que Nele espera. O resultado da espera paciente no Senhor é sempre a melhor escolha e gera o melhor fruto. No Senhor ninguém jamais esperou em vão; assim foi com todos os santos através dos séculos. Quando a promessa de Deus se apresentou perante a alma de Abraão como um fato realizado, ele podia muito bem compreender a futilidade dos seus esforços para alcançar essa realização. Ismael não servia! Ele poderia proporcionar alguma coisa à natureza e satisfação da carne, mas que depois apenas serviria de laço para aumentar a dificuldade da tarefa que Abraão teria ao ter que renunciá-lo para não comprometer a primogenitura de Isaque.

Abraão precisava compreender que a natureza (carne), nada pode fazer para Deus. O Senhor tem de “visitar”, o Senhor tem de “fazer”, e a fé deve esperar e a natureza(carne) deve ser inteiramente posta de lado como morta, uma coisa inútil, e então a glória divina pode brilhar.  

Gen. 21:2 – “E concebeu Sara e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado que Deus lhe tida dito”. Existe alguma coisa como o “tempo determinado” por Deus, o Seu “tempo próprio” e por ele os fiéis devem estar contentes em esperar. Pode parecer muito demorado, o coração pode tornar-se fatigado porém, a mente espiritual achará sempre alívio na certeza de que tudo concorre para a manifestação ulterior da glória de Deus. “Porque a visão é ainda para o tempo determinado, e até ao fim falará, e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará.........o justo pela sua fé, viverá” (Hc.2:3e4).
 
Gen.21:3a9 – “E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a Abraão, zombava”. Ao mesmo tempo em que o nascimento de Isaque enchia Sara de riso, introduzia um elemento inteiramente novo na casa de Abraão. O filho da livre precipitou o desenrolar do caráter do filho da escrava. Na verdade, Isaque provou em princípio, ser para a família de Abraão aquilo que a nova natureza é na alma dum pecador. Não se tratava de um Ismael modificado, mas de um Isaque nascido. O filho da escrava nunca poderia ser nada mais senão isso. Podia vir a ser uma grande nação, podia habitar no deserto e tornar-se num flecheiro; podia vir a ser o pai de doze príncipes, mas era sempre o filho da escrava. Pelo contrário, por muito fraco e desprezado que Isaque fosse, ele era o filho da livre. A sua posição e o seu caráter, a sua situação e perspectiva, eram do Senhor. “O que nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo.3:6). Só o que é nascido de Deus tem valor para Deus! Ismael, escravo, representa os que estão debaixo da Lei (Gl.4:25). E sempre haverá inimizade entre aquele que nasceram apenas da carne e aqueles que nasceram pela segunda vez (Gl.4:29).

A regeneração não é a mudança da velha natureza, mas a introdução de uma completamente nova; é a implantação da natureza e vida do último Adão por operação do Espírito Santo, com fundamento da redenção consumada por Cristo.

A velha natureza não pode ser modificada, ela deve ser morta. A introdução da nova natureza, não altera o caráter da velha natureza, ela continua a ser o que era, não é de modo algum melhorada; pelo contrário, dá-se a plena manifestação do seu caráter pecaminoso em oposição ao novo elemento; “......... a carne cobiça (luta) contra o Espírito e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro” (Gl.5:17). Aqui vemos o conflito em que apenas poderá haver paz quando um dos dois for derrotado.

Creio que esta doutrina das duas naturezas que habitam em cada crente, não é muito conhecida na Igreja de nossos dias, porém, enquanto houver ignorância a este respeito, o espírito do crente ficará inteiramente alheio á verdadeira posição e aos privilégios de um filho de Deus. Há quem pense que a regeneração é uma mudança que ocorre na velha natureza, uma transformação; alem disso que essa mudança é progressiva na sua operação, até que enfim, o homem é inteiramente transformado. 

Esta idéia errônea pode, facilmente, ser provada falsa em diversas passagens das escrituras, vejamos: “......... a inclinação da carne é inimizade contra Deus (Rm.8:7). Como pode aquilo de que assim se fala passar por algum melhoramento? O Apóstolo continua dizendo, “pois não pode ser sujeita a Lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”. Como poderá sofrer alguma alteração? Outro tanto, “o que nascido da carne é carne” (Jo.3:6). Faça-se o que se fizer com a carne, e será sempre carne. Como diz Salomão: “Ainda que pisasses o tolo com uma mão de gral, entre os grãos de cevada pilada, não se iria dele a sua estultícia” (Prov.27:22). Não vale a pena tentar fazer a loucura sábia: É preciso introduzir sabedoria celestial no coração que apenas tem sido governado pela loucura. Também em Colosensses3:9 – “...... já vos despistes do velho homem”. O Apóstolo não diz, melhorastes, ou procurais melhorar o “velho homem”; mas já vos despistes dele. Isto dá-nos uma idéia inteiramente diferente. Existe uma grande diferença entre procurar remendar um vestido velho e pô-lo inteiramente de lado para usar um novo. Esta é a idéia do texto: por completamente de lado o velho e vestir o novo. Eles jamais conviverão pacificamente e nada pode ser mais claro na Palavra de Deus do que isto. 

São muitas as passagens que provam claramente que não há aperfeiçoamento para a velha natureza, pois ela esta morta em delitos e pecados e inteiramente incapaz de ser renovada ou melhorada; desta forma, a única atitude que podemos ter com ela é deixá-la debaixo dos pés daquela nova vida que temos em união com Cristo, nossa Cabeça glorificada nos céus.

Gn.21:10 - O nascimento de Isaque não melhorou Ismael, mas apenas ocasionou a verdadeira oposição deste ao filho da promessa. Talvez ele tivesse uma conduta pacífica e irrepreensível até Isaque ter feito sua aparição; mas então, mostrou o que era, perseguindo, ridicularizando e zombando do filho da ressurreição. Qual era, então, o remédio? Melhorar Ismael? De modo nenhum; mas, “Deita fora esta serva e o seu filho, porque o filho desta serva não herdará com Isaque, meu filho” (Gn.21:10). Aqui está o único verdadeiro remédio. “Aquilo que é torto não se pode endireitar” (Ec.1:15); portanto, é preciso livrarmo-nos inteiramente do que é torto e ocuparmo-nos com aquilo que é divinamente reto. Todos os esforços por melhorar a velha natureza provam-se inúteis. Pode ser muito bom e cômodo para os homens, que se recusam a morrer, melhorarem aquilo que é útil para si mesmo, mas Deus deu a Seus filhos algo infinitamente melhor – Cultivar aquilo que é Sua própria criação, e cujos frutos, apesar de não servirem, de nenhum modo, para exaltar a natureza e o eu, são inteiramente Dele, para o louvor de Sua glória.

É necessário compreender que o erro dos Gálatas e dos judaizantes, consiste na aceitação da obra da natureza, pois afirmam: “..... se não vos circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos” (At.15:1). Vemos aqui, que a salvação passaria a depender de algo que o homem pudesse fazer; isto seria deitar por terra toda a obra da salvação que é inteiramente dependente daquilo que Cristo Fez! Tornar a salvação dependente daquilo que o homem possa fazer por si mesmo é pô-la inteiramente de lado, na verdade. Em outras palavras, Ismael tem de ser posto de lado e todas as esperanças de Abraão devem estar sobre aquilo que Deus faz em Isaque. Deus é o realizador, eu sou o adorador; Ele é o abençoador, eu sou o abençoado, sou introduzido em uma natureza completamente nova, dada por Ele, não minha velha natureza que eu o ajudei a melhorar e reformar. 

A religião de natureza humana dá sempre um pouco da glória ao próprio homem e fica com a escrava e seu filho em casa; mas o cristianismo verdadeiro exclui a criatura de toda sua interferência na obra da salvação; “deita fora a escrava e seu filho” e dá toda a glória Àquele que somente pertence.

Gn.21:11 – “E pareceu esta palavra mui má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho”. Contudo, esta palavra estava em conformidade com a Mente Divina, pois precisamos permanecer firmes na liberdade em que fomos chamados, na qual Cristo no libertou, e não tornemos a meter-nos debaixo do jugo da servidão (Gl.5:1). Existe tal plenitude em Cristo que torna todo o apelo à natureza supérfluo e vão. Logo no princípio, Abraão achou que deveria cuidar da obra de sua carne e ela cresceria para bons frutos, a completa renúncia parecia má a seus olhos humanos; mas assim é que sempre deverá ser, pois os pensamentos de Deus estão muito além do alcance de nossa carnal compreensão. Abraão precisava compreender que, no que se refere ás obras do esforço humano, somente a completa renuncia e despojo, serão aceitas por Deus. 

Gênesis Capítulo 22

A obra de Deus possui os limites e a forma estabelecida por Deus; sempre que nossa dedicação ultrapassa os limites divinamente estabelecidos é duvidosa. Se não chegar a atingir esses limites é defeituosa... Creio que há muita discussão acerca de boas obras e amor ao próximo na Igreja de nossos dias, mas temos visto pouca ênfase na mais excelente de todas as obras que é a perfeita e completa submissão à Palavra de Deus.

Gn.22:1 – “E ACONTECEU depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui”. Algo muito especial ocorre na vida de Abraão nesta altura. Ele estava no local mais elevado que um homem pode alcançar, ele seria provado por Deus. Vemos em Tiago1:13 que “Deus a ninguém tenta, pois não pode ser tentado por ninguém”. Mas Ele prova nossos corações I Tessalonicenses 2:4 – “...Deus, que prova os nossos corações”. Pois o Senhor exige – “Dá-me filho meu, o teu coração” (Prov.23:26). Deus não estava tentando Abraão, pois aqui vemos que há uma diferença entre provação e tentação; Ló foi tentado, mas não pelo Senhor e sim pela visão de Sodoma e lá, ele ficou enlaçado (Gn.13:19), mas quanto a Abraão, vemos que Sodoma não poderia seduzi-lo (Gn.14:23). Abraão não seria tentado pelo mundo, pelo diabo ou pelos homens, seu estágio não era mais de tentação, esse, ele já havia vencido; Seu elevado nível exigia, não uma tentação que derrubasse ou envergonhasse e sim, uma provação que o refinasse como o ouro diante do fogo ardente do maçarico do ourives. 

Assim, o próprio Deus iria prová-lo, “para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo” (IPe.1:7). Isso não quer dizer, em absoluto, que Deus já não soubesse qual seria o final do teste, não, claro que não, Deus não tencionava provar Abraão para conhecer Abraão, Deus já o conhecia “antes da fundação do mundo” (Ef.1:4e5), o objetivo da prova jamais foi de surpreender a Deus com o heroísmo de Abraão, e sim permitir a Abraão um conhecimento mais profundo acerca do Deus que o provava e descobrir, finalmente, que Ele só poderia ocupar o primeiro lugar em seu coração ou não ocuparia lugar algum.

Após ter passado pela mais dura prova, Jó finalmente exclama Jó 42:3-5 “... coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia... eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos”. Jó chegara a uma muito maior intimidade com Deus ao final de sua provação. Deus a ninguém tenta, Ló foi tentado por Sodoma, não por Deus, por isso caiu em transgressão. A prova de Deus tem por finalidade polir o caráter e amadurecer o crente, jamais destruí-lo. ICorintios 10:13 –“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”. A origem da tentação é sempre humana, carnal e diabólica, ainda assim, o Senhor nos sustenta em sua fidelidade. Devemos, então, saber que provação e tentação são instrumentos diferentes e que a posição mais elevada que um crente pode ter é aquela alcançada por Abraão – “...depois destas coisas, que provou Deus a Abraão”. 

Assim entendemos que quando Deus põe o Seu servo à prova, Ele estará sempre construindo uma intimidade ainda maior e um coração completamente devotado a Ele mesmo de tal forma que o servo possa afastar-se, sem hesitar, de todas as correntes da natureza. Podemos prescindir (pôr de lado) da criatura, na proporção em que nos tivermos familiarizados com o criador, e nada mais.  Tentar deixar as coisas visíveis de qualquer outro modo, que não seja a energia da fé que lança mão do invisível, é o esforço mais inútil que se pode imaginar. Não pode ser conseguido. Enquanto não achar tudo em Deus, eu conservarei o meu Isaque. É quando podemos dizer pela fé, “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”, que podemos acrescentar, “pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares” (Sl.46:1e2).

Gn.22:3 – “Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada....” É obediência imediata. “ Apressei-me, e não me detive, a observar os teus mandamentos” (Sl.119:60). A fé nunca olha as circunstâncias, nem considera os resultados; espera só em Deus; exprime-se deste modo: “Gálatas 1:15-16 - Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue”. Logo que consultamos carne e sangue o nosso testemunho é manchado porque carne e sangue não podem obedecer. Se a Palavra de Deus é a base de nossa operação, ela nos dará força e estabilidade. Se atuarmos apenas por impulso logo que o impulso acaba, a ação acaba também. Existem duas coisas necessárias a uma carreira contínua e consciente de ação, a saber, o Espírito Santo, como o poder de ação, e a Palavra para nos dar direção apropriada. 

Precisamos atentar que toda a dedicação de Abraão estava firmada na base correta, ele tinha uma Palavra de ordem do Senhor e o impulso do Espírito Santo, assim como em Daniel, “Daniel 4:8 - Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos.......”. Abraão não teve a idéia de matar o próprio filho em sacrifício a Deus, dentro de sua própria criatividade humana, por esta razão a atividade de Abraão era abençoada e permanente, muito diferente das atividades irregulares e de pouca duração que possuem sua origem no ativismo religioso e na mente humana. A obra de Deus possui os limites e a forma estabelecida por Deus; sempre que nossa dedicação ultrapassa os limites divinamente estabelecidos é duvidosa. Se não chegar a atingir esses limites é defeituosa; se correr sem eles é desordenada. Temos que observar que a evidência da operação divina será suficientemente forte para incutir convicção em toda a mente espiritual a fim de perceber a origem e a motivação de qualquer obra.

Nota explicativa: Desejo explicar que Nabucodonozor declara, em sua ignorância, que havia em Daniel O Espírito dos deuses santos, mas isso porque ele ainda não havia conhecido O Deus Santo a quem Daniel servia; ele reconhecia a Santidade de Deus, mas ainda não havia sido bem esclarecido sobre que É o Único Deus do universo, mas isso acontecerá na seqüência da história, que não relataremos aqui por não ser o assunto deste texto. 

A adoração:

Gênesis 22:5 – “E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós”. O servo, verdadeiramente consagrado, terá em vista não o seu serviço, por maior que possa ser, mas sim o seu Senhor, e isto produzirá o espírito de adoração. Como alguém observou: “Se dois anjos fossem enviados do céu, um para governar um império e outro para varrer as ruas, eles não discutiriam quanto ao seu trabalho”. Assim deveria ser conosco, o servo Ester sempre ligado com o adorador e o trabalho de nossas mãos perfumado pela ardente respiração do espírito, isto nos guardaria de fazer um trabalho meramente maquinal em tudo que se refere ao serviço do nosso Deus.  

Gênesis 22:12 - Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho. Algo Sublime está implícito aqui, pois aprendemos em Tiago 2:21e22 - Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. Devemos entender claramente que Abraão não foi salvo em consequência desta obra ou ação de fé, mas sua fé se tornou preciosa aos olhos de Deus quando resultou em obras. Jamais poderemos estar firmados em uma fé que não resulte em boas obras, e podemos ver que a melhor de todas as obras é amar e confiar plenamente na Palavra de Deus; Ao ouvir a Palavra de Deus, Abraão não protelou, mas apressou-se em obedecer confiando Naquele que deu a ordem, isto é perfeita fé e amor. Creio que há muita discussão acerca de boas obras e amor ao próximo na Igreja de nossos dias, mas temos visto pouca ênfase na mais excelente de todas as obras que é a perfeita e completa submissão à Palavra de Deus.

Gênesis Capítulo 23

"...enquanto andamos nesta terra anelando pela imortalidade, com o coração posto acima das influências malignas deste presente século mal, temos que ser dirigidos por um princípio mui elevado em nosso convívio com os que estão de fora...Se em breve serei semelhante a Cristo, sou impelido a ser tão semelhante a Ele quanto puder, desde agora!"

Este capítulo nos traz duas lições preciosas acerca da vida de todo o crente. A primeira é que o homem de fé deve possuir um padrão de comportamento diante daqueles que estão de fora. É perfeitamente verdade que a fé torna o crente independente do homem do mundo, não é menos verdade que a fé mostrar-lhe-á sempre como andar honestamente com ele. Somos exortados a andar “honestamente para com o que estão de fora” (1Ts.4:12), a “zelarmos o que é honesto não só diante do Senhor, mas também diante dos homens” (IICo.8:21) e a não devermos coisa alguma a ninguém (Rm.13:8). A segunda lição é a postura do crente diante da morte e da esperança na ressurreição.

Gen.23:1e2 – “Veio Abraão a lamentar Sara e chorar por ela”. Um filho de Deus terá de enfrentar essas coisas, mas não como os demais homens, pois a ressurreição vem em seu auxílio e traz alívio à sua dor (1Ts.4:14). A redenção da alma assegura a redenção do corpo; a primeira já a temos, a última esperamo-la (Rm.8:23).

Gen.23:3 – “Depois levantou-se de diante da sua morta”. A fé não pode contemplar a morte por muito tempo, pois tem um objeto mais elevado diante dos seus olhos. A ressurreição enche para sempre o olhar da fé; e no seu poder pode levantar-se de diante dos mortos. A morte é o limite do poder de satanás sobre a humanidade; porém onde satanás termina, Deus começa a atuar. Abraão compreendeu isso quando se levantou e comprou a caverna de Macpela para Sara. Ele sabia que no futuro a promessa de Deus sobre a terra de Canaã se cumpriria, portanto ali seria o melhor lugar para depositar o corpo de Sara até que a ressurreição se cumpra para todos os santos.

Gen.23:4 – “Estrangeiro e peregrino sou entre vós; dai-me possessão de sepultura convosco para que sepulte o meu morto de diante da minha face”. Abraão sabia que toda aquela terra por herança pertenceria a seus descendentes e filhos, mas ele não tinha contenda com os filhos de Hete, não precisava fazer as coisas de seu próprio jeito, precisava apenas repousar a cabeça na sepultura e esperar pelo Senhor que lhe fizera as promessas, e que, tem Seus próprios meios e Seu tempo próprio para tudo. Como homem, ele precisava apenas de um bocado de terra para descansar e esperar pela gloriosa “manhã da ressurreição”. 
   
Todos esses morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas vendo-as de longe e crendo nelas e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (Hb.11:13). Estes heróis não somente viveram pelo poder da fé, mas quando chegaram ao final da sua carreira conheceram que as promessas de Deus eram tão reais e satisfatórias para as suas almas como quando no princípio da sua carreira. Abraão mostrou um grande interesse em legalizar seu direito sobre o terreno da sepultura, por que ele estava tão interessado? Porque utilizou o preço “corrente entre os mercadores” para adquirir o campo sobre os princípios do direito?  A fé é a resposta. Ele sabia que a terra era sua por promessa, e que a glória da sua descendência havia de possuí-la, e até então, ele não seria devedor daqueles que seriam desapossados.  

Gen.23:5a20 – “Abraão deu ouvidos a Efrom, e Abraão pesou a Efrom a prata que tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos ciclos de prata, corrente entre mercadores”. Esta passagem nos mostra claramente qual deve ser nossa conduta diante dos filhos do mundo. Sabemos qual é nossa filiação e qual é nossa herança na eternidade, porém, enquanto andamos nesta terra anelando pela imortalidade, com o coração posto acima das influências malignas deste presente século mal, temos que ser dirigidos por um princípio mui elevado em nosso convívio com os que estão de fora, pois.......“sabemos que quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é o veremos” (1Jo.3:2). E qual é o efeito moral desta bendita esperança? “E qualquer que Nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro” (1Jo.3:3). Se em breve serei semelhante a Cristo, sou impelido a ser tão semelhante a Ele quanto puder, desde agora. Por isso o Cristão deve sempre andar em pureza, integridade e graça moral à vista de todos que o rodeiam.

Foi assim com Abraão diante de todos os filhos de Hete. Todo o seu comportamento e sua conduta foram assinalados por verdadeira elevação moral e desinteresse. Ele foi “príncipe de Deus” entre eles e, eles desejavam fazer-lhe um favor dando-lhe a terra sem nada cobrar; mas Abraão havia aprendido a esperar somente pelo favor do Deus da ressurreição, ao mesmo tempo que lhes pagava pela terra, ele esperava de Deus a possessão sobre Canaã. O valor da terra era de quatrocentos ciclos de prata para eles, mas para Abraão era inestimável, como título de uma herança eterna, a qual por ser eterna, só poderia ser possuída no poder da ressurreição. A fé conduz a alma ao futuro de Deus; tem os olhos postos nas coisas como Ele as vê, e as avalia conforme o valor do santuário. Portanto, na compreensão da fé, Abraão levantou-se de diante do seu morto e comprou o lugar de sepultura, o qual mostra significativamente a esperança da ressurreição e uma herança fundada nela.  

Gênesis Capítulo 24 Parte I


"...nada pode ser mais terrível para a Igreja do que abandonar a centralidade da pessoa de Cristo em seu cronograma semanal e passar a adotar os costumes e hábitos em voga no mundo que rejeitou o Senhor!"

Rebeca, figura da Igreja

Gn.24:1a4 – Devemos observar a ligação deste capítulo com os dois anteriores.No capítulo 22 vemos Isaque ser oferecido em sacrifício e, em figura ser “recobrado dos mortos”, no 23 vemos Sara ser posta de lado findando sua vida. No capítulo 24 vemos “o servo” de Abraão indo buscar uma noiva para seu filho que, em figura, havia sido sacrificado. Será que não podemos ver aqui uma perfeita alegoria da ação do Espírito Santo chamando e edificando a “Noiva do Cordeiro”, a Igreja do Senhor Jesus? 

Assim, podemos fazer uma tipologia do Velho com o Novo Testamento, da seguinte forma: rejeição e morte de Cristo, Israel é posto de lado (Sara), a chamada da Igreja, dentre os gentios. “A parede de separação que estava no meio” tinha que ser derrubada (Ef.2:14) antes que o “novo homem” pudesse ser criado. É bom compreendermos isso para entender o lugar que a Igreja ocupa nos Caminhos de Deus. Enquanto a dispensação judaica durasse havia a mais estrita separação entre judeus e gentios e por isso a ideia de serem ambos unidos num “novo homem” (Igreja) estava longe da ideia de um judeu. Os judeus se consideravam em superioridade em relação aos gentios, de forma que para eles os gentios eram gente impura com os quais eles jamais poderiam estar unidos (Atos 10:28).

Mas os judeus perderam sua exclusiva posição de povo de Deus quando rejeitaram e crucificaram o Senhor da Glória (conforme profecia e predeterminação de Deus. Mateus 21:43 - Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. Israel ainda possui seu lugar nos Planos de Deus, podemos ver isso nas profecias do Apocalipse, mas neste tempo da Igreja, estamos vivendo “o tempo dos gentios”(Lc.21:24). Por isso Paulo afirma: Efésios 3:1a6 – “POR esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios; Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; Como me foi este mistério manifestado pela revelação........O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas (profetas do Novo Testamento);  A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”. 

Assim, vemos de forma conclusiva, que o mistério da Igreja, composta de povos de todas as tribos, línguas e nações (inclusive judeus convertidos), era um mistério não revelado aos santos do Velho Testamento, fato este que trouxe muita dificuldade no início da Igreja, pois os judeus convertidos tinham dificuldade em aceitar a universalidade da Igreja que não faz distinção de povos e raças. Acerca deste mistério Paulo afirma: “Fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder” (Ef.2:20). 

É importante realçar que o mistério da Igreja não foi revelado em sua inteireza aos santos do Antigo Testamento, porém, sabemos que, “todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados” (Hb.11:39,40), a promessa se cumpre inteiramente em Cristo e em Seu corpo, a Igreja, o Novo Homem formado em ressurreição, o Plano prefeito que Deus elaborou para redimir por completo a Seus filhos, expurgando toda mácula do pecado. Concluímos que este mistério não foi revelado, em sua inteireza, no Velho Testamento, mas muitas são as pistas, figuras e tipos que o Espírito Santo ali deixou gravadas, pois “tudo o que dantes foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das escrituras, tenhamos esperança” (Rm.15:4), dentre estas pistas que são para nossa edificação e ensino, podemos, certamente, fazer a seguinte analogia tipológica: Isaque, o filho oferecido em sacrifício, Sara, o tronco(judeus), a árvore de onde “vem a salvação” (João4:22) é posta de lado(começa o tempo dos gentios), e o mensageiro (servo Eliézer) é enviado pelo pai para buscar uma noiva para o filho. 

Uma esposa para o Filho

Gn.24:5a14 – Para um boa compreensão de todo o capítulo devemos considerar três pontos: O pacto, o testemunho e os resultados. Rebeca nada sabia do pacto de Abraão com seu servo, embora fosse, nos desígnios de Deus o objetivo de tudo isso. Assim é com a Igreja e cada um dos seus membros..........“no Teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nenhuma delas havia” (Sl.139:16). Efésios 1:3e4 – “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”. Romanos 8:29e30 – “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou”. 

Fica claro que a chamada, a justificação e a glória da Igreja são fundadas no propósito eterno de Deus – Sua Palavra e juramentos ratificados pela morte, ressurreição e exaltação de Seu filho. Muito antes do raiar do tempo, nos profundos recessos da mente eterna de Deus, acha-se este maravilhoso propósito a respeito da Igreja, o qual não pode, de nenhum modo ser separado do pensamento divino acerca da Glória do Filho. O juramento entre Abraão e o servo tinha como seu objetivo a procura de uma noiva para o filho. Foi o desejo do pai acerca do filho que levou a toda a dignidade posterior de Rebeca.

É tremendo vermos como a segurança e a bênção da Igreja estão inseparavelmente ligados a Cristo e Sua Glória: “Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher do varão. Porque também o varão não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do varão”(ICor.11:8a9). O mesmo acontece na parábola da ceia: “O reino dos céus é semelhante a um Rei que celebrou as bodas de Seu filho” (Mt.22:2). O FILHO é o grande objeto de todos os desígnios de Deus: e se alguém é trazido para a bênção, ou glória, ou dignidade só o pode ser por ligação com Ele. 

O direito a estas coisas, e até mesmo a própria vida, foi perdido sob pena do pecado; porém Cristo cumpriu a pena do pecado; Ele responsabilizou-Se por tudo a favor do Seu corpo, a Igreja: Foi pregado na Cruz como seu substituto, levou os seus pecados no Seu corpo sobre a cruz, e baixou à sepultura sob o peso deles. Por isso nada pode ser mais completo do que a total libertação da Igreja, pois a vida que ela possui, foi tomada do outro lado da morte, ela foi vivificada a partir da sepultura de Cristo, onde todos os pecados foram deixados. Assim também, nada pode ser mais terrível para a Igreja do que abandonar a centralidade da pessoa de Cristo em seu cronograma semanal e passar a adotar os costumes e hábitos em voga no mundo que rejeitou o Senhor!

A Igreja, o complemento de Cristo

Gen.24:15a33 - A vida, a justiça e a esperança da Igreja emanam do fato de ela ser um com Aquele que ressuscitou dentre os mortos. Nada pode dar mais segurança ao coração do que a convicção que a existência da Igreja é essencial para a Glória de Cristo: “....a mulher é a glória do varão (1Cor.11:7). Outro tanto, a Igreja é chamada “a plenitude Daquele que cumpre tudo em todos” (Ef.1:23). Desejo observar que a palavra aqui traduzida por plenitude, tem o sentido de complemento, ou, aquilo que sendo acrescentado a mais alguma coisa faz um todo! É assim que Cristo, o Cabeça e a Igreja o corpo, formam um “novo homem” (Ef.2:15). Assim entendemos mui claramente porque Deus planejou a Igreja antes da fundação do mundo.

Rebeca era necessária para Isaque, e, portanto, ela era o assunto de conselho secreto, enquanto estava ainda em completa ignorância quanto ao seu destino. Todo o pensamento de Abraão era acerca de Isaque. Gênesis 24:3e6 – “Para que eu te faça jurar pelo SENHOR Deus dos céus e Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito..... E Abraão lhe disse: Guarda-te, que não faças lá tornar o meu filho”. Aqui vemos que dois pontos são importantes: “A mulher para meu filho” e “Não tornará para lá o meu filho”. 

Podemos perceber que Deus considera o “não é bom que o homem esteja só”, Ele está planejando algo para o bem do Seu filho, Ele aponta para sua metade, para Seu complemento e para Sua satisfação, este é o grande privilégio e responsabilidade de Igreja. Mas o filho convoca a Igreja a SAIR do meio dos seus parentes carnais, do meio de sua terra, ela precisa perder a mente mundana e ter a mente de uma peregrina que viaja para a Canaã celestial. O Pai deseja a perfeita união e bem aventurança para a Igreja e, também, a maravilhosa promessa do noivo que diz: João 17:22e23 – “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim”. Esta união mística de Cristo com a Sua Igreja é algo que nos chama a uma IMENSA responsabilidade porque I João 4:17– “Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo”. Neste mundo a Igreja precisa ser o mais semelhante a Cristo para que se diga: Qual Ele é, somos nós também neste mundo

Não podemos falhar, não podemos envergonhar o noivo, a família que Deus está formando! Cristo Jesus se orgulha de Sua noiva, Ele a exibirá pela eternidade! Que jamais venhamos a nos esquecer de nossa posição em Cristo e que o Espírito Santo sempre nos conduza e jamais nos deixe retroceder, pois “ninguém que lança a mão do arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus” (Lc.10:62).  

Gênesis Capítulo 24 Parte II


"...Em nossos dias, alguns tem considerado como prova de espiritualidade as “obras” do Espírito Santo e até “oram” para o Espírito Santo, outros passam o olhar para o próprio coração e centram-se em si mesmo e em suas “realizações para Deus”, mas desejo aqui deixar bem claro que isto é a maior prova de que isto, não vem do Espírito Santo, pois todo o Seu bendito trabalho se concentra em focar no Senhor Jesus e exaltar o Senhor Jesus e falar acerca do Senhor Jesus ... “Ele receberá do que é meu e vo-lo há de anunciar”. 

Gen.24:34a49 -  O testemunho do servo do Senhor – Vemos aqui, também de forma tipológica, como deve ser a apresentação do evangelho, como se deve apresentar O Noivo para que desperte o interesse da noiva: O servo de Abraão levou o testemunho dizendo (versos 34a36) ........: “Eu sou o servo de Abraão.E o SENHOR abençoou muito o meu senhor, de maneira que foi engrandecido, e deu-lhe ovelhas e vacas, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos. E Sara, a mulher do meu senhor, deu à luz um filho a meu senhor depois da sua velhice, e ele deu-lhe tudo quanto tem”. O servo fala e revela acerca do pai e do filho. Ele explica que o filho é o “Unigênito do Pai” e é o objeto do amor do pai e que tudo o que pertence ao pai pertence ao filho. 

É maravilhoso observar a forma que o Espírito Santo trabalha em busca de uma noiva para o Filho de Deus e a íntima semelhança que se dá com o trabalho de Eliézer (servo de Abraão), vejamos o que diz a Palavra: 

João 15:26 – “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim”.

João 16:13a15 – “Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”.

Todo pregador do evangelho deve estar atento a esta divina “coincidência”, pois foi falando de Isaque que o servo procurou atrair o coração de Rebeca e, é com esta mesma fórmula divina que o evangelho deve ser anunciado a todo perdido pecador, é do Filho que se deve falar em cada sermão, pois somente quando o Filho é o centro da mensagem é que o Espírito Santo irá atrair o coração do perdido pecador.

Ele...há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. O Espírito de Deus nunca guiará alguém a olhar para Si, ou mesmo para o Seu trabalho, mas só e somente para Cristo. Por isso, quanto mais espiritual se é, mais se estará ocupado com Cristo. 

Em nossos dias, alguns tem considerado como prova de espiritualidade as “obras” do Espírito Santo e até “oram” para o Espírito Santo, outros passam o olhar para o próprio coração e centram-se em si mesmo e em suas “realizações para Deus”, mas desejo aqui deixar bem claro que isto é a maior prova de que isto, na verdade, não vem do Espírito Santo, pois todo o Seu bendito trabalho se concentra em focar no Senhor Jesus e exaltar o Senhor Jesus e falar acerca do Senhor Jesus ... “Ele receberá do que é meu e vo-lo há de anunciar”. 

É apegando-se a Cristo que o Espírito atrai almas para Deus. Isto é muito importante porque o conhecimento de Cristo é vida eterna; e é a revelação de Cristo que o Pai dá, por intermédio do Espírito Santo, que constitui a base da Igreja. Quando Pedro confessou Cristo como O Filho de Deus, a resposta de Jesus Cristo foi... Mateus 16:17-19 – “E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. 

Que Pedra? Pedro? Longe disso. “Esta pedra” quer dizer simplesmente a revelação do Pai acerca de Cristo, como o Filho do Deus vivo – o único meio pelo qual alguém é agregado à Assembléia de Cristo. Isto é o evangelho em sua essência, ou seja, a revelação de Uma PESSOA, não apenas uma doutrina, mas a Pessoa do Senhor Jesus sendo revelado pelo Espírito Santo aos Seus eleitos. Por isso afirma o apóstolo Paulo: “Quando aprouve a Deus.... revelar Seu Filho em mim” (Gal.1:15e16). Aqui temos o verdadeiro princípio da “Pedra”, a saber, Deus revelando O Seu Filho. É desta maneira que a super estrutura é levantada e repousa sobre um sólido fundamento.
Versículos de apoio:

Atos 4:11 - Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. 

Efésios 2:20 - Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;

I Pedro 2:7 - E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina,

O servo de Abraão buscando uma noiva para Isaque, mostra toda a dignidade e riqueza com que o pai o havia dotado; o amor de que ele era alvo; enfim, tudo era calculado para enternecer o coração de Rebeca e afastá-lo das coisas temporais de sua terra natal. Ele mostrou à Rebeca um objetivo à distância e pôs diante dela a bem-aventurança de ser tornada em um com aquele ente amado e altamente favorecido. Tudo o que pertencia a Isaque viria a ser dela quando ela se tornasse parte dele. Este, em suma, é o trabalho do Espírito Santo exaltando a Cristo na mensagem do Evangelho. Ele foca a bem-aventurança de sermos um com Cristo, “membros do Seu corpo, da Sua carne e dos Seus ossos” (Ef.5:30).

Assim, sempre poderemos testar se o evangelho está sendo pregado em Verdade, pois o ensino mais espiritual será sempre caracterizado por completa e constante apresentação de Cristo: Ele será sempre o motivo e o alvo do ensino! O Espírito não pode fixar a atenção em coisa alguma senão em Jesus. Deleita-se em falar Dele. Compraz-Se em mostrar os Seus atrativos e as Suas perfeições. Numa tal pregação haverá pouco espaço para a lógica e para a razão humana. Estas coisas podem ser muito boas quando alguém deseja mostrar-se, porém o único objetivo do Espírito será sempre o de mostrar Cristo Jesus, O Senhor e Noivo da verdadeira Igreja.

Rebeca vai ao encontro do esposo

Qual foi o efeito da mensagem do servo de Abraão sobre o coração de Rebeca? Podemos notar que os corações podem responder bem ou mal à Verdadeira mensagem, o Senhor diz aos religiosos fariseus “....vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito, as minhas ovelhas ouvem a minha voz” (João10:26e27). A mensagem do evangelho jamais deverá ser mudada ou adaptada a fim de agradar aos ouvintes, ela nada tem a ver com cultura ou com a sabedoria humana, ela deve ser pregada em Verdade, pela inspiração do Espírito Santo, não importando os resultados, porque os resultados dependem de Deus “......O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o Seu anjo contigo, e prosperará o teu caminho, para que tomes mulher para meu filho.....” (Gn.24:40). O servo não tinha que ser criativo ou inventivo, a resposta de Rebeca não dependia da habilidade ou talento da sua oratória ou recursos, mas unicamente de Deus mover o coração....

E qual foi a resposta de rebeca? O testemunho do servo de Abraão penetrou fundo em seu coração e o desligou inteiramente de todas as coisas que a rodeavam em seu mundo..... Ela estava disposta a sair, a deixar tudo para trás, a ser uma peregrina, rumo a Canaã para encontrar seu Noivo. Se a esperança de ser a esposa de Isaque, co-herdeira de toda a sua dignidade, era uma realidade, então, continuar a apascentar as ovelhas de Labão com seus parentes e amigos, equivaleria a desprezar tudo quanto Deus, em graça, lhe havia oferecido. Ela precisava SAIR de sua parentela e de seu meio. Não é esta uma figura da Igreja?

Precisamos lembrar que Rebeca ainda não havia visto Isaque com seus olhos físicos, mas acreditou em tudo o que a seu respeito lhe disseram. Ela precisava crer que tudo era verdade, ainda que não estivesse vendo. Ela tinha que estar pronta para fazer uma jornada desconhecida na companhia de UM que lhe havia falado de um objetivo distante e de glória ligada com ele, e assim, esquecendo-se das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão adiante dela, prosseguiu.....pelo prêmio da vocação de Deus (Fil.3:13e14). Não é esta uma sublime tipologia da Igreja em viagem, conduzida pelo Espírito Santo, na direção do encontro com Seu Noivo Celestial?

Qual a alegria do servo durante o caminho? Não seria falar acerca do noivo, não seria dizer à Rebeca acerca daquele que, ansioso a esperava, que conversa tremenda seria essa? Que assunto sublime, que gloriosa comunhão teria Rebeca ao longo da jornada pelo deserto ouvindo, da boca do servo, tudo aquilo que o noivo seria para ela após o casamento. Não seria este um desafio para a Igreja atual? Qual tem sido o tema dos sermões e ensinos de nossos dias? Tem sido o noivo apresentado em todo o Seu esplendor? A noiva tem sentido seu coração pulsar a cada dia mais intensamente pelo “grande encontro” que se dará nos ares? (ITes.4:17).

Nada, senão isto, desligará os nossos corações da terra e da natureza. O que, a não ser a esperança de se ligar a Isaque, poderia ter levado Rebeca a dizer “irei”, quando seu irmão e sua mãe disseram: “Fique a donzela conosco alguns dias, ou pelo menos dez dias?” Assim é conosco: Nada, senão a esperança de ver a Jesus como Ele é poderá nos habilitar à busca de purificarmo-nos a nós próprios.

Gênesis Capítulo 25


  "...É possível que o leitor pense haver aqui uma injustiça e muita dureza da parte de Deus com Esaú, afinal ele foi enganado duas vezes, mas quero esclarecer que seu engano foi apenas um reflexo daquilo que SEMPRE ESTEVE EM SEU CORAÇÃO".

Gn.25:1 – “Abraão tomou outra mulher e seu nome era Quetura”. O leitor desatento, certamente, acharia que esse detalhe da vida de Abraão está colocado na Bíblia apenas como complemento biográfico de Abraão, ou talvez, como simples fechamento de história, ou um enchimento de lacuna para prolongar a narrativa; mas uma mente espiritual, alguém que busca um compreensão elevada da Mente de Cristo nas escrituras, certamente, não verá assim, antes, perceberá que o livro de Gênesis está cheio “do germe das coisas”, e perceberá que ocorre um íntima relação com princípios da Verdade que serão realizados e esclarecidos no Novo Testamento.

Qual seria, então, o sentido tipológico da “Nova Esposa de Abraão” após o casamento de Isaac, que simboliza a união de Cristo com Sua Igreja arrebatada nos ares? Bom, se entendemos que Rebeca simboliza a Igreja sendo conduzida pelo deserto deste mundo até o Noivo que é Cristo, então, a nova esposa do pai Abraão só pode simbolizar um povo que será convertido após o arrebatamento, ou seja, durante a tribulação e o milênio, Deus volta a trabalhar com a semente de Abraão (Israel), a fim de gerar um povo para Si, um complemento da esposa que complementará Seu plano perfeito de redenção.

Em Apoc.6:11 e Apoc.7:14, vemos, claramente, que há um número determinado por Deus de pessoas que serão salvas no período da tribulação e que estas pessoas estarão ligadas ao Israel que hoje tem rejeitado o Senhor Jesus, mas que irão se arrepender para a salvação em meio aos sofrimentos e perseguições do governo do anti-Cristo.  

Gn.25:3a11 -  Vemos nesta notável passagem que Abraão separa o Filho da promessa dos outros filhos; muitos são os crentes que sentem uma pequena tristeza ao perceber que, após sua conversão, não conseguem sentir a mesma alegre comunhão que antes possuíam com os ímpios, começam a sentir-se estranhos nas rodas dos escarnecedores, e, logo percebem Deus os separando daqueles que antes eram seus irmãos nas diversões e festejos. Muitos crentes sentem-se desmotivados e desanimados quando isso acontece, mas precisamos perceber que Deus abençoa o separado (Gn.25:11) de uma forma completamente superior, porque ele, e somente ele, será herdeiro dos bens eternos.

Gn.25:12a18 – Algo interessante a se notar nessa narrativa é que os filhos de Ismael geram 12 nações exatamente igual aos filhos de Israel. Isto é algo para ser evidenciado já que os árabes (ismaelitas) reivindicam para si o título de descendência espiritual de Abraão, dizendo que os filhos de Jacó eram descendência da escrava e eles da legítima esposa, já que o seu livro sagrado escrito por volta do ano 600(d.C) de nosso Senhor afirma esse absurdo! Podemos ver nesta narrativa o grande e terrível resultado da obra da carne de Abraão, pois Deus permitiu que a descendência da carne se tornasse muito semelhante à descendência espiritual de forma que gerasse a inimizade e a confusão que ainda impera nos dias atuais, já que tanto árabes e judeus reivindicam para si ser descendência de Abraão e fazem guerras religiosas por este motivo e permanecem cegados para a verdade. Isto é para nós um grande alerta para que jamais queiramos ajudar as promessas de Deus encurtando caminho pelas obras da carne e lançando mão da escrava Agar ao invés de esperar pelo ventre de Sara.

Gn.25:19a23 – Aqui vemos a semente santa, os descendentes de Isaque, mesmo entre os descendentes de Isaque foi permitida a semente ruim, pois esta seria para o treinamento e ensino da semente santa, pois na adversidade Jacó conheceria o Senhor.

Gn.25:23 – “O maior servirá o menor”. Não é espantoso que os padrões de Deus sempre fogem à compreensão e expectativas humanas? Pois, como ensinou o Senhor Jesus: “aquilo que é elevado entre os homens é abominação a Deus” (Lc.16:15). Precisamos estar atentos para ver que os valores de Deus são muito elevados e diferentes dos nossos.

Gn.25:24a34 – O nascimento de Esaú e Jacó. 27- “E cresceram ambos os meninos, e Esaú foi homem perito em caça, homem do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas”. Isaque amava Esaú, mas Rebeca amava a Jacó. Precisamos estar atentos nestes detalhes da família, por que eles nos são informados? O Senhor diz a Davi quando este pretendia construir-Lhe um templo: II Samuel 7:6 – “Porque em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir os filhos de Israel do Egito até ao dia de hoje; mas andei em tenda e em tabernáculo”. O Senhor deixa claro que Ele mesmo habitou muito tempo em tendas pelo deserto. Seria este o motivo do Senhor também dizer que amou a Jacó e aborreceu a Esaú antes de eles terem nascido? (Rm.9:13). Não creio que possamos fazer quaisquer afirmações nesse sentido, mas é certo que precisamos pensar em algo acerca da simplicidade que Deus ama Seus servos, pois a Bíblia nos ensina que o próprio Filho de Deus não tinha onde repousar a cabeça neste mundo e a tenda simboliza a vida de um peregrino.
Gn.25:30 – Um prato de lentilhas. Assim mediu Esaú o seu direito à primogenitura. Hebreus 12:16,17- “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”. Três perguntas são importantes aqui, a saber: 1-Por que o direito à primogenitura espiritual era tão importante? 2-Será que Esaú não sabia e por isso fez pouco caso? 3- Por que ele não achou lugar de arrependimento? Não é o arrependimento um direito igualmente concedido a todos??? Existem pessoas que não podem, ou não possuem poder para se arrependerem???



3 - Bom, vamos começar respondendo a  terceira pergunta! Farei esta inversão para facilitar o entendimento. Vejamos II Timóteo 2:25 – “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade”. Há uma profunda Verdade sendo aqui apresentada, nós pregamos e ensinamos a Palavra, fazemos nossa parte, mas arrependimento, convencer do pecado é algo que depende EXCLUSIVAMENTE de Deus que opera por Seu Espírito (João16:8e9), o arrependimento genuíno e Verdadeiro vem do Senhor, somente do Senhor! Esaú foi rejeitado, suas lágrimas jamais poderiam ser de arrependimento Santo e profundo, ele chorou apenas pelas regalias terrenas que perdera, não pela bênção espiritual de ser o progenitor da semente santa, pois este direito ele vendeu por um prato de lentilhas!
1 – Para que possamos responder a pergunta de número 1, precisamos compreender que o direito à primogenitura era algo relacionado à benção espiritual e não material, explicando: Todos os bens de Isaque ficariam para Esaú como filho mais velho e isso ele não abriu mão, isso era a única coisa que importava para ele, isso ele não vendeu, o que ele vendeu foi a bênção da primogenitura espiritual, isso para ele não era o mais importante, ele achava que os métodos e caminhos de Deus não precisavam de tanta atenção, não necessitavam de tanto zelo e primazia, afinal, que importância teria uma bênção espiritual quando todos os bens materiais seriam dele do mesmo jeito?
2 – Esaú, então, sabia bem a diferença entre bênção material e espiritual, Gênesis 27:38 – “E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou”. Porém seu choro relacionava-se sempre com o material, seu arrependimento não vinha do Senhor, ele foi rejeitado, ele desprezou a primogenitura, amou o campo e a terra, mas Jacó habitava em tendas e foi sempre peregrino na terra, por isso Deus trabalhou em sua vida até transformá-lo em Israel (de suplantador a príncipe, de Jacó para Israel).
Obs.: O nome Jacó significa suplantador e Israel significa príncipe.
É possível que o leitor pense haver aqui uma injustiça e muita dureza da parte de Deus com Esaú, afinal ele foi enganado duas vezes, mas quero esclarecer que seu engano foi apenas um reflexo daquilo que sempre esteve em seu coração e como Paulo argumenta aos Romanos 9:13a16 – “Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”. Que isto possa nos levar a uma profunda reverência e santo temor à grandeza e majestade da Soberania de Deus em todas as coisas e que, também, jamais sejamos profanos a ponto de desprezar nossa herança espiritual em Cristo e nos apegarmos ferrenhamente a este mundo com nossos olhos fixos naquilo que é terreno quando o Senhor nos chama a peregrinar rumo à Canaã celestial.
Romanos 9:20 – “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
Que Deus muito os abençoe!


Gênesis Capítulo 26
"É um erro muito vulgar acharmos que servimos e ajudamos aos homens do mundo misturando-nos com eles nos seus caminhos e andando na sua companhia. A única maneira de os servirmos é permanecer separados deles no poder da comunhão com Deus, e assim mostrar-lhes o padrão de um caminho mais excelente".

A Fome e suas consequências 
Gn.26:1a11 – “E havia fome na terra além da primeira fome, que foi nos dias de Abraão; por isso foi Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus em Gerar”. Este versículo está ligado ao capítulo 12; As provações que o povo de Deus encontra nas suas carreiras são muito semelhantes; e têm por finalidade mostrar até que ponto o coração tem achado o seu tudo em Deus. É uma coisa difícil e rara, alguém que ande em tão doce comunhão com Deus que se torne independente das coisas e pessoas. Os egípcios e os homens de Gerar que habitam em nosso redor constituem em grande tentação para nos afastarem do caminho reto. “Por isso foi Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus em Gerar”.
Existe uma diferença notável entre o Egito e Gerar. O Egito é a expressão do mundo nos seus recursos naturais,  e sua independência de Deus. O Egito diz: “O meu rio é meu” (Ez.29:3), esta é a linguagem de um egípcio que não conhecia a Deus e não pensou em esperar nEle em coisa alguma. O Egito era geograficamente muito mais longe de Canaã do que Gerar; e, moralmente, fala da condição da alma longe de Deus. Desde “Gerar até Jerusalém era caminho de 3 dias” era, portanto, quando comparada com o Egito, uma posição menos ruim, ainda assim, estava ao alcance de influências perigosas. Abraão encontrou lá dificuldades e do mesmo modo, Isaque, como vemos neste capítulo, negou sua mulher, de forma que, o pai e o filho cometeram, no mesmo lugar, o mesmo pecado; mostrando, claramente, que a influência deste lugar não era boa.
Se não tivesse ido a Abimeleque, rei de Gerar, Isaque não teria tido necessidade de negar sua mulher; mas a verdade é que o mais leve descuido quanto à verdadeira norma de comportamento aumenta a fraqueza espiritual. Foi quando Pedro se aquecia à fogueira do sumo-sacerdote que negou o seu Mestre. É verdade que a ordem de peregrinar na terra havia vindo do Senhor, mas quantas são as vezes que o Senhor dá ordens a seu servo a fim de revelar a verdadeira condição em que se encontra seu coração, a fim de que possa ser tratado? Da mesma maneira, Deus deu instruções a Moisés, em Números 13, para mandar espiar a terra de Canaã; mas se eles não se encontrassem em uma condição moral baixa, tal passo não teria sido necessário.
Sabemos que a fé não necessita “espiar” aquilo que as promessas de Deus nos asseguram. Além disso, Deus deu instruções a Moisés para escolher setenta anciãos, para o ajudarem no trabalho; todavia, se Moisés tivesse entendido plenamente a dignidade e bem aventurança de sua posição, nunca teria necessidade de tais instruções. Do mesmo modo aconteceu com a eleição de um rei em ISamuel, capítulo 8. Os israelitas não precisavam de um rei, por isso devemos ter sempre em mente as condições de um individuo ou povo a quem são dadas instruções antes de formar um juízo correto acerca dessas instruções.
Em Gerar, uma posição errada
Alguém poderá dizer, se estava errado Isaque estar em Gerar, porque lemos: Gênesis 26:12 – “E semeou Isaque naquela mesma terra, e colheu naquele mesmo ano cem medidas, porque o SENHOR o abençoava”. Jamais devemos julgar uma pessoa como própria pelas suas circunstancias prósperas. Já tivemos ocasião de mostrar que há uma grande diferença entre a presença do Senhor e a Sua bênção. Muitos têm a bênção do Senhor sem a sua presença. Nós somos sempre muito propensos a confundir a presença do Senhor com sua bênção e achamos, então, que porque Deus está abençoando materialmente ou em crescimento numérico, Ele está aprovando nossa conduta, mas não é assim que funciona a Mente de Nosso Senhor. Quantas pessoas vemos no mundo que são ricas e prósperas, mas nada querem e nem desejam a presença do Senhor? Não disse o Senhor Jesus que a chuva cai sobre maus e bons? Não é este o caso de Nabal? ISm.25:2e3 – “E havia um homem em Maom, que tinha as suas possessões no Carmelo; e era este homem muito poderoso, e tinha três mil ovelhas e mil cabras; e estava tosquiando as suas ovelhas no Carmelo. E era o nome deste homem Nabal, e o nome de sua mulher Abigail; e era a mulher de bom entendimento e formosa; porém o homem era duro, e maligno nas obras, e era da casa de Calebe”.
Muitas são as vezes que podemos multiplicar gados, ovelhas e bois apenas para causar a inveja e a cobiça dos filisteus, sem ter absolutamente aumento de nossa comunhão com Deus. Os filisteus podem invejar nossos bens sem ter inveja alguma da nossa comunhão com Deus, pois não é Deus em nós o atributo que mais chama sua atenção. Mas quando Isaque deixa Gerar, a terra dos filisteus, então, “apareceu-lhe o SENHOR naquela mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de Abraão teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão meu servo” (Gn.26:24). Aqui não se trata mais apenas da benção do Senhor, mas do próprio Senhor. Isaque havia deixado os filisteus com sua inveja e ido para Berseba. Aqui o Senhor pôde mostrar-se ao Seu Servo. A bênção de Sua mão liberal poderia seguir Isaque em Gerar, mas a íntima comunhão com Deus, só em Berseba. Para a intimidade com Deus devemos buscá-Lo onde Ele está e jamais o encontraremos em meio às contendas e inveja de um mundo ímpio. Isaque nem mesmo poderia abençoar os filisteus enquanto peregrinava no meio deles, porque eles não viam Deus em Isaque, mas apenas bênçãos, mas foi quando Isaque saiu do meio deles é que eles vieram a Isaque e disseram:  Gênesis 26:27e28 – “E disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim, pois que vós me odiais e me repelistes de vós?E eles disseram: Havemos visto, na verdade, que o SENHOR é contigo, por isso dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos aliança contigo”. É um erro muito vulgar acharmos que servimos e ajudamos aos homens do mundo misturando-nos com eles nos seus caminhos e andando na sua companhia. A única maneira de os servirmos é permanecer separados deles no poder da comunhão com Deus, e assim mostrar-lhes o padrão de um caminho mais excelente.
Observemos o progresso de Isaque e o efeito moral de sua carreira: “Subiu dali......, e apareceu-lhe o Senhor........., edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço” (Gn.26:23a32). Desde o momento que deu um passo no caminho de saída do mundo filisteu, ele foi de força em força. Entrou no gozo da presença do Senhor – provou da doçura da verdadeira adoração e mostrou o caráter de um peregrino e achou refrigério – um poço que não lhe foi disputado porque os filisteus não estavam ali.
Enquanto Isaque permaneceu em Gerar nada mais houve do que contendas e disputas. Ceifou dores, e não produziu efeito algum sobre aqueles que o rodeavam. Em contrapartida, logo que os deixou os seus corações foram despertados e seguiram-no e desejaram fazer um conserto com ele. “Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos aliança contigo (Gn.26:28). Tudo isto é muito instrutivo para nós, precisamos ver que a coisa mais importante na vida do crente é estar bem com Deus, não apenas bem em posição, mas na condição moral da alma. Quando estamos bem com Deus, podemos esperar atuar eficazmente com os homens. Logo que Isaque foi para Berseba, sua própria alma foi aliviada e ele pôde ser usado por Deus para atuar sobre os outros. Enquanto permanecemos em uma posição errada, estamos, apenas, atrasando a obra de Deus em nós.
Quando estamos em uma posição errada, não devemos ficar perguntando: “onde se pode encontrar alguma coisa melhor?” A ordem de Deus é : “Cessai de fazer o mal” (Is.1:16). Somente quando agimos sobre este preceito é nos dado outro, a saber: “Aprendei a fazer o bem”. Se esperarmos aprender a fazer o bem antes de deixarmos de fazer o mal, estamos completamente enganados. “Desperta tu que dormes e levanta-te de dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (Ef.5:14). É a incredulidade que nos leva a dizer: “Não posso deixar de fazer este mal antes de encontrar alguma coisa melhor”. É a fé simples e dócil que nos deve levar a uma obediência irrestrita à Santa Palavra de Deus e, então, não teremos dúvidas acerca da carreira que devemos seguir.
Que Deus muito os abençoe!


Gênesis Capítulo 27
"Basta deixar o homem à mercê de seu próprio coração e natureza e logo escolherá, irremediavelmente, o mal. A natureza humana desconhece completamente a Deus e Sua bendita graça, por isso está arruinada e anda à caça de seus próprios caminhos e interesses e não sabe que a Verdadeira Vida está em conhecer a Deus".


Os capítulos de 27 a 35 tratam da história de Jacó e nos deixam com a intrigante questão para pensar: por que motivo Jacó o enganador, foi escolhido em lugar de Esaú, o homem do campo, amado por Isaque? Dois pontos devem ser realçados nesta história, a Soberania da Graça divina que escolhe alguém que nada merece e a completa depravação e perversidade do coração e da natureza humana.
Voltemos ao Capítulo 25 para entendermos melhor essa informação:
Gênesis 25:20a23 - E era Isaque da idade de quarenta anos, quando tomou por mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã, irmã de Labão, arameu. E Isaque orou insistentemente ao SENHOR por sua mulher, porquanto era estéril; e o SENHOR ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu. E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao SENHOR. E o SENHOR lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor.
Malaquias 1:2e3 - Eu vos tenho amado, diz o SENHOR. Mas vós dizeis: Em que nos tem amado? Não era Esaú irmão de Jacó? Disse o SENHOR; todavia amei a Jacó, e odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto.
Romanos 9:11a13 - Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.
Aqui vemos claramente o propósito eterno de Deus quanto à Eleição da Graça. Esta expressão quer dizer muito e afasta todas as pretensões humanas e defende o direito de Deus atuar como quer. O homem tem que se curvar diante da soberania do Senhor, pois é pecador, e, como tal sem direito a atuar ou ditar. O grande valor deste conhecimento é reconhecer que não se trata daquilo que merecemos e sim daquilo que Deus tem prazer em nos dar. O filho pródigo poderia falar em ser servo, mas na realidade, nem isso ele merecia, porém o pai o colocou na posição mais elevada – o lugar de comunhão com ele.
A medida que crescemos na fé e aprendemos a ver toda a miséria que habita em nossos corações, mais e mais necessitamos compreender e estar ancorados no firme terreno da graça, pois é ai que vemos que a nossa ruína é irremediável, e portanto a graça tem de ser infinita, tem sua origem em Deus Mesmo, seu curso em Cristo, e o poder de sua aplicação e gozo no Espírito Santo. “A graça reina pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo” (Rm.5:21).
Em Jacó vemos a exibição notável do poder da natureza humana e toda a corrupção e mácula que o pecado trouxe para a humanidade. Vemos ele, antes do seu nascimento guerreando com seu irmão no ventre de sua mãe. No momento do seu nascimento, o vemos agarrado ao calcanhar de seu irmão e, depois, já na idade adulta vemos todas as suas estratégias, golpes e armações com o fim de alcançar seus objetivos. Ao mesmo tempo, tudo isso serve apenas de um fundo negro para dar maior relevo à graça soberana Daquele que condescendeu chamar-se a Si próprio de Deus de Jacó e que não descansaria até que ele fosse completamente mudado em um novo homem.
Gn.27:1a5 – Esta passagem nos mostra um figura humilhante de voluptuosidade, engano e astúcia; e quando se pensa em tais coisas em ligação com o povo de Deus é triste e doloroso. Contudo, quão Verdadeiro é o Espírito Santo que não pode apresentar um quadro parcial, antes, se pretende falar do homem, tem de mostrar como ele realmente é, e não uma enganosa simulação. Assim,conhecemos o nosso Deus como Ele é, Seu caráter e Seus caminhos, pois Ele pôde descer à profundidade da miséria e degradação humana e tratar com ela nesse estado e erguê-la para assim ter livre comunhão com Ele. Todos os defeitos, erros e falhas de Abrãao, Isaque e Jacó, foram perfeitamente lavados, e eles tomaram o seu lugar entre “os espíritos dos justos aperfeiçoados”(Hb.12:23). Estes homens permanecem nas sagradas páginas das Escrituras para nos mostrarem claramente que não foi com homens perfeitos que Deus teve de tratar e sim com pessoas como nós, “sujeitos às mesmas paixões” (At.14:15). Muito diferentes dos livros biográficos dos heróis seculares que só têm virtudes e que nos desanimam por nos fazerem sentir tão grande inferioridade diante deles.
Nada pode edificar senão a apresentação de Deus tratando com o homem como realmente ele é; Aqui vemos o idoso patriarca Isaque às portas da eternidade, com a terra e a natureza afastando-se rapidamente das suas vistas, e no entanto ocupado com um “guisado saboroso”, e prestes a agir em oposição direta ao desígnio divino abençoando o mais velho em vez do mais novo. Na verdade isto era a natureza, e a natureza com os seus olhos obscurecidos. Se Esaú vendeu sua primogenitura por um prato de lentilhas, Isaque estava prestes a dar a bênção em troca de caça.
Como isso deveria nos humilhar perante o Senhor! O conselho do Senhor tem de subsistir, Ele fará tudo o que lhe apraz. A fé sabe disto, e no poder desse conhecimento sabe esperar o tempo de Deus. É isto que a natureza não pode fazer, mas procura alcançar seus próprios fins por sua invenção. Estes são os dois grandes pontos destacados na história de Jacó – o propósito de Deus, da graça por um lado; e, por outro, a natureza maquinando e planejando alcançar aquilo que esse propósito teria infalivelmente realizado sem qualquer conspiração ou plano. Assim foi a história da Jacó e nos mostra o quanto somos deficientes na graça de dependência desinteressada e paciente em Deus. De qualquer forma a natureza estará sempre ativa, e assim, tanto quanto estiver em si, impedirá o brilho da graça e do poder divino. Deus não precisava do auxílio da esperteza de Rebeca e nem da impostura de Jacó para conseguir Seus propósitos. Ele havia dito: “O maior servirá o menor”. Isto era bastante para a fé, mas não bastante para a natureza, a qual tem sempre de adotar os seus próprios meios e nada sabe do que é esperar em Deus.
Nada pode ser mais abençoado do que esperar como uma criança, pacientemente, na posição de dependência de Deus e de Seu tempo. É verdade que isso inclui provação; porém a mente renovada aprende as lições mais profundas e as mais preciosas lições enquanto espera no Senhor, e quanto mais dura for a tentação para nos arrancar das Suas mãos, tanto maior será a bênção de nos deixarmos ali ficar. O Senhor Jesus nos mostrou uma vida de inteira dependência do Pai e quando tentado, rejeitou completamente qualquer proposta do inimigo. A Sua linguagem era: “Em Ti confio” (Sl.141:8), e outra vez: “Sobre Ti fui lançado desde a madre” (Sl.22:10).
Quando tentado pelo diabo a satisfazer Sua fome, a Sua resposta foi: “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus”. Quando tentado a uma demonstração de poder e grandeza lançando-se do pináculo do templo, a Sua resposta foi: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. Quando tentado a tomar posse dos reinos do mundo das mãos de outro que não Deus, e prestar homenagem a outro que não Deus, a Sua resposta foi: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás” (Mt.4:4,7,10). Em resumo, nada pode seduzir o homem perfeito a abandonar o Seu lugar de completa dependência de Deus. Era o propósito de Deus dar-Lhe os reinos deste mundo, e esta era a razão porque o Senhor Jesus esperaria simplesmente e ininterruptamente em Deus o cumprimento dos Seus desígnios, a Seu próprio tempo e do Seu próprio MODO. Ele não tentou fazer de Seu jeito, mas entregou-se completamente à disposição de Deus. Só comeria quando Deus lhe desse pão; somente entraria no templo quando fosse mandado por Deus; subiria ao trono quando Deus determinasse. “Assenta-Te à minha mão direita, até que ponha os Teus inimigos por escabelo de Teus pés” (Sl.110:1).
Esta profunda dependência do Filho ao Pai é admirável além de toda a expressão. Embora igual a Deus, Ele como homem, tomou o lugar de completa dependência, alegrando-Se em fazer a Vontade do Senhor, mesmo quando todas as circunstâncias pareciam ser contra Ele. Seu alvo era sempre o de Glorificar o Pai.  E quando por fim Ele havia terminado toda a obra que o Pai Lhe confiou realizar, Ele rendeu o Seu Espírito nas mãos do Pai e Sua carne descansou na esperança da glória prometida. Assim lemos em Filip.2:5a11 Filipenses 2:5-11 – “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai”.
Gn.27:6a29 -  Como Jacó conhecia pouco, no início da sua história, a respeito da dependência de Deus, preferiu fazer tudo do seu próprio jeito e em seu próprio tempo. Considerou que muito melhor alcançar a bênção e entrar na posse da herança por meio de toda a espécie de engano e esperteza ao invés da simples dependência de Deus, que por Sua graça já o havia eleito para ser o herdeiro das promessas, e que, por Sua sabedoria e poder onipotente, cumpriria tudo o que lhe havia prometido.
Ah, mas como é bem conhecida a oposição do coração humano frente a simples dependência de Deus, basta deixa o homem a mercê de seu próprio coração e natureza e logo escolherá, irremediavelmente, o mal. A natureza humana desconhece completamente a Deus e Sua bendita graça, por isso está arruinada e anda a caça de seus próprio caminhos e interesses e não sabe que a Verdadeira Vida está em conhecer a Deus (João17:3).
O que vemos neste quadro do capítulo 27 é a natureza de Rebeca e Jacó tomando vantagem sobre a natureza de Isaque e Esaú, foi isso efetivamente. Não se contou em absoluto com Deus. O olhos de Isaque estavam obscurecidos, e eles dispuseram-se a enganá-lo, ao invés de confiarem em Deus que teria, com certeza, frustrado os planos de Isaque de dar a bênção do filho que Deus não escolhera. Toda a obra da natureza humana é lamentável, vejamos que Isaque amava Esaú, mas não por ser ele um servo fiel de Deus e sim por “sua caça era de seu gosto” (Gn.25:28). Tudo o que procede da natureza humana é egoísta, petulante e mau.
Gn.27:30a46 – Podemos, no entanto, ter a mais absoluta convicção de que só acumularemos dores e tristezas das nossas circunstâncias, o nosso destino e a nossa própria vida das mãos de Deus. Assim foi na vida de Jacó, pois podemos afirmar que depois dele ter arrancado, fraudulentamente, a bênção das mãos de seu pai, ele teve muito pouca felicidade neste mundo. Seu irmão decidiu matá-lo, para evitar ele foi obrigado a fugir da casa de seu pai; seu tio Labão enganou-o, assim como ele havia enganado seu pai, e tratou-o com grande dureza; depois de 21 anos de servidão, ele foi obrigado a deixá-lo ocultamente, não sem correr o risco de ser reconduzido ao ponto de partida e ser assassinado por seu irmão vingativo. Apenas se tinham passado os seus temores e teve de sofrer a baixeza de seu filho Rúben, em profanar a sua cama; em seguida, após o estupro de sua filha, ainda teve que deplorar a traição e crueldade de seus filhos Simeão e Levi para com os Siquemitas; foi depois enganado por seus filhos e teve que lamentar o suposto fim prematuro de José; e, para completar tudo, foi obrigado, pela fome a ir para o Egito, e ali morreu em terra estranha. Assim os caminhos da providência são justos, maravilhosos e instrutivos”.
Aqui vemos o lado sombrio da vida de Jacó, todavia, bendito seja Deus, há também um lado claro, do mesmo modo, para Deus tratar Jacó; e em todos os acontecimentos da sua vida, quando Jacó foi obrigado a colher os frutos da sua maquinação e perversidade, o Deus de Jacó tirou bem do mal e fez com que a Sua graça abundasse sobre todo o pecado e loucura de Seu pobre servo.
Quero aqui, também fazer uma observação acerca de Rebeca, Isaque e Esaú. Sobre Isaque, ainda que reconhecendo sua fraqueza e seu desejo de ir contra o desígnio de Deus revelado a Rebeca (“um povo será mais forte do que o outro povo, o maior servirá o menor ou mais moço” – Gn.25:23), mesmo assim, ele mantém, pela fé, a dignidade que Deus lhe conferiu. Ele abençoa com todo o sentimento de ter sido dotado com o poder de abençoar. Ele diz: “......abençoei-o: também será bendito........Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os teus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido; que te farei, pois, agora a ti, meu filho?
Isaque fala como quem, pela fé, tem à sua disposição todas as riquezas da terra. Não se nota falsa humildade, nem desce da posição elevada que ocupa por causa da manifestação da natureza e de sua fraqueza. Estava pronto a cometer um grande erro, abençoando o filho errado; mas ele conhecia a Deus e, pela fé, tomou o seu lugar de acordo com esse conhecimento dando a bênção com toda a dignidade.
É atribuição da fé elevar-nos acima de todas as nossas falhas e suas consequências para o lugar onde Deus nos tem colocado.
Quanto a Rebeca, ela teve de sentir todos os tristes resultados da sua astúcia. Sem dúvida, ela pensava que dirigiria as coisas habilmente; mas, oh!! Nunca mais viu a Jacó, seu filho amado, por consequência da sua manobra. Quão diferente teria sido se ela tivesse deixado o caso inteiramente nas mãos de Deus. Esta é a maneira da fé agir e é sempre vencedora. “E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura?” (Lc.12:25). Nada ganhamos com a nossa ansiedade e nossos projetos: Apenas excluímos Deus, isso não é ganho. É um justo castigo da mão de Deus sermos obrigados a colher os frutos dos nossos planos; e não há nada mais triste do que ver um filho de Deus esquecer-se da sua condição e privilégios para tomar a direção de seus interesses em suas próprias mãos. As Aves dos céus, e os lírios do campo, podem muito bem ser nossos mestres quando esquecemos assim nossa posição de dependência em Deus.
Finalmente, quanto a Esaú, o profeta trata-o por “profano, que por uma manjar vendeu o seu direito de primogenitura”: e “querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que, com lágrimas o buscou” (Hb.12:16e17). Ficamos assim sabendo que um profano é alguém que gostaria de possuir o céu e a terra e desfrutar o presente sem perder o seu direito ao futuro. Isto não é, de modo nenhum, um caso invulgar. Mostra-nos todo o mundano que professa ser cristão, mas cuja consciência nunca experimentou os efeitos da verdade divina, e cujo coração nunca sentiu a influência da graça de Deus.


Gênesis Capítulo 28

"...Jacó ainda não havia chegado AO FIM DE SI MESMO; por isso não havia começado realmente com Deus. Somente após a morte do EU, podemos ser cheios de Cristo".
 

Gn.28:1a5 – Neste capítulo Jacó se despede da casa de seu pai e podemos vê-lo partindo como um vagabundo solitário para um terra distante. É aqui que os desígnios de Deus começam a se manifestar em sua vida, ele começa a colher os frutos amargos do seu procedimento para com Esaú, ao mesmo tempo, Deus é visto elevando-Se acima de toda a loucura e fraqueza de Seu servo e manifestando a Sua graça soberana e profunda sabedoria na forma como trata com ele.
Deus cumprirá os Seus propósitos, não importa quais sejam os meios utilizados para esse fim, mas se um filho seu em impaciência de espírito e incredulidade de coração, se desliga das Suas mãos, deve esperar muito exercício doloroso e disciplina aflitiva. Foi assim com Jacó: Não teria que fugir para Harã se tivesse permitido que Deus atuasse por ele. Deus teria, certamente, tratado com Esaú e dado a bênção ao Seu escolhido Jacó, sem que ele tivesse que enganar e roubar aquilo que sempre foi dele por escolha soberana de Deus. Aqui está a fraqueza de nossos corações, não permanecemos inativos nas mãos de Deus; queremos atuar e, por meio da nossa atuação, impedimos a manifestação da graça e poder de Deus em nosso favor. “Aquietai-vos e sabei que Eu Sou Deus” (Sl.46:10).

Contudo, Deus domina graciosamente a nossa loucura e fraqueza, não obstante termos de colher os frutos dos nossos métodos impacientes, Ele serve-Se deles para nos ensinar ainda maiores lições da sua graça e perfeita sabedoria. Nossos erros nos levam a muitas circunstâncias dolorosas, mas somos confortados em saber que Deus tem sua prerrogativa em tirar bem do mal; dar comida do comedor e extrair doçura do forte; e por isso, é verdade que Jacó teve que exilar-se da casa de seu pai em consequência do seu ato impaciente e enganoso, é, também, igualmente verdade que ele jamais teria aprendido o significado de Betel se tivesse ficado em casa. Isso, ao mesmo tempo que não justifica a nossa impaciência e incredulidade quanto aos métodos do Senhor, também nos fala da maravilhosa bondade de nosso Deus trabalhando no caráter dos Seus servos através das consequências dos pecados.
Gênesis 28:6- “Vendo, pois, Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar mulher dali para si, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher das filhas de Canaã;....... Foi Esaú a Ismael, e tomou para si por mulher, além das suas mulheres, a Maalate filha de Ismael, filho de Abraão.........” Aqui vemos que Esaú, após perder a bênção e estar ciente de que suas atitudes anteriores em relação á escolha de esposas ímpias havia desagradado, em muito, a seus pais, ele tenta, possivelmente, reverter a situação na esperança de ganhar de volta a bênção perdida. Faz uso de uma estratégia humana e carnal, certamente, sem nenhuma oração ou quebrantamento, desta forma, vai ao irmão de seu avô Abraão e toma uma esposa de uma família que Deus havia rejeitado e separado; Não consegue perceber que sua estratégia de redenção se torna em um mal ainda maior, aumentando a impiedade em sua família.
Gênesis 28:10 – “Partiu, pois, Jacó de Berseba, e foi a Harã”; Jacó era um homem caseiro, acomodado ao lar, não podemos imagina o quanto deve ter sido dolorida esta despedida; Ele não tinha certeza, mas já podia imaginar que nunca mais veria sua mãe.
Gênesis 28:11 – “E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por seu travesseiro, e deitou-se naquele lugar”. Do conforto do lar a uma situação de ter uma pedra por travesseiro, Jacó começa experimentar as consequências de seus atos. Agora, ele tinha o chão por cama e a abóbada celestial por teto, dormindo em completo desamparo, a mercê dos lobos e escorpiões do deserto, sem bagagem e sem dinheiro ele estava no local exato onde poderia ter um encontro com a misericórdia inesgotável do Deus altíssimo!
Gênesis 28:12,13 – “E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; E eis que o SENHOR estava em cima dela, e disse: Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência”; Oh bendita e santa misericórdia do Nosso Deus, uma escada estava diante de Jacó, anjos desciam e subiam por ela, havia comunicação, ele não estava só e desamparado, ele sempre esteve debaixo daqueles olhos que, do topo da escada, tudo podem ver, ele estava, constantemente, sendo guardado e ministrado pelos anjos que tocavam a terra trazendo os benefícios do cuidado divino. Mas o amor e as misericórdias de Deus não param ai........ João 1:51 – “E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem”. Jacó viu os anjos subindo e descendo sobre a rocha, mas nem sequer podia compreender que um dia, a própria Rocha Eterna, a Pedra de Esquina, o Senhor Jesus que estava no topo da escada (Lc.20:7, At.4:11, Ef.2:20, Is.28:16, IPe.2:6), estaria, um dia, pisando sobre a terra, na forma humana, para estabelecer a escada de comunicação entre o céu de Deus e os homens por Ele resgatados.
Gênesis 28:14a16 - E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado. Acordando, pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o SENHOR está neste lugar; e eu não o sabia”. A manifestação da bondade e da soberana graça de Deus é sempre fascinante, Jacó  talvez poderia, por seus atos e méritos esperar a mais dura e severa repreensão, mas não é isso o que acontece, antes, com ternura e amor inexprimível o Senhor diz a ele: Estou contigo, te guardarei, não te deixarei .......até que cumpra todo o Meu desígnio sobre você e sua descendência. Deus escolhera Jacó antes de seu nascimento, que sublime esperança, tudo estava nas mãos de Deus, não dependia dos acertos e virtudes de Jacó, antes, quão terrível seria se assim fosse. Toda nossa esperança está depositada na bondade de nosso Deus e nos méritos do nosso Cristo que toca a terra!
Quão maravilhosa manifestação da graça de Deus nesta visão de Jacó, pois já tivemos ocasião de ver alguma coisa do verdadeiro caráter de que ele possuía e da situação em que se encontrava; agora, ele nada mais possuía, ou era a graça divina para com ele, ou era nada. Por nascimento ele não tinha direito à herança, nem tão pouco por caráter. Esaú até podia mover uma pretensão com base nestes dois fundamentos, desde que as prerrogativas de Deus fossem postas de parte; Jacó nada tinha em que estribar-se, nada merecia, nada possuía, a não ser mais pura graça soberana de Deus. Por isso a revelação que o Senhor faz ao Seu servo eleito, na passagem que acabo de reproduzir, é um simples relato ou profecia daquilo que Ele Próprio havia ainda de fazer. “Eu sou....., darei....., guardarei....., farei tornar....., não te deixarei até que te haja feito tudo o que te tenho dito”. Tudo vem de Deus, sem condição alguma. Não existem “se’’ e “mas”; porque quando a Graça atua não pode haver tais coisas. Onde há um se não pode ser graça.
Não podemos deixar de reconhecer a bem-aventurança de uma tal situação, em que nada temos para nos apoiarmos senão Deus. Segundo este princípio seria para nós uma perda irreparável termos de nos apoiar em qualquer mérito próprio, pois neste caso, Deus trataria conosco com base em nossa responsabilidade, e o fracasso seria, então, inevitável. Jacó era tão mau que ninguém, senão Deus, bastava para tudo que seu estado exigia.
Gênesis 28:17 - E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus. Aqui vemos o qual pouco Jacó conhecia do Bendito Deus que acabara de se revelar a ele; mal acordara do sonho e já mostra o seu verdadeiro caráter, não se sentia nem um pouco a vontade na presença de Deus. Entendemos que a revelação de Deus mesmo é uma coisa, e a nossa confiança nessa revelação é outra coisa bem diferente. O coração de Jacó não estava tranquilo na presença de Deus; nem tão pouco pode estar qualquer coração até ser inteiramente esvaziado e quebrantado. Ele ainda precisava ser tratado até aprender a descansar como uma criança nos braços d´Aquele que podia dizer: “Amei a Jacó”.
A casa de Deus e a presença de Deus não é assustadora para aquele que conhecem o amor de Deus manifestados no sacrifício de Cristo. Eles podem assim dizer:
Salmos 26:8 - SENHOR, eu tenho amado a habitação da tua casa e o lugar onde permanece a tua glória.
Salmos 27:4 - Uma coisa pedi ao SENHOR, e a buscarei: que possa morar na casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR, e inquirir no seu templo.
Salmos 84:1,2 - QUÃO amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo. Todavia o conhecimento de Jacó, tanto de Deus como de Sua casa, era muito superficial, neste ponto da sua história. Por isso, Jacó ainda pensava que poderia manipular e fazer acordos com Deus baseados em seus méritos e atitudes; ele tenta fazer um contrato com Deus, pois dentro de seus padrões humanos, não poderia crer que pudesse receber algo sem uma negociação baseada em toma lá da cá! Vejamos:
Gênesis 28:20,21 - E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; Observe a frase: “Se Deus for comigo”. Ora, o Senhor havia acabado de dizer, enfaticamente: “.....estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra”. E contudo o pobre coração de Jacó não podia ir além de um “se”, nem tão pouco nos seus pensamentos acerca de Deus pode elevar-se acima de “pão para comer e vestidos para vestir”. Tais eram os pensamentos do homem que acabara de ter a mais sublime revelação da escada de Deus, cujo topo tocava os céus, com o senhor acima dela. Jacó era, evidentemente, incapaz de compreender a realidade e a plenitude dos pensamentos de Deus. Julgou Deus baseado em si mesmo, em seus próprios parâmetros e falhou completamente em compreendê-Lo. Numa palavra, Jacó ainda não havia chegado AO FIM DE SI MESMO; por isso não havia começado realmente com Deus. Somente após a morte do EU, podemos ser cheios de Cristo. João 12:24,25 – “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna”.

Gênesis Capítulo 29

Ninguém pode realmente alegrar-se em Deus até ter chegado ao fim do EU, e isto pela simples razão que Deus começa a manifestar-Se no próprio ponto onde é visto o FIM da carne.

Gênesis 29:1a8 – “ENTÃO pôs-se Jacó a caminho e foi à terra do povo do oriente”; Como acabamos de ver no capítulo 28, Jacó falhou inteiramente na compreensão do verdadeiro caráter de Deus e aceitou toda a rica graça de Betel com um “se”, e o acordo infeliz de comer e vestidos para vestir. Vamos vê-lo agora ocupado em fazer contratos. “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl.6:7). Não há possibilidade de escapar a esta sentença. Jacó não se havia humilhado verdadeiramente na presença de Deus; portanto, Deus serviu-Se das circunstâncias para castigar e humilhar.
Este é o verdadeiro segredo de muitas, muitíssimas, das nossas dores e provações neste mundo. Os nossos corações nunca foram realmente quebrantados perante o Senhor: nunca nos julgamos nem nos despojamos de nós mesmos; e por isso, repetidas vezes, nós, com efeito, batemos com a cabeça contra a parede. Ninguém pode realmente alegrar-se em Deus até ter chegado ao fim do EU e isto pela simples razão que Deus começa a manifestar-Se no próprio ponto onde é visto o fim da carne. Se, portanto, eu não tiver atingido o fim da minha carne, na experiência profunda e positiva da minha alma, é moralmente impossível que eu possa ter alguma coisa semelhante a uma compreensão exata do caráter de Deus. Para começar, eu primeiro preciso compreender, em profundidade, o valor e o terror do estrago que o pecado causou em minha própria natureza, até que eu comece a abominar tudo o que eu sou e arrepender de mim mesmo. Para conseguir esse fim, o Senhor faz uso de vários meios. Quantas vezes o Senhor vem até nós, fala aos nossos ouvidos e, nós, assim como Jacó, não entendemos, nem sabemos nos posicionar diante da Sua presença: “...o Senhor está neste lugar e eu não sabia.......”.
Quão terrível é este lugar!” Jacó não aprendeu e foram necessários 20 anos de terrível instrução, e isso, também, numa escola maravilhosamente adequada à sua carne; e, até isto mesmo, como veremos, não foi suficiente para o dominar. 
Gen.29:9a20 – “Depois disse Labão a Jacó: Porque tu és meu irmão, hás de servir-me de graça? Declara-me qual será o teu salário”. Parece que esta proposta possui dois lados, ao mesmo tempo que Labão procurava demonstrar uma grande pureza e retidão de caráter em não cometer injustiça contra seu sobrinho, ele também deixava claro que Jacó não comeria de graça em sua casa, ele precisaria servir ao seu tio, não seria um mero hóspede de veraneio. Deus preparou o terreno perfeito para iniciar Seu trabalho de moldar Jacó até fazer dele Israel. Deus fez encontrarem-se o pechincheiro Jacó com o explorador Labão, para que os víssemos esticando, ao máximo seus nervos e habilidade a fim de excederem um ao outro em astúcia e malandragem. Não podemos estranhar o caso de Labão, afinal, ele nunca havia estado em Betel: Nunca vira os céus abertos e uma escada, cujo topo, tocava os céus. Nem tinha ouvido promessas grandiosas dos lábios do Senhor que lhe garantiam a terra de Canaã e uma posteridade inumerável. Não é de admirar pois que ele demonstrasse um espírito avaro e mesquinho; não tinha outro recurso. É escusado esperar do homem do mundo outra coisa que não seja um espírito mundano, e princípios e métodos mundanos; não tem nada superior; e não podemos tirar uma coisa limpa de uma imunda.  Porém encontrar Jacó, depois de tudo o que havia visto e ouvido em Betel, a lutar com um homem do mundo, e procurando, por tais meios, acumular riquezas, é notavelmente humilhante.
E todavia, enfim, não é um caso raro encontrar os filhos de Deus esquecendo assim os seus altos destinos, e a herança celestial, para descerem à arena com os filhos deste mundo, a fim de ali lutarem pelas riquezas e honras de uma terra ferida de pecado e perdida. Na verdade, isto é de tal forma verdadeiro que, em muitos casos, é difícil encontrar neles uma simples evidência daquele princípio que o Apóstolo João nos diz “que vence o mundo”(Jo.5:4). Olhando para Jacó e Labão, e considerando-os segundo princípios naturais, será difícil notar neles qualquer diferença. É preciso ficar atrás das cenas e compreender os pensamentos de Deus quanto a ambos para ver como diferem um do outro. Todavia foi Deus quem os fez diferir e não Jacó; e assim é agora. Por muito difícil que possa ser descortinar alguma diferença entre os filhos da luz e os filhos das trevas, há, todavia, uma grande desigualdade – uma diferença baseada no fato solene que os primeiros são “vasos” de misericórdia, que Deus, “para a glória já dantes preparou”, enquanto que os últimos são os vasos da ira, preparados (não por Deus, mas pelo pecado) para a perdição (Rm.9:22a23). Isto faz uma diferença muito séria. Os Jacós e os Labães são diferentes materialmente, e serão para sempre diferentes, embora os primeiros possam falhar tristemente na realização e manifestação prática do seu verdadeiro caráter e dignidade.
Romanos 9:22a23 – “E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou”. Não devemos tirar conclusões erradas acerca da doutrina da Eleição, pois neste texto percebemos que Deus preparou os vasos (recipientes) das misericórdias antes mesmo da fundação do mundo. Mas, quanto aos vasos da ira, não diz que Deus os preparou para isso, mas que eles mesmos se preparam, pois em Mt.25:34a41 diz: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. Porém aos que estão à esquerda diz: “Apartai-vos de mim malditos”. Não diz malditos de meu Pai. E, além disso, acrescenta, “para o fogo eterno”, preparado não para vós, mas “para o diabo e seus anjos”; nem tão pouco preparou os “vasos para a ira”, mas eles mesmos se preparam para isso.
“A Palavra de Deus estabelece tão claramente a eleição como avisa contra a condenação. Todos os que se encontrarem no céu terão de dar graças a Deus por isso, e todo aquele que se achar no inferno terá de agradecer a si próprio por isso”. C.H.Mackintosh
Gen.29:21a35 – Destes versículos em diante, veremos a luta de Jacó em consequência do contrato que havia feito com seu tio e do desconhecimento que ainda tinha acerca da Graça de Deus e sua total incapacidade de ter confiança plena nas promessas que o Senhor lhe havia feito. Deus lhe havia prometido toda a terra de Canaã, em resposta ele disse: “SE Deus me der pão para comer e vestes para vestir ”...ainda que isso tivesse alguma semelhança com suposta humildade, era, na verdade, desconfiança e desconhecimento acerca do Deus que o havia escolhido como vaso. Por isso, veremos Jacó fazendo tudo o que podia por si mesmo, até ao ponto de utilizar os mesmos métodos de Labão, o mesmo tipo de engenhosidade e malícias para enganar seu concorrente. Quero realçar aqui que, esta sempre será a reação dos filhos de Deus quando não compreendem os Caminhos do Senhor  e desejam realizar “as promessas” por seus próprios métodos, pois, podem até professar os princípios da graça, mas a verdadeira medida do poder da graça, jamais conheceram... e nivelam tudo pela estatura humana e não divina.
Poderíamos crer que, para Jacó, a revelação de Deus em Betel fosse suficiente para que ele depositasse sua inteira confiança na Graça de Deus, que tudo faria de forma natural, sem que ele tivesse de lançar mãos dos mesmos recursos do engano do qual Labão se utilizava. Contudo, ele preferia lutar com Labão em pé de igualdade. O caráter e o comportamento são prova real da medida da experiência e convicção da alma, seja qual for a profissão. Porém Jacó não se conhecia ainda tal qual era perante Deus e, portanto, desconhecia a Graça, por isso medíasse com Labão e ajustava-se aos mesmos métodos e máximas.   
Gênesis 29:35 - E concebeu outra vez e deu à luz um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao SENHOR. Por isso chamou-o Judá; e cessou de dar à luz. Aqui vemos que Lia, a esposa rejeitada, foi aquela que Deus escolheu para ser a mãe de Judá, aquele que daria origem á família na qual nasceria o Salvador, o Senhor Jesus. Não é difícil perceber que aqueles que no mundo recebem muita rejeição, podem sempre contar com a acolhida do Senhor.


Gênesis Capítulo 30
"...Deus usa, agora, o elemento da disputa ao qual Jacó antes se deleitara em utilizar, para afligi-lo e ensiná-lo como é estar do outro lado da arena".


Gn.30:1a13  - “VENDO Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro”.

Aqui vemos o triste resultado que a astúcia de Labão trouxe à vida de suas filhas que passaram a disputar entre si a primazia sobre o marido e sobre o casamento. Dá-se início a uma família com grandes chances para a concorrência e ao fracasso já que os filhos eram gerados como troféus para as mães que disputavam seu lugar na casta familiar. Ainda que na soberania de Deus todas as coisas concorram para o bem daqueles que O amam, esta deve ter sido uma dura prova para Jacó que exclamou: “Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?” Assim se desenvolvia a família do patriarca no mesmo e exato “espírito” que ele mesmo havia plantado na casa de seu pai quando disputou com seu irmão acerca da primogenitura. Deus usa, agora, o elemento da disputa ao qual Jacó antes se deleitara em utilizar, para afligi-lo e ensiná-lo como é estar do outro lado da arena. Ele começara a compreender os sentimentos que causara em seu pai Isaque através do seu triste confronto com Esaú. Agora ele seria o pai a ver seus filhos em disputas e enganos engenhosos. Estes são o cinzel e o martelo de Deus trabalhando sobre a rocha bruta a fim de fazer uma bela escultura no caráter de seu filho.

Gênesis 30:14,15 – “E foi Rúben nos dias da ceifa do trigo, e achou mandrágoras no campo. E trouxe-as a Lia sua mãe. Então disse Raquel a Lia: Ora dá-me das mandrágoras de teu filho. E ela lhe disse: É já pouco que hajas tomado o meu marido, tomarás também as mandrágoras do meu filho? Então disse Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho”. Parece que Deus possuía grande compaixão da esposa rejeitada, vemos que Raquel era formosa e Lia possuía apenas olhos tenros (Gn.29:17). Parece que era grandemente desleal esta disputa, Jacó escolhia, sem dúvida a Raquel, mas parece que Deus escolheu a Lia para ser mãe de Judá, o ancestral de nosso Senhor Jesus Cristo (Mt.1:3). É sempre preciso lembrar que Deus não vê como o homem vê (ISm.16:7). Temos forte tendência de gostar mais de Raquel como a heroína injustiçada, mas aos olhos de Deus, ela guardava idolatria em seu coração e não foi escolhida para ser ancestral do Senhor Jesus (Gn.31:34).

Gênesis 30:25a36 – 28 “E disse mais: Determina-me o teu salário, que to darei . 29- Então lhe disse: Tu sabes como te tenho servido, e como passou o teu gado comigo”. Aqui vemos mais um acordo comercial entre Jacó e Labão, acordo em que os dois enganadores se esforçarão ao máximo para ver qual é mais esperto e sovina. Quanto a Labão, é certo que dele, nada mais poderíamos esperar que não esta exata atitude, mas Jacó, o homem que havia visto a escada de Deus, os céus abertos com os anjos subindo e descendo...... é triste que tenha resolvido medir-se com Labão debaixo das mesmas regras de conduta, mostrando que seu caráter ainda precisava de muitos cuidados por parte do nosso Deus.

A Simpatia de Jacó

Gênesis 30:37,38 – “Então tomou Jacó varas verdes de álamo e de aveleira e de castanheiro, e descascou nelas riscas brancas, descobrindo a brancura que nas varas havia, e pôs estas varas, que tinha descascado, em frente aos rebanhos, nos canos e nos bebedouros de água, aonde os rebanhos vinham beber, para que concebessem quando vinham beber”. Confesso que este sempre me pareceu um texto muito difícil de ser compreendido, pois apresenta algo muito semelhante aos rituais utilizados pelas falsas religiões que se utilizam de artifícios como mandingas e todo tipo de amuletos e sortilégios para alcançarem alguma graça. O leitor desatento terá, sem dúvida, essa primeira impressão, mas quando observamos mais afundo o ensino aqui contido, perceberemos que não foi a mandinga ou o misticismo de Jacó que causaram as listras nas ovelhas, mas a Palavra Daquele que disse: “E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado” (Gn.28:15). Ainda que Jacó não se utilizasse de nenhum desses estratagemas, o Deus que arranca as rodas dos carros egípcios para atrasá-los (Ex.14:25) teria interferido e dado a ele o maior número de gado, ele não precisava desses recursos da carne, o fato de ter agido assim, apenas demonstrou o pequeno conhecimento que ainda tinha do Deus que lhe aparecera em Betel.


Gênesis Capítulo 31

"É difícil compreender como um homem após ter uma experiência tão viva com o Deus Santo, ainda prefira os ídolos".

Gênesis 31:10a13 – “E sucedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, eu levantei os meus olhos e vi em sonhos, e eis que os bodes, que cobriam as ovelhas, eram listrados, salpicados e malhados. E disse-me o anjo de Deus em sonhos: Jacó! E eu disse: Eis-me aqui. E disse ele: Levanta agora os teus olhos e vê todos os bodes que cobrem o rebanho, que são listrados, salpicados e malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te fez. Eu sou o Deus de Betel, onde tens ungido uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te agora, sai-te desta terra e torna-te à terra da tua parentela”. 

Quando lemos o capítulo 30 acerca da simpatia mística e da estratégia de Jacó para fazer nascerem ovelhas malhadas, temos a impressão de que ele estivesse fazendo uso de magia ou algo parecido. Lendo o capítulo 31, vemos que Jacó agiu de acordo com sua natureza, pois era um enganador, vivia fazendo planos engenhosos para competir com seus adversários e, sem dúvida, arquitetava mais uma de suas técnicas mirabolantes descascando varas de álamos para tentar sugestionar ovelhas a terem filhotes listrados. Obviamente, essa engenhoca não passava de mais uma tolice engendrada pela teimosia de Jacó; a única razão de terem nascido ovelhas malhadas e listradas era o fato de que Deus havia decretado a bênção sobre ele, ainda que ele jamais esperasse pelo método de Deus e sempre buscasse os seus “jeitinhos”.

Toda essa engenhosidade de Jacó, tem por finalidade realçar a maravilhosa graça de nosso Deus, pois Ele diz: Números 23:21 – “Não viu iniqüidade em Israel, nem contemplou maldade em Jacó........”. É preciso frisar aqui que, Deus não diz que não existe iniquidade e maldade em Jacó, não, Ele não diz que não existe, pois isso não seria verdade. A maldade está lá, sem dúvida, mas o Senhor diz que: Ele não vê! Que exemplo maravilhoso da Graça temos aqui, Jacó não ficou em Betel, lugar do encontro com Deus, mas antes, veio para Harã, local onde conviveu com seu tio Labão, tão engenhoso e ardiloso como ele. Este era o único local sobre a terra onde Jacó poderia aprender a sentir na pele todos os efeitos de seus próprios métodos. Deus escolheu Jacó, talvez se tivesse escolhido Esaú, jamais teríamos a doce consolação de ver que pessoas tão erradas, tão mesquinhas e trapaceiras como Jacó, quando são feitas alvos da maravilhosa Graça, encontram algo que a natureza humana jamais poderia fazer por si mesma e são transformadas em um novo ser.

Gênesis 31:19,20 – “E havendo Labão ido a tosquiar as suas ovelhas, furtou Raquel os ídolos que seu pai tinha. E Jacó logrou a Labão, o arameu, porque não lhe fez saber que fugia”. Que triste quadro temos aqui pintado, uma esposa idólatra roubando o próprio pai e um genro espertalhão logrando o sogro. Aqui, podemos sentir o doce consolo das Escrituras, pois nisto que vemos o triste estado da família de Jacó, sendo esmagado e tratado por Deus, também podemos ver a nós mesmos, pois se houve salvação para alguém assim, certamente há, para nós, esperança e remédio.

Gênesis 31:24 – “Veio, porém, Deus a Labão, o arameu, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales com Jacó nem bem nem mal”. Este é o verdadeiro diferencial de Jacó; um homem de poucos méritos, nas mãos de um Deus de pura misericórdia e bondade, disposto a reescrever a história de Seu servo escolhido.

Gênesis 31:32 – “Com quem achares os teus deuses, esse não viva; reconhece diante de nossos irmãos o que é teu do que está comigo, e toma-o para ti. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado”. Que terrível a sentença que deveria cair sobre aquele que havia furtado os ídolos de Labão. Esse deveria ser o fim de Raquel se não fosse a misericórdia do Senhor a protegê-la, apesar de seu fracasso e infidelidade para com Deus. O Senhor havia falado com Labão, ele havia tido uma experiência com o Deus altíssimo, ainda assim, preferia correr atrás de seus ídolos, revirava fervorosamente a bagagem de Jacó. É difícil compreender como um homem após ter uma experiência tão viva com o Deus Santo, ainda prefira os ídolos.

Gênesis 31:53 – “O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus de seu pai, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo temor de seu pai Isaque”. Aqui vemos que estes homens possuíam um bom conhecimento de Deus, tinham ouvido histórias e histórias de seus ancestrais, mas de alguma forma, que não podemos explicar, a não ser pela soberana escolha de Deus, Jacó foi tratado a ponto de transforma-se em Israel, mas Labão, continuou Labão por toda sua vida.

Que isto possa nos constranger o coração e nos impulsionar a clamar ao Senhor a fim de que sejamos alvos constantes de sua maravilhosa e soberana Graça. 



Gênesis Capítulo 32                                                   

"Utilizamos de nossos próprios meios carnais e pensamos que estamos esperando em Deus! E pedimos para Ele abençoar aquilo que planejamos em nossos engenhosos corações, o que apenas O afasta de nós, porque demonstra nossa falha em depender somente dEle. Na obra de Deus, apenas os meios de Deus são aprovados". 

Gênesis 32:1 – “JACÓ também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus”. Deus jamais desiste de seus servos escolhidos, vemos claramente nesta passagem que Deus deixa claro a Jacó qual seria sua companhia na jornada: “O exército do céu”. Assim como foi com Eliseu na guerra contra os Siros: II Reis 6:16 – “E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. Mas qual é a reação de Jacó diante desta revelação? Ele se alegra sabendo que estava sobre promessa de Deus e na segurança do céu? Infelizmente não, ele se volta aos seus planos e táticas, ele usa suas antigas ferramentas da  sabedoria carnal: Gênesis 32:3,6 – “E enviou Jacó mensageiros adiante de si a Esaú..... E os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; e também ele vem para encontrar-te, e quatrocentos homens com ele”. Definitivamente, ao invés de simplesmente confiar na promessa de Deus (Gênesis 31:3 – “...Torna-te à terra dos teus pais, e à tua parentela, e eu serei contigo”), Jacó prefere fazer estratégias:

Gênesis 32:7,8 – “Então Jacó temeu muito e angustiou-se; e repartiu o povo que com ele estava, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos, em dois bandos. Porque dizia: Se Esaú vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará”. Seu primeiro pensamento é sempre um plano alternativo; Não somos assim todos nós? Confiamos em Deus, até certo ponto, mas no caso de Deus demorar muito ou parecer distante, lanço mão dos meus próprios recursos e criatividade carnal, não desejo confiar unicamente em Deus. A nossa terrível condição é que fazemos planos e depois pedimos para Deus aprovar e abençoar os nossos planos, mas nunca deveria ser assim, se queremos Deus no controle, então é Ele quem faz os planos e dirige nossos passos. Ele não abençoará os nossos planos, mas antes, nos dará planos abençoados de Sua Mente.

Quantas vezes sentimo-nos satisfeitos em acrescentar orações aos nossos planos, usamos todos os nossos métodos e depois pedimos a Deus para abençoar. Mas certo é que devemos chegar, antes, ao fim de tudo que o “eu” tem alguma participação para só então, vermos a manifestação de Deus. Todavia, nós nunca podemos chegar ao fim dos nossos planos até sermos levados ao fim de nós próprios. Devemos ver que “...Toda carne é erva, e toda a sua beleza, como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor...”(Isaias40:6e7).

Gen.32:22a32 - Após todos os seus planos e preparativos prontos, então algo inesperado e incrível ocorre com Jacó: Ele “...porém, ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subiu”. Este é um ponto decisivo em sua história, ficar a sós com Deus é o único meio de chegar a um conhecimento justo e verdadeiro de nossos próprios caminhos. Somente quando pesamos nossas vidas e nossos feitos na balança do santuário é que conhecemos seu real valor... não importa o que nós ou as outras pessoas pensam a nosso respeito e sim, o que Deus pensa. Longe do mundo; longe do eu; longe de todos os pensamentos, argumentos, cálculos, e emoções da natureza, e “só com Deus” é que podemos obter um juízo correto de nossa condição.

“Lutou com ele um varão”. Devemos notar que não foi Jacó que lutou com um varão e sim o varão que lutou com ele. Esta história é vulgarmente conhecida como o poder de Jacó na oração, mas o contexto deixa claro que não é assim, pois aquele que luta é sempre o que pretende alcançar algo do outro e neste quadro, quem luta é o varão pois ele pretendia arrancar algo de Jacó. Deus pretendia arrancar de Jacó a correta visão acerca de si mesmo, ele precisava enxergar que fraca e débil criatura ele era, mas como Jacó resistia tenazmente ao tratamento divino, o varão “tocou a juntura de sua coxa; e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele”. A sentença de morte tem que ser lavrada sobre a carne – o poder da Cruz tem que ser compreendido antes de podermos andar firmemente com Deus. Até aqui vimos toda a desenvoltura e poder do caráter de Jacó, seus planos, sua engenhosidade, sua perspicácia durante os 20 anos de estadia com Labão, mas neste episódio sua carne é tocada, o ponto mais resistente e forte de seu corpo é danificado de forma definitiva, ele se torna um aleijado na carne, como Mefibosete (IISm.4:4), já não pode mais lutar, não pode mais correr, não pode contar com a força da carne........ tudo o que ele pode fazer é exclamar ao Senhor: “não te deixarei ir” .... oh maravilhosa e sublime declaração, como disse o poeta:

“Nenhum outro refúgio tenho;
Minha alma desamparada apega-se a Ti”.

“Eu o aplacarei com o presente”, este era o engenhoso Jacó, ele tinha em sua carne astuta muitos recursos, mas agora, ele está entrando em uma nova era de sua história, ele aprenderá que a fé, a verdadeira fé, representa uma completa dependência de Deus e de Seus meios, não se utiliza de nada e nem resgata nada de nossa velha natureza.

Nossa grande falha, é que muitas vezes por trás de uma aparente piedade, nós, na verdade, nos utilizamos de nossos próprios meios carnais e pensamos que estamos esperando em Deus para abençoar aquilo que planejamos em nossos engenhosos corações, o que apenas O afasta de nós, porque demonstra nossa falha em depender somente Dele. Na obra de Deus, apenas os meios de Deus são aprovados.

Chegar ao ponto de dizer: “Não te deixarei ir se não me abençoares”, não é algo fácil de se atingir, Jacó lutou muito, pois ele confiava demais em sua carne, porém Deus é um especialista em deprimir o caráter mais ativo. Ele sabe como tocar a mola do poder da natureza, e escrever a sentença de morte inteiramente sobre ela; enquanto isso não é feito, não pode haver verdadeiro poder com Deus ou o homem. Temos de ser “fracos” para podermos ser “fortes”. “O poder de Cristo” só pode “repousar sobre nós” em ligação com o conhecimento de nossas fraquezas. Cristo jamais colocará o selo de Sua aprovação sobre o poder da natureza caída e manchada pelo pecado: Todas estas coisas tem que submergir-se para que Ele possa levantar-Se.

Gênesis 32:27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. Aqui vemos Jacó (suplantador, enganador) sendo intimidado a enfrentar de forma definitiva sua velha natureza na forma descrita por seu nome. Ele confessa ser Jacó, compreende a implicação disso, a manifestação do “eu” em toda a sua deformidade moral, ainda assim, é abençoado independentemente de sua condição ou mérito e passa a chamar-se Israel (príncipe). Recebeu seu novo nome quando a juntura de sua coxa foi tocada. Tornou-se num príncipe poderoso quando foi levado a conhecer-se como homem fraco; Ainda assim o Senhor teve de dizer: “Por que perguntas pelo meu nome?” Não é feita a revelação d´Aquele que, todavia, havia posto a descoberta do verdadeiro nome e condição de Jacó.

De tudo isso podemos entender que é uma coisa sermos abençoados pelo Senhor e outra inteiramente distinta termos a revelação de Seu caráter, por meio do Espírito, aos nossos corações. “E abençoou-o ali”, mas não lhe disse o Seu nome. Há grande benção em sermos levados a conhecermo-nos a nós próprios e poder discernir claramente o que Deus é para nós, e tudo o que foi necessário fazer por nós na Cruz em que nos transformou. Foi assim com Jacó quando a juntura de sua coxa foi tocada e ele já não podia mais correr, caso seu irmão viesse para matá-lo, agora ele estava obrigado a depender unicamente de Deus e de Sua misericórdia.
Gênesis 32:30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. Jacó não sabia ainda o nome d´Aquele Homem, mas compreendeu ser o Deus-Homem, o Único capaz de salvar a sua pobre alma. Ele ainda seria levado a conhecer mais intimamente esse Deus maravilhoso e veremos isso no restante de sua história.

Desejo frisar também que, o livro de Jó é, em certo sentido, um comentário pormenorizado desta cena na história de Jacó. Através dos primeiros trinta e um capítulos de seu livro, Jó discute com seus amigos, e mantém o seu ponto de vista contra todos os seus argumentos. Porém, no capítulo 32, Deus, por intermédio de Eliú, começa a lutar com ele; e, no capítulo 38 vem diretamente sobre ele com toda a majestade do Seu poder, subjuga-o pela manifestação da Sua grandeza e glória, e arranca-lhe as palavras bem conhecidas: Jó 42:5e6 – “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. Isto era realmente tocar a juntura da sua coxa. E notemos esta expressão, “agora te vêem os meus olhos”.

Ele não diz vêem-me os meus olhos; não, mas “vêem-Te”. Nada senão uma visão do que Deus é, pode realmente levar ao arrependimento e a verdadeira abominação de si mesmo. Assim acontecerá com o povo de Israel, cuja história é análoga à de Jó. Quando eles contemplarem Aquele que feriram, lamentar-se-ão, e então haverá plena restauração e bênção (Ap.1:7).  O seu fim, a semelhança de Jó, será melhor do que o princípio. Aprenderão o pleno significado desta frase, “para tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim, contra o Teu ajudador” (Os.13:9).

Gênesis Capítulo 33                                                    

"Ao invés da luta e da tão temida espada de seu irmão, Jacó encontra o abraço e o beijo de reconciliação. Tais são os caminhos de Deus; quem não confiará nEle? Quem não O honrará com plena confiança do coração? Então, por que estamos sempre tão prontos a duvidar? A resposta é simples: Porque não estamos suficientemente a unidos a Ele. “Une-te pois a Ele e tem paz, e assim te sobrevirá o bem”(Jó22:21).
Gênesis 33:1e2 – “E LEVANTOU Jacó os seus olhos, e olhou, e eis que vinha Esaú, e quatrocentos homens com ele. Então repartiu os filhos entre Lia, e Raquel, e as duas servas. E pôs as servas e seus filhos na frente, e a Lia e seus filhos atrás; porém a Raquel e José os derradeiros”. Podemos ver que apesar da luta, do toque na juntura da coxa, do coxear, vemos Jacó ainda preocupado com seus planos e soluções humanistas; Ele levanta os olhos, teme Esaú, não crê que Deus o livrará da mesma forma que fizera diante da perseguição de Labão e planeja uma estratégia. 
É triste vermos que, em sua estratégia, ele claramente elege os menos importantes para colocar na linha de frente, a fim de serem os primeiros a morrer, no caso de Esaú estar irado, dando tempo para a fuga dos que vinham mais atrás. Desta forma, na linha de frente estão os servos e os filhos deles, logo atrás Leia e seus filhos e por último, os mais amados, Raquel e seu filho José que teriam mais tempo para fugir no caso de haver luta com o bando de Esaú. Humanamente falando, uma boa estratégia militar, digna de Jacó, mas Deus já havia feito a promessa de uma viajem segura, e ele precisava aprender a confiar no Senhor ao invés de estar sempre pronto às estratégias mundanas.
Gênesis 33:4 – “Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram”. Podemos notar o quanto era desnecessário todo o medo e ansiedade de Jacó; Deus, como sempre, chegara primeiro, Ele está na frente da linha de frente, Ele chegara primeiro ao bando de Esaú, da mesma forma como já havia feito com Labão (Gn.31:24).
Ao invés da luta e da tão temida espada de seu irmão, Jacó encontra o abraço e o beijo de reconciliação. Tais são os caminhos de Deus; quem não confiará nEle? Quem não O honrará com plena confiança do coração? Então, por que estamos sempre tão prontos a duvidar? A resposta é simples: Porque não estamos suficientemente a unidos a Ele. “Une-te pois a Ele e tem paz, e assim te sobrevirá o bem”(Jó22:21).
Esta é a grande máxima, tanto para os ímpios quanto para os cristãos: Conhecer verdadeiramente e intimamente a Deus é vida, paz e independência da criatura e das circunstâncias. João 17:3 –“E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.
Gênesis 33:10 – “Então disse Jacó: Não, se agora tenho achado graça em teus olhos, peço-te que tomes o meu presente da minha mão; porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tomaste contentamento em mim”. Sem dúvida podemos ver a verdade desta declaração, pois Jacó podia ver em Esaú e na atitude de Esaú, o rosto de Deus, afinal, como o coração e o desejo de vingança de Esaú poderiam ser mudados daquela forma se não fosse a intervenção do Senhor? Mais uma vez Jacó estava aprendendo a conhecer o seu Deus.
Gênesis 33:17 - Jacó, porém, partiu para Sucote e edificou para si uma casa; e fez cabanas para o seu gado; por isso chamou aquele lugar Sucote. Depois de tudo o que Deus havia realizado por Jacó, agora o vemos edificando casa em Sucote, tentando perder o caráter de peregrino e se estabelecendo longe de Betel. Deus havia dito a Jacó: “EU Sou o Deus de Betel”, Ele não disse o Deus de Sucote.
Gênesis 33:18a20 – “E chegou Jacó salvo à Salém, cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando vinha de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade. E comprou uma parte do campo em que estendera a sua tenda, da mão dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro. E levantou ali um altar, e chamou-lhe: Deus, o Deus de Israel”.
Jacó, então, muda para Siquém , compra um terreno e o nome pelo qual chama o seu altar é indicativo do estado moral de sua alma. Chama-o “El-elohe-Israel” ou “Deus, o Deus de Israel”. Isto era fazer uma ideia bem contratual de Deus, nós precisamos conhecer a Deus como o Nosso Deus, o Deus de Sua própria casa, o cabeça da Igreja, do qual somos parte do corpo, membros todos comandados e ordenados pelo Senhor, o qual temos que aprender a amar e confiar plenamente. 


Gênesis Capítulo 34                                                    

"Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”(Gl.6:7)

Gn.34:1a7 – Aqui se iniciam as tristes consequências da desobediência de Jacó. Se ele tivesse se dirigido para Betel (Canaã), certamente nada disso teria ocorrido.
Gn.34:8a24 – Os filhos de Siquém propõem um união, propõem uma íntima sociedade com os filhos de Jacó, assim, o povo de Deus iria se associar ao “povo da terra” para que tivessem possessões, direitos e comércios naquela terra; mas este jamais foi o plano de Deus que busca um povo santo (separado para Si), Deus separa e purifica Seu povo assim como Ele mesmo é separado de toda imundície deste mundo pecaminoso (Hebreus 7:26 - Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus); Temos que ver com clareza, que a atitude de Simeão e Levi foi uma horrível traição, mas aprouve a Deus fazer com que todas as coisas cooperassem para o bem de seu povo, pois a mistura será sempre uma maldição maior.
Gênesis 34:25a30 - ....“Então disse Jacó a Simeão e a Levi: Tendes-me turbado, fazendo-me cheirar mal entre os moradores desta terra, entre os cananeus e perizeus; tendo eu pouco povo em número, eles ajuntar-se-ão, e serei destruído, eu e minha casa”. Não que Jacó não fosse um homem de fé; ele era, tanto que aparece entre “uma tão grande nuvem de testemunhas” de Hebreus11. Porém mostrou um triste fracasso em não andar no exercício habitual desse princípio divino. Poderia a fé levá-lo a dizer, “ficarei destruído, eu e minha casa”? Não, evidentemente.
A promessa de Deus no capítulo 28:14,15 devia ter banido qualquer temor do seu espírito. “...te guardarei...não te deixarei”. Isto devia ter tranquilizado o seu coração. Porém, o fato é que a sua mente estava mais ocupada com o perigo que corria entre os homens de Siquém do que com sua segurança nas Mãos de Deus. Devia ter sabido que nem um só fio dos cabelos de sua cabeça poderia ser tocado, e, portanto ao invés de se preocupar tanto com Simeão e Levi, devia julgar-se a si próprio naquela condição. Se não tivesse se fixado em Siquém, Diná não teria sido desonrada, e a violência de seus filhos não teria sido manifestada. Vemos constantemente crentes passando por profunda dor e dificuldades por causa de sua própria infidelidade; e então, ao invés de julgarem-se a si mesmo começam a ponderar as circunstâncias e lançam sobre elas a culpa.
Quantas vezes vemos pais crentes, por exemplo, em aflição de alma quanto à travessura e mundanidade dos seus filhos; e, ao mesmo tempo, eles são os próprios culpados por não andarem em fidelidade perante Deus quanto às suas famílias. Foi assim com Jacó, estava em terreno moral baixo, em Siquém; e, visto que lhe faltava a sensibilidade espiritual para perceber o terreno em que estava, Deus, em verdadeira fidelidade, usou as circunstâncias para o castigar. “Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”(Gl.6:7). É um principio do governo moral de Deus – um princípio do qual ninguém pode escapar; e é uma misericórdia para os filhos de Deus serem obrigados a ceifar os frutos dos seus erros.
É uma misericórdia ser-se ensinado, de qualquer modo, da amargura de deixar ou de não contar com o Deus vivo. Temos que aprender que este não é o nosso repouso; porque bendito seja Deus, Ele não nos daria um repouso manchado. Ele quer que descansemos em e com Ele Próprio. Tal é Sua graça; e quando os nossos corações duvidam, ou fracassam, a Sua Palavra é “Se voltares..., diz o Senhorpara mim voltarás”(Jr.4:1). A humildade falsa, a qual é apenas o fruto da incredulidade, leva o extraviado ou apóstata a tomar uma posição inferior, desconhecendo o princípio ou medida da restauração de Deus. O Filho pródigo procurava ser tomado como um servo, desconhecendo que, tanto quanto lhe dizia respeito, ele não tinha mais direito nem título de servo, muito menos ao de filho; e, além disso, seria inteiramente indigno do caráter do pai colocá-lo numa tal posição. Devemos vir a Deus no princípio e segundo a maneira digna d`Ele Mesmo, ou então não vir.

Gênesis Capítulo 35                                                     

"Se eu me aproximar de Deus confiando apenas em meus próprios conceitos e padrões, certamente adorarei a mim mesmo, mas nunca o Deus de Israel. Jamais se pode achar que é algo sem importância misturar elementos impuros ao culto de Deus simplesmente por ser sincero e vir do coração".



Gn.35:1a8 - “Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali.” Isto confirma o princípio em que temos insistido. Quando há fracasso ou decadência o Senhor chama outra vez a alma a Si. “Lembra-te, pios, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras” (Ap.2:5). Este é o princípio de restauração. A alma tem que ser reconduzida ao ponto mais elevado; deve ser restaurada ao padrão divino. O Senhor não diz: "lembra-te de onde estás”. Só assim se pode aprender até que ponto tem chegado a decadência, e como se devem retroceder os passos.

Somente quando restaurados ao padrão elevado e Santo de Deus que podemos compreender a gravidade do mal do nosso estado de decadência. Que tremendo pecado moral havia caído sobre a família de Jacó, sem ser julgado por ele, ele nem mesmo podia entender a gravidade do mal, pois Siquém não era o lugar para se buscar essa compreensão. A atmosfera deste local estava impregnada demais com elementos impuros para permitir à alma discernir com algum grau de precisão e clareza o verdadeiro caráter do mal. Porém, logo que a chamada para Betel foi ouvida por Jacó, “então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos, que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes. E levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho que tenho andado.” 

A própria alusão à “Casa de Deus” tocou uma corda na alma do patriarca, e elevou-o, num abrir e fechar de olhos, sobre a história de vinte anos cheios de acontecimentos. Havia sido em Betel que ele aprendera o que Deus era, e não em Siquém; por isso ele tem que ir outra vez a Betel, e fazer ali um altar sobre uma base inteiramente diferente, e debaixo de um nome totalmente diferente do seu altar em Siquém. Este estava ligado a muita impureza e idolatria, a separação era fundamental, Jacó não podia se sentir bem morando em Siquém, Deus tinha que intervir.

Jacó podia falar de Deus, o “Deus de Israel”, ao mesmo tempo que estava rodeado por muitas coisas incompatíveis com a santidade da casa de Deus. Nada nos pode manter num estado de separação do mal, firme, inteligente e consciente, salvo um claro conhecimento da santidade devida à casa de Deus. Se eu me aproximar de Deus confiando apenas em meus próprios conceitos e padrões, certamente adorarei a mim mesmo, mas nunca o Deus de Israel. Jamais se pode achar que é algo sem importância misturar elementos impuros ao culto de Deus simplesmente por ser sincero e vir do coração. Jamais pode-se adorar a Deus em Siquém. Não se pode achar que um altar em Siquém é tão santo e elevado quanto um altar em Betel. Um crente espiritual logo irá detectar a grande diferença da condição moral de Jacó em Betel e sua condição em Siquém; a mesma diferença existe entre os dois altares, aquele que Deus escolheu para ser Luz (Betel) e aquele que o homem escolheu por lhe ser mais confortável e cômodo em Siquém. As nossas ideias quanto a adoração serão afetadas pela nossa condição espiritual; e a nossa adoração será baixa e formal ou elevada e santa justamente na proporção de nosso conhecimento acerca de Seu caráter, parentesco e Santidade.  

Gênesis 33:20 – “E levantou ali um altar, e chamou-lhe: Deus, o Deus de Israel”. O nome do altar reflete a exata condição de Jacó em Siquém, pois ali, Deus poderia ser o seu Deus, mas não o Deus da Sua casa, Sua casa era Betel. Por isso, o Altar de Betel tem de ser superior, pois ali Ele é o Deus de Sua casa, não apenas o Deus de um homem. De certo que há grande graça na expressão do título “Deus, o Deus de Israel”; e a alma não pode deixar de sentir-se feliz por considerar o caráter de Deus, ligando-se a cada pedra (IPe.2:5) de Sua casa; cada pedra do edifício de Deus “é uma pedra viva”, está ligada com “A Pedra Viva” e tem comunhão com o Deus vivo pelo poder do “Espírito de vida”. Porém, embora tudo isso seja bom e verdadeiro, Deus é o Deus de Sua casa; e quando podemos ter o discernimento para perceber isso e considerá-Lo como tal, o nosso culto toma um caráter mais elevado do que aquele que resulta de conhecermos meramente o que Ele é para nós, individualmente.

Gênesis 35:3 – “E levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho que tenho andado”. Jacó é convidado a levantar um altar ao Deus que lhe apareceu no dia de sua “angústia”. É bom, por vezes, que as nossas mentes sejam levadas desta maneira ao ponto em que na nossa história nos achamos lançados no degrau mais baixo da escada. Desta mesma forma, Saul também foi reconduzido ao tempo em que era “pequeno aos seus próprios olhos”. Este é o ponto de partida para todos nós. “......Porventura, sendo tu pequeno aos teus próprios olhos.....” (ISm.15:17), é um ponto de que precisamos ser lembrados muitas vezes. É então que o coração descansa realmente em Deus. Depois começamos a sentir que somos alguma coisa, e o Senhor é obrigado a ensinar-nos outra vez a nossa própria inutilidade.

Quando se entra no princípio ao serviço ou se é chamado a dar testemunho, que sensação se tem então da fraqueza pessoal e incapacidade! E, como consequência, que dependência de Deus, que apelos sinceros e fervorosos Lhe são feitos por auxílio e poder! Mais tarde começamos a pensar que, por termos estado tanto tempo ao serviço, podemos desempenhar bem o nosso cargo sós, pelo menos já não existe a mesma sensação de fraqueza, ou na mesma dependência simples em Deus; e então o nosso ministério torna-se pobre, fraco, petulante, uma coisa faladora, sem unção ou poder – uma coisa que resulta não da ação do Espírito, mas das nossas próprias mentes desgraçadas.

Gn.35:9a15 – Desde o versículo 9 a 15 Deus renova suas promessas a Jacó e confirma o seu novo nome de “príncipe”, em vez de “suplantador”; e Jacó chama outra vez o nome daquele local “Betel”.


Gn.35:18a29 – No versículo 18 temos um exemplo interessante da diferença entre o juízo da fé o e o juízo da natureza. Esta olha para as coisas através das nevoas escuras que a rodeiam; aquela (fé) olha para elas a luz dos desígnios e da presença de Deus. “E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim”. A natureza chamou-o “filho da minha dor”, mas a fé chamou-o “filho da minha destra”; assim é sempre. A diferença entre pensamentos da natureza e os da fé deve ser sempre grande, na verdade; e devemos desejar sempre que as nossas almas sejam governadas por esta, e não por aquela.


Gênesis Capítulo 36                                                     

"Nesta passagem podemos ver claramente a mão da providência divina separando os dois irmãos e as duas descendências, pois a Vontade de Deus jamais fora que habitassem juntas e se misturassem".



Este capítulo contém uma lista dos descendentes de Esaú, com os seus vários títulos e lugares de habitação.

Gênesis 36:7 – “Porque os bens deles eram muitos para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado”. Nesta passagem podemos ver claramente a mão da providência divina separando os dois irmãos e as duas descendências, pois a Vontade de Deus jamais fora que habitassem juntas e se misturassem. Assim sendo, pelo fato de que seriam os descendentes de Abraão por meio de Isaque e Jacó que possuiriam a terra de Canaã, pareceu bem ao Senhor conduzir a situação para conservar a linhagem de Jacó na terra e eliminar a linhagem de Esaú, enviando-o primeiramente para Seir. Não nos é revelado se Esaú havia compreendido as promessas de Deus feitas a Jacó, embora seus descendentes certamente procurassem negar a Israel qualquer direito à sua terra ou vida.

As posteridades de Jacó e Esaú não se desenvolveriam isoladamente, caminharam lado a lado, apesar de não se misturarem como nação única, viriam a se tornar, portanto, duas nações diferentes e terrivelmente inimigas, em constantes guerras, onde na maior parte do tempo os edomitas serviriam aos israelitas, conforme a profecia: “ ...o mais velho servirá o mais moço” (Gn.25:23).

Assim, também se cumpriu a profecia dada a Rebeca: “Duas nações há em teu ventre” (Gn25:23). Este capítulo narra a forma como se desenvolveu a nação do mais velho.
Gênesis 36:15 – “Estes são os príncipes dos filhos de Esaú: os filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, o príncipe Temã, o príncipe Omar, o príncipe Zefô, o príncipe Quenaz”. Este termo “príncipe ou governador de hum mil”, com apenas uma exceção (Zc.12:5e6), é usado exclusivamente para líderes tribais ou líderes de clãs, os líderes político/militares de Edom.

Não vamos alargar-nos em considerações a este respeito, mas passar imediatamente a uma das mais frutíferas e interessantes porções de todo o cânone de inspiração.


Gênesis Capítulo 37                                                     

"Temos visto em nosso país, templos lotados e líderes religiosos utilizando todo tipo de ferramentas para terem seus templos cada vez mais cheios de pessoas que se consideram crentes e dizem ver a Verdade, consideram-se salvas; Quando perguntamos acerca de Quem as salvou e do que foram salvas, ouvimos as respostas mais estranhas, pois vemos que nada sabem acerca do Deus que se manifestou na história e que se faz conhecer pelas Escrituras". 


Não há nas Escrituras Sagradas um símbolo mais perfeito e belo de Cristo do que José. Quer encaremos Cristo como objeto do amor do Pai ou da inveja dos “seus” – na Sua humilhação, sofrimentos, morte, exaltação e glória -, vêmo-Lo maravilhosamente simbolizado em José.

Gn.37:1a11 – Nestas passagens temos o relato do sonho de José, cujo relato desperta a inimizade de seus irmãos. Ele era o objeto do amor de seu pai e o assunto dos mais altos destinos e, visto que, seus irmãos não estavam em comunhão com estas coisas, eles odiaram-no. Não tinham parte no amor do pai e não aceitariam, jamais, a ideia da exaltação de José. Em tudo isso podemos ver a figura dos judeus nos dias de Cristo. “Veio para o que era Seu, e os Seus o rejeitaram” (Jo 1:11). Ele “não tinha parecer nem formosura” a seus olhos  (Is.53:2). Não O reconheceram como O filho de Deus nem como Rei de Israel. Os Seus olhos não estavam abertos para verem “a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo.1:14). Não o queriam, e pelo contrário, odiaram-No. 

Ora, no caso de José, vemos que ele não enfraqueceu, de modo nenhum, o seu testemunho em virtude da recusa de seus irmãos em aceitarem o seu primeiro sonho.

Sonhou também José um sonho que contou a seus irmãos; por isso o aborreciam ainda mais.......E sonhou ainda outro sonho e o contou a seus irmãos.” Isto era testemunho simples baseado na revelação divina; mas era testemunho que havia de levar José à cova. Se ele tivesse guardado o seu testemunho, ou tirado alguma coisa do seu poder e ofensa, ter-se-ia salvo a si próprio; mas não: Ele contou-lhes a verdade, e portanto eles o aborreceram e odiaram a ponto de desejarem matá-lo. E não é exatamente assim que reagem os ouvintes endurecidos diante da explanação do verdadeiro evangelho?

Gn.37:12a16 – “........E achou-o um homem, porque eis que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe o homem, dizendo: Que procuras? E ele disse: Procuro meus irmãos; dize-me, peço-te, onde eles apascentam”.

Cristo – Antítipo de José

Aconteceu assim com nosso Senhor: Ele deu testemunho da Verdade – fez boa confissão -, nada ocultou; só podia dizer a Verdade porque Ele era a Verdade encarnada, e o Seu testemunho da Verdade teve a resposta, por parte do homem, por meio da Cruz, o vinagre e a espada do soldado que feriu o Seu lado. O testemunho de Cristo foi também acompanhado da Graça mais profunda, plena e rica. Ele não veio apenas como a “Verdade”, mas também como a plena expressão do amor do Pai: “A Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo.1:17).

Ele foi a plena manifestação aos homens do que Deus é. Por isso o homem foi deixado inteiramente sem desculpa. Ele veio e mostrou Deus aos homens, e os homens odiaram a Deus completamente. A manifestação do amor divino produziu ódio cruel. É isto que vemos na Cruz; e temo-lo prefigurado de uma maneira tocante na cova onde José fora lançado por seus irmãos.

Gênesis 37:18-20 – “E viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele para o matarem. E disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mor! Vinde, pois, agora, e matemo-lo, e lancemo-lo numa destas covas, e diremos: Uma fera o comeu; e veremos que será dos seus sonhos”.            

Estas palavras nos lembram em muito aquilo que o Senhor Jesus ensinou acerca de Seu ministério profético na parábola de Mateus 21:37a39 – “E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram”. Deus enviou Seu Filho ao mundo debaixo dessa premissa: “Terão respeito a meu Filho”; mas, ah! O coração do homem não tinha temor pelo “bem Amado” do Pai! Lançaram-no fora. A terra e o céu estavam em discórdia a respeito de Cristo; e ainda o estão. O homem crucificou-O, mas Deus O ressuscitou dos mortos. O home pô-Lo na Cruz entre dois malfeitores; Deus colocou-O à Sua destra nas alturas. O homem deu-Lhe o lugar mais baixo na terra. Deus deu-Lhe o lugar mais elevado nos céus, em majestade sem igual.

José – um ramo frutífero

Tudo isso é prefigurado na história de José, vejamos: Gênesis 49:22-26 – “José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus ramos correm sobre o muro. Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e odiaram. O seu arco, porém, susteve-se no forte, e os braços de suas mãos foram fortalecidos pelas mãos do Valente de Jacó (de onde é o pastor e a pedra de Israel). Pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoará com bênçãos dos altos céus, com bênçãos do abismo que está embaixo, com bênçãos dos seios e da madre. As bênçãos de teu pai excederão as bênçãos de meus pais, até à extremidade dos outeiros eternos; elas estarão sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do que foi separado de seus irmãos”.

Estes versículos mostram “os sofrimentos de Cristo e a glória que se lhes havia de seguir” (IPe.1:11). “Os flecheiros” fizeram o seu trabalho; mas Deus era mais poderoso do que eles. O Verdadeiro José foi flechado e gravemente ferido na casa de seus amigos; porém, “os braços de suas mãos foram fortalecidos” no poder da ressurreição, e a fé conhece-O agora como fundamento de todos os propósitos de Deus de bênçãos e glória a respeito da Igreja, Israel e toda a criação. Quando pensamos em José na cova e na prisão, e mais tarde como governador de toda a terra do Egito, vemos a diferença que existe entre os pensamentos de Deus e os pensamentos dos homens; e assim quando olhamos para a Cruz e para o trono da majestade nos céus, vemos a mesma coisa.

Nunca houve nada que revelasse o verdadeiro estado do coração do homem para com Deus como a vinde de Cristo. “Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado” (Jo 15:22). Não é que eles não fossem pecadores. Não, mas “mas teriam pecado”. Do mesmo modo Ele diz noutro lugar: “Se fôsseis cegos não teríes pecado” (Jo 9:41). Deus aproximou-Se do homem na pessoa de Seu Filho, e o homem pode dizer: “Este é o herdeiro”, e, todavia, também disse: “Vinde matêmo-lo”. Por isso, “mas agora não têm desculpa do seu pecado”. Aqueles que dizem ver, não têm desculpa. A cegueira professa não é a dificuldade, mas sim a profissão de vista. Este é um princípio solene para uma época de crença professa, como esta. A continuidade do pecado está ligada com a profissão de ver. Um homem que é cego e sabe o que é, pode esperar que seus olhos sejam abertos, mas que poderá fazer-se por aquele que pensa ver, quando realmente não vê?

Temos visto em nosso país, templos lotados e líderes religiosos utilizando todo tipo de ferramentas para terem seus templos cada vez mais cheios de pessoas que se consideram crentes e dizem ver a Verdade, consideram-se salvas; Quando perguntamos acerca de Quem as salvou e do que foram salvas, ouvimos as respostas mais estranhas, pois vemos que nada sabem acerca do Deus que se manifestou na história e que se faz conhecer pelas escrituras. Vemos que aquilo que veem não passa de um deus que eles mesmos criaram para satisfazer seu ego, um bezerro de ouro que nada tem do Salvador ressurreto descrito na Palavra. Estes que dizem ver, que sentem uma falsa segurança religiosa, parecem ser as pessoas mais difíceis de serem convencidas de seu pecado e se voltarem para o Deus da Bíblia, o Único capaz de, realmente, fazer ver e salvar! 

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