Gênesis Capítulo 38
"Judá havia sido muito influenciado por sua amizade com o
ímpio Hira e por sua esposa cananéia, deixando para nós um solene aviso acerca
de nossas amizades e também acerca da pessoa que será nosso cônjugue caso ainda
sejamos solteiros".
O triunfo da Graça de Deus
sobre o pecado
Este capítulo apresenta-nos
umas dessas circunstâncias notáveis em que a Graça de Deus triunfa
gloriosamente sobre o pecado do homem, “Visto ser
manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá” (Hb 7:14). Mas como?
“Judá gerou de Tamar a Perez e a Zerá” (Mt.1:3).
Isto é particularmente notável. Vemos como Deus, na Sua muita Graça, Se eleva
acima do pecado e da loucura do homem, com o fim de cumprir os Seus propósitos
de amor e misericórdia. Assim, um pouco mais adiante, no versículo 6, lemos, “e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias”.
É digno de Deus atuar desta maneira. O Espírito de Deus nos conduz através da
linha, por meio da qual, segundo a carne, veio Cristo; e, fazendo-o, dá-nos
como elos na cadeia genealógica, Tamar e Bate-Seba! Rute
4:18a22 - Estas são, pois, as gerações de Perez: Perez
gerou a Esrom, e Esrom gerou a Rão, e Rão gerou a Aminadabe, e Aminadabe gerou
a Naassom, e Naassom gerou a Salmom, e Salmom gerou a Boaz, e Boaz gerou a
Obede, e Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi.
Como é claro, quando
chegamos ao fim do primeiro capítulo de Mateus, que é “Deus manifestado” em
carne que encontramos, e isto, também, na pena do Espírito Santo, pois vemos
que o homem jamais poderia ter inventado uma tal genealogia; ela parece louca
demais a todos os estereótipos de heróis já inventados pelos homens. Esta
história é inteiramente divina e, ninguém espiritual poderá lê-la sem ver nela
uma bendita demonstração de graça divina em primeiro lugar; e em segundo lugar
da inspiração de todo o evangelho de Mateus. Creio que um confronto de 2Samuel
11, com a história de Bate-Seba e Gênesis 38, com a história de Tamar e, também
o capítulo 1 de Mateus interligando as genealogias, dará ao Cristão concentrado,
assunto para meditação agradável e edificante.
Gn.38:1a5 – Aqui podemos ver
a amizade chegada e íntima de Judá com um homem cananeu chamado Hira. Deus
ordenara desde o princípio que os filhos de Israel não deveriam se envolver e
nem se misturar ao povo cananeu. Vemos aqui que Judá, através de sua amizade
com Hira, é levado a conhecer um homem chamado Sua, que por fim se torna seu
sogro; desta forma Judá agora tem como seu melhor amigo um homem cananeu e,
como esposa, uma mulher Cananéia. Ele começa a assimilar os costumes da terra.
Deuteronômio 14:2 – “Porque és povo santo ao SENHOR teu Deus; e o SENHOR te
escolheu, de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe seres o seu
próprio povo”. O povo de Deus não poderia ser misturado, é um povo chamado
a ser santo, Judá não possuía esta compreensão.
Gn.38: 6a10 – “...por isso o Senhor o matou”. Há algo de peculiar e
misterioso neste texto; vemos que o Senhor mata os dois filhos mais velhos de
Judá com sua mulher Cananéia. Um porque era mau, outro porque tinha medo de
perder parte de sua herança dando-a ao descendente de seu irmão mais velho. O
costume da época dizia que a herança iria para o filho mais velho, portanto o
filho de Tamar receberia toda a herança de seu avô Judá. Em uma leitura
superficial, podemos compreender este texto como uma mera ação punitiva de Deus
sobre a ganância humana, porém, quando olhamos com mais atenção, vemos que
muito além disso, Deus não só está punindo os perversos, mais dirigindo a
história, disciplinando os homens e elegendo os Seus. Ele havia escolhido O
Descendente de Judá para ser o Cristo, este não poderia ter nascido da
Cananéia, Tamar foi a mãe escolhida para educar Perez.
Gn.38:11a15 – Levirato era o
nome dado à pratica de um irmão suscitar descendente ao irmão falecido
(Dt.25:5a10). Tamar tinha o direito de ter um filho da família de Judá, segundo
a Lei e costumes da época. Talvez por medo de perder também seu filho mais
moço, caso Deus também o matasse, Judá negligencia o direito de Tamar e não
manda seu filho Selá tomá-la por esposa. Assim, Tamar percebendo o grande risco
que corria por ser viúva e não ter ninguém que a amparasse em sua velhice,
recorre a uma estratégia que bem poderia ser inspirada pelo povo hitita que,
maldosamente, aceitavam envolver o sogro no casamento de Levirato caso não
houvesse filhos para fazê-lo.
Deuteronômio 31:16 – “E disse o SENHOR a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e
este povo se levantará, e prostituir-se-á indo após os deuses estranhos na
terra, para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a minha aliança que tenho
feito com ele”. Deus havia avisado solenemente acerca da mistura com os
povos da terra; apesar da Lei ainda não ter sido dada no período de vida de Judá,
certamente seu pai Jacó já o havia avisado, pois ele mesmo tinha sido ensinado
por seu pai Isaque e por tudo que aprendeu em sua peregrinação até Padã-Arã.
Gn.38:24a29 – Nascimento dos
gêmeos, fruto de prostituição e incesto, alvo porém da soberana Graça de Deus
que faz das coisas fracas e vergonhosas deste mundo instrumentos da
manifestação da Sua Graça Soberana e irresistível.
Perez = brecha ou levar a
cabo. Perez foi tatataravô de Boaz, avô de Jessé, pai de Davi.
Gênesis Capítulo 40
Gênesis Capítulo 39
"...em momento algum se deixou levar pelo sentimento de auto-piedade, mas conservou sua plena confiança em Deus, não murmurando nem nutrindo sentimentos de vingança ou revolta".
Gênesis 39:1e2 – “E JOSÉ foi levado ao Egito, e Potifar, oficial de Faraó,
capitão da guarda, homem egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o tinham
levado lá. E o SENHOR estava com José....” Vemos nesta passagem algo
muito interessante e elevado acerca da forma como o Senhor trata os Seus escolhidos.
José fora vendido por seus irmãos, passou de um filho querido e rico para um
escravo, pobre, abandonado, destituído de qualquer bem, porém, ainda assim, o
texto nos diz que o Senhor estava com ele, como pode ser isso, haveria algum
erro nesta narrativa? Porque tanto sofrimento no caminho de um
homem do qual se diz que o “Senhor estava com ele”?
A leitura atenta desta
porção das Escrituras nos levará, sem dúvida, à inevitável conclusão de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”,
iremos perceber uma cadeia notável de atos providenciais, convergindo todos
para um ponto, a saber, a exaltação do
homem que havia estado na cova (tipologia do sepulcro vazio). Ao mesmo
tempo trazendo à luz, gradualmente, um número de objetos secundários. “Os
pensamentos de muitos corações” estavam para ser “revelados”; mas José estava
para ser exaltado. Salmos 105:16-22
16 -
Chamou a fome sobre a terra, quebrantou todo o sustento
do pão.
17 -
Mandou perante eles um homem, José, que foi vendido por
escravo;
18 -
Cujos pés apertaram com grilhões; foi posto em ferros;
19 -
Até ao tempo em que chegou a sua palavra; a palavra do
SENHOR
o provou.
20 -
Mandou o rei, e o fez soltar; o governador dos povos, e
o soltou.
21 -
Fê-lo senhor da sua casa, e governador de toda a sua
fazenda;
22 -
Para sujeitar os seus príncipes a seu gosto, e instruir
os seus
anciãos.
É bom ver que o objetivo de
tudo era exaltar aquele que os homens haviam rejeitado; e então produzir nestes
mesmos homens a mágoa do seu pecado na rejeição. E como tudo isso é admiravelmente
conseguido! Circunstâncias triviais e importantes, prováveis e improváveis, são
usadas no desenrolar dos propósitos de Deus. No capítulo 39 satanás emprega a
mulher de Potifar, e no capítulo 40 serve-se do copeiro-mor do faraó. Aquela
foi usada para meter José no cárcere, e este, para o conservar lá, por causa do
seu esquecimento ingrato; mas foi tudo em vão. Deus estava atrás dos bastidores
dirigindo com a Sua mão as molas do encadeamento das circunstâncias, e a Seu
tempo tirou dali o Seu escolhido, o homem que designou enviar a um lugar
espaçoso. Isto é sempre prerrogativa de Deus, Ele está acima de tudo e pode
usar tudo para o cumprimento dos Seus inescrutáveis desígnios. É muito
agradável saber que toda a sorte de agentes está ao Seu soberano dispor: Anjos,
homens e demônios – todos estão debaixo da Sua mão onipotente, e todos são
criados para cumprir os Seus propósitos.
Neste capítulo tudo isto se
nos apresenta de um modo notável. Deus visita o lar de um capitão gentio, o
palácio de um rei pagão, sim, e o seu quarto, e faz com que as próprias visões
que ele tem em seu leito contribuam para o cumprimento dos Seus desígnios. E
não são somente as circunstâncias e as pessoas que são usadas para o
cumprimento dos eternos propósitos de Deus; mas o próprio Egito e todos os
países circunvizinhos são postos em cena; em suma, toda a terra foi preparada
pela mão de Deus para ser o teatro no qual pudesse ser mostrada a glória e a
grandeza de um que “fora separado dos seus irmãos”.
(tipologia D´Aquele que foi rejeitado pelos Seus - Jo1:11).
Tais são os caminhos de
Deus; e é um dos mais felizes e altos privilégios de exercício da alma de um
santo seguir assim, os atos admiráveis de seu Pai Celestial. Como a providencia
de Deus é forçosamente trazida à luz nesta história de José! Olhai, por um
momento, para o cárcere do capitão da guarda. Vede ali um “homem em ferros”,
acusado de um crime abominável – proscrito e escória da sociedade; e, todavia
vede-o, quase num momento, elevado à mais alta distinção; e quem poderá negar
que Deus está em tudo isso?
Gn.39:3a18 – “Falando ela a José todos os dias.....” Podemos ver a
extrema insistência da mulher de Potifar em se deitar com José, porém toas as
suas tentativas falharam em face da forte convicção dele em não ceder e nem se
comprometer, pois ele possuía total respeito à esposa do seu senhor e, acima de
tudo, temor ao Deus de seu pai Jacó, diante do qual buscava andar em total
santidade.
Gn.39:19a23 – Ainda que
posto em situação bem menos confortável do que a que possuía na casa de
Potifar, José, mesmo na cadeia, foi elevado a uma posição de confiança e
autoridade; provou ser digno de confiança a ponto de não necessitar de supervisão;
em momento algum se deixou levar pelo sentimento de auto-piedade, mas conservou
sua plena confiança em Deus, não murmurando nem nutrindo sentimentos de
vingança ou revolta. Por isso Deus pode usar de todas essas circunstâncias na
formação do caráter de José e no preparo do terreno no qual traria Moisés e a
Lei para Seu povo que ali iria se multiplicar formando uma grande nação,
conforme prometera a Abraão, tataravô de José.
Gênesis Capítulo 40
"José, por ser um profeta de Deus, não profetizava apenas bênçãos sobre seus ouvintes, mas entregava todo o conselho de Deus, quer fosse para alguma vitória ou dádiva, quer fosse para uma terrível sentença ou punição".
Gênesis 40:3e4 – “E entregou-os à prisão, na casa do capitão da guarda, na casa
do cárcere, no lugar onde José estava preso. E o capitão da guarda pô-los a
cargo de José, para que os servisse; e estiveram muitos dias na prisão”.
É bem possível que o Rei do Egito nesse período fosse Senusert II que reinou no
período de 1894 a 1878 a.C.
O copeiro-mor e o padeiro
chefe eram homens de extrema confiança, pois tinham a obrigação de impedir que
qualquer comida envenenada fosse ingerida inadvertidamente pelo faraó. Foram
encarcerados juntos com José na casa do capitão da guarda que poderia ser o
próprio Potifar, antigo senhor (patrão) de José.
Gênesis 40:5 – “E ambos tiveram um sonho, cada um seu sonho, na mesma noite,
cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do
Egito, que estavam presos na casa do cárcere”. A Oniromancia, ciência da
interpretação de sonhos, florescia no antigo Egito porque se pensava que os
sonhos determinavam o futuro; assim haviam profissionais que se especializavam
em interpretação de sonhos. Por isso o Senhor adverte terminantemente a todos
os crentes a que tomem muito cuidado com essas formas de misticismo e práticas
pagãs:
Deuteronômio 13:1a5 – “QUANDO profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de
ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te
houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e
sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos;
porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais
o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma. Após o
SENHOR vosso Deus andareis, e a Ele temereis, e os Seus mandamentos guardareis,
e a Sua voz ouvireis, e a Ele servireis, e a Ele vos achegareis. E aquele
profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o SENHOR
vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos resgatou da casa da
servidão, para te apartar do caminho que te ordenou o SENHOR teu Deus, para
andares nele: assim tirarás o mal do meio de ti”.
Gênesis 40:8 – “E eles lhe disseram: Tivemos um sonho, e ninguém há que o
interprete. E José disse-lhes: Não são de Deus as interpretações? Contai-mo,
peço-vos”. É preciso ver que de forma muito cautelosa, José fala a
respeito de Deus ser o ordenador de todas as coisas, inclusive os sonhos, mas
isso, em absoluto, não está indicando que todos os sonhos possuem significado
sobrenatural; Isto apenas reflete uma das formas como Deus pode falar ao Seu
povo, mas não constitui regra, pelo contrário, é a exceção da regra, pois a
regra máxima de revelação em nossa época é a revelação escrita na Bíblia e
todas as outras devem ser submetidas à sua autoridade.
Jó 33:14a15 – “Antes Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para
isso. Em sonho ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens, e
adormecem na cama”. Tanto no livro de Jó como no livro de Daniel 2:28,
vemos algo sobre sonhos. Nestes períodos a Bíblia ainda estava sendo escrita e
haviam propósitos especiais em cada um desses eventos, não significando que
eles devam se repetir da mesma forma em nossos dias.
Gênesis 40:14e15 – “Lembra-te de mim”. Aqui vemos este comovente apelo do
jovem José para que fosse desfeita a grande injustiça que fora praticada com
ele prendendo-o injustamente naquela cela.
Gênesis 40:15 – “Fui roubado da terra dos hebreus”. José chama Canaã de
terra dos hebreus, mostrando que ele havia compreendido e crido na promessa de
Deus feita a seu bisavô Abraão de que toda aquela terra pertenceria a seus
descendentes.
Gênesis 40:16 – “A interpretação era boa”. O padeiro-chefe, percebendo
alguma semelhança nos sonhos, foi incentivado a pedir que José interpretasse
seu sonho também. Por ser um verdadeiro profeta de Deus, José prefere então dizer
a verdade, ainda que essa pudesse muito entristecer o seu colega de cela. Ele
utiliza um jogo sutil de palavras; a cabeça do copeiro-mor seria “reabilitada”,
ou levantada, mas a cabeça do padeiro-chefe seria arrancada fora.
Gênesis40:20 – “Aniversário de nascimento de Faraó”. A Pedra de Roseta (descoberta em 1799 d.C., é
um artefato trilíngue da antiguidade egípcia, datada de 196 a.C., cuja
inscrição grega possibilitou aos linguistas compreender a linguagem de
hieróglifos) registra o costume de Faraó libertar prisioneiros, mas nessa festa
oferecida a seus servos, Faraó emitiu dois tipos muito diferentes de sentença;
uma seguiu a tradição de libertar um prisioneiro, mas a outra, executou.
José, por ser um profeta de
Deus, não profetizava apenas bênçãos sobre seus ouvintes, mas entregava todo o
conselho de Deus, quer fosse para alguma vitória ou dádiva, quer fosse para uma
terrível sentença ou punição. Oxalá fossem os profetas de nossos dias guiados
pelo mesmo Espírito que conduzia o poder de José.
Gênesis Capítulo 41
Gênesis Capítulo 42
Gênesis Capítulo 41
"O centro de reunião da Igreja é Cristo na glória. “E eu quando for levantado da terra todos atrairei a mim” (João12:32). Cristo atrai, não o entretenimento carnal, Cristo é o centro do culto, não as nossas necessidades, carências ou vontades".
Gênesis 41:1;9a11 – “E ACONTECEU que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio........ Então falou o copeiro-mor a Faraó, dizendo: Das minhas ofensas me lembro hoje: Estando Faraó muito indignado contra os seus servos, e pondo-me sob prisão na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro-mor, então tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele; sonhamos, cada um conforme a interpretação do seu sonho”.
O copeiro-mor havia se esquecido de José na prisão, dois anos se passaram e ele nada fez em favor do amigo; mas a memória do Deus de Jacó não conhece esquecimento, Deus mesmo se lembra do seu servo, após dois anos, chegado o tempo estabelecido por Deus, Ele fez faraó sonhar e se utilizou das circunstâncias para levar José à presença do maioral do Egito.
Gênesis 41:15e16 – “E Faraó disse a José: Eu tive um sonho, e ninguém há que o interprete; mas de ti ouvi dizer que quando ouves um sonho o interpretas. E respondeu José a Faraó, dizendo: Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó”. José deixa claro que este poder não era algo que vinha dele mesmo e sim de sua completa dependência de Deus.
Gênesis 41:32 – “E que o sonho foi repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e Deus se apressa em fazê-la”. Deus havia repetido o sonho duas vezes com o mesmo sentido para que Faraó tivesse certeza acerca de seu sentido sobrenatural e que não era apenas fruto se sua imaginação. José deveria apenas interpretar o sonho, mas a sabedoria que Deus havia dado a ele nos longos anos de prisão e de serviço fiel ao Senhor fizeram com que ele não apenas interpretasse o sonho mas também desse uma estratégia para que faraó pudesse lidar com os anos de fome que viriam; Isso trouxe de imediato a admiração de faraó que decide não só crer nas palavras de José, mas também fazer dele o seu primeiro ministro com poder de pôr em execução sua própria estratégia financeira.
Gênesis 41:45 – “E Faraó chamou a José de Zafenate-Panéia, e deu-lhe por mulher a Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om; e saiu José por toda a terra do Egito”. Este nome Zafenate-Panacéia ainda é uma incógnita para os estudiosos, mas provavelmente significa “o provedor de duas terras, o homem vivo”. Aqui é reforçada a ideia da tipologia na vida de José pois, Deus o designou para ser um tipo de Cristo, o nosso Provedor, o Deus vivo que se fez Homem, entrou em nosso mundo e fez a ponte eterna que provê a todo pecador penitente o suprimento de perdão necessário para entrar no universo de Deus.
“Azenate, filha de Potífera” – Aqui vemos a noiva estrangeira de José que, com perfeição, ilustra a Igreja. Cristo apresentou-Se aos judeus e, sendo rejeitado por eles, tomou o Seu lugar nas alturas e enviou o Espírito Santo para formar a Igreja, que é composta de judeus e gentios, para ser unida com Ele na glória celestial. Algumas curiosidades acerca da tipologia Bíblica aqui, no que se refere à esposa egípcia de José é que ela teve parte íntima com ele em sua glória. Sendo parte de si próprio ele compartilhou de tudo o que era seu. Além disso ela ocupava um lugar de intimidade e aproximação dele somente conhecido dela. Assim é com a Igreja, a esposa do Cordeiro: Ela está unida com Cristo, ao mesmo tempo para ser participante da Sua rejeição e glória.
É a posição de Cristo que dá caráter à posição da Igreja, e a sua posição deveria caracterizar sempre a sua conduta. Precisamos ter olhos fixo naquilo que nos espera em nossa união eterna com Ele em glória, não fixar nossos pensamentos na momentânea tribulação presente.
II Corintios 5:16 – “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo”. O centro de reunião da Igreja é Cristo na glória. “E eu quando for levantado da terra todos atrairei a mim” (João12:32). Cristo atrai, não o entretenimento carnal, Cristo é o centro do culto, não as nossas necessidades, carências ou vontades.
Existe muito mais de valor prático na compreensão deste princípio do que pode parecer à primeira vista. O intuito de Satanás, bem como a tendência de nossos corações é sempre levar-nos a ficar aquém do objetivo de Deus em todas as coisas, e sobretudo no que diz respeito ao centro da nossa reunião como cristão. O Sangue infinitamente precioso do Senhor Jesus é o centro da nossa união como Igreja, devemos ter em vista o fato que o Espírito Santo nos reúne para a Pessoa um Cristo ressuscitado e glorificado; e esta união concede o caráter elevado e santo da nossa união como cristãos.
Se tomamos outra posição, que não esta, então, formamos inevitavelmente uma seita ouismo. Se nos reunimos em volta de uma ordenação, por muito importante que seja, ou mesmo de uma verdade ou ciência, por mais indiscutíveis que sejam, fazemos então, de alguma outra coisa o nosso centro, e não Cristo.
Precisamos ponderar acerca de nossa união com Cristo oculto nos céus, se Ele estivesse na terra, seríamos reunidos com Ele aqui, mas estando glorificado no céu, a Igreja toma o seu caráter e conduta da posição que Ele ali ocupa. Por isso pode o Senhor declarar: “Não são do mundo, como eu do mundo nãom Sou”, e também, “e por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (João17:16-19). Assim também lemos: “E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (IPedro2:4e5).
Se somos reunidos para Cristo, temos de ser reunidos para Ele, como Ele é, e onde Ele está; e quanto mais o Espírito de Deus conduzir as nossas almas à compreensão disto, tanto mais veremos o caráter da conduta que nos convém, tanto na vida cotidiana, como em nossas reuniões de culto público.
Outra importante observação acerca da tipologia é que a noiva de José foi unida a ele, não na cova e nem no cárcere, mas na dignidade e glória da sua posição no Egito; além disso lemos: “Nasceram a José dois filhos (antes que viesse o ano da fome)” (capítulo 41:50). Aproximava-se uma época de tribulações; mas antes disso veio o fruto da sua união. Os filhos que Deus lhe deu foram chamados à existência antes deste tempo de provação. Assim será com respeito à Igreja. Todos os seus membros serão chamados, o corpo será acabado e ligado à Cabeça no céu, antes da “grande tribulação” que há de vir sobre toda a terra.
Gênesis Capítulo 42
"Ninguém pode ensinar como Deus. Somente Ele pode produzir na consciência a verdadeira compreensão do pecado, e levar a alma aos profundos recessos da sua própria condição na Sua presença. Isto é, todo o trabalho é dEle".
Este capítulo nos fala do
reencontro de José com seus irmãos e a forma maravilhosa em que Deus opera o
arrependimento no coração do seu povo.
Gn 42:6 – “José, pois, era o governador daquela terra;
ele vendia a todo o povo da terra; e os irmãos de José chegaram e inclinaram-se
a ele, com o rosto em terra”. Neste versículo encontramos o espetacular
cumprimento detalhado do sonho profético que José havia tido com seus irmãos
(Gn 37:9), e José se lembra do sonho e do extremo cuidado com que Deus realiza
cada detalhe daquilo que Ele idealizou desde a eternidade. Não existe surpresas
para Deus, o nosso futuro para Ele é presente, e a tudo Ele coordena, nada sairá
do Seu meticuloso controle.
Gen 42:21 a 22: “Então disseram uns aos outros: Na verdade,
somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando
nos rogava; nós porém não ouvimos, por isso vem sobre nós esta angústia. E Rúben respondeu-lhes,
dizendo: Não vo-lo dizia eu: Não pequeis contra o menino; mas não ouvistes; e
vedes aqui, o seu sangue também é requerido”. Durante o tempo
em que José esteve oculto da vista de seus irmãos eles tiveram que passar por
profunda e aguda provação, por meio de exercícios penosos e intensos da
consciência. Eles sempre se lembravam que eram culpados por aquilo que fizeram
a José e que Deus traria sobre eles as consequências.
Quando chegamos no capítulo
44 versículo 16, encontramos a confissão de Judá que disse: “Então disse Judá: Que diremos a meu senhor? Que
falaremos? E como nos justificaremos? Achou Deus a iniqüidade de teus servos;
eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi
achado o copo”. Ninguém pode ensinar como
Deus. Somente Ele pode produzir na consciência a verdadeira compreensão do
pecado, e levar a alma aos profundos recessos da sua própria condição na Sua
presença. Isto é, todo o trabalho é dEle. Os homens correm na carreira de culpa,
descuidados de tudo, até que a flecha do Todo-Poderoso fere a sua consciência,
e então são levados àquelas pesquisas do coração e intensos exercícios de alma,
de que só podem achar alívio nos recursos do amor redentor. Os irmãos de José
não tinham ideia de tudo que havia de resultar em suas atitudes para com José:
“...Tomaram-no e lançaram-no na cova...; depois assentaram-se a comer pão” (Gn 37:24e25). Ai
dos “que bebeis vinhos em taças e vos ungis com mais
excelente óleo, mas não vos afligis pela quebra de José!” (Amós 6:6).
Todavia, Deus promoveu dor
de coração e exercícios de consciência do modo maravilhoso. Passaram-se anos e
esses irmãos poderiam ter pensado inutilmente que tudo estava bem; mas, “então, acabaram-se os sete anos de fartura que havia...e começaram a vir os sete anos de fome!” (Gn
41:53e54). Que importavam eles? Quem os mandou e com que fim? Providência
admirável! Sabedoria inexcrutável! A fome chega a Canaã, e as necessidades da
fome trazem agora os irmãos culpados aos pés do ofendido José! Como é notável a
manifestação da mão de Deus em tudo isso! Ali estão eles, com a seta da
convicção atravessada nas suas consciências, na presença do homem a quem haviam,
com “mãos ímpias”, lançado na cova. Certamente, o pecado tinha-os achado; mas
era na presença de José. Bendito lugar!
“...Angústia
da alma, quando nos rogava e não lhe acudimos...” – Os irmãos de José haviam sido completamente insensíveis
quando o venderam aos midianitas, mas não conseguiam esquecer da fervorosa
súplica e da voz do adolescente carregada de terror quando levado embora de
casa como escravo. Rúben lembrou aos irmãos da advertência que lhes fizera
naquela ocasião e da consequência do ato.
Gn 42:28 –
“E disse a seus irmãos: Devolveram o meu dinheiro, e
ei-lo também aqui no saco. Então lhes desfaleceu o coração, e pasmavam, dizendo
um ao outro: Que é isto que Deus nos tem feito?” A consciência culpada deles e o temor que tinham
da vingança de Deus afloraram novamente nesta resposta quanto ao dinheiro com o
qual haviam comprado cereal; este havia sido posto de volta e achado no saco
que fora aberto. Mais tarde, quando descobriram que todo o dinheiro fora
devolvido, o temor deles aumentou ainda mais.
Gn 42:38 – “Ele porém disse: Não descerá meu filho convosco;
porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre no
caminho por onde fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura”. Jacó mais
uma vez sente a repreensão e o ensino de Deus em sua vida; quando ainda jovem
enganou várias vezes seu irmão e seu pai, agora, em sua velhice, vê seus filhos
fazendo com ele o mesmo que fizera a seu pai. Ele não confiava a vida de seu
filho caçula nas mãos de seus irmãos mais velhos, sabia que eles poderiam
mentir e enganar como já haviam feito na terra de Siquém e, talvez, no intimo
de seu coração soubesse que o sumisso de José não fosse tão acidental como eles
lhe contaram.
Gênesis Capítulo 43
"...o Senhor prova, disciplina e purifica todo aquele que
recebe por filho".
Gen.43:1a8
– “...E eles disseram: Aquele homem particularmente nos perguntou por nós,
e pela nossa parentela, dizendo: Vive ainda vosso pai? Tendes mais um irmão? E
respondemos-lhe conforme as mesmas palavras. Podíamos nós saber que diria:
Trazei vosso irmão? Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia o jovem comigo, e
levantar-nos-emos, e iremos, para que vivamos e não morramos, nem nós, nem tu,
nem os nossos filhos”. Podemos
observar neste diálogo de Judá com seu pai, que os primeiros lampejos de um
sincero e profundo arrependimento começavam a surgir em sua consciência;
colocando-se como fiador da vida de seu irmão Benjamim, ele possivelmente se
lembrava de que a ideia de vender José como escravo aos midianitas havia sido
dele mesmo (Gn.37:26). Assim, de forma maravilhosa e impressionante, Deus
trabalhava no coração de Judá uma real compreensão de seu pecado e grande
urgência do arrependimento para todo eleito de Deus.
Gen.43:9a14 – “Tomai também a vosso irmão, e levantai-vos e
voltai àquele homem; E Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem,
para que deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for
desfilhado, desfilhado ficarei”. Como é maravilhoso observar a obra que
Deus havia realizado operando o novo nascimento na vida de Jacó. Ele,
finalmente, aprendeu a compreender a soberania de Deus em sua vida, ele
entendeu que nem um passarinho cai sem o consentimento do Soberano Senhor,
aprendeu a entregar o controle completo de sua vida nas mãos de Deus. Ele não é
mais Jacó, ele não tem mais um plano alternativo, um jeitinho, uma solução da
sabedoria humana, confia completamente em seu Deus, agora ele não é mais Jacó,
a Palavra de Deus o chama de Israel; seu novo nome agora representa a inteireza
de seu caráter, Jacó foi por inteiro sepultado pela disciplina (Cruz) de Seu
Deus.
Gênesis 43:21a23 – “E aconteceu que, chegando à
estalagem, e abrindo os nossos sacos, eis que o dinheiro de cada um estava na
boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas
mãos; Também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento;
não sabemos quem tenha posto o nosso dinheiro nos nossos sacos. E ele disse:
Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, vos tem
dado um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro me chegou a mim. E
trouxe-lhes fora a Simeão”. Os filhos de Israel tiveram muito tempo para pensar acerca das
consequências de seus atos e dos pecados que haviam cometido em suas vidas:
Mentiram a seu pai sobre José, a sangue frio mataram os homens de Siquém, agora
viam-se enlaçados por uma série de situações e acontecimentos que cada vez mais
lhes fugia do controle, estavam cheios de medo do futuro que lhes aguardava,
então ensaiaram uma confissão de culpa, diante dos homens, para ver se de
alguma forma isso poderia ajudá-los. A confissão da culpa é algo que nosso Deus
sempre irá desenvolver em nossas consciências e, mesmo que eles tenham feito
essa confissão de forma bastante parcial, puderam ouvir palavras de grande
conforto: “Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai,
vos tem dado um tesouro nos vossos sacos”.
É impressionante a forma
como aquele mordomo ou servo de José se refere ao Deus de Israel, sendo ele um
egípcio; estas palavras demonstram claramente que José já o havia ensinado
acerca do verdadeiro Deus. Os irmãos de José não conseguiram perceber, nas
palavras daquele mordomo, que não poderia ser coincidência o fato dele saber
tanto acerca do Deus de Israel, a não ser que o próprio José o houvesse
ensinado.
Gen. 43:26 – “Vindo, pois, José à casa, trouxeram-lhe ali o
presente que tinham em suas mãos; e inclinaram-se a ele até à terra”. Mais
uma vez o sonho do jovem José se faz realidade (Gn.37:5a8).
Gen.43:29 – “Deus te conceda Graça”. Aqui
José fala acerca do Deus vivo da mesma forma que falou em no capítulo 42:18,
mas seus irmãos nem sequer ouviram ou perceberam que um “egípcio” estivesse se
referindo ao Deus da aliança que eles conheciam.
Gen.43:30a33 – “.....chorou...”
Por várias vezes José foi levado às lágrimas, pois algo profundo estava sendo
tratado no coração de seus irmãos e em seu próprio coração também.
“......comer pão
com os hebreus.....” Os egípcios não costumavam compartilhar a mesma mesa com
estrangeiros até porque consideravam inferiores as outras raças. A distinção de
José entre os egípcios deixava ainda mais forte a impressão, aos olhos de seus
irmãos, de que ele não fosse um hebreu como eles.
“.......o primogênito...... o mais novo”. Os irmãos receberam lugares à mesa por ordem de nascimento,
eles ficaram maravilhados por este fato, mas ainda assim, não perceberam quem
era, na verdade, seu anfitrião; somente alguém muito íntimo poderia saber tanto
acerca de sua família, mas eles jamais imaginariam que aquele adolescente que
deixaram gritando dentro de uma cova pudesse ser agora o segundo homem mais
poderoso da terra. É provável que muitas vezes tenham rido dos sonhos de
superioridade de José.
Gen.43:34
– “......a porção de Benjamim”. O favoritismo mostrado tão claramente ao
segundo filho de Raquel era um teste sutil às atitudes dos irmãos; qualquer
inveja duradoura, antipatia ou animosidade não poderia ser mascarada. Era
necessário que o arrependimento fosse genuíno e toda inveja e concorrência
tivessem cessado por completo em seus corações. Assim, também, o Senhor prova,
disciplina e purifica todo aquele que recebe por filho.
Gênesis Capítulo 44
"Achou Deus a iniquidade de teus servos".
Gn. 44:1a3 – “...E o meu copo, o copo de prata, porás na boca do saco do mais
novo, com o dinheiro do seu trigo. E fez conforme a palavra que José tinha dito...”.
O copo especial de José, também descrito como objeto relacionado com
adivinhação (vers.5,15) ou hidromancia (interpretação dos movimentos da água),
era um recipiente sagrado, que simbolizava a autoridade do seu ofício de vizir
egípcio. A menção da natureza e do propósito supersticioso do objeto, não
significa, necessariamente, que José praticasse esses ritos religiosos pagãos.
Gn.44:15 – “Capaz de adivinhar” – José, ainda fingindo ser um oficial egípcio
diante dos irmãos, permitiu que eles pensassem assim.
Gênesis 44:8 – “Eis que o dinheiro, que temos achado nas bocas dos nossos
sacos, te tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como, pois, furtaríamos da
casa do teu senhor prata ou ouro?” Os irmãos, enfrentando acusação de
furto, protestaram inocência, ressaltando, primeiramente, sua integridade ao
devolverem o dinheiro da última viagem e, depois, declarando morte ao
perpetrador e escravidão para si próprios. Eles sabiam que nada tinham feito e
jamais poderiam imaginar o plano arquitetado por José para incriminar Benjamim
diante deles.
Gn.44:13 – “....rasgaram suas vestes....”. Este era um costume bem
conhecido no antigo Oriente Próximo, retratando visivelmente a dor que sentiam
no coração. Estavam bastante perturbados que Benjamim pudesse tornar-se escravo
no Egito (vers.10). Parece que Benjamim ficou sem fala. Eles tinham passado num
segundo teste de devoção a Benjamim (o primeiro no cap.43:34). Eles não tinham
como saber se Benjamim havia mesmo furtado o copo, pois até poderiam imaginar
que por sua pouca idade, talvez empolgado com o que viu no Egito ele poderia
ter mesmo decidido furtar aquele incrível objeto de magia. A intervenção de
Judá que antes não havia demonstrado misericórdia com José, mostra um homem que
apresenta notáveis mudanças, quando decide pedir para tomar a punição em lugar
de seu irmão e amenizar o sofrimento de seu pai, nem mesmo parece ser o mesmo
Judá dos capítulos anteriores.
Gênesis 44:16 – “Então disse Judá: Que diremos a meu senhor? Que falaremos? E
como nos justificaremos? Achou Deus a
iniquidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto
nós como aquele em cuja mão foi achado o copo”. Judá se apresenta como
porta voz da família. Esta frase: “Achou Deus a
iniquidade....” demonstra o quanto seu coração estava sensível ao
tratamento de Deus em suas vidas, pois reconhece a completa providência de Deus
ao revelar a culpa e dirigir os acontecimentos nos quais se encontravam. Também
chama para si a culpa, não luta em defesa própria, mas demonstra um coração
quebrantado não apontando o dedo para Benjamim, duvidando da postura de seu irmão
ou responsabilizando ele pelo acontecido.
Gn.44:18a34 – “Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa,
peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se
acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó”. Aqui Judá
inicia uma súplica eloquente e contrita por misericórdia, repleta de
referências à alegria e à paixão que o idoso pai tinha por Benjamim
(Vers.20,30) e ao golpe fatal que seria dado no pai caso perdesse o segundo
filho de Raquel (Vers.22, 29, 31, 34). A compaixão evidente de Judá e a
prontidão de substituir Benjamim na escravidão finalmente desarmaram José –
estes não eram os mesmos irmãos de antes.
Gênesis Capítulo 45
"A alma que tiver pronunciado a sua própria condenação, está preparada para compreender e apreciar o perdão de Deus".
Gênesis 45:1a3 - ENTÃO José não se podia conter diante de todos os que estavam
com ele; e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e ninguém ficou com ele,
quando José se deu a conhecer a seus irmãos. Nenhum estranho (ou egípcio)
poderia presenciar esta revelação: “Eu sou José”
... aquele mesmo que vocês venderam ao egípcios.... mas agora, por operação
divina, eu posso ver que vocês foram confrontados pelo seu pecado, vejo o
arrependimento, vejo a mudança de atitude, vejo que são novas criaturas, agora
eu os abençoo com o bálsamo do meu amor fraterno e de toda a minha amizade. Que
tremenda revelação tiveram os filhos de Israel (Jacó), que grande dia aquele em
que nós, levado por toda a convicção de nossa miséria e pecado podemos ouvir de
nosso Senhor: Eu Sou Jesus, vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados
dos seus pecados... eu vos aliviareis.
Gênesis 45:4a5 – “E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E
chegaram-se; então disse ele: Eu sou José vosso irmão, a quem vendestes para o
Egito. Agora, pois, não vos
entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido
para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós”.
Havia perdão garantido para eles, vemos claramente nesta passagem, José como um
tipo de Cristo, e aprendemos que antes da Real revelação do nosso Bendito
Salvador, precisamos ser levado à mais profunda e completa convicção de nossos
pecados a fim de que possamos compreender o que Ele realmente é, e o que Ele fez
por nós ao suportar a afronta da Cruz. Qualquer pecador que, supostamente tenha
vindo a Cristo sem essa compreensão, jamais terá chorado no ombro do Seu Senhor
e jamais dará qualquer valor a salvação e, na verdade, jamais terá sido salvo.
Gênesis 45:6a8 – “... Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa
sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento. Assim não fostes vós que me enviastes para cá,
senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a
sua casa, e como regente em toda a terra do Egito”. Ao invés de se
resignar e buscar vingança contra seus irmãos, José mostra completa compreensão
da magnífica soberania de Nosso Deus, ele compreendia a aliança eterna feita
com seu bisavô Abraão e a implicação que ela teria em suas vidas. Muita acima
de qualquer sentimento de raiva ou rancor, José demonstra fé Naquele que dirige
todas as coisas pelo Seu excelso e soberano poder.
“Pai de Faraó” – Título pertencente a
um vizir e que designava uma pessoa que, não aparentada com Faraó, desempenhava
uma valiosa função e ocupava elevada posição, que no caso de José era “senhor
em toda a terra do Egito”.
Tudo isso é, também, agradavelmente
figurativo dos desígnios de Deus com Israel, nos últimos dias, quando olharem
para “Aquele a quem transpassaram, e O prantearão”.
Então experimentarão a realidade da graça divina e a eficácia purificadora
daquela “fonte aberta para a casa de Davi e para os
habitantes de Jerusalém, contra o pecado e contra a impureza” (Zc.12:10;
13:1).
No capítulo 3 de Atos vemos o Espírito
de Deus procurando por meio de Pedro produzir esta convicção divina nas
consciências dos judeus. “O Deus de Abraão, de Isaque e
de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós
entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que
fosse solto. Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um
homem homicida. E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre
os mortos, do que nós somos testemunhas” (Atos 3:13a15). Estas palavras
eram destinadas a arrancar dos corações e lábios dos ouvintes as mesmas
palavras de confissão ditas pelos irmãos de José – “Somos
culpados”. Então segue-se a Graça: “E agora,
irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes.
Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas
havia anunciado; que o Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os
tempos do refrigério pela presença do SENHOR” (Atos 3:17-19).
Vemos aqui que, embora os judeus
tenham realmente manifestado a inimizade de seus corações na morte de Cristo,
assim como os irmãos de José fizeram no seu tratamento para com ele, a graça de
Deus para com cada um é vista nisto, que tudo é apresentado como tendo sido
previsto e decretado por Deus para Sua bênção. Isto é graça perfeita, que
excede todo o nosso entendimento; e tudo que é necessário a fim de poder
gozar-se, a sua alegria é uma consciência verdadeiramente convicta pela verdade
de Deus. Aqueles que podiam dizer: “Somos culpados”,
podiam compreender igualmente as palavras preciosas da graça: “Não fostes vós, mas Deus”. Assim tem que ser sempre. A alma que tiver pronunciado a sua
própria condenação, está preparada para compreender e apreciar o perdão de
Deus.
Gênesis 45:24 – “Não contendais pelo caminho”. Este conselho de José
demonstra sua completa maturidade espiritual e a percepção de que seus irmãos
teriam ainda que pensar acerca de seus erros e no fato de terem que confessar
seus atos a seu pai, isso poderia ainda gerar um grande mal estar e acusações
mútuas entre eles. Mas José deixa claro que seu perdão era completo e que não
teriam ainda que remoer antigas mágoas.
Gênesis 45:26 – “...o coração lhe ficou como sem palpitar...” Mesmo que o
relato silencie sobre a questão, essa foi ocasião apropriada para os filhos
confessarem seu crime ao pai que, sem dúvida, foi tomado de grande e inesperada
surpresa.
Gênesis Capítulo 46
"...os filhos de Jacó têm que descer ao mesmo lugar para onde haviam mandado o seu irmão".
Os últimos capítulos do livro de Gênesis
tratam da mudança de Jacó e sua família para o Egito, e o seu estabelecimento
ali; os atos de José durante os restantes anos de fome; Jacó abençoando os doze
patriarcas; e a sua morte e sepultamento. Não vamos entrar em pormenores sobre
estas coisas, embora a mente espiritual possa encontrar nelas muito com que se
alimentar.
Gn.46:1 – “Ofereceu
sacrifícos” – O Caminho de Jacó rumo ao Egito passou por Berseba,
notável localidade situada à 40km a sudoeste de Hebrom e local favorito de
culto de Abraão e Isaque.
Gn.46:2a4 – “Falou
Deus...em visões” – A ansiedade de Jacó
em vista de sua saída para o Egito foi tranquilizada pela aprovação do Senhor e
pela confirmação do retorno dos seus descendentes como nação.
Gn.46:4 – “mão...
fechará os teus olhos” – Promessa de morrer em
paz na presença de seu filho querido.
Gn.46:6a30 – “Vieram
para o Egito” – Os filhos de Israel entraram no Egito por volta de 1875
a.C e ficaram ali por 430 anos (Êx.12:40) até o êxodo em 1445 a.C
Os temores infundados de Jacó dissipados pela
presença do seu filho vivo, e exaltado – a graça de Deus manifestada no seu
poder ativo e, contudo, acompanhada de juízo, visto que os filhos de Jacó têm
que descer ao mesmo lugar para onde haviam mandado o seu irmão.
O fim da carreira de Jacó encontra-se em
agradável contraste com todas as cenas da sua história e faz-nos lembrar uma
tarde serena, depois de um dia tempestuoso; o sol, que durante o dia esteve
oculto da vista por neblinas, nuvens, nevoeiros, põem-se em majestade e brilho,
dourando com os seus raios o céu ocidental, e mostrando a perspectiva agradável
de uma manhã clara. Assim acontece com o nosso velho patriarca. A
superioridade, a avidez, a astúcia, a atividade, os expedientes, a chicana, os
temores egoístas - todas essas nuvens carregadas da natureza e da terra parece
terem passado, e ele manifesta-se em toda a calma elevada da fé, para dar
bênçãos e transmitir dignidades, naquela santa habilidade que só a comunhão com
Deus pode conceder.
Embora os olhos estejam obscurecidos, a visão
da fé é penetrante. Ele não vai ser enganado quanto à posição destinada a
Efraim e Manassés nos desígnios de Deus. Não tem que estremecer, como seu pai
Isaque, em capítulo 27:33, “estremeceu de um
estremecimento muito grande”, em face de um erro quase fatal. Antes pelo
contrário. A sua resposta ao filho menos instruído é, “eu
sei meu filho, eu sei”. O poder de senso não tem, como no caso de
Isaque, obscurecido a sua visão espiritual. Aprendera na escola da experiência
a importância de se manter agarrado aos propósitos divinos, e a influência da
natureza não pode afastá-los deles.
Gn.46:31a34 – “....todo o pastor de rebanho é
abominação para os egípcios” – As instruções de José sobre sua entrevista
preparatória com Faraó objetivavam assegurar aos seus parentes um lugar um
tanto separado da corrente principal da sociedade egípcia. O estigma social em
relação aos hebreus (Gn.43:32), que também eram pastores, desempenhou papel
crucial na proteção de Israel contra a possibilidade de misturarem-se com os
egípcios; se isso acontecesse eles poderiam perder sua própria identidade e o
fato evidente que Deus tomara o Egito como um grande útero a fim de ali criar
Seu povo de propriedade exclusiva, pura e santa. Em um tempo em que a Lei ainda
não havia sido dada ao povo, Deus providenciou uma situação, aparentemente,
racial e humana para manter um muro de proteção em volta da Sua semente, de Seu
trigo escolhido, ainda que habitasse em terreno bem próximo do joio rejeitado.
Gênesis Capítulo 47
"...descobriu-se um homem crucificado com Cristo, moído por Deus, morto para si mesmo e ressurreto em nova criatura, transformado de enganador (Jacó) em príncipe (Israel)".
Gênesis 47:1a6 – “ENTÃO veio José e anunciou a Faraó, e disse: Meu pai e os
meus irmãos e as suas ovelhas, e as suas vacas, com tudo o que têm, são vindos
da terra de Canaã, e eis que estão na terra de Gósen...”. Ao informar
Faraó onde tinha colocado sua família e, também, fazendo com que cinco
representantes da família pedissem gentilmente permissão para morar em Gósen,
José, sabedor dos procedimentos da corte, pavimentou o caminho para a aprovação
de Faraó, pois demonstrou respeito, bom senso e profunda consideração.
Gn.47:7e10 – “...Jacó abençoou a Faraó...” As saudações do idoso
patriarca, proferiram, indubitavelmente em nome de Deus, uma bênção sobre Faraó
Senusert III pela sua generosidade e provisão de um lugar a para a família de
Jacó. Quão maravilhosa obra Deus havia feito em Jacó, agora, ele era Israel e
trazia em sua boca as bênçãos do Senhor. Como devemos ser cuidadosos, porque
todos nós cristãos somos feitos sacerdotes do Senhor, uma nação santa e por
isso devemos sempre abençoar, mesmo que sejam os políticos, ou demais pessoas
que estão em autoridade (ITim.2:2a4), para que tenhamos uma vida sossegada e um
país mais justo.
Números 10:35e36 - Acontecia que, partindo a arca, Moisés dizia: Levanta-te,
SENHOR, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os odiadores.
E, pousando ela, dizia: Volta, ó SENHOR, para os muitos milhares de Israel.
Gn.47:9 – “...Os dias dos anos de minhas peregrinações...poucos e maus...” Pelo fato de que nem Jacó e nem seus
pais terem possuído, de forma definitiva, a terra prometida de Canaã, descrever
a vida como uma peregrinação era uma avaliação adequada a se fazer. Ele
terminaria seus dias no Egito, fora da terra prometida. Além disso, seus anos
pareciam poucos comparados aos dois que haviam visitado o Egito antes dele,
Abraão e Isaque (175 e 180 anos de idade, respectivamente). Ainda dominado de
pessimismo, os dias foram “maus”, no sentido de trabalho e problemas, de muita
tristezas, aflições e crises, ainda assim, descobriu-se um homem crucificado
com Cristo, moído por Deus, morto para si mesmo e ressurreto em nova criatura,
transformado de enganador (Jacó) em príncipe (Israel). Uma vida repleta com
muitos dias maus, aflições e tribulações sem dúvida, mas um retrato perfeito da
obra que o Espírito Santo desempenha até formar Cristo no íntimo de cada eleito
(Gálatas4:19).
Gn.47:11 – “...Terra de Ramessés...” Nome alternativo para Gósen
(Gn.46:34 e 47:1,6). Talvez Ramessés tenha sido usado mais tarde para descrever
com mais exatidão a região para os leitores do tempo de Moisés. Veja nota em
Êx.1:11 em relação ao nome Ramessés. Essa região também é chamada de Zoã em
outro lugar (Salmo78:12,43).
Gn.47:13a26 – Quando
a fome finalmente acabou com a disponibilidade de dinheiro dos egípcios, José
aceitava animais em troca de cereal. Acabando os animais, as pessoas estavam
suficientemente desesperadas para dar em troca as suas terras, No final, Faraó
passa a possuir toda a terra, exceto a que pertencia aos sacerdotes, embora as
pessoas pudessem continuar trabalhando na terra, agora teriam de pagar tributo
ao dono da terra (Faraó). Desta forma, qualquer que tenha sido o sistema de
posses de terra anterior a Sunsert III, passa agora por uma profunda mudança e
reforma na qual a terra passa a pertencer ao governo e uma forma de imposto é
instituída (vinte por cento ou um quinto da produção). Este é o primeiro
registro de entrada de um imposto nacional; mais tarde, depois do êxodo, Deus
prescreveria dízimos para Israel como pagamento de taxas visando ao sustento da
Teocracia (Ml.3:10). Apesar de ter escravizado o povo ao sistema de governo
(verso 21), José contava com a aprovação do povo, pois perceberam nele uma
sabedoria incomum e um sistema de controle que acabava por proteger o povo na
fome estremada (verso 25).
Gn.47:27a31 – “...ponhas a mão debaixo da minha coxa...” Abraão e
Eliézer fizeram este mesmo solene juramento (Gn.24:9). “me não enterres no Egito”. Como o costumeiro sinal de juramento
desse tempo, José prometeu sinceramente sepultar Jacó na caverna-sepultura em
Canaã, como ele próprio havia pedido (José faz o mesmo pedido Gn.49:29a32).
Gênesis Capítulo 48
"Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Sl.139:16).
Gênesis 48:2,3 – “E alguém participou a Jacó, e disse: Eis que José teu filho
vem a ti. E esforçou-se Israel, e assentou-se sobre a cama. E Jacó disse a
José: O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou”.
Podemos observar o final maravilhoso da carreira de Jacó. Ele sabia que agora que
a Palavra de Deus estava em seu coração e em sua boca, ele poderia abençoar seu
filho e seus netos. Ele adota os filhos de José e os abençoa para que também
recebessem partes da terra de Canaã, de tal forma que os filhos de Raquel
recebem três partes da terra. As tribos de Efraim e Manassés se somam a
Benjamim na herança dos filhos de Israel e são contados como filhos e não
apenas netos. O apostolo Paulo era da tribo de Benjamim (Rm11:1) e Efraim se
tornou a mais influente das dez tribos de Israel no período do reino dividido.
Gênesis 48:8 – “E Israel viu os filhos de José, e disse: Quem são estes?”
Talvez Jacó ainda se lembra que um dia ele se passou por seu irmão para roubar
a benção, mas agora, ele é o abençoador, seu caráter estava tratado e ainda que
seus olhos estivessem nublados, ele sabia que não seria enganado e cada um
receberia a benção correta.
Gênesis 48:14 – “........ cruzando assim as mãos .......” Essa atitude pareceu
errada a José, pois a mão direita deveria estar sobre o mais velho, sobre o
primogênito Manassés, porém a resposta de Israel foi: “Eu
sei meu filho, eu o sei; ele também será um povo, também ele será grande;
contudo o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência será uma
multidão de nações”. No decorrer da história do povo hebreu vemos essa
profecia se cumprindo literalmente em cada detalhe, Efraim se torna a tribo
dominante no reino do norte a ponto de os profetas usarem seu nome como
denominação nacional para as dez tribos (Is.7:2,5,9,17; Os.2:9a16). Deus já
havia escolhido o mais novo para ser o maior, como disse o Salmista Davi – “Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro
todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando
nem ainda uma delas havia” (Sl.139:16).
Davi reconhece que todas os
acontecimentos de sua vida e existência estavam registrados no livro de Deus
(Apoc.17:8) antes de seu nascimento. Toda profecia e Palavra de Deus se cumprem
porque Deus predestinou todas as coisas para fins determinados, nada escapa de
Sua Soberana Vontade e mesmo aquilo que decidimos fazer de nossas vidas, um
dia, quando todo joelho se dobrar diante do Soberano Senhor, nós descobriremos
que Sua mão esteve por trás dirigindo e regendo. Jacó podia profetizar sem medo
de errar, pois a Chancela do Espírito de Deus garante que nada será alterado
daquilo que Ele ordenou.
Gênesis Capítulo 49
"A crueldade de Simeão e Levi em Siquém não foram esquecidas" (Gn.34:25).
Gn. 49:1a28 – Vemos aqui a
benção profética de Jacó a seus filhos, sendo destacado que Judá e José
receberam maior atenção (vers. 8-12; 22-26), a bênção do pai retratou a futura
história de cada filho, aparentemente com base no caráter revelado por eles até
então. A natureza enigmática da poesia requer análise rigorosa para
correlacionar a história tribal com a palavra final e o testamento de Jacó.
Podemos, também, relacionar com as bênçãos de Moisés em Dt.33 sobre as tribos
de Israel.
Gn. 49:1 – “.......dias vindouros.....” Expressão-chave que aponta ao
conteúdo poético da predição de Jacó para cada filho pois, muitas vezes,
significa os últimos dias na literatura profética como em (Is.2:2 e Ez.38:16)
ou aponta mais generalizadamente para os últimos dias no sentido de dias subsequentes
ou futuro próximo (Dt.4:30 e 31:29).
Gn. 49:2a27 – Os nomes dos
filhos não são dados por ordem de nascimento como em Gn.29:32a35, nem de acordo
com as esposas e servas como em Gn.46:8a25. A ordem segue as mães: 1- Os seis
filhos de Lia; 2 – um filho de Bila; 3 – dois filhos de Zilpa; 4 – um filho de
Bila; e 5 – os dois filhos de Raquel. Com exceção da ordem reversa do quinto e
sexto filhos de Lia, os demais permanecem em ordem cronológica em relação às
suas mães. Nenhum outro padrão é discernível. Isso pode não ter sido nada mais
do que um arranjo fácil de memorizar os nomes ou simplesmente a maneira como
Jacó pessoalmente lembrou-se dos nomes.
Gn.49:3e4 – A gravidade do
pecado de Rúben (Gn35:22) não fora esquecida. As consequências eliminaram o seu
direito à primogenitura (ICr.5:1a3), e toda e qualquer dignidade e majestade
que tenha tido; sua tribo recebeu pouco destaque na história israelita e não
produziu sequer um juiz, um profeta, ou outra pessoa importante. Moisés orou
para que essa tribo não fosse extinguida. “Impetuoso como a água”, significa
fervente e mostra instabilidade.
Gn.49:5a7 – A crueldade de
Simeão e Levi em Siquém não foram esquecidas (Gn.34:25). As consequências
afetaram Simeão da seguinte maneira: 1- Tornou-se a menor tribo do segundo
senso de Moisés (Nm.26:14); 2- Foi omitida da benção de Moisés (Dt.33:8); 3-
Mais tarde teve que dividir território com Judá. Levi foi espalhado em Israel;
pela Graça de Deus e pela lealdade de Deus (Êx.32:26), os levitas se tornaram a
tribo sacerdotal e os habitantes das cidades de refúgio. Não possuíram sua
própria região na terra, embora a posição sacerdotal de Levi fosse, sem dúvida,
privilegiada (Dt.33:8a11; Js.21:1a3). “Jarretar” significa cortar os tendões da
perna para destruir a utilidade do animal.
Gn.49:8a12 – Forte como o
leão novo e emboscado como o leão velho, à linhagem de Judá pertenceu a
proeminência nacional e a realeza, incluindo Davi, Salomão, e a dinastia deles
(seiscentos e quarenta anos depois disso), bem como de quem o “cetro não se
apartará”, ou seja, Siló, o criptograma para o Messias, Aquele que também é
chamado de “Leão da tribo de Judá” (Ap.5:5). Na marcha pelo deserto, Judá
seguiu à frente e de acordo com o sendo de Moisés teve a população mais
numerosa (Nm.1:27). A linguagem dos versos 11 e 12 descrevem uma prosperidade
tão grande que pessoas iriam amarrar um jumento à videira mais produtiva,
deixando-o comer porque há grande abundância; o vinho seria tão abundante
quanto a água e todos seriam saudáveis.
Gn.49:13 – Embora o
território de Zebulom não fizesse fronteira com o mediterrâneo nem com o mar da
Galiléia, a tribo estava situada de tal modo que se beneficiou desta importante
rota comercial, a Via Maris, percorrida pelos comerciantes marítimos que se
deslocavam pelo território desta tribo.
Gn.49:14e15 – Issacar foi
uma tribo industriosa, robusta, audaciosa e valente, viveu de acordo com o
sentido do nome de seu fundador, que significa “homem de empreendimentos”
(conforme ICr.7:1a5 e 12:8a15).
Gn.49:16a18 – Dã, cujo nome
significa “juiz”, deu origem a uma tribo agressiva que também julgaria na
nação, mas que não seria conhecida pela estatura moral ou fidelidade religiosa.
Dã abandonaria mais tarde a terra que lhe fora designada (Js.19:40a48) e
migraria para o extremo norte de Israel. O clamor final de Jacó expressou
esperança em Dã no dia em que a salvação de fato viria a Israel. Dã, porém, é
omitido na lista das tribos em Ap.7:4a8.
Gn.49:19 – Ao estabelecer-se
na Transjordânia, o povo de Deus estava exposto à invasões, o que fez deles
lutadores valentes e merecedores de vitória e louvor (Conforme ICr.5:18a22;
12:8a15).
Gn.49:20 – Aser
beneficiou-se muito da ocupação da rica região agrícola costeira ao norte do
Carmelo e forneceu delícias para o palácio (cf. Js.19:24a31).
Gn.49:21 – Velocidade e
agilidade como as da gazela caracterizaram a bravura militar de Naftali (cf.
Jz.4:6 e 5:18). O cântico de Débora e Baraque, este descendente de Naftali, é
um exemplo das suas eloquentes palavras (Jz.5).
Gn. 49:22a26 – Endereçadas a
José, mas aplicáveis aos seus dois filhos, essas palavras enunciam uma
constante experiência de crescimento e prosperidade, além de hostilidade e
conflito. Os versículos 23 e 24 podem ser uma biografia de José. Nenhuma outra
tribo teve referência tão direta ao senhor Deus na bênção como a que foi
dirigida a José. Os quatro nomes usados para Deus refletem bem a ênfase de José
na soberania de seu Deus, sem levar em conta o infortúnio e a tristeza de que
foi alvo. Samuel era de Efraim; Gideão, de Manassés.
Gn.49:27 – A natureza
guerreira da pequena tribo de Benjamim tornou-se muito conhecida, como
demonstrado pelos seus flecheiros e arremessadores de funda ( Jz.20:16 ;
ICr.8:40) e na declarada justificação da sua maldade em Gibeá (Jz.19 e 20). Os
dois Sauls da Bíblia eram procedentes dessa tribo: O primeiro rei de Israel
(ISm9:1e2) e o Apóstolo Paulo (Fp.3:5).
Gn.49:28a32 – “.....ali sepultei Lia......” Finalmente, a Lia foi dada
honra na sua morte e no pedido de Jacó para ser sepultado ao lado de sua
esposa, como aconteceu com seus pais. Sepultamento ao lado de Raquel, esposa
amada de Jacó, não foi solicitado.
Gn.49:33 – “.......Jacó....expirou, e foi reunido
ao seu povo....” Provável data em 1858 a.C.
Gênesis Capítulo 50
"José morreu do modo como viveu, confiando firmemente que Deus cumpriria as Suas promessas".
Gn.50:1a3 –
José convocou médicos que eram plenamente capazes de embalsamar, ao invés dos
embalsamadores religiosos, a fim de evitar a mágica e o misticismo que estavam
associados às práticas deles. No Egito, normalmente a mumificação era um
processo de 40 dias de duração, que incluía esvaziar o cadáver, secá-lo,
envolvê-lo em faixas.
Gn.50:4a11 –
Depois de observados os tempos de embalsamamento e lamentação segundo o costume
egípcio, José foi buscar permissão para o sepultamento de Jacó junto aos dois
patriarcas anteriores (Abraão e Isaque), o que seria de marco e referencial
para as gerações futuras de que Canaã era a terra escolhida e local para onde
deveriam retornar.
Gn.50:12a18 –
As consciências ainda culpadas de seus irmão se manifestaram ainda uma vez
quando duvidaram da sinceridade do perdão de José, mas como um tipo de Cristo,
José mostra, mais uma vez que seu perdão não era circunstancial ou
interesseiro, mas completo e permanente.
Gn.50:19 – “Estou eu em lugar de Deus?” Esta pergunta concisa
tinha por finalidade ativar a memória dos irmãos acerca da explicação que José
já havia dado acerca da soberania de Deus em todas as coisas (Gn.45:3a8) e de
forma maravilhosa como Deus o havia colocado no lugar certo na hora exata para
cumprir Seus desígnios eternos e perfeitos.
Gn.50:20 –
“......porém Deus o tornou em bem......”,
resposta sábia e teológica de José acerca da soberania de Deus, pensamento
este, tão presente no coração de Paulo quando se referia aos seus sofrimentos,
cadeias e privações: “Que diremos pois a vista de todas
essas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós .........quem nos
separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angustia, ou a perseguição, ou a
fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como esta escrito: Por amor de Ti
somos entregues a morte todo o dia
............. e sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito”
(Rm.8:31,35,28).
Gn.50:21a26
– “.....Deus certamente
vos visitará.....”.
José morreu do modo como viveu, confiando firmemente que Deus cumpriria as Suas
promessas (Hb.11:22). Quase quatro séculos depois, Moisés levou os ossos de
José do Egito (Êx.13:19) e Josué os sepultou em Siquém (Js.24:32). “....farei transportar os meus
ossos daqui......”
José deixa como último e solene pedido de seu coração peregrino o fato de que
ele sabia estar morrendo em uma terra estranha, uma terra que não era a sua e
nem de seu povo, mas que Deus um dia colocaria todas as coisas em seus devidos
lugares.
“......A Abraão,a Isaque e a Jacó .....”(Gn.50:24) a morte de Jacó finalmente permitiu que os
três patriarcas fossem mencionados juntos na terra prometida, o que,
certamente, serviu de estímulo, esperança e lembrete aos seus descendentes, de
que jamais deveriam estar conformados em viver no Egito, mas que deveriam rumar
de volta a Canaã tão logo pudessem, pois a sepultura dos patriarcas
representava um marco e uma identidade.