domingo, 6 de janeiro de 2013


Gênesis Capítulo 29

Ninguém pode realmente alegrar-se em Deus até ter chegado ao fim do EU, e isto pela simples razão que Deus começa a manifestar-Se no próprio ponto onde é visto o FIM da carne.

Gênesis 29:1a8 – “ENTÃO pôs-se Jacó a caminho e foi à terra do povo do oriente”; Como acabamos de ver no capítulo 28, Jacó falhou inteiramente na compreensão do verdadeiro caráter de Deus e aceitou toda a rica graça de Betel com um “se”, e o acordo infeliz de comer e vestidos para vestir. Vamos vê-lo agora ocupado em fazer contratos. “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl.6:7). Não há possibilidade de escapar a esta sentença. Jacó não se havia humilhado verdadeiramente na presença de Deus; portanto, Deus serviu-Se das circunstâncias para castigar e humilhar.
Este é o verdadeiro segredo de muitas, muitíssimas, das nossas dores e provações neste mundo. Os nossos corações nunca foram realmente quebrantados perante o Senhor: nunca nos julgamos nem nos despojamos de nós mesmos; e por isso, repetidas vezes, nós, com efeito, batemos com a cabeça contra a parede. Ninguém pode realmente alegrar-se em Deus até ter chegado ao fim do EU e isto pela simples razão que Deus começa a manifestar-Se no próprio ponto onde é visto o fim da carne. Se, portanto, eu não tiver atingido o fim da minha carne, na experiência profunda e positiva da minha alma, é moralmente impossível que eu possa ter alguma coisa semelhante a uma compreensão exata do caráter de Deus. Para começar, eu primeiro preciso compreender, em profundidade, o valor e o terror do estrago que o pecado causou em minha própria natureza, até que eu comece a abominar tudo o que eu sou e arrepender de mim mesmo. Para conseguir esse fim, o Senhor faz uso de vários meios. Quantas vezes o Senhor vem até nós, fala aos nossos ouvidos e, nós, assim como Jacó, não entendemos, nem sabemos nos posicionar diante da Sua presença: “...o Senhor está neste lugar e eu não sabia.......”.

Quão terrível é este lugar!” Jacó não aprendeu e foram necessários 20 anos de terrível instrução, e isso, também, numa escola maravilhosamente adequada à sua carne; e, até isto mesmo, como veremos, não foi suficiente para o dominar. 
Gen.29:9a20 – “Depois disse Labão a Jacó: Porque tu és meu irmão, hás de servir-me de graça? Declara-me qual será o teu salário”. Parece que esta proposta possui dois lados, ao mesmo tempo que Labão procurava demonstrar uma grande pureza e retidão de caráter em não cometer injustiça contra seu sobrinho, ele também deixava claro que Jacó não comeria de graça em sua casa, ele precisaria servir ao seu tio, não seria um mero hóspede de veraneio. Deus preparou o terreno perfeito para iniciar Seu trabalho de moldar Jacó até fazer dele Israel. Deus fez encontrarem-se o pechincheiro Jacó com o explorador Labão, para que os víssemos esticando, ao máximo seus nervos e habilidade a fim de excederem um ao outro em astúcia e malandragem. Não podemos estranhar o caso de Labão, afinal, ele nunca havia estado em Betel: Nunca vira os céus abertos e uma escada, cujo topo, tocava os céus. Nem tinha ouvido promessas grandiosas dos lábios do Senhor que lhe garantiam a terra de Canaã e uma posteridade inumerável. Não é de admirar pois que ele demonstrasse um espírito avaro e mesquinho; não tinha outro recurso. É escusado esperar do homem do mundo outra coisa que não seja um espírito mundano, e princípios e métodos mundanos; não tem nada superior; e não podemos tirar uma coisa limpa de uma imunda.  Porém encontrar Jacó, depois de tudo o que havia visto e ouvido em Betel, a lutar com um homem do mundo, e procurando, por tais meios, acumular riquezas, é notavelmente humilhante.
E todavia, enfim, não é um caso raro encontrar os filhos de Deus esquecendo assim os seus altos destinos, e a herança celestial, para descerem à arena com os filhos deste mundo, a fim de ali lutarem pelas riquezas e honras de uma terra ferida de pecado e perdida. Na verdade, isto é de tal forma verdadeiro que, em muitos casos, é difícil encontrar neles uma simples evidência daquele princípio que o Apóstolo João nos diz “que vence o mundo”(Jo.5:4). Olhando para Jacó e Labão, e considerando-os segundo princípios naturais, será difícil notar neles qualquer diferença. É preciso ficar atrás das cenas e compreender os pensamentos de Deus quanto a ambos para ver como diferem um do outro. Todavia foi Deus quem os fez diferir e não Jacó; e assim é agora. Por muito difícil que possa ser descortinar alguma diferença entre os filhos da luz e os filhos das trevas, há, todavia, uma grande desigualdade – uma diferença baseada no fato solene que os primeiros são “vasos” de misericórdia, que Deus, “para a glória já dantes preparou”, enquanto que os últimos são os vasos da ira, preparados (não por Deus, mas pelo pecado) para a perdição (Rm.9:22a23). Isto faz uma diferença muito séria. Os Jacós e os Labães são diferentes materialmente, e serão para sempre diferentes, embora os primeiros possam falhar tristemente na realização e manifestação prática do seu verdadeiro caráter e dignidade.
Romanos 9:22a23 – “E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou”. Não devemos tirar conclusões erradas acerca da doutrina da Eleição, pois neste texto percebemos que Deus preparou os vasos (recipientes) das misericórdias antes mesmo da fundação do mundo. Mas, quanto aos vasos da ira, não diz que Deus os preparou para isso, mas que eles mesmos se preparam, pois em Mt.25:34a41 diz: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. Porém aos que estão à esquerda diz: “Apartai-vos de mim malditos”. Não diz malditos de meu Pai. E, além disso, acrescenta, “para o fogo eterno”, preparado não para vós, mas “para o diabo e seus anjos”; nem tão pouco preparou os “vasos para a ira”, mas eles mesmos se preparam para isso.
“A Palavra de Deus estabelece tão claramente a eleição como avisa contra a condenação. Todos os que se encontrarem no céu terão de dar graças a Deus por isso, e todo aquele que se achar no inferno terá de agradecer a si próprio por isso”. C.H.Mackintosh
Gen.29:21a35 – Destes versículos em diante, veremos a luta de Jacó em consequência do contrato que havia feito com seu tio e do desconhecimento que ainda tinha acerca da Graça de Deus e sua total incapacidade de ter confiança plena nas promessas que o Senhor lhe havia feito. Deus lhe havia prometido toda a terra de Canaã, em resposta ele disse: “SE Deus me der pão para comer e vestes para vestir ”...ainda que isso tivesse alguma semelhança com suposta humildade, era, na verdade, desconfiança e desconhecimento acerca do Deus que o havia escolhido como vaso. Por isso, veremos Jacó fazendo tudo o que podia por si mesmo, até ao ponto de utilizar os mesmos métodos de Labão, o mesmo tipo de engenhosidade e malícias para enganar seu concorrente. Quero realçar aqui que, esta sempre será a reação dos filhos de Deus quando não compreendem os Caminhos do Senhor  e desejam realizar “as promessas” por seus próprios métodos, pois, podem até professar os princípios da graça, mas a verdadeira medida do poder da graça, jamais conheceram... e nivelam tudo pela estatura humana e não divina.
Poderíamos crer que, para Jacó, a revelação de Deus em Betel fosse suficiente para que ele depositasse sua inteira confiança na Graça de Deus, que tudo faria de forma natural, sem que ele tivesse de lançar mãos dos mesmos recursos do engano do qual Labão se utilizava. Contudo, ele preferia lutar com Labão em pé de igualdade. O caráter e o comportamento são prova real da medida da experiência e convicção da alma, seja qual for a profissão. Porém Jacó não se conhecia ainda tal qual era perante Deus e, portanto, desconhecia a Graça, por isso medíasse com Labão e ajustava-se aos mesmos métodos e máximas.   
Gênesis 29:35 - E concebeu outra vez e deu à luz um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao SENHOR. Por isso chamou-o Judá; e cessou de dar à luz. Aqui vemos que Lia, a esposa rejeitada, foi aquela que Deus escolheu para ser a mãe de Judá, aquele que daria origem á família na qual nasceria o Salvador, o Senhor Jesus. Não é difícil perceber que aqueles que no mundo recebem muita rejeição, podem sempre contar com a acolhida do Senhor.
OBS:. Para acompanhar o Estudo do Livro de Gênesis a partir do capítulo1 >CLIQUE AQUI<

3
0 Comentários

Nenhum comentário: