domingo, 14 de setembro de 2014

A NATUREZA E O DOMÍNIO DO ORGULHO - Steve Gallagher 

"Ninguém tem mais orgulho do que aqueles que imaginam que não têm nenhum".


O Reino de Deus

Muito antes de Deus criar o homem, uma grande rebelião aconteceu no céu quando o querubim Lúcifer disse a si mesmo: Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. (Is. 14:13,14).

A mesma atitude pretensiosa que expulsou do céu o rei do orgulho é a inclinação predominante deste mundo caído. Como nos diz a Sagrada Escritura: Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno (1 Jo. 5:19). Satanás, agora, utiliza o orgulho para provocar inveja, raiva, perversão e uma longa relação de outros vícios comuns ao homem. Talvez, isso tenha motivado um ministro a escrever:

O orgulho foi o pecado que transformou Satanás, um anjo abençoado, em um demônio amaldiçoado. O diabo conhece melhor do que ninguém o condenável poder desse sentimento. Existe alguma dúvida, então, que ele o use frequentemente para contaminar os santos? Seu propósito se torna ainda mais fácil porque o coração do homem mostra uma tendência natural por ele.

Quão espantosamente diferente é o Reino de Deus, o qual é governado pelo Cordeiro inocente que Se permitiu ser sacrificado em favor dos outros! Ele é manso e humilde de coração (Mt. 11:29). A mentalidade que guia aqueles que fervorosamente O seguem é a despretensão. Indivíduos assim preferem as necessidades e desejos de outros sobre os seus próprios.

Leva um certo tempo até que um novo convertido ao Senhor se acostume a esse pensamento altruísta. Ao tentar viver pelos princípios do Reino dos céus, logo percebe que sua velha e egoísta forma de pensar anda está muito viva dentro de si. De fato, ele ainda tem uma natureza carnal que é preenchida pelo orgulho; sendo assim, encontra-se dividido entre a mentalidade de autopromoção desse mundo e os valores de auto sacrifício do Reino celestial.

Certa vez, um amigo meu, lamentando sobre sua falta de habilidade para vencer essa serpente venenosa, comparou sua luta com o lançamento de um explosivo na lateral de uma alta montanha. Seu esforço pode produzir um barulho temporário, mas, uma vez que a fumaça seja dissipada, o grande monte permanece no lugar tão formidável como sempre. Assim como meu companheiro, Charles Spurgeon compartilhava a mesma desesperança sobre essa luta quando escreveu:

Orgulho é tão natural para homens caídos, que brota no coração como erva daninha em um jardim regado ou mato na beira de um riacho. É um pecado que invade e cobre todas as coisas, como a poeira das estradas ou farinha no moinho. Cada toque seu é malvado. Você pode caçar essa raposa e pensar que a destruiu! Sua maior exultação é a soberba. Pessoa alguma tem mais orgulho do que aqueles que imaginam que não o têm. O orgulho é um pecado com milhares de vidas; parece impossível matá-lo.

Se esse sentimento é tão invasivo e indomável no coração humano, muitos podem perguntar: “Para que lutar?”. Certamente, Deus entende que essa é uma batalha que não pode ser vencida. Para que se envolver em uma briga na qual já se sabe, de antemão, que vai perder? No entanto, apesar dessa avaliação pessimista, devemos lutar contra o orgulho!  A razão desse combate tão urgente é a própria natureza demoníaca. Em cada maneira que ela toma conta do caráter de uma pessoa, aumenta sua semelhança com Satanás, o anjo caído, aquele que provoca os cristãos a se promoverem, exaltarem-se, envaidecerem-se e protegerem-se às custas dos outros. Boa parte das ações diabólicas da soberba é tida como normal – como se isso aliviasse a responsabilidade dos cristãos em combater sua influência maligna na vida de cada um deles.

Embora seja verdade que sempre existirá algum resquício de orgulho, a alternativa para permitir-se permanecer em uma posição superior, com uma atitude mental que desafie Deus, é inimaginável para qualquer cristão sincero. Embora uma pessoa não possa erradicar totalmente todos os vestígios  desse sentimento dentro de si, com certeza, ela pode avançar, admitindo e arrependendo-se toda vez que ele se revelar.

Problema de Todos

Pessoas diferentes são assoladas por pecados distintos. Um homem pode  sentir-se destruído pelo desejo sexual, enquanto outro não sente uma forte tentação nessa área.

Uma pessoa tem uma inclinação natural para a fofoca; outra, um temperamento explosivo. Cada ser humano está propenso a certos pecados, enquanto outros vícios não exercem atração alguma em sua vida. A variedade é, aparentemente, sem fim. Porém, todos lutam contra o orgulho porque ele é uma parte inegável da natureza caída.

O orgulho é tão sutil, que muitos, na realidade, pensam que têm pouco ou nada desse sentimento dentro de si. A verdade é que ele possui a habilidade de disfarçar sua presença no coração do homem. De fato, geralmente, é certo que, quanto mais a pessoa o tem dentro de si, menos ela sabe disso. Como Spurgeon disse, “ninguém tem mais orgulho do que aqueles que imaginam que não têm nenhum”.

Assim como há diversas formas e incontáveis variações de pecado, o mesmo acontece com a altivez.  Observaremos o caso de uma família fictícia.

Bill Johnson é extremamente satisfeito por ter construído, do nada, um ótimo empreendimento sem a ajuda de pessoa alguma. Sua esposa, Nancy, alegra-se muito pelos quatro filhos e fala sobre eles para quem quiser ouvir. A adolescente Gwen, de 17 anos, fica o tempo todo penteando seu cabelo loiro e comprido em frente ao espelho. Logo depois dela, com 16 anos, vem Josh, que joga na defesa no time de futebol e é conhecido por seus lances agressivos. Ricky, 13 anos, é o comediante da classe e adora ser o centro das atenções. Suzy, extremamente tímida mesmo para uma garota de 12 anos, já construiu barreiras em torno de si mesma onde pessoa alguma consegue penetrar. Essa é a descrição de uma típica família americana.

Então, qual é o grande crime em apreciar a admiração dos outros ou ser um pouco protetor? O orgulho, como qualquer outro pecado, nunca está satisfeito, e apenas uma fração dele já é muito. A vaidade de Gwen pode parecer uma inofensiva característica adolescente, no entanto, se deixada de lado, irá transformar-se em um monstro horrível de arrogância que se manifestará na vida dela de várias maneiras. Caso Suzy não aprenda a se tornar vulnerável aos outros, ela irá fechar-se cada vez mais em seu pequeno mundo, onde não haverá lugar para quem quer que seja além dela mesmo.

Nessa família existe um fator comum entre o tipo de orgulho predominante em cada membro: a promoção e a proteção do poderoso ego. Se, um dia, eles se tornassem crentes, iriam descobrir que o ego é sua maior dificuldade para se tornarem como Cristo e que o principal responsável é o orgulho.

As ações, as palavras e os pensamentos gerados pelo orgulho não são crimes sem vítimas. Quando uma pessoa é orgulhosa, automaticamente, ela se coloca acima às custas de outras.

Por exemplo, Bill não é consciente de quanto seu desdém por seus empregados os tem machucado tantas vezes. Secretamente, ele se vangloria de ser temido pelos outros.

Nancy só quer falar sobre seus filhos, e sua notável falta de interesse acerca de outras crianças, geralmente, tem ofendido suas amigas e colegas de trabalho.

Gwen quer ser adorada por todos os rapazes e tem pouca preocupação sobre outras garotas que desejam receber atenção. Na verdade, já aconteceu de algumas moças menos bonitas ficarem sem graça quando ela se gaba da atenção que recebe na frente delas.

A determinação de Josh para ganhar, a qualquer custo, tem-no tornado um competidor violento, mesmo se isso significar machucar seriamente um outro jogador. O semblante de dor extrema de seu adversário é rapidamente esquecido enquanto ele volta para o campo.

Ricky não está preocupado com o fato de que suas diárias performances humorísticas têm-se transformado em uma fonte de constante tristeza pra sua professora, a qual tem estado ocupada demais tentando controlar um agitado grupo de adolescentes.

Mesmo a envergonhada Suzy, constantemente, tem machucado outras pessoas com a sua falta de ação aos gestos de afeição. Sua silenciosa determinação de se proteger de ser magoada, não importa como, tem mais importância do que seus sentimentos.


Texto retirado do livro Irresistível a Deus, do autor Steve Gallagher

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