A NATUREZA E O DOMÍNIO DO ORGULHO - Steve Gallagher
"Ninguém tem mais orgulho do que aqueles que imaginam que não têm nenhum".
Muito antes de Deus criar o
homem, uma grande rebelião aconteceu no céu quando o querubim Lúcifer disse a si mesmo: Eu subirei ao céu, e, acima das
estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me
assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e
serei semelhante ao Altíssimo. (Is. 14:13,14).
A mesma atitude pretensiosa que
expulsou do céu o rei do orgulho é a inclinação predominante deste mundo caído.
Como nos diz a Sagrada Escritura: Sabemos
que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno (1 Jo. 5:19). Satanás,
agora, utiliza o orgulho para provocar inveja, raiva, perversão e uma longa
relação de outros vícios comuns ao homem. Talvez, isso tenha motivado um
ministro a escrever:
O orgulho foi o pecado que transformou Satanás, um anjo abençoado, em
um demônio amaldiçoado. O diabo conhece melhor do que ninguém o condenável
poder desse sentimento. Existe alguma dúvida, então, que ele o use
frequentemente para contaminar os santos? Seu propósito se torna ainda mais
fácil porque o coração do homem mostra uma tendência natural por ele.
Leva um certo tempo até que um
novo convertido ao Senhor se acostume a esse pensamento altruísta. Ao tentar
viver pelos princípios do Reino dos céus, logo percebe que sua velha e egoísta
forma de pensar anda está muito viva dentro de si. De fato, ele ainda tem uma
natureza carnal que é preenchida pelo orgulho; sendo assim, encontra-se
dividido entre a mentalidade de autopromoção desse mundo e os valores de auto sacrifício
do Reino celestial.
Certa vez, um amigo meu,
lamentando sobre sua falta de habilidade para vencer essa serpente venenosa,
comparou sua luta com o lançamento de um explosivo na lateral de uma alta
montanha. Seu esforço pode produzir um barulho temporário, mas, uma vez que a
fumaça seja dissipada, o grande monte permanece no lugar tão formidável como
sempre. Assim como meu companheiro, Charles Spurgeon compartilhava a mesma
desesperança sobre essa luta quando escreveu:
Orgulho é tão natural para homens caídos, que brota no coração como
erva daninha em um jardim regado ou mato na beira de um riacho. É um pecado que
invade e cobre todas as coisas, como a poeira das estradas ou farinha no
moinho. Cada toque seu é malvado. Você pode caçar essa raposa e pensar que a
destruiu! Sua maior exultação é a soberba. Pessoa alguma tem mais orgulho do
que aqueles que imaginam que não o têm. O orgulho é um pecado com milhares de
vidas; parece impossível matá-lo.
Se esse sentimento é tão invasivo e indomável no coração humano, muitos podem perguntar: “Para que lutar?”.
Certamente, Deus entende que essa é uma batalha que não pode ser vencida. Para
que se envolver em uma briga na qual já se sabe, de antemão, que vai perder? No
entanto, apesar dessa avaliação pessimista, devemos lutar contra o orgulho!
A razão desse combate tão urgente é a própria natureza demoníaca. Em
cada maneira que ela toma conta do caráter de uma pessoa, aumenta sua
semelhança com Satanás, o anjo caído, aquele que provoca os cristãos a se
promoverem, exaltarem-se, envaidecerem-se e protegerem-se às custas dos outros.
Boa parte das ações diabólicas da soberba é tida como normal – como se isso
aliviasse a responsabilidade dos cristãos em combater sua influência maligna na
vida de cada um deles.
Embora seja verdade que sempre
existirá algum resquício de orgulho, a alternativa para permitir-se permanecer
em uma posição superior, com uma atitude mental que desafie Deus, é
inimaginável para qualquer cristão sincero. Embora uma pessoa não possa
erradicar totalmente todos os vestígios
desse sentimento dentro de si, com certeza, ela pode avançar, admitindo
e arrependendo-se toda vez que ele se revelar.
Problema de Todos
Pessoas diferentes são assoladas
por pecados distintos. Um homem pode
sentir-se destruído pelo desejo sexual, enquanto outro não sente uma
forte tentação nessa área.
Uma pessoa tem uma inclinação
natural para a fofoca; outra, um temperamento explosivo. Cada ser humano está
propenso a certos pecados, enquanto outros vícios não exercem atração alguma em
sua vida. A variedade é, aparentemente, sem fim. Porém, todos lutam contra o orgulho porque ele é uma parte inegável da
natureza caída.
O orgulho é tão sutil, que
muitos, na realidade, pensam que têm pouco ou nada desse sentimento dentro de
si. A verdade é que ele possui a habilidade de disfarçar sua presença no
coração do homem. De fato, geralmente, é certo que, quanto mais a pessoa o tem
dentro de si, menos ela sabe disso. Como Spurgeon disse, “ninguém tem mais
orgulho do que aqueles que imaginam que não têm nenhum”.
Assim como há diversas formas e
incontáveis variações de pecado, o mesmo acontece com a altivez. Observaremos o caso de uma família fictícia.
Bill Johnson é extremamente
satisfeito por ter construído, do nada, um ótimo empreendimento sem a ajuda de
pessoa alguma. Sua esposa, Nancy, alegra-se muito pelos quatro filhos e fala
sobre eles para quem quiser ouvir. A adolescente Gwen, de 17 anos, fica o tempo
todo penteando seu cabelo loiro e comprido em frente ao espelho. Logo depois
dela, com 16 anos, vem Josh, que joga na defesa no time de futebol e é
conhecido por seus lances agressivos. Ricky, 13 anos, é o comediante da classe
e adora ser o centro das atenções. Suzy, extremamente tímida mesmo para uma
garota de 12 anos, já construiu barreiras em torno de si mesma onde pessoa
alguma consegue penetrar. Essa é a descrição de uma típica família americana.
Então, qual é o grande crime em
apreciar a admiração dos outros ou ser um pouco protetor? O orgulho, como
qualquer outro pecado, nunca está satisfeito, e apenas uma fração dele já é
muito. A vaidade de Gwen pode parecer uma inofensiva característica
adolescente, no entanto, se deixada de lado, irá transformar-se em um monstro
horrível de arrogância que se manifestará na vida dela de várias maneiras. Caso
Suzy não aprenda a se tornar vulnerável aos outros, ela irá fechar-se cada vez
mais em seu pequeno mundo, onde não haverá lugar para quem quer que seja além
dela mesmo.
Nessa família existe um fator
comum entre o tipo de orgulho predominante em cada membro: a promoção e a
proteção do poderoso ego. Se, um dia, eles se tornassem crentes, iriam
descobrir que o ego é sua maior dificuldade para se tornarem como Cristo e que
o principal responsável é o orgulho.
As ações, as palavras e os
pensamentos gerados pelo orgulho não são crimes sem vítimas. Quando uma pessoa
é orgulhosa, automaticamente, ela se coloca acima às custas de outras.
Por exemplo, Bill não é
consciente de quanto seu desdém por seus empregados os tem machucado tantas
vezes. Secretamente, ele se vangloria de ser temido pelos outros.
Nancy só quer falar sobre seus
filhos, e sua notável falta de interesse acerca de outras crianças, geralmente,
tem ofendido suas amigas e colegas de trabalho.
Gwen quer ser adorada por todos
os rapazes e tem pouca preocupação sobre outras garotas que desejam receber
atenção. Na verdade, já aconteceu de algumas moças menos bonitas ficarem sem
graça quando ela se gaba da atenção que recebe na frente delas.
A determinação de Josh para
ganhar, a qualquer custo, tem-no tornado um competidor violento, mesmo se isso
significar machucar seriamente um outro jogador. O semblante de dor extrema de
seu adversário é rapidamente esquecido enquanto ele volta para o campo.
Ricky não está preocupado com o
fato de que suas diárias performances humorísticas têm-se transformado em uma
fonte de constante tristeza pra sua professora, a qual tem estado ocupada
demais tentando controlar um agitado grupo de adolescentes.
Mesmo a envergonhada Suzy,
constantemente, tem machucado outras pessoas com a sua falta de ação aos gestos
de afeição. Sua silenciosa determinação de se proteger de ser magoada, não
importa como, tem mais importância do que seus sentimentos.
Texto retirado do livro Irresistível a Deus, do autor Steve Gallagher