Gênesis Capítulo 13
"...o fato é que quando alguém não anda realmente com um motivo verdadeiro e
afeições puras facilmente encontrará uma pedra para tropeçar. Pouco importa o
que seja a causa...porque a
Verdadeira causa, encontra-se oculta, longe da observação normal, nas câmaras
íntimas dos afetos e desejos do coração, onde o mundo ainda tem sido procurado
e amado".
Gn.13:1 a 4
- “Subiu, pois, Abrão do Egito ........ até ao lugar onde a princípio estivera a sua tenda, entre
Betel e Ai; até ao lugar do altar que outrora tinha feito; e Abrão invocou ali
o nome do Senhor.” Aqui vemos o Senhor restaurando seu servo que havia
descido ao Egito. No Egito não existe altar, não se invoca o nome do Senhor,
mas algo que nos chama muitíssimo a atenção é que Deus traz Abrão de volta,
depois de sua queda e fracasso em obedecer, Deus o traz no exato lugar “do altar que outrora tinha feito”. Deus não o rebaixa
a um lugar menos nobre ou mais distante, Deus o restaura por completo, porque a
Graça do Deus não trabalha sobre os nossos padrões de medida e, nem mesmo sobre
os nossos méritos, O Senhor o restaura totalmente e nada lhe “lança em rosto” (Tiago1:5). Assim é o Nosso Grande
Deus, perfeito em Si mesmo e completamente Bondoso. Nada pode satisfazer a Deus
com respeito a um apóstata ou extraviado, senão a sua inteira restauração. “Se voltares, ó Israel, para Mim voltarás”(Jr.4:1). A
alma restaurada terá uma compreensão viva e profunda do mal de que foi liberta;
liberta não para pecar mais, mas para ter profunda gratidão e amor Àquele que a
libertou.
Abrão e Ló separam-se. (Gn.1:5 a 8)
Talvez,
mais difícil do que a prova da fome, tenha sido para Abrão o separar-se de seu
último parente trazido de Ur. Ló havia se unido ao seu tio Abrão para a viagem
rumo à terra prometida (Canãa), provavelmente também esperando pela promessa
que fora feita a seu tio, mas ele mesmo não possuía tal promessa, ele andava
pela correnteza ou pela influência gerada por seu tio. Assim como nos grandes
avivamentos e, na saída de Israel da terra do Egito, sempre há aqueles que
acompanham o movimento sem a verdadeira Fé, sem terem sido chamados por Deus,
sem compreenderem o destino celestial. No meio da jornada eles acabam causando
grandes males para os santos; Assim como o populacho, o vulgo que saiu do Egito
com o povo de Deus, mas dele não fazia parte: “E o
vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos
de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer?”(Nm.11:4).
Assim, somos exortados a ver se estamos andando segundo a influência divina ou
humana; se a nossa fé está posta na sabedoria do homem ou no poder de Deus; se
estamos fazendo as coisas porque os outros fazem, ou porque o Senhor nos chamou
para fazer; se somos meramente fortalecidos pela influência de nossos
semelhantes ou sustentados pela fé em Deus. Esta é uma séria indagação. É um
grande privilégio desfrutarmos da comunhão com nossos irmãos, porém este não
deve ser o sustentáculo de nossa fé e sim o nosso relacionamento pessoal com
Deus e, este foi o ponto que Ló não pôde compreender em sua jornada. Ele viu
muitas vezes a maravilhosa adoração e os altares que seu tio Abrão construiu ao
longo do caminho, mas jamais conseguiu ver o real sentido da profunda comunhão
com Deus.
O
contraste entre a fé de Abrão e a conformidade com o mundo de Ló (Gn.13:9a13).
Devemos
pensar em qual o motivo de Ló ter se afastado da verdadeira fé e do caminho
para Canaã. Existe uma crise na história de cada homem em que será,
indubitavelmente, revelado o fundamento em que ele descansa, quais os motivos
por que é instigado e quais os fins que o animam. Assim foi com Ló. Não morreu
em Harã; mas caiu nas planícies de Sodoma. A causa aparente de sua queda foi a
contenda de seus pastores e os pastores de Abrão; porém o fato é que quando
alguém não anda realmente com um motivo verdadeiro e afeições puras facilmente
encontrará uma pedra para tropeçar. Pouco importa o que seja a causa aparente
que serve de estopim para afastar do Caminho Santo, porque a Verdadeira causa,
encontra-se oculta, longe da observação normal, nas câmaras íntimas dos afetos
e desejos do coração, onde o mundo ainda tem sido procurado e amado.
A contenda
poderia facilmente ser resolvida sem prejuízo espiritual, assim foi para Abrão,
pois a ocasião apenas lhe deu oportunidade de mostrar sua elevação espiritual
recusando-se a fazer a primeira escolha e descansando no terreno da fé. Mas
para Ló, foi oportunidade de mostrar todo o mundanismo escondido em seu
coração. Assim, também, muitas controvérsias se levantam na Igreja de Deus e,
muitos nelas tropeçam e são arrastados de volta para o mundo; então atribuem a
culpa às controvérsias, mas a verdade é que essas coisas eram apenas os meios
de revelar aquilo que jamais saiu de seus corações rebeldes contra Deus: o
“amor ao mundo”.
Sempre que
houver contendas entre os irmãos na presença dos cananeus e dos pereseus, é uma
fato lamentável e triste, mas que nossa resposta possa sempre ser: “Ora, não haja contenda entre mim e ti......porque somos irmãos” (Gn.13:8). Abrão também podia ser
atraído pelas “campinas bem regadas”, mas
preferiu descansar em Deus e deixou que o Senhor o conduzisse. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma
formosa herança” (Sl.16:6).
Que
escolheu então Ló, quando lhe foi dada a preferência? Escolheu Sodoma. O
próprio lugar que estava prestes a ser julgado e condenado por Deus. Por que
escolher um tal lugar? Porque olhou para as aparências e não para o caráter
intrínseco e destino futuro. O caráter intrínseco era a impiedade e o destino o
julgamento e destruição por fogo e enxofre. Nem Abrão ou Ló poderiam saber o
destino de Sodoma, mas Deus sabia, e Ló não priorizava ouvir o Senhor. Os seus
olhos cobiçaram a “campina, que era bem regada”,
o seu coração foi atraído por ela...... “armou as suas
tendas até Sodoma” (Gn.13:12). Esta foi a mesma escolha feita por Demas:
“Demas me desamparou, amando o presente século”
(IITim.4:10).
A parte
de Abrão (Gn.13:14a18):
“E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele:
Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do
norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; Porque toda esta terra que vês,
te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre”. A contenda na
vida do crente Abrão, longe de o desanimar e afastar do Senhor, pelo contrário,
serviu apenas para revelar os seus princípios celestiais e fortalecerem, no seu
espírito, a vida da fé. Além disso, fortaleceram as suas perspectivas e
libertaram-no de um (Ló) que só podia lhe ser um peso morto (Obs.: A
palavra espírito aqui utilizada com letra minúscula refere-se ao espírito
humano, ou a parte de nós que se liga a Deus, conforme a Palavra nos ensina em
Efésios 3:16). E, também, interessante notar que os homens sempre encontram o
seu próprio meio, os que correm sem serem enviados caem de um
modo ou de outro e regressam àquilo que professavam ter abandonado. Por outro
lado aqueles que são chamados por Deus e se apóiam N’Ele são, por Sua graça
mantidos e as “suas veredas são como a Luz da aurora
que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Prov.4:18). “Aquele que perseverar até o fim, será alvo”
(Mt.10:22). É importante também observar que, sempre, devemos seguir conforme o
“talento” que o Senhor nos confiou, se um, dois, ou cinco, é com eles que
devemos negociar, não devemos ir além, nem mesmo ficar aquém daquilo a que o
Senhor nos ordenou trabalhar, pois somente Ele ordena os talentos conforme a
capacitação que Ele mesmo dá a cada um de nós. Todos os que Cristo chama para
qualquer serviço especial mantê-los-á, infalivelmente, porque Ele nunca chamou
ninguém para “militar à sua própria custa”
(ICor.9:7).
Abrão foi
chamado por Deus e por isso poderia dizer: “Oh! quão
grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual operaste
para aqueles que em ti confiam na presença dos filhos dos homens!”
(Sl.31:19). Ló podia escolher Sodoma, mas quanto Abrão, ele buscou e encontrou
tudo em Deus! Aqueles que partem para Sodoma, nunca tiveram em seus corações a
verdadeira adoração a Deus, mas somente o amor ao mundo, eles recebem o seu
prêmio, alcançaram o anseio de seus desejos secretos, pois Deus “satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a sua alma”
(Sl.106:15). Quanto mais forte e satisfeita se fez, mais morto se achou o espírito.