quarta-feira, 4 de abril de 2012

Gênesis Capítulo 13

"...o fato é que quando alguém não anda realmente com um motivo verdadeiro e afeições puras facilmente encontrará uma pedra para tropeçar. Pouco importa o que seja a causa...porque a Verdadeira causa, encontra-se oculta, longe da observação normal, nas câmaras íntimas dos afetos e desejos do coração, onde o mundo ainda tem sido procurado e amado".


Gn.13:1 a 4 - “Subiu, pois, Abrão do Egito ........ até ao lugar onde a princípio estivera a sua tenda, entre Betel e Ai; até ao lugar do altar que outrora tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do Senhor.” Aqui vemos o Senhor restaurando seu servo que havia descido ao Egito. No Egito não existe altar, não se invoca o nome do Senhor, mas algo que nos chama muitíssimo a atenção é que Deus traz Abrão de volta, depois de sua queda e fracasso em obedecer, Deus o traz no exato lugar “do altar que outrora tinha feito”. Deus não o rebaixa a um lugar menos nobre ou mais distante, Deus o restaura por completo, porque a Graça do Deus não trabalha sobre os nossos padrões de medida e, nem mesmo sobre os nossos méritos, O Senhor o restaura totalmente e nada lhe “lança em rosto” (Tiago1:5). Assim é o Nosso Grande Deus, perfeito em Si mesmo e completamente Bondoso. Nada pode satisfazer a Deus com respeito a um apóstata ou extraviado, senão a sua inteira restauração. “Se voltares, ó Israel, para Mim voltarás”(Jr.4:1). A alma restaurada terá uma compreensão viva e profunda do mal de que foi liberta; liberta não para pecar mais, mas para ter profunda gratidão e amor Àquele que a libertou.
Abrão e Ló separam-se. (Gn.1:5 a 8) 

Talvez, mais difícil do que a prova da fome, tenha sido para Abrão o separar-se de seu último parente trazido de Ur. Ló havia se unido ao seu tio Abrão para a viagem rumo à terra prometida (Canãa), provavelmente também esperando pela promessa que fora feita a seu tio, mas ele mesmo não possuía tal promessa, ele andava pela correnteza ou pela influência gerada por seu tio. Assim como nos grandes avivamentos e, na saída de Israel da terra do Egito, sempre há aqueles que acompanham o movimento sem a verdadeira Fé, sem terem sido chamados por Deus, sem compreenderem o destino celestial. No meio da jornada eles acabam causando grandes males para os santos; Assim como o populacho, o vulgo que saiu do Egito com o povo de Deus, mas dele não fazia parte: “E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer?”(Nm.11:4). Assim, somos exortados a ver se estamos andando segundo a influência divina ou humana; se a nossa fé está posta na sabedoria do homem ou no poder de Deus; se estamos fazendo as coisas porque os outros fazem, ou porque o Senhor nos chamou para fazer; se somos meramente fortalecidos pela influência de nossos semelhantes ou sustentados pela fé em Deus. Esta é uma séria indagação. É um grande privilégio desfrutarmos da comunhão com nossos irmãos, porém este não deve ser o sustentáculo de nossa fé e sim o nosso relacionamento pessoal com Deus e, este foi o ponto que Ló não pôde compreender em sua jornada. Ele viu muitas vezes a maravilhosa adoração e os altares que seu tio Abrão construiu ao longo do caminho, mas jamais conseguiu ver o real sentido da profunda comunhão com Deus.

O contraste entre a fé de Abrão e a conformidade com o mundo de Ló (Gn.13:9a13).

Devemos pensar em qual o motivo de Ló ter se afastado da verdadeira fé e do caminho para Canaã. Existe uma crise na história de cada homem em que será, indubitavelmente, revelado o fundamento em que ele descansa, quais os motivos por que é instigado e quais os fins que o animam. Assim foi com Ló. Não morreu em Harã; mas caiu nas planícies de Sodoma. A causa aparente de sua queda foi a contenda de seus pastores e os pastores de Abrão; porém o fato é que quando alguém não anda realmente com um motivo verdadeiro e afeições puras facilmente encontrará uma pedra para tropeçar. Pouco importa o que seja a causa aparente que serve de estopim para afastar do Caminho Santo, porque a Verdadeira causa, encontra-se oculta, longe da observação normal, nas câmaras íntimas dos afetos e desejos do coração, onde o mundo ainda tem sido procurado e amado.

A contenda poderia facilmente ser resolvida sem prejuízo espiritual, assim foi para Abrão, pois a ocasião apenas lhe deu oportunidade de mostrar sua elevação espiritual recusando-se a fazer a primeira escolha e descansando no terreno da fé. Mas para Ló, foi oportunidade de mostrar todo o mundanismo escondido em seu coração. Assim, também, muitas controvérsias se levantam na Igreja de Deus e, muitos nelas tropeçam e são arrastados de volta para o mundo; então atribuem a culpa às controvérsias, mas a verdade é que essas coisas eram apenas os meios de revelar aquilo que jamais saiu de seus corações rebeldes contra Deus: o “amor ao mundo”.

Sempre que houver contendas entre os irmãos na presença dos cananeus e dos pereseus, é uma fato lamentável e triste, mas que nossa resposta possa sempre ser: “Ora, não haja contenda entre mim e ti......porque somos irmãos” (Gn.13:8). Abrão também podia ser atraído pelas “campinas bem regadas”, mas preferiu descansar em Deus e deixou que o Senhor o conduzisse. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança” (Sl.16:6).

Que escolheu então Ló, quando lhe foi dada a preferência? Escolheu Sodoma. O próprio lugar que estava prestes a ser julgado e condenado por Deus. Por que escolher um tal lugar? Porque olhou para as aparências e não para o caráter intrínseco e destino futuro. O caráter intrínseco era a impiedade e o destino o julgamento e destruição por fogo e enxofre. Nem Abrão ou Ló poderiam saber o destino de Sodoma, mas Deus sabia, e Ló não priorizava ouvir o Senhor. Os seus olhos cobiçaram a “campina, que era bem regada”, o seu coração foi atraído por ela...... “armou as suas tendas até Sodoma” (Gn.13:12). Esta foi a mesma escolha feita por Demas: “Demas me desamparou, amando o presente século” (IITim.4:10).

A parte de Abrão (Gn.13:14a18):

E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre”. A contenda na vida do crente Abrão, longe de o desanimar e afastar do Senhor, pelo contrário, serviu apenas para revelar os seus princípios celestiais e fortalecerem, no seu espírito, a vida da fé. Além disso, fortaleceram as suas perspectivas e libertaram-no de um (Ló) que só podia lhe ser um peso morto (Obs.: A palavra espírito aqui utilizada com letra minúscula refere-se ao espírito humano, ou a parte de nós que se liga a Deus, conforme a Palavra nos ensina em Efésios 3:16). E, também, interessante notar que os homens sempre encontram o seu próprio meio, os que correm sem serem enviados caem de um modo ou de outro e regressam àquilo que professavam ter abandonado. Por outro lado aqueles que são chamados por Deus e se apóiam N’Ele são, por Sua graça mantidos e as “suas veredas são como a Luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Prov.4:18). “Aquele que perseverar até o fim, será alvo” (Mt.10:22). É importante também observar que, sempre, devemos seguir conforme o “talento” que o Senhor nos confiou, se um, dois, ou cinco, é com eles que devemos negociar, não devemos ir além, nem mesmo ficar aquém daquilo a que o Senhor nos ordenou trabalhar, pois somente Ele ordena os talentos conforme a capacitação que Ele mesmo dá a cada um de nós. Todos os que Cristo chama para qualquer serviço especial mantê-los-á, infalivelmente, porque Ele nunca chamou ninguém para “militar à sua própria custa” (ICor.9:7).

Abrão foi chamado por Deus e por isso poderia dizer: “Oh! quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual operaste para aqueles que em ti confiam na presença dos filhos dos homens!” (Sl.31:19). Ló podia escolher Sodoma, mas quanto Abrão, ele buscou e encontrou tudo em Deus! Aqueles que partem para Sodoma, nunca tiveram em seus corações a verdadeira adoração a Deus, mas somente o amor ao mundo, eles recebem o seu prêmio, alcançaram o anseio de seus desejos secretos, pois Deus “satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a sua alma” (Sl.106:15). Quanto mais forte e satisfeita se fez, mais morto se achou o espírito.       

OBS:. Para acompanhar o Estudo do Livro de Gênesis a partir do capítulo 1 >> CLIQUE AQUI

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