terça-feira, 2 de setembro de 2014

A Doutrina dos Fariseus 

"É muito provável que um homem controle seus impulsos pecaminosos externos por medo da punição dos homens; mas quem poderá conter o que vai dentro do coração?"  

Mt.23:1a5a- Então falou Jesus à multidão e, aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e os fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; e fazem todas as coisas a fim de serem vistos pelos homens.   

Algo que muito impressiona, nos quatro evangelhos, é a doutrina dos líderes da religião a qual nosso Senhor Jesus pertencia: O judaísmo. Pela informação que temos, os dois líderes principais eram os fariseus Anás e seu genro Caifás. O Senhor Jesus, Filho de Deus, precisava cumprir toda a Lei que essa religião ensinava (não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido.Mt.5:17e18). Essa não era uma missão fácil, cumprir toda a Lei e ainda enfrentar os líderes religiosos que, somente à vista dos homens, guardavam e ensinavam esta Lei.

Estudando os evangelhos, vemos que, desde o Seu nascimento, o Senhor Jesus cumpria integralmente a Lei, primeiramente sendo apresentado no templo (E, cumprindo-se os dias da purificação dela (Maria, mãe de Jesus), segundo a Lei de Moisés, O levaram a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor segundo o que está escrito na Lei do Senhor: Todo macho primogênito será consagrado ao Senhor. Lc.2:22e23).

Por que Jesus precisava cumprir toda a Lei? A resposta nos é dada em: IPedro1:18a20- Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós. Para que, como filho do Homem, ou, representante dos homens, o Senhor Jesus fosse um cordeiro imaculado, Ele não poderia ter pecado algum, em nada poderia quebrar a Lei de Deus, era necessário que Ele cumprisse toda a Lei a fim de que...De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador (deu garantia)...permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se achegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo-sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus-Hb.7:22a26).

Assim concluímos que para ser o mediador de uma nova aliança em seu Sangue, para ser nosso eterno sumo-sacerdote, o Senhor Jesus precisava cumprir toda a Lei, não poderia cometer nenhum erro ou pecado. Sabemos que o Senhor Jesus fez tudo com tamanha perfeição que, quando indagado pelos fariseus disse: “Quem de vós me convence de pecado?”(João8:46).

A Lei era Aquilo que o Senhor Jesus chamou de “Cadeira de Moisés”. O Senhor disse algo muito especial: “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e os fariseus”. O Senhor Jesus não fez uma crítica à Lei e nem à religião a que Ele mesmo pertencia, já que, enquanto homem, era um judeu da descendência de Davi. Porém, Ele faz uma advertência acerca dessa cadeira, Ele diz que nela estão assentados alguns tipos! Ele fala algo muito espetacular, algo tremendo e profundo acerca dessas pessoas; Ele diz: “Fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens”.

Isto é algo muito perscrutador, muito terrível! O Senhor Jesus descortina os corações daqueles líderes religiosos. Eles estavam à frente do povo de Deus, eles eram os líderes, possuíam preeminência e destaque, conduziam a adoração a Deus; promoviam os cultos, cuidavam do dinheiro arrecadado no templo, cuidavam da obra de Deus aos olhos do povo, mas não aos olhos de Deus. A sentença do Senhor é lancinante e decisiva, o Senhor afirma: “Fazem as obras a fim de serem vistos pelos homens”. Parece que esses líderes desejavam a aprovação dos homens, eles estavam preocupados com a opinião pública, os elogios dos homens. Para muitos, não há qualquer mal em se esperar a aprovação dos homens naquilo que se faz para Deus. Mas o Senhor Jesus parece intensamente contrário à opinião popular quando diz: “Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas”. Lc.6:26.

De uma forma muito incrível, a Palavra de Deus deixa claro que o povo sempre aplaudirá e elogiará os falsos profetas. De alguma forma, Elias, dentro da caverna reclamava com Deus dizendo: “Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a Tua aliança, derrubaram os Teus altares, e mataram os Teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem”. (IReis19:10). 

Sabemos que Deus não aceitou os argumentos de Elias e respondeu que Ele mesmo havia reservado um remanescente fiel no meio do povo, sete mil que não se dobraram frente aos ídolos. Mas quero aqui frisar que, Elias estava sendo procurado vivo ou morto pelos líderes de Israel, eles seguia um rei ímpio. O Povo havia pedido um rei no tempo de Saul, agora seguiam outro rei igualmente mau. Alguém que, da mesma forma que os fariseus, assumira a liderança espiritual e política do povo, desviando-os do seu Deus. É muito óbvio que, à vista da massa popular, os elogios ficassem com Acabe (rei de Israel) e as críticas e as perseguições  fossem o saldo de Elias, sempre tão impopular em sua época.

Mas aqui, há outro ponto que gostaria de salientar. Quanto a Acabe, sabemos que ele era completamente diferente dos fariseus no aspecto do ensino de doutrinas; porque Acabe liderava com falso ensino, enquanto os fariseus não recebem reprovação do Senhor Jesus quanto àquilo que ensinavam. Vejamos duas frases do Senhor:
 -“Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as.(Mt.23:3).
-“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”. (Mt.5:20).

Neste capítulo cinco de Mateus, o Senhor Jesus explica e esclarece acerca do princípio fundamental da Lei que os fariseus e escribas ensinavam. O Senhor Jesus diz: “Ouviste o que foi dito aos antigos...Eu porém vos digo”.(Mt 5:21,22). Naquele período em que não haviam muitas pessoas com capacidade para leitura, a Lei era ensinada de forma verbal, por isso o Senhor diz: “Ouviste o que foi dito”. As pessoas ouviam a leitura da lei nas sinagogas e praças. Logo em seguida o Senhor diz: ”Eu porém vos digo”. O Senhor demonstra o lado espiritual da Lei, que ia muito além de regras de condutas; Ele mostra que o que realmente importa é que a essência do ensino transmita o caráter de Deus regulando nossos pensamentos e motivações, Ele afirma: “Eu porém vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério”. 

Jesus estabelece que o problema não é meramente o que eu faço e sim o que eu penso, não é meramente o que eu expresso e sim o que eu sou e, portanto, a minha salvação não está, primariamente, em minhas obras exteriores, mas na obra interior de Deus em mim, na extensão da transformação gerada pela nova vida em Cristo. É muito provável que um homem controle seus impulsos pecaminosos externos por medo da punição dos homens; mas quem poderá conter o que vai dentro do coração?

Desta forma, o Senhor Jesus estabelece o fim da cadeira de Moisés, o fim ou, a finalidade da Lei e da doutrina dos fariseus, ou seja, ela deve ser o externo daquilo que Deus fez no interno, portanto, como disse o Senhor: “Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo”.(Mt.23:26).

Quero concluir com as Palavras do Senhor Jesus: “Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da Lei, o juízo e a misericórdia e a fé; DEVEIS, PORÉM, FAZER TODAS ESSAS COISAS, E NÃO OMITIR AQUELAS” (Mt.23:23).

O que estava errado, o ensino dos fariseus, ou sua prática? Sua doutrina, ou sua conduta? Creio que o texto é claro em si mesmo. Podemos afirmar, sem qualquer receio que, um professor universitário pode ensinar acerca da energia nuclear sem jamais ter presenciado uma explosão atômica, mas, na vida cristã, não é assim, pelo contrário, todo ensino cristão só é real na vida daqueles que praticam o que ensinam. O Senhor Jesus reprovou os fariseus não pelo conteúdo de sua doutrina, mas pela ausência de sua aplicação pessoal e, desejo aqui, caro irmão, dizer que o Senhor Jesus cumpriu toda a Lei e desafiou os fariseus a encontrar qualquer erro de conduta em sua vida, tendo como parâmetro de medida a própria Lei que os fariseus ensinavam e não viviam. Desta forma, desejo desafiá-lo, não a condenar a doutrina, mas, como fez o Senhor Jesus, nosso Mestre, cumpri-la cabalmente, pois, como disse o Senhor: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus”.

Que nenhum de nós, naquele Grande Dia, venha a encontrar fechados os portais eternos!


Que Deus muito os abençoe!

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