quinta-feira, 16 de maio de 2013

Certificando-se da Fé - J. C. Ryle 



"Todas ficaram mais ou menos aquém do padrão, acomodadas à própria escória. Todas se têm mostrado mui prontas a estarem satisfeitas com reformas meramente externas".

E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má (Mt. 12.43-45).
Despertados como haviam sido, pela pregação de João Batista, o arrependimento parece ter sido superficial. Nos dias em que o Senhor Jesus lhes falava, eles se haviam tornado, como nação, mais duros e perversos do que nunca. A vulgaridade da adoração aos ídolos cedera lugar a um mero formalismo morto. Sete outros espíritos, piores do que o primeiro, tinham vindo apossar-se deles. O seu último estado foi rapidamente se tornando pior do que o primeiro. Loucamente, foram-se atirando a uma guerra rebelde contra Roma. A Judéia transformou-se em uma autêntica Babel de confusão. Jerusalém foi tomada. O templo destruído. Os judeus foram dispersos por todo o mundo.

É também muito provável que este seja um quadro da história da igreja cristã, como um todo. Libertados como foram das trevas do paganismo mediante a pregação do evangelho, os crentes jamais chegaram a viver à altura da luz que receberam. Revificadas como muitas foram, por ocasião da Reforma Protestante, nenhuma das igrejas de Cristo tem chegado a fazer uso correto de todos os seus privilégios, e nem tem avançado “até a  perfeição”. Todas ficaram mais ou menos aquém do padrão, acomodadas à própria escória. Todas se têm mostrado mui prontas a estarem satisfeitas com reformas meramente externas. E agora há dolorosos sintomas, em quase todo lugar, de que o espírito maligno tem retornado á sua antiga casa, e está preparando uma insurreição de infidelidade e doutrinas falsas, tal qual nunca se viu até hoje. Entre a incredulidade em certos segmentos da igreja, e a superstição formal em outros, tudo parece estar pronto para alguma terrível manifestação do Anti-Cristo.  É de temer-se muito que o último estado das professas igrejas cristãs venha a mostrar-se muito pior do que o primeiro.
O mais triste, e o pior de tudo, é que temos aqui, neste quadro, a história de muitos homens e mulheres. Houve pessoas que, durante um certo tempo, pareciam estar sob a influência de fortes sentimentos religiosos. Elas mudaram de vida. Puseram de lado muitas coisas ruins. Adotaram muitas coisas boas. No entanto, estacaram nesse ponto e não mais avançaram, e pouco a pouco foram perdendo completamente o seu cristianismo. Assim, o espírito maligno voltou, e encontrou a casa vazia, varrida e adornada, e essas pessoas são agora piores do que jamais foram antes. Parecem ter a consciência cauterizada. O sentimento religioso parece inteiramente destruído. Parecem ser homens entregues a uma mente corrompida. Poderíamos mesmo afirmar que, agora, “é impossível renová-los outra vez para arrependimento” (Hb 6.6). Ninguém mostra ser tão desesperadamente ímpio como aqueles que, após terem experimentados fortes convicções religiosas, voltaram de novo ao pecado e ao mundo.
Se amamos a vida, oremos para que estas lições fiquem profundamente gravadas em nossas mentes. Que jamais nos contentemos com uma reforma parcial de vida, sem uma inteira conversão a Deus, e sem a mortificação do corpo inteiro do pecado. É coisa excelente esforçarmo-nos por expulsar o pecado para fora do nosso coração. Todavia, sejamos cuidadosos, para que, em lugar do pecado, demos acolhida à graça de Deus. Certifiquemo-nos de que não somente nos temos libertados do antigo inquilino, o diabo, mas também, certifiquemo-nos de que já temos em nós o Espírito Santo.
fonte: reformados.com.br

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