Gênesis Capítulo 25
"...É possível que o leitor pense haver aqui uma injustiça e muita
dureza da parte de Deus com Esaú, afinal ele foi enganado duas vezes,
mas quero esclarecer que seu engano foi apenas um reflexo daquilo que
SEMPRE ESTEVE EM SEU CORAÇÃO".
Gn.25:1 – “Abraão tomou outra mulher e seu nome era Quetura”.
O leitor desatento, certamente, acharia que esse detalhe da vida de
Abraão está colocado na Bíblia apenas como complemento biográfico de
Abraão, ou talvez, como simples fechamento de história, ou um enchimento
de lacuna para prolongar a narrativa; mas uma mente espiritual, alguém
que busca um compreensão elevada da Mente de Cristo nas escrituras,
certamente, não verá assim, antes, perceberá que o livro de Gênesis está
cheio “do germe das coisas”, e perceberá que ocorre um íntima relação
com princípios da Verdade que serão realizados e esclarecidos no Novo
Testamento.
Qual
seria, então, o sentido tipológico da “Nova Esposa de Abraão” após o
casamento de Isaac, que simboliza a união de Cristo com Sua Igreja
arrebatada nos ares? Bom, se entendemos que Rebeca simboliza a Igreja
sendo conduzida pelo deserto deste mundo até o Noivo que é Cristo,
então, a nova esposa do pai Abraão só pode simbolizar um povo que será
convertido após o arrebatamento, ou seja, durante a tribulação e o
milênio, Deus volta a trabalhar com a semente de Abraão (Israel), a fim
de gerar um povo para Si, um complemento da esposa que complementará Seu
plano perfeito de redenção.
Em Apoc.6:11 e Apoc.7:14, vemos, claramente, que há um número determinado por Deus de pessoas que serão salvas no período da tribulação e que estas pessoas estarão ligadas ao Israel que hoje tem rejeitado o Senhor Jesus, mas que irão se arrepender para a salvação em meio aos sofrimentos e perseguições do governo do anti-Cristo.
Gn.25:3a11
- Vemos nesta notável passagem que Abraão separa o Filho da promessa
dos outros filhos; muitos são os crentes que sentem uma pequena tristeza
ao perceber que, após sua conversão, não conseguem sentir a mesma
alegre comunhão que antes possuíam com os ímpios, começam a sentir-se
estranhos nas rodas dos escarnecedores, e, logo percebem Deus os
separando daqueles que antes eram seus irmãos nas diversões e festejos.
Muitos crentes sentem-se desmotivados e desanimados quando isso
acontece, mas precisamos perceber que Deus abençoa o separado (Gn.25:11)
de uma forma completamente superior, porque ele, e somente ele, será
herdeiro dos bens eternos.
Gn.25:12a18
– Algo interessante a se notar nessa narrativa é que os filhos de
Ismael geram 12 nações exatamente igual aos filhos de Israel. Isto é
algo para ser evidenciado já que os árabes (ismaelitas) reivindicam para
si o título de descendência espiritual de Abraão, dizendo que os filhos
de Jacó eram descendência da escrava e eles da legítima esposa, já que o
seu livro sagrado escrito por volta do ano 600(d.C) de nosso Senhor
afirma esse absurdo! Podemos ver nesta narrativa o grande e terrível
resultado da obra da carne de Abraão, pois Deus permitiu que a
descendência da carne se tornasse muito semelhante à descendência
espiritual de forma que gerasse a inimizade e a confusão que ainda
impera nos dias atuais, já que tanto árabes e judeus reivindicam para si
ser descendência de Abraão e fazem guerras religiosas por este motivo e
permanecem cegados para a verdade. Isto é para nós um grande alerta
para que jamais queiramos ajudar as promessas de Deus encurtando caminho
pelas obras da carne e lançando mão da escrava Agar ao invés de esperar
pelo ventre de Sara.
Gn.25:19a23
– Aqui vemos a semente santa, os descendentes de Isaque, mesmo entre os
descendentes de Isaque foi permitida a semente ruim, pois esta seria
para o treinamento e ensino da semente santa, pois na adversidade Jacó
conheceria o Senhor.
Gn.25:23 – “O maior servirá o menor”.
Não é espantoso que os padrões de Deus sempre fogem à compreensão e
expectativas humanas? Pois, como ensinou o Senhor Jesus: “aquilo que é elevado entre os homens é abominação a Deus” (Lc.16:15). Precisamos estar atentos para ver que os valores de Deus são muito elevados e diferentes dos nossos.
Gn.25:24a34 – O nascimento de Esaú e Jacó. 27- “E cresceram ambos os meninos, e Esaú foi homem perito em caça, homem do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas”.
Isaque amava Esaú, mas Rebeca amava a Jacó. Precisamos estar atentos
nestes detalhes da família, por que eles nos são informados? O Senhor
diz a Davi quando este pretendia construir-Lhe um templo: II Samuel 7:6 –
“Porque em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir os filhos de Israel do Egito até ao dia de hoje; mas andei em tenda e em tabernáculo”. O Senhor deixa claro que Ele mesmo habitou muito tempo em tendas pelo deserto.
Seria este o motivo do Senhor também dizer que amou a Jacó e aborreceu a
Esaú antes de eles terem nascido? (Rm.9:13). Não creio que possamos
fazer quaisquer afirmações nesse sentido, mas é certo que precisamos
pensar em algo acerca da simplicidade que Deus ama Seus servos, pois a
Bíblia nos ensina que o próprio Filho de Deus não tinha onde repousar a
cabeça neste mundo e a tenda simboliza a vida de um peregrino.
Gn.25:30 – Um prato de lentilhas. Assim mediu Esaú o seu direito à primogenitura. Hebreus 12:16,17- “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque
bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi
rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com
lágrimas o buscou”.
Três perguntas são importantes aqui, a saber: 1-Por que o direito à
primogenitura espiritual era tão importante? 2-Será que Esaú não sabia e
por isso fez pouco caso? 3- Por que ele não achou lugar de
arrependimento? Não é o arrependimento um direito igualmente concedido a
todos??? Existem pessoas que não podem, ou não possuem poder para se
arrependerem???
3
- Bom, vamos começar respondendo a terceira pergunta! Farei esta
inversão para facilitar o entendimento. Vejamos II Timóteo 2:25 – “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade”. Há uma profunda Verdade sendo aqui apresentada, nós pregamos e ensinamos a Palavra, fazemos nossa parte, mas arrependimento,
convencer do pecado é algo que depende EXCLUSIVAMENTE de Deus que opera
por Seu Espírito (João16:8e9), o arrependimento genuíno e Verdadeiro vem do Senhor,
somente do Senhor! Esaú foi rejeitado, suas lágrimas jamais poderiam
ser de arrependimento Santo e profundo, ele chorou apenas pelas regalias
terrenas que perdera, não pela bênção espiritual de ser o progenitor da
semente santa, pois este direito ele vendeu por um prato de lentilhas!
1
– Para que possamos responder a pergunta de número 1, precisamos
compreender que o direito à primogenitura era algo relacionado à benção
espiritual e não material, explicando: Todos os bens de Isaque ficariam
para Esaú como filho mais velho e isso ele não abriu mão, isso era a
única coisa que importava para ele, isso ele não vendeu, o que
ele vendeu foi a bênção da primogenitura espiritual, isso para ele não
era o mais importante, ele achava que os métodos e caminhos de Deus não
precisavam de tanta atenção, não necessitavam de tanto zelo e
primazia, afinal, que importância teria uma bênção espiritual quando
todos os bens materiais seriam dele do mesmo jeito?
2 – Esaú, então, sabia bem a diferença entre bênção material e espiritual, Gênesis 27:38 – “E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou”.
Porém seu choro relacionava-se sempre com o material, seu
arrependimento não vinha do Senhor, ele foi rejeitado, ele desprezou a
primogenitura, amou o campo e a terra, mas Jacó habitava em tendas e foi
sempre peregrino na terra, por isso Deus trabalhou em sua vida até
transformá-lo em Israel (de suplantador a príncipe, de Jacó para
Israel).
Obs.: O nome Jacó significa suplantador e Israel significa príncipe.
É
possível que o leitor pense haver aqui uma injustiça e muita dureza da
parte de Deus com Esaú, afinal ele foi enganado duas vezes, mas quero
esclarecer que seu engano foi apenas um reflexo daquilo que sempre
esteve em seu coração e como Paulo argumenta aos Romanos 9:13a16 – “Como
está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há
injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés:
Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu
tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do
que corre, mas de Deus, que se compadece”. Que isto possa nos
levar a uma profunda reverência e santo temor à grandeza e majestade da
Soberania de Deus em todas as coisas e que, também, jamais sejamos
profanos a ponto de desprezar nossa herança espiritual em Cristo e nos
apegarmos ferrenhamente a este mundo com nossos olhos fixos naquilo que é terreno quando o Senhor nos chama a peregrinar rumo à Canaã celestial.
Romanos 9:20 – “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?”
Que Deus muito os abençoe!