O Destino de Lázaro
Por Irmão Acyr
O
Senhor Jesus esclarece (Mateus13:22) que muitos se tornariam crentes, receberiam a Palavra, estariam
nas Igrejas, mas os cuidados desta vida e a
fascinação das riquezas sufocariam o efeito da Palavra e estes ficariam infrutíferos e jamais poderiam ter o fruto do Espírito em suas vidas.
Lucas 16:25
- Disse, porém Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua
vida, e Lázaro igualmente os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu
em tormentos.Certamente ao leitor desatento, este pode ser um texto que, facilmente,
passaria despercebido, no entanto, quero meditar acerca de alguns ensinos
contidos nestas Palavras de nosso Senhor Jesus Cristo.
Primeiramente,
gostaria de realçar a frase : “Lázaro
igualmente males”. Qual o real sentido do advérbio “igualmente” neste contexto?
Parece-nos, aqui, que o Senhor está utilizando de uma comparação na qual o
homem rico estaria tendo um sofrimento diretamente proporcional ao luxo e às
regalias que havia tido em sua vida terrena. Abraão diz:
“Lembra-te”, você recebeu seus bens, suas recompensas, seus imóveis, seus
carros em sua vida, e agora, na mesma proporção recebe sofrimentos e dores.
Creio que não seria difícil inferir que o Senhor estivesse falando acerca de
algo muito sério, se voltarmos aos versículos 8 e 9 de
Lucas16, veremos o Senhor dizendo em outra parábola: “Os filhos do mundo são mais hábeis (espertos e capacitados em relação ao uso
do dinheiro) na sua
própria geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as
riquezas da injustiça (tudo o
que se refere a dinheiro possui ligação com injustiça); para que, quando estas vos faltarem (sua morte) vos recebam eles (pessoas que você abençoou) nos tabernáculos eternos (céu).
Desta
forma, o Senhor classifica o dinheiro como: “Riquezas
da injustiça”; para muitos, o Senhor Jesus cometeu um forte exagero nesta
classificação, afinal , Ele mesmo mandou que Pedro apanhasse um estáter para
pagar sua entrada na cidade de Cafarnaum (Mateus17:27),
portanto, Ele, também, utilizou dinheiro, de alguma forma, para Seu próprio
benefício. Eu afirmo irmãos, que nisto não há contradição alguma! O Senhor
Jesus está ensinando que há algo sobre a terra carregado de iniquidade e
injustiça e, esse algo, é o dinheiro, mas que mesmo esse algo, pode, de alguma
forma, ajudar pessoas, e precisamos desesperadamente ser sábios, ponderados e
diligentes na forma como utilizamos nossos recursos materiais, para que eles se
tornem bênçãos e não maldições em nossas vidas.
Talvez
alguém possa argumentar: “Se a salvação é somente pela fé, então temos aqui uma
grande contradição, afinal, não é justo que um homem tenha ido para o inferno
apenas por ser rico e ter gozado das benesses e regalias da riqueza! Qual é o
problema em possuir muitas riquezas e batalhar por elas? Nós até vemos tantas
pessoas dando testemunho que pela fé compraram casas, carros, coisas, coisas e
coisas”. Quero observar que não vemos muitos testemunhos de pessoas que pela fé
compraram sacolões e distribuíram aos pobres, ainda que, saibamos do fato de
que estas pessoas existem. No entanto, por obedecerem o ensino de Jesus, que
ordena: “Mas,
quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita;
Quando, pois, deres esmola, não faça
tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas (templos evangélicos) e nas ruas, para serem glorificados
pelos homens (Mt.6:2a4),
estão, portanto, no anonimato, sendo conhecidos, em sua maioria, apenas por
Deus.
A este
argumento, respondo: Sei que muitos acreditam que utilizando a fé alcançaram
muitos bens neste mundo, mas temo que para estes, as Palavras de nosso Senhor dizem: “Os filhos deste mundo são mais
hábeis em sua geração...” Não
creio que Deus deva ser responsabilizado por estes testemunhos que tratam
apenas de negócios desta geração terrena que possui olhos tão fixos neste mundo
e nos bens materiais.
Voltando ao nosso versículo, pensemos: Ao mandar o rico para o
inferno, fez injustiça o nosso Deus? Afinal o texto não diz que o homem era um
adúltero, um ladrão, um homicida, um assassino, ou que tenha quebrado os dez
mandamentos da Lei, não diz nada disso, diz apenas que era um homem próspero e
que sabia aproveitar e se beneficiar de suas riquezas.
Estas riquezas podem ter sido adquiridas de forma honesta, com
trabalho honesto, não somos informados quanto a isso. O texto apenas diz que o
homem tinha muito bom gosto ao se vestir, usava boas grifes, usava púrpura, a cor
mais cara e difícil daquela época, ele, afinal, seguia a tendência da moda; diz
o texto também que ele vivia
regalada e esplendidamente, em outras palavras, ele dava a si mesmo
todos os presentes ou regalos que o seu dinheiro pudesse comprar, talvez fizesse
muitas viagens e fosse a vários shoppings de sua época, utilizava bem o
dinheiro que possuía, afinal, neste pequeno texto não podemos saber muita
acerca deste homem, mas, de uma coisa podemos ter certeza, esse homem era um crente!
Ele conhecia a Bíblia, conhecia tão bem a Abraão, o pai da fé,
que o reconheceu de imediato, assim que colocou os olhos no ancião sobre o qual Lázaro se reclinava. Ele
sabia que era Abraão, ainda que nunca tivesse visto uma foto sequer; Abraão era
um homem que havia vivido cerca de 2000anos antes dessa parábola, não haviam
fotos, legendas ou retratos que o ajudassem, mas ao abrir os olhos no desespero
do inferno, este crente rico sabia
o que estava acontecendo, ele sabia diante de quem estava e, agora, também poderia
compreender melhor a razão de estar na prisão eterna cuja sentença jamais será
revogada.
Podemos ter a mais completa certeza de que este homem era um
crente, conhecia a Bíblia, conhecia os personagens da Bíblia, compreendia que
seus familiares também teriam um destino como o seu. Então ele pede a Abraão
para avisar seus familiares antes que fossem enviados para o lugar de tormento.
Mas em resposta, Abraão diz: “Eles têm
Moisés e os profetas (na
Bíblia); ouçam-nos”. Ou
seja, nos ouçam, nossas palavras estão registradas naquelas Escrituras que
semanas após semanas são lidas na Igreja, porque vocês não ouvem?
Alguém
ainda pode insistir que se as riquezas podem condenar um homem ao inferno,
então a salvação é por obras e não por fé, afinal disse Jesus ao jovem rico: “Ainda te falta uma coisa; vende
tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu; vem, e
segue-me”(Lc.18:22). Aqui podemos ver uma troca bem delimitada, uma condição para
se ter um tesouro no céu. A isto Tiago2:17 acrescenta: “A fé sem obras é morta”. E Paulo diz a ITimóteo6:9: “Ora, os que querem ficar ricos
caem em grande tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e
perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição”.
Bom ,
depois disto, podemos até pensar que é mais fácil passar um camelo pelo fundo
de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.
Quero deixar claro que a salvação não é dada pelas obras, mas
como disse o Espírito Santo em Romanos 3:22- pela “Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo”. Quero
também esclarecer que as riquezas não têm poder para impedir que um homem seja
salvo, e que um homem rico poderá ser tão salvo quanto um pobre Lázaro, e
desejo mostrar que, “onde estiver o seu tesouro ai estará também seu coração” e, que a essência de todos estes textos não
é para condenar os ricos deste mundo ao inferno, mas trazer um forte grito de
alerta a todo aquele que possui bens neste mundo e a forma como utiliza esses
bens! Quero esclarecer ainda, que a salvação se dá pela fé na Obra redentora de
nosso Senhor Jesus Cristo e no fato de receber os méritos por Ele adquiridos na
cruz do Calvário quando deposito nEle minha fé e esperança, e não fui salvo por
minhas obras, mas minhas obras dão testemunho da minha salvação. As boas obras
espelham e refletem a vida de um salvo! Elas dão testemunho quando gritam ao
mundo perdido que meu coração não está doente de amores pelo glamour e pelos
valores desta geração, dão testemunho quando abro mão do meu conforto para
ajudar os necessitados, dão testemunho que confio no suprimento diário dado
pelo Senhor Jesus, e não vivo ansioso pela glória dos homens, dadas àqueles que
se vestem de púrpura e são cheios de soberba da vida!
O Senhor Jesus esclarece (Mateus13:22) que muitos se tornariam crentes, receberiam
a Palavra, estariam nas Igrejas, mas os cuidados desta vida e a fascinação das
riquezas sufocariam o
efeito da Palavra e
estes ficariam infrutíferos e
jamais poderiam ter o fruto do Espírito em suas vidas. Não creio que essas
pessoas deixem a congregação, elas estão na Igreja, elas passam a vida na
Igreja, elas até pregam o evangelho e agregam muitos outros ao sistema
religioso, trazem os amigos e dizem: “Olha, venha para a Igreja, Jesus não faz
exigências desagradáveis, você só precisa ter um padrão moral mais elevado e
não cometer pecados grosseiros!” Mas
a santificação da mente, aquilo que está oculto aos olhos dos homens, aquilo
que somente eu sei que desejo e alimento em meu coração, esses desejos, esses
impulsos, jamais serão removidos, jamais haverá o Fruto completo do Espírito: A nossa Santificação.
E quero
finalizar, afirmando que, aquele homem não acordou no inferno somente por ser
rico, mas apenas porque aprendeu a viver regaladamente e isso cegou seus olhos
para todo o resto, seu coração cuidou do seu tesouro, ele gostava de coisas
caras, “coisas de griff”, ele gastava seu tempo com muitas diversões
consideradas “inocentes” em nosso cristianismo moderno como: Shoppings,
televisão, vídeo games, celulares de última geração e tudo aquilo que atrai
nossos olhos para este mundo que jaz no
maligno(IJoão5:19) e que
sempre acaba por tornar-se nosso maior tesouro e fonte de todo o interesse de
nossos corações.
Quero,
também, acrescentar que, no mundo de hoje, qualquer indivíduo de classe média
vive muito mais regaladamente que os maiores reis e sultões da antiguidade,
pois a facilidade de entretenimentos e diversões que regala a vida de um
cidadão comum de nossas dias, jamais foi alcançada nem mesmo por Salomão em seu
dias de glória, e que todos estes regalos da vida moderna que pressionam os
pais a dar celulares e jogos de computadores aos seus filhos são cadeias
poderosíssimas que farão muitos cristãos nominais acordarem no inferno e
ouvirem do nosso Senhor: “Filho,
lembraste que recebeste os teus bens em tua vida...”
Que
Deus muito os abençoe!
Irmão
Acyr