A Doutrina dos Fariseus
"É muito provável que um homem controle seus impulsos pecaminosos externos por medo da punição dos homens; mas quem poderá conter o que vai dentro do coração?"
Mt.23:1a5a-
Então falou Jesus à multidão e, aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de
Moisés estão assentados os escribas e os fariseus. Todas as coisas, pois, que
vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em
conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois atam fardos
pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém,
nem com o dedo querem movê-los; e fazem todas as coisas a fim de serem vistos
pelos homens.
Algo
que muito impressiona, nos quatro evangelhos, é a doutrina dos líderes da
religião a qual nosso Senhor Jesus pertencia: O judaísmo. Pela informação que
temos, os dois líderes principais eram os fariseus Anás e seu genro Caifás. O
Senhor Jesus, Filho de Deus, precisava cumprir toda a Lei que essa religião
ensinava (não cuideis que vim destruir a Lei ou os
profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que
o céu e a terra passem, nem um jota ou til se omitirá da Lei, sem que tudo seja
cumprido.Mt.5:17e18). Essa não era uma missão fácil,
cumprir toda a Lei e ainda enfrentar os líderes religiosos que, somente à vista
dos homens, guardavam e ensinavam esta Lei.
Estudando os evangelhos, vemos que, desde o Seu nascimento, o Senhor Jesus cumpria integralmente a Lei, primeiramente sendo apresentado no templo (E, cumprindo-se os dias da purificação dela (Maria, mãe de Jesus), segundo a Lei de Moisés, O levaram a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor segundo o que está escrito na Lei do Senhor: Todo macho primogênito será consagrado ao Senhor. Lc.2:22e23).
Por
que Jesus precisava cumprir toda a Lei? A resposta nos é dada em: IPedro1:18a20- Sabendo que não foi com coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de
viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de
Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em
outro tempo foi conhecido, antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes
últimos tempos por amor de vós. Para que,
como filho do Homem, ou, representante dos homens, o Senhor Jesus fosse um
cordeiro imaculado, Ele não poderia ter pecado algum, em nada poderia quebrar a
Lei de Deus, era necessário que Ele cumprisse toda a Lei a fim de que...De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador (deu garantia)...permanece
eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por Ele se achegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles. Porque nos convinha tal sumo-sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado,
separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus-Hb.7:22a26).
Assim
concluímos que para ser o mediador de uma nova aliança em seu Sangue, para ser
nosso eterno sumo-sacerdote, o Senhor Jesus precisava cumprir toda a Lei, não
poderia cometer nenhum erro ou pecado. Sabemos que o Senhor Jesus
fez tudo com tamanha perfeição que, quando indagado pelos fariseus disse: “Quem de vós me convence de pecado?”(João8:46).
A
Lei era Aquilo que o Senhor Jesus chamou de “Cadeira
de Moisés”. O Senhor disse algo muito
especial: “Na cadeira de Moisés estão assentados os
escribas e os fariseus”. O Senhor Jesus não fez uma
crítica à Lei e nem à religião a que Ele mesmo pertencia, já que, enquanto
homem, era um judeu da descendência de Davi. Porém, Ele faz uma advertência
acerca dessa cadeira, Ele diz que nela estão assentados alguns tipos! Ele fala
algo muito espetacular, algo tremendo e profundo acerca dessas pessoas; Ele
diz: “Fazem todas as obras a fim de serem
vistos pelos homens”.
Isto
é algo muito perscrutador, muito terrível! O Senhor Jesus descortina os
corações daqueles líderes religiosos. Eles estavam à frente do povo de Deus,
eles eram os líderes, possuíam preeminência e destaque, conduziam a adoração a
Deus; promoviam os cultos, cuidavam do dinheiro arrecadado no templo, cuidavam
da obra de Deus aos olhos do povo, mas não aos olhos de Deus. A sentença do
Senhor é lancinante e decisiva, o Senhor afirma: “Fazem as obras a fim de serem vistos pelos homens”. Parece que esses líderes desejavam a aprovação dos
homens, eles estavam preocupados com a opinião pública, os elogios dos homens.
Para muitos, não há qualquer mal em se esperar a aprovação dos homens naquilo
que se faz para Deus. Mas o Senhor Jesus parece intensamente contrário à
opinião popular quando diz: “Ai
de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus
pais aos falsos profetas”. Lc.6:26.
De
uma forma muito incrível, a Palavra de Deus deixa claro que o povo sempre
aplaudirá e elogiará os falsos profetas. De alguma forma, Elias, dentro da
caverna reclamava com Deus dizendo: “Tenho
sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel
deixaram a Tua aliança, derrubaram os Teus altares, e mataram os Teus profetas
à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem”. (IReis19:10).
Sabemos
que Deus não aceitou os argumentos de Elias e respondeu que Ele mesmo havia
reservado um remanescente fiel no meio do povo, sete mil que não se dobraram
frente aos ídolos. Mas quero aqui frisar que, Elias estava sendo procurado vivo
ou morto pelos líderes de Israel, eles seguia um rei ímpio. O Povo havia pedido
um rei no tempo de Saul, agora seguiam outro rei igualmente mau. Alguém que, da
mesma forma que os fariseus, assumira a liderança espiritual e política do
povo, desviando-os do seu Deus. É muito óbvio que, à vista da massa popular, os
elogios ficassem com Acabe (rei de Israel) e as críticas e as perseguições
fossem o saldo de Elias, sempre tão impopular em sua época.
Mas
aqui, há outro ponto que gostaria de salientar. Quanto a Acabe, sabemos que ele
era completamente diferente dos fariseus no aspecto do ensino de doutrinas;
porque Acabe liderava com falso ensino, enquanto os fariseus não recebem
reprovação do Senhor Jesus quanto àquilo que ensinavam. Vejamos duas frases do
Senhor:
-“Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e
fazei-as.(Mt.23:3).
-“Porque
vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no reino dos céus”. (Mt.5:20).
Neste
capítulo cinco de Mateus, o Senhor Jesus explica e esclarece acerca do
princípio fundamental da Lei que os fariseus e escribas ensinavam. O Senhor
Jesus diz: “Ouviste o que foi dito aos antigos...Eu
porém vos digo”.(Mt 5:21,22). Naquele período em que não haviam muitas pessoas com
capacidade para leitura, a Lei era ensinada de forma verbal, por isso o Senhor
diz: “Ouviste o que foi dito”. As pessoas ouviam a leitura da lei nas sinagogas e
praças. Logo em seguida o Senhor diz: ”Eu porém
vos digo”. O Senhor demonstra o lado
espiritual da Lei, que ia muito além de regras de condutas; Ele mostra que o
que realmente importa é que a essência do ensino transmita o caráter de Deus regulando
nossos pensamentos e motivações, Ele afirma: “Eu porém vos digo que qualquer que atentar numa mulher para
a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério”.
Jesus
estabelece que o problema não é meramente o que eu faço e sim o que eu penso,
não é meramente o que eu expresso e sim o que eu sou e, portanto, a minha
salvação não está, primariamente, em minhas obras exteriores, mas na obra
interior de Deus em mim, na extensão da transformação gerada pela nova vida
em Cristo. É muito provável que um homem controle seus impulsos
pecaminosos externos por medo da punição dos homens; mas quem poderá conter o
que vai dentro do coração?
Desta
forma, o Senhor Jesus estabelece o fim da cadeira de Moisés, o fim ou, a
finalidade da Lei e da doutrina dos fariseus, ou seja, ela deve ser o externo
daquilo que Deus fez no interno, portanto, como disse o Senhor: “Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que
também o exterior fique limpo”.(Mt.23:26).
Quero
concluir com as Palavras do Senhor Jesus: “Ai
de vós escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e
o cominho, e desprezais o mais importante da Lei, o juízo e a misericórdia e a
fé; DEVEIS, PORÉM, FAZER TODAS ESSAS COISAS, E NÃO OMITIR AQUELAS” (Mt.23:23).
O
que estava errado, o ensino dos fariseus, ou sua prática? Sua doutrina, ou sua
conduta? Creio que o texto é claro em si mesmo. Podemos afirmar, sem qualquer
receio que, um professor universitário pode ensinar acerca da energia nuclear
sem jamais ter presenciado uma explosão atômica, mas, na vida cristã, não é
assim, pelo contrário, todo ensino cristão só é real na vida daqueles que
praticam o que ensinam. O Senhor Jesus reprovou os fariseus não pelo conteúdo
de sua doutrina, mas pela ausência de sua aplicação pessoal e, desejo aqui,
caro irmão, dizer que o Senhor Jesus cumpriu toda a Lei e desafiou os fariseus
a encontrar qualquer erro de conduta em sua vida, tendo como parâmetro de
medida a própria Lei que os fariseus ensinavam e não viviam. Desta forma,
desejo desafiá-lo, não a condenar a doutrina, mas, como fez o Senhor Jesus,
nosso Mestre, cumpri-la cabalmente, pois, como disse o Senhor: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no Reino dos céus”.
Que
nenhum de nós, naquele Grande Dia, venha a encontrar fechados os portais
eternos!
Que
Deus muito os abençoe!