segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Gênesis Capítulo 25


  "...É possível que o leitor pense haver aqui uma injustiça e muita dureza da parte de Deus com Esaú, afinal ele foi enganado duas vezes, mas quero esclarecer que seu engano foi apenas um reflexo daquilo que SEMPRE ESTEVE EM SEU CORAÇÃO".

Gn.25:1 – “Abraão tomou outra mulher e seu nome era Quetura”. O leitor desatento, certamente, acharia que esse detalhe da vida de Abraão está colocado na Bíblia apenas como complemento biográfico de Abraão, ou talvez, como simples fechamento de história, ou um enchimento de lacuna para prolongar a narrativa; mas uma mente espiritual, alguém que busca um compreensão elevada da Mente de Cristo nas escrituras, certamente, não verá assim, antes, perceberá que o livro de Gênesis está cheio “do germe das coisas”, e perceberá que ocorre um íntima relação com princípios da Verdade que serão realizados e esclarecidos no Novo Testamento.

Qual seria, então, o sentido tipológico da “Nova Esposa de Abraão” após o casamento de Isaac, que simboliza a união de Cristo com Sua Igreja arrebatada nos ares? Bom, se entendemos que Rebeca simboliza a Igreja sendo conduzida pelo deserto deste mundo até o Noivo que é Cristo, então, a nova esposa do pai Abraão só pode simbolizar um povo que será convertido após o arrebatamento, ou seja, durante a tribulação e o milênio, Deus volta a trabalhar com a semente de Abraão (Israel), a fim de gerar um povo para Si, um complemento da esposa que complementará Seu plano perfeito de redenção.

Em Apoc.6:11 e Apoc.7:14, vemos, claramente, que há um número determinado por Deus de pessoas que serão salvas no período da tribulação e que estas pessoas estarão ligadas ao Israel que hoje tem rejeitado o Senhor Jesus, mas que irão se arrepender para a salvação em meio aos sofrimentos e perseguições do governo do anti-Cristo.  

Gn.25:3a11 -  Vemos nesta notável passagem que Abraão separa o Filho da promessa dos outros filhos; muitos são os crentes que sentem uma pequena tristeza ao perceber que, após sua conversão, não conseguem sentir a mesma alegre comunhão que antes possuíam com os ímpios, começam a sentir-se estranhos nas rodas dos escarnecedores, e, logo percebem Deus os separando daqueles que antes eram seus irmãos nas diversões e festejos. Muitos crentes sentem-se desmotivados e desanimados quando isso acontece, mas precisamos perceber que Deus abençoa o separado (Gn.25:11) de uma forma completamente superior, porque ele, e somente ele, será herdeiro dos bens eternos.

Gn.25:12a18 – Algo interessante a se notar nessa narrativa é que os filhos de Ismael geram 12 nações exatamente igual aos filhos de Israel. Isto é algo para ser evidenciado já que os árabes (ismaelitas) reivindicam para si o título de descendência espiritual de Abraão, dizendo que os filhos de Jacó eram descendência da escrava e eles da legítima esposa, já que o seu livro sagrado escrito por volta do ano 600(d.C) de nosso Senhor afirma esse absurdo! Podemos ver nesta narrativa o grande e terrível resultado da obra da carne de Abraão, pois Deus permitiu que a descendência da carne se tornasse muito semelhante à descendência espiritual de forma que gerasse a inimizade e a confusão que ainda impera nos dias atuais, já que tanto árabes e judeus reivindicam para si ser descendência de Abraão e fazem guerras religiosas por este motivo e permanecem cegados para a verdade. Isto é para nós um grande alerta para que jamais queiramos ajudar as promessas de Deus encurtando caminho pelas obras da carne e lançando mão da escrava Agar ao invés de esperar pelo ventre de Sara.

Gn.25:19a23 – Aqui vemos a semente santa, os descendentes de Isaque, mesmo entre os descendentes de Isaque foi permitida a semente ruim, pois esta seria para o treinamento e ensino da semente santa, pois na adversidade Jacó conheceria o Senhor.

Gn.25:23 – “O maior servirá o menor”. Não é espantoso que os padrões de Deus sempre fogem à compreensão e expectativas humanas? Pois, como ensinou o Senhor Jesus: “aquilo que é elevado entre os homens é abominação a Deus” (Lc.16:15). Precisamos estar atentos para ver que os valores de Deus são muito elevados e diferentes dos nossos.

Gn.25:24a34 – O nascimento de Esaú e Jacó. 27- “E cresceram ambos os meninos, e Esaú foi homem perito em caça, homem do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas”. Isaque amava Esaú, mas Rebeca amava a Jacó. Precisamos estar atentos nestes detalhes da família, por que eles nos são informados? O Senhor diz a Davi quando este pretendia construir-Lhe um templo: II Samuel 7:6 – “Porque em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir os filhos de Israel do Egito até ao dia de hoje; mas andei em tenda e em tabernáculo”. O Senhor deixa claro que Ele mesmo habitou muito tempo em tendas pelo deserto. Seria este o motivo do Senhor também dizer que amou a Jacó e aborreceu a Esaú antes de eles terem nascido? (Rm.9:13). Não creio que possamos fazer quaisquer afirmações nesse sentido, mas é certo que precisamos pensar em algo acerca da simplicidade que Deus ama Seus servos, pois a Bíblia nos ensina que o próprio Filho de Deus não tinha onde repousar a cabeça neste mundo e a tenda simboliza a vida de um peregrino.
Gn.25:30 – Um prato de lentilhas. Assim mediu Esaú o seu direito à primogenitura. Hebreus 12:16,17- “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”. Três perguntas são importantes aqui, a saber: 1-Por que o direito à primogenitura espiritual era tão importante? 2-Será que Esaú não sabia e por isso fez pouco caso? 3- Por que ele não achou lugar de arrependimento? Não é o arrependimento um direito igualmente concedido a todos??? Existem pessoas que não podem, ou não possuem poder para se arrependerem???

3 - Bom, vamos começar respondendo a  terceira pergunta! Farei esta inversão para facilitar o entendimento. Vejamos II Timóteo 2:25 – “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade”. Há uma profunda Verdade sendo aqui apresentada, nós pregamos e ensinamos a Palavra, fazemos nossa parte, mas arrependimento, convencer do pecado é algo que depende EXCLUSIVAMENTE de Deus que opera por Seu Espírito (João16:8e9), o arrependimento genuíno e Verdadeiro vem do Senhor, somente do Senhor! Esaú foi rejeitado, suas lágrimas jamais poderiam ser de arrependimento Santo e profundo, ele chorou apenas pelas regalias terrenas que perdera, não pela bênção espiritual de ser o progenitor da semente santa, pois este direito ele vendeu por um prato de lentilhas!
1 – Para que possamos responder a pergunta de número 1, precisamos compreender que o direito à primogenitura era algo relacionado à benção espiritual e não material, explicando: Todos os bens de Isaque ficariam para Esaú como filho mais velho e isso ele não abriu mão, isso era a única coisa que importava para ele, isso ele não vendeu, o que ele vendeu foi a bênção da primogenitura espiritual, isso para ele não era o mais importante, ele achava que os métodos e caminhos de Deus não precisavam de tanta atenção, não necessitavam de tanto zelo e primazia, afinal, que importância teria uma bênção espiritual quando todos os bens materiais seriam dele do mesmo jeito?
2 – Esaú, então, sabia bem a diferença entre bênção material e espiritual, Gênesis 27:38 – “E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou”. Porém seu choro relacionava-se sempre com o material, seu arrependimento não vinha do Senhor, ele foi rejeitado, ele desprezou a primogenitura, amou o campo e a terra, mas Jacó habitava em tendas e foi sempre peregrino na terra, por isso Deus trabalhou em sua vida até transformá-lo em Israel (de suplantador a príncipe, de Jacó para Israel).
Obs.: O nome Jacó significa suplantador e Israel significa príncipe.
É possível que o leitor pense haver aqui uma injustiça e muita dureza da parte de Deus com Esaú, afinal ele foi enganado duas vezes, mas quero esclarecer que seu engano foi apenas um reflexo daquilo que sempre esteve em seu coração e como Paulo argumenta aos Romanos 9:13a16 – “Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”. Que isto possa nos levar a uma profunda reverência e santo temor à grandeza e majestade da Soberania de Deus em todas as coisas e que, também, jamais sejamos profanos a ponto de desprezar nossa herança espiritual em Cristo e nos apegarmos ferrenhamente a este mundo com nossos olhos fixos naquilo que é terreno quando o Senhor nos chama a peregrinar rumo à Canaã celestial.
Romanos 9:20 – “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
Que Deus muito os abençoe!

OBS:. Para acompanhar o Estudo do Livro de Gênesis a partir do capítulo 1 >> CLIQUE AQUI <<





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