Estudo no livro de Romanos
Os temas que abordaremos neste estudo:
I Saudação
II Introdução
III Tema
IV A Universalidade do Pecado e da
Condenação
A.
No
tocante aos Gentios
B.
No
tocante aos Judeus
C.
O
agravamento da Condenação dos Judeus
D.
A
Fidelidade e a Justiça de Deus
E.
Conclusão
V A Justiça de Deus
VI A comprovação fundamentada no Antigo
Testamento
VII Os frutos da Justificação
VIII A analogia
IX Os efeitos santificadores
A.
As
distorções da Doutrina da Graça
B.
Os
imperativos para os santificados
X A morte relativamente à lei
XI Uma experiência transitória
XII A contradição no crente
XIII A vida no espírito
XIV A incredulidade de Israel
XV A vindicação da Justiça e da Fidelidade de
Deus
XVI A justiça da fé
XVII A restauração de Israel
A.
O
remanescente
B.
A
plenitude de Israel
C.
A
plenitude dos gentios e a restauração de Israel
D.
A
doxologia
XVIII O Modo
cristão de viver
A.
Multiformes
deveres práticos
B.
As
autoridades civis
C.
A
primazia do amor
D.
A
consumação iminente
E.
Os
fracos e os fortes
F.
O
exemplo de Cristo
G.
Judeus
e gentios: um só Povo
XIX Ministério, projetos e plano de ação de
Paulo quanto aos gentios
XX Saudações e doxologia final
A.
Saudações
do próprio Paulo
B.
Advertências
contra os enganadores
C.
Saudações
de amigos
D.
Doxologia
Nesta epístola de Romanos, veremos a noção exata do contraste das duas alianças e a consideração de Paulo acerca da salvação pela fé, nas palavras de alguém que viveu e experimentou as duas possíveis formas de relacionamento com Deus:
- Uma baseada no mérito
humano, fazendo por merecer o favor do Senhor (Lei).
- Outra, aprendida no
Encontro do Caminho de Damasco, sem mérito algum, ou predisposição favorável,
mas por Livre Agencia e escolha do Senhor, que marca a hora e realiza a mudança
(Graça irresistível).
Estudo n°1
O Autor
"Lá estava este homem, anteriormente um judeu austero,
fanático, nacionalista, que odiava o Senhor Jesus Cristo e tudo quanto se
relacionava com Ele, que O considerava blasfemo, que tentava destruir a Igreja
Cristã, que foi para Damasco respirando ameaças e mortes a fim de poder
exterminar a pequena igreja daquela cidade. A seguir, lembremo-nos de como ele
viu o Senhor ressurreto, e de como toda a sua vida foi transformada, e de como
ele se tornou poderoso defensor da fé e apóstolo para os gentios".
D. Martyn Lloyde Jones
Rm.1:1 – “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo,
separado para o evangelho de Deus”.
Paulo, é, sem dúvida, o
autor desta Epístola, ainda que tenha sido ajudado por Tércio (Rm.16:23). Talvez
por uma dificuldade em escrever, devido a um problema nos olhos (Gl.4:15), teve
necessidade de um copista. Quando lemos, não podemos deixar de notar a ênfase
que recai sobre a Graça de Deus e, mais especificamente, sobre a justificação
pela Graça, mediante a fé. Quando ele diz “separado”, dá a entender que todos
os interesses e apegos estranhos à promoção do evangelho haviam sido rompidos,
arrancados e que o evangelho o tornara cativo. Todo este amor precisa ser
compreendido à luz do que Paulo fora anteriormente. Ele mesmo testificou:
Atos 26:5 – “Sabendo de mim desde o princípio (se o quiserem testificar),
que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu”.
Atos 26:9 – “Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus Nazareno
devia eu praticar muitos atos”. Por ser fiel à sua religião e à leitura
e ensino que havia aprendido do Velho Testamento, ele perseguia ferozmente o
ensino cristão, acreditava que deveria praticar muitas obras a fim de ser
aceito por Deus e, dentro destas obras estava incluso a destruição de qualquer
outra religião que fosse diferente. Ele conhecia plenamente a Lei, e todas as
implicações de buscar a aceitação de Deus através de obras. Por isso mesmo,
este foi o homem que Deus usou para ensinar acerca da antítese entre Lei e
Graça. Enfim, ele mesmo acaba por classificar o farisaísmo como religião de
pecado e morte:
Romanos 7:10 – “E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para
morte”. Porque ensina sobre nossa incapacidade de cumprir a Lei, mas não
traz solução para o pecado. Por isso:
Gálatas 2:19 – “Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para
Deus”.
Romanos 3:20 – “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas
obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.
O encontro que teve com o
Senhor Jesus na estrada de Damasco fez com que Paulo mudasse sua religião, sua
vida, seu relacionamento com Deus. Na
Lei buscava com todo o esforço do seu corpo guarda-la e encontrar a Deus,
agora, tendo sido encontrado por Deus naquela estrada, tendo sido chamado pelo
Senhor, descobriu que sua salvação não dependia de seu esforço corporal (ITm.4:8),
o corpo, na verdade, deveria ser crucificado e não exercitado em obras:
Gálatas 2:20 – “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de
Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.
Paulo não só conhecia a
doutrina da religião da Lei, ele também conhecia a prática, pois era zeloso da
religião, procurava seguir cada item e cada princípio ali ensinado:
Filipenses 3:6 – “Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que
há na lei, irrepreensível”.
Gálatas 1:14 – “E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade,
sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais”.
Paulo não só conhecia e
guardava a Lei, mas também, depositava nela suas esperanças de salvação.
Exatamente por isso, era tão obediente e dedicado. Quando o Senhor o encontrou
no caminho de Damasco e mudou seu coração, sua perspectiva e todos os seus
conceitos de salvação e méritos humanos, ele foi capacitado a escrever como
ninguém acerca da salvação pela fé, pois sabia, como ninguém, o significado de
tentar ser salvo pelas obras. Assim, nesta epístola de Romanos, veremos a noção
exata deste contraste das duas alianças e a consideração de Paulo acerca da
salvação pela fé, nas palavras de alguém que viveu e experimentou as duas
possíveis formas de relacionamento com Deus:
- Uma baseada no mérito
humano, fazendo por merecer o favor do Senhor (Lei).
- Outra, aprendida no
Encontro do Caminho de Damasco, sem mérito algum, ou predisposição favorável,
mas por Livre Agencia e escolha do Senhor, que marca a hora e realiza a mudança
(Graça irresistível).
Romanos Estudo n° 2
"chamado para apóstolo" - Romanos 1:1
Prerrogativas obrigatórias para o apostolado Bíblico
“... o evangelho de Deus...” – Romanos1:1
"A Lei oferecia remédios, sacrifícios constantes de animais... porém, a consciência permanecia contaminada, os maus pensamentos sempre recorrentes".
Romanos 1:2 – “O qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos Seus
profetas nas santas Escrituras”. Neste versículo, o Apóstolo continua a
nos falar sobre o Evangelho; não se trata apenas de um evangelho interessado
nas três pessoas da Trindade bendita e Santa; há algo mais a se aprender aí diz
ele, e é que o evangelho foi “prometido” anteriormente. Paulo é pregador de
algo que já aconteceu, ele diz mais, não é apenas o que já aconteceu, mas que
também foi prometido desde muito tempo. A boa notícia, ou boas novas
(evangelho), era nova no sentido de que os eventos históricos haviam acabado de
ocorrer, mas, com toda certeza, não era nova no sentido de ser uma nova ideia
ou uma nova teoria, ou algo que nunca tivesse sido sugerido antes.
Romanos Estudo n° 2
"chamado para apóstolo" - Romanos 1:1
Prerrogativas obrigatórias para o apostolado Bíblico
Rom. 1:1 – “PAULO,
servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus”.
Nesta introdução à sua Epístola aos Romanos, Paulo volta a mencionar sua
posição apostólica junto aos doze; Sabemos que seu apostolado foi, muitas vezes
questionado:
ICor. 9:2 – “Se
eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o
selo do meu apostolado no Senhor”. Mas ele reitera seu chamado e sua autoridade
apostólica já no início da carta, da mesma forma que fez, também, diante dos
coríntios:
ICor. 9:1 – “NÃO
sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não sois
vós a minha obra no Senhor”? Uma das razões que a autoridade de Paulo
era questionada, era que sua presença física, sem qualquer ostentação e cheia
da mais pura simplicidade, humildade e pobreza, levava alguns que julgam
aparência a afirmar que ele não era um homem importante, vejamos:
IICor. 10:7 – “Olhais para as coisas segundo a
aparência? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez
isto consigo, que, assim como ele é de Cristo, também nós de Cristo somos”.
Muito cedo na Igreja, surgiram aqueles
que mediam a si mesmos e aos outros pela aparência, de tal forma que uma pessoa
bem vestida, com jóias, colares e roupas caras seria uma pessoa importante, mas
um humilde servo... apenas mais um desprezado.
IICor. 10:10 – “Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a
presença do corpo é fraca, e a palavra desprezível”. “Não tem a aparência e a riqueza de um grande
homem de Deus”. Parece que este conceito de se impressionar com aparência,
está sempre presente em nossa natureza caída e, sem dúvida, é marca
característica do ministério dos falsos apóstolos, pois eles fazem tudo para impressionar
por suas riquezas e opulência:
IICor. 11:13 – “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos,
transfigurando-se em apóstolos de Cristo”. Os verdadeiros servos do
Senhor são pobres como Pedro:
At. 3:6 – “E
disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de
Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”.
Uma importante observação é que Jesus,
tendo orado a noite toda, chamou seus muitos discípulos e do meio deles,
escolheu apenas 12:
Lc. 6:13 – “E,
quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a
quem também deu o nome de apóstolos”. Com a morte de Judas, o Espírito
Santo orientou que Matias o substituísse na função apostólica:
At. 1:26 – “E,
lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E por voto comum foi contado com
os onze apóstolos”. Tendo Matias entrado no lugar de Judas, então a quem
Paulo substituiu? Ou seria ele um décimo terceiro, alguém como que nascido fora
de tempo?
I Cor. 15:8a10 – “E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um
abortivo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado
apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que
sou...”. Sabemos que o Apóstolo Tiago foi morto antes que Saulo se
tornasse Paulo e fosse consagrado apóstolo aos gentios, mas a Bíblia não nos dá
argumentos para dizer que ele seria um substituto para Tiago, assim, iremos nos
ater aquilo que a Bíblia nos diz: Os doze e Paulo, um nascido fora de tempo.
A Palavra do Senhor nos adverte quanto
ao surgimento constante de falsos apóstolos e de que eles devem ser colocados à prova:
Apoc. 2:2 – “Conheço
as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os
maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os
achaste mentirosos”.
Pois bem, como então podemos fazer
para provar, Biblicamente, se um apóstolo é verdadeiro? É bem simples, ele,
para ser verdadeiro, só precisa possuir as seguintes prerrogativas:
1- Ser testemunha da ressurreição (ter
visto com olhos físicos o Senhor Jesus ressuscitado):
Pedro refere a si e aos onze como
testemunhas da ressureição (At.2:32; 4:33). Matias também viu o Senhor
ressurreto:
Atos 1:21-22 – “É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco
todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o
batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles
se faça conosco testemunha da sua ressurreição”.
João 15:26-27 – “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei
de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de
mim. E vós também testificareis, pois
estivestes comigo desde o princípio”.
Paulo viu a última aparição do Senhor:
I Cor. 15:8 – “E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”.
Por isso Paulo, foi o último dos verdadeiros apóstolos de Cristo.
2
– Lançar os
fundamentos da Igreja – Esta é a segunda prerrogativa para ser um apóstolo, ou
seja, ter recebido do Senhor poder e autoridade para lançar os fundamentos da
Igreja através do ensino denominado de “doutrina dos apóstolos” na qual a
Igreja perseverava (At.2:42). Pedro se refere a este ensino como “mandamento do
Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos (IIPe.3:2). É com este
sentido que Paulo fala dos apóstolos como os primeiros estabelecidos por Deus
na Igreja (ICor.12:28; Ef.4:11), os quais, junto com os profetas do Antigo
Testamento, lançaram o fundamento da Igreja, que é a Pessoa e a obra de Cristo:
Ef. 2:20 – “Edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a
principal pedra da esquina”.
Ef. 3:5 – “O
qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem
sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas”.
I Cor. 3:10e11 – “Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio
arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como
edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está
posto, o qual é Jesus Cristo”.
O Fundamento é Cristo, e o ensino que
nos leva a esse fundamento são os escritos e testemunho dos profetas e
apóstolos registrados na BÍBLIA.
Jamais teremos uma nova Bíblia e nem um novo apóstolo como os doze e Paulo.
É importante salientar que a palavra
apóstolo (αποστολος), significa “um
delegado, mensageiro, alguém enviado com ordens”. Um mensageiro com ordens específicas para entregar. Assim,
em nossos dias, usamos o termo missionário no mesmo sentido em que se utilizava
a palavra apóstolo, ou seja, enviado com uma missão.
É neste sentido que encontramos em
Atos 14:14 – “Ouvindo porém isto, os apóstolos, Barnabé
e Paulo, rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da multidão, clamando”.
Sabemos que Barnabé não era apóstolo com os doze, mas neste contexto é chamado
de apóstolo por ser um homem enviado com uma mensagem. Assim, devemos fazer
distinção para o uso do termo no sentido estrito, aplicado somente aos doze e
no sentido geral, acerca dos homens enviados pela Igreja para uma missão
evangelística. É neste mesmo sentido geral que encontramos o termo em Efésios
4:11 – “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros
para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”.
Neste mesmo sentido geral o termo é
usado para Silas e Timóteo (ITs.2:6) e para Epafrodito (Filip.2:25), sendo
traduzido por mensageiro, mas é a mesma palavra no grego: Fp. 2:25 – “Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão
e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso mensageiro para prover às minhas necessidades”.
3- Realização de sinais e prodígios para
confirmação da mensagem e cumprimento das profecias:
Atos 2:43 – “E
em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos
apóstolos”.
Hebreus 2:3-4 – “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande
salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois
confirmada pelos que a ouviram; Testificando também Deus com eles, por sinais,
e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua
vontade”?
Atos 5:12 – “E
muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos...”.
Não estamos afirmando que Deus não
tivesse usado outros homens para realizar sinais e prodígios, pois sabemos que
homens como Ananias, Felipe e Estevão (At.9;17; 8:6; 6:8), realizaram sinais;
porém nada em escala ou proporções semelhantes às realizadas pelos Apóstolos.
Ademais, em toda a história da Igreja, Deus não mais levantou homem algum que
tenha operado os sinais e prodígios que eles realizaram.
Marcos 16:14a20 – “Finalmente, apareceu Jesus aos onze .... E disse-lhes: Ide por todo o mundo ... E eles, tendo partido (os Apóstolos), pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e
confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém”.
4
– Poder para a
concessão do Espírito Santo – Outro componente fundacional do ministério dos
doze após a ressurreição de Cristo foi incluir samaritanos, gentios, e
seguidores de João Batista na Igreja Cristã, a qual, em seu início, era
totalmente judaica. Esta inclusão era apresentada (comprovada) externamente
pela concessão a estes grupos da mesma experiência que os apóstolos tiveram em
Jerusalém no dia de Pentecostes. A concessão do Espírito Santo, acompanhada de
sinais como o falar em línguas (idiomas não judaicos) e profetizar, era dada
pela imposição de mãos.
Felipe, um dos sete, mesmo tendo
evangelizado Samaria e realizado sinais e prodígios, não tomou para si a
prerrogativa de impor as mãos sobre os samaritanos que haviam crido. Ele
solicitou a presença dos Apóstolos para tal (At.8:14a21), pois este
representava a entrada oficial dos samaritanos na Igreja. Simão, o mago,
percebeu este poder dos Apóstolos e desejou comprá-lo, o que deu origem à
expressão simonita, na história da Igreja cristã (At.8:18a21).
Assim também, na Casa de Cornélio,
Pedro, utilizando as chaves que lhe foram dadas pelo Senhor (Mt.16:19), abriu
as portas para os gentios Romanos ao evangelho, pregando a Eles a Palavra de
tal forma que sobre eles caiu o Espírito diante de várias testemunhas (Judeus
convertidos – fiéis da circuncisão – At.10:45). Assim, homens de língua
totalmente estranha ao judaísmo se tornaram servos de Deus, para que se cumprisse
a profecia:
ICor. 14:21 – “Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios,
falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor”. Estes
sinais externos, concedidos pela descida do Espírito Santo na imposição de mãos
dos Apóstolos e, também na pregação, foram exercidos por Paulo, quando pregou
aos seguidores de João Batista (At.19:3a5), não só reafirmando que Paulo era,
também, um Apóstolo, mas também, certificando a necessidade da transição da Lei
e profetas para a Graça, conforme ensinou o Senhor:
Lc. 16:16 – “A
lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e
todo o homem emprega força para entrar nele”.
Aos Apóstolos e a Pedro, a utilização
da chave do Reino para ligar os diferentes povos, línguas e nações ao povo de
Deus, foi utilizada nestes três principais eventos descritos no livro de Atos.
Os sinais, as línguas estranhas (estrangeiras) e as profecias eram o carimbo de
Deus comprovando a aceitação desses grupos na Igreja nascente, de tal forma
que, após isso, a Igreja do Senhor passa a abranger Judeus, Samaritanos e
gentios, portanto, povos de todas as tribos, línguas e nações compõem a Santa
Igreja de nosso Senhor.
5
– Ter sido comissionado
e ensinado pelo próprio Senhor Jesus em pessoa: Sabemos que os doze e também
Matias, conviveram e foram ensinados pelo Senhor Jesus (At.1:21e22); Paulo, foi
o único que surgiu na Igreja após a morte e ressurreição do Senhor... o que
poderia indicar que ele não pudesse cumprir esta exigência para o apostolado,
lembrando que a exigência era de ter visto e ter aprendido do Senhor Jesus em
Pessoa. Isto não inclui visões, sonhos ou revelações, mas aparição pessoal e
materialização. Pois bem, como já vimos (ICor.15:8 e Atos 26:16) o Senhor Jesus
apareceu pessoalmente a Paulo para comissiona-lo e depois ensiná-lo:
Gálatas 1:11e12 –“Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi
anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem
algum, mas pela revelação de Jesus Cristo”.
Gálatas.1:15a17 – “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o
ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu
Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não consultei carne e
sangue, nem subi a Jerusalém para estar com os que já antes de mim eram
apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco”. Assim,
Paulo foi comissionado e ensinado pessoalmente pelo Senhor e cumpriu, também,
esta exigência requerida ao apostolado. Uma curiosidade interessante é que o
tempo que Paulo passou na Arábia, sendo pessoalmente ensinado pelo Senhor, foi
cerca de três anos (Gl.1:18), tempo exatamente igual ao que o Senhor utilizou
para ensinar os outros Apóstolos em seu ministério terreno.
6 – Autoridade para escrever Escritura – Comunicar
a Vontade de Deus de forma escrita e autoritativa em suas cartas e epístolas:
ITessalonicenses
2:13 – “Por isso também damos, sem cessar, graças a
Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes,
não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus,
a qual também opera em vós, os que crestes”.
Poder
para edificação através da Palavra:
IICorintios
10:8 – “Porque, ainda que eu me glorie mais alguma
coisa do nosso poder, o qual o SENHOR nos deu para edificação...”.
IICorintios
13:10 – “Portanto, escrevo estas coisas estando
ausente, para que, estando presente, não use de rigor, segundo o poder que o
Senhor me deu para edificação, e não para destruição”.
Igualmente
os Apóstolos afirmavam essa autoridade, não somente de si mesmos, mas
compreendiam e respeitavam uns aos outros pelo igual poder que lhes fora dado;
Por isso, Pedro, se referindo aos escritos do irmão Paulo, compara em pé de
igualdade com as Escrituras inspiradas do Velho Testamento, deixando claro a
canonicidade e a autoridade escriturística do mesmo:
IIPedro
3:15-16 – “E tende por salvação a longanimidade de
nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a
sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas,
entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes
torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição”.
Quando Pedro diz: “igualmente as outras Escrituras”.
Ele está, claramente, dizendo que os escritos de Paulo possuem a mesma
autoridade e importância da já reconhecida Escritura Vetero-Testamentária.
E,
de maneira muito interessante, sabemos pela história que quando a Igreja
primitiva chegou a definir e a determinar o cânon do Novo Testamento – havia
então grande número de escritos cristãos e a questão era o que devia ser
incluído e o eu devia ser deixado de fora – sabemos que o Espírito Santo levou
a Igreja primitiva a decidir desta maneira: ela dizia que, se um documento que
pretendesse ser um Evangelho ou uma Epístola, e não pudesse ser rastreado
direta ou indiretamente, até as suas origens num Apóstolo, com autoridade
apostólica, ele não devia ser incluído. A prova da apostolicidade foi a prova
empregada pela Igreja Primitiva, com a sabedoria a ela dada pelo Espírito
Santo, na determinação do Cânon do Novo Testamento.
Pois
bem, tudo isto é indicativo do fato de que o Apóstolo é um homem dotado de
autoridade única; é-lhe dada a doutrina; é-lhe dada a verdade; o Espírito Santo
o guia, e ele a transmite. Ele é um servo escolhido, especialmente enviado para
representar o Senhor e falar por Ele dessa maneira. “Paulo,
servo de Jesus Cristo, chamado para Apóstolo”.
Romanos Estudo n° 3
Romanos Estudo n° 3
“... o evangelho de Deus...” – Romanos1:1
"A Lei oferecia remédios, sacrifícios constantes de animais... porém, a consciência permanecia contaminada, os maus pensamentos sempre recorrentes".
Separado
para o evangelho, era isto que Paulo dizia ... e o que é este evangelho, esta
boa notícia? Lembramo-nos que ele era um mestre da Lei, mas na Lei, não havia
boa notícia; Ela não foi destinada para isso; A Lei, como o veremos dizer, “foi ordenada por causa das transgressões” (Gl.3:19). A
Lei viera para destacar com exatidão o
pecado. A Lei nunca foi dada como meio ou método de salvação. Jamais se
pode pensar na Lei como boas novas em nenhum sentido, embora haja, um elemento
de graça na Lei. A Lei, como tal, não é evangelho. Muitos não conseguem
entender isso e pensam que Deus deu aos filhos de Israel a Lei com o fim de
conceder-lhes a oportunidade de salvarem-se por si mesmos, desde que cumprissem
as ordenanças. Todo o esforço do ex-fariseu será demonstrar que a Lei não é
“boas novas”, mas abre caminho para a mesma quando demonstra o terror da nossa
incapacidade de cumprir regras.
É
importante, também, salientar que o evangelho não é, primariamente, um apelo
para que façamos algo. Muitos parecem pensar na mensagem cristã apenas como um
grande apelo para que homens e mulheres vivam uma vida mais digna, tenham boa
moralidade, sejam mais éticos, etc. Dizer às pessoas que elas devem ser
melhores, devem seguir boas regras morais e cívicas é algo muito bom, mas isso
não pode ser “boas novas”. Que será então o evangelho? Uma pista ele já nos dá
aqui mesmo: É algo concernente ao Filho de Deus. Algo concernente a Deus e ao
que Ele fez. Portanto, não é o que fazemos e sim o que, gratuitamente, recebemos.
Por isso diz nos versos 16e17: “Não me envergonho do
evangelho”. Por que? “É o poder de Deus para a
salvação” – não uma exortação aos homens para salvarem-se a si mesmos, e
sim, o caminho da salvação segundo Deus – “de todo
aquele que crê; primeiro do judeu e, também do grego. Porque nele se descobre a
justiça de Deus”. Isso é o que há de novo! Pois bem, isso é algo que não
se vê no Velho Testamento. O perdão está lá, mas esta plena exposição desta
justiça que vem de Deus é nova, e é o elemento que faz do evangelho o
evangelho. Por isso a expressão de emoção do Apóstolo ao dizer: “Não me envergonho”.
Qual
a razão de acharmos que nada há de especial nas “boas novas”? Será que é
por termos acostumado com o termo? Por que
o ex-fariseu, profundo conhecedor da Lei se emociona ao falar dele, enquanto
nós nada sentimos? Para entendermos isso é preciso saber que um judeu, para se
tornar fariseu, precisa decorar mais de seiscentos artigos da Lei, e, na sua
prova de admissão, não poderia errar nenhum sequer quando perguntado, caso
errasse, passaria mais um ano se preparando e decorando. Um fariseu, que fosse
sincero em sua devoção, logo perceberia que a parte mais difícil nem era o decorar,
mas o aplicar tudo aquilo à própria vida, pois quanto mais tentava submeter
seus membros aos rígidos exercícios de santidade (ITm.4:8), mais descobria sua
incapacidade. A Lei oferecia remédios, sacrifícios constantes de animais...
porém, a consciência permanecia contaminada, os maus pensamentos sempre
recorrentes:
Hebreus
9:8e9 – “Dando nisto a entender o Espírito Santo que
ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé
o primeiro tabernáculo, que é uma alegoria para o tempo presente, em que se
oferecem dons e sacrifícios que, quanto à
consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço”. Na Lei
haviam sacrifícios, havia perdão de pecados, mas não havia metanóia, não havia
nova vida, nova mente, nova consciência. Que grito de júbilo deu aquele velho
fariseu ao se deparar com as “boas novas”, o Evangelho de Deus:
Hebreus
8:6a11 – “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais
excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em
melhores promessas. Porque, se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se
teria buscado lugar para a segunda. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que
virão dias, diz o Senhor, Em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei
uma nova aliança, não segundo a aliança que fiz com seus pais No dia em que os
tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; Como não permaneceram naquela
minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque esta é a aliança
que depois daqueles dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as
minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes
serei por Deus, E eles me serão por povo; E não ensinará cada um a seu próximo,
Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me
conhecerão, Desde o menor deles até ao maior”.
Não é
somente perdão de pecados, é nova vida, novos gostos, novo coração que tem a Lei
impressa pelo Espírito e que possui a maior de todas as dádivas, o Caminho
aberto para o “Santo Lugar”:
Gálatas
3:21-22 – “Logo, a lei é contra as promessas de Deus?
De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a
justiça, na verdade, teria sido pela lei. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo
do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes”.
Finalmente,
então, por que não tem sentido para nós, ocidentais, que nunca vivemos debaixo
da Lei o termo “Boa Novas”? Porque nós nunca vivemos sob a Lei judaica, não
compreendemos a “pecaminosidade” do pecado. Nós não temos nenhuma noção da
Santidade de Deus e do que isso exige de Seus adoradores; mas Paulo, conhecia a
Lei, conhecia suas punições, seu rigor, sua inflexibilidade. Sabia o peso de
tentar fazer algo para “salvar-se”; que música maravilhosa foi ouvir acerca de
algo que Deus fez... “Evangelho de Deus”.
Romanos
1:1a4 – “PAULO ... separado
para o evangelho de Deus... Acerca de seu Filho...
Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de
santificação”. A Santa Trindade.
É
importante notar que bem cedo na Igreja surgiram os gnósticos, eles afirmavam
que o Senhor Jesus jamais teve um corpo
de verdade e que não havia um Pai e um Filho, mas que eram apenas formas e
emanações da mesma pessoa. Também afirmavam que o Senhor não poderia ter
morrido em uma cruz porque Deus não pode morrer ... O Apóstolo João combate
essas heresias:
IJoão
1:1e2 – “O QUE era desde o princípio, o que ouvimos, o
que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida. (Porque a vida foi
manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida
eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada)”.
IJoão
4:3 – “E todo o espírito que não confessa que Jesus
Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do
qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo”.
A
doutrina da Santa Trindade foi elaborada por Santo Agostinho para combater
essas mesmas heresias duzentos anos após a morte do Apóstolo João, ensinos que
negam a trindade permanecem em muitas seitas até os nossos dias. Por isso,
precisamos compreender e aplicar as ênfases corretas a cada pessoa que compõe o
Único Deus.
Um
dos erros comuns é que alguns dão tanta ênfase ao Filho que se esquecem
inteiramente do Pai, dando a impressão de que o Pai é bravo e tem relutância em
perdoar-nos, como alguns hinos equivocados que retratam o Senhor Jesus como
tendo que pleitear com o Pai: “Eu morri por eles...coitados...” tentando
persuadir ao Pai.
Outro
extremo, são aqueles que se dizem cristãos, falam do perdão de Deus, de orar a Deus,
serem guiados por Deus, mas toda sua proza acaba sem menção do nome do Filho.
O terceiro
grupo e terceiro erro, é aquele que procura dar toda a ênfase ao Espírito
Santo; Buscando, quase sempre, experiência de poderes sobrenaturais, acabando
por se aproximar em muito das religiões místicas da África e do Oriente.
Porém,
quando observamos atentamente a Palavra, veremos um perfeito equilíbrio entre
as três distintas pessoas. O Evangelho de Deus concernente a Seu Filho:
João
3:16 – “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que...”.
João
14:10 – “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai
está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai,
que está em mim, é quem faz as obras”.
O
propósito do Filho é levar-nos ao Pai: IPedro 3:18 – “Porque
também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para
levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo
Espírito”.
Vejamos
a ordem que a Bíblia estabelece: João 17:3 – “E a vida
eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste”. Primeiro o Pai:
ICoríntios
15:27e28 - Porque todas as coisas sujeitou debaixo de
seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está
que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as
coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele
que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
João
3:34 – “Porque aquele que Deus enviou fala as palavras
de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida”.
Vemos
o trabalho das três pessoas demonstrado de forma brilhante e esclarecedora no
Batismo do Senhor:
Mateus
3:16e17 – “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água,
e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba
e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo”. O Filho é o prazer de Deus, os que estão no Filho
e se tornam a imagem do Filho, agradam a Deus. Disso entendemos a melhor
definição de pecado: “Pecado é não glorificar a Deus”. Muitos pensam em pecado
simplesmente em coisas que se fazem ou se deixam de fazer, mas não compreendem
que fomos feitos para Glorificar a Deus e gozar da Sua presença, e que se não o
fazemos com todo o nosso ser, então, tudo o mais que realizamos, não passa de
pecado.
João
14:23 – “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me
ama, guardará a minha Palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos
nele morada”. Eis a perfeita ação da Santíssima Trindade, a perfeita
comunhão de Deus com Seu povo: O Pai, o Filho, o Espírito Santo pela Palavra.
Romanos Estudo n° 4
"O Filho de Deus é a Palavra encarnada, Ele é o Senhor, o Grande Rei, Profeta e Sacerdote, não comparável a nenhum outro".
Observando o método de
pregação de Paulo em Atos capítulo 13, vemos que ele entra na sinagoga e, uma
vez que teve a oportunidade de pregar (At.13:15), ele se utiliza de um método
maravilhoso de pregação que fazemos muito bem em observar. Entre outras coisas,
lemos isso no versículo 23: “Da descendência deste”
(referindo-se a Davi), “conforme a promessa, levantou
Deus a Jesus para Salvador de Israel”. Paulo realça as Escrituras, se
utiliza do Velho Testamento e diz que a promessa nele contida tinha, agora, se
cumprido.
Vejamos no capítulo 17
de Atos onde nos é dado um relato da primeira pregação de Paulo em Tessalônica.
Lemos ali que ele entrou, como de costume, em uma sinagoga judaica – nesse
ponto do seu ministério era onde ele sempre começava – e nos é dito no
versículo 2:
Atos 17:2,3 – “E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e por três
sábados disputou com eles sobre as Escrituras, expondo e demonstrando que
convinha que Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. E este Jesus,
que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo”. Paulo disputou, arrazoou,
argumentou com eles acerca das Escrituras, ele tinha grande interesse de falar
e ensinar sobre as Escrituras, este era o método de Evangelização, o mais
maravilhoso de tudo é que na carta aos Romanos, mesmo escrevendo a uma Igreja
gentílica, com pouquíssimo ou, quase nenhum conhecimento do Velho Testamento,
ele ainda insiste em argumentar: “...conforme a
promessa”. Conforme o que fora escrito nas Escrituras (V.T.).
“Outrora prometido” – Quais são essas promessas? Por
que razão Paulo volta tantas vezes em suas pregações a este mesmo ponto? Vamos
enumerar algumas dessas promessas para, então, entendermos a argumentação do
Apóstolo:
Gênesis 3:15 – “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente
e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Da semente da mulher deveria vir Aquele que esmagaria a serpente. Sobre Ele,
nos são dadas outras características, vejamos:
Gênesis 49:10 – “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus
pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. O termo Siló
que é traduzido na Vulgata Latina como “Ele...que está para ser enviado”, faz
clara menção do Messias que viria da
tribo de Judá.
Sobre a ascendência
terrena de nosso Senhor, vemos a maravilhosa promessa feita ao patriarca Davi:
IISamuel 7:11-16 – “... também o SENHOR te faz saber que te fará casa. Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com
teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o
qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma
casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe serei
por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com
vara de homens, e com açoites de filhos de homens. Mas a minha benignidade não
se apartará dele; como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a
tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será
firme para sempre”. É preciso perceber que a profecia mistura os
descendentes de Davi com O Descendente, a linguagem profética não estipula o
tempo exato, mas entendemos que nenhum ser humano pode ter um reino firmado
para sempre, pois somos mortais e o reinado só dura o tempo de vida de cada
rei. Vemos que haveria castigo de homens sobre os erros dos descendentes e
vemos em todas as dinastias de Judá os acontecimentos e as correções de Deus.
Claro que isto não se aplica ao Senhor Jesus porque Ele jamais errou e foi
Aquele que teve o Reino firmado para sempre:
IICorintios 5:21 – “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para
que nele fôssemos feitos justiça de Deus”. A profecia, como um todo,
deixa clara a referência ao Senhor Jesus, ainda que apresente aplicação aos
descendentes imediatos de Davi com seus erros e correções necessárias para
manter a linhagem. É preciso interpretar com o critério do Espírito para
entendermos a que se refere cada item da profecia.
Jeremias 23:5-6 – “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um
Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a
justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e
este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA”.
Uma filha de Davi: Isaías
7:14 – “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis
que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”.
Onde? Miquéias 5:2 – “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de
Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade”.
Mesmo um mercenário
como Balaão foi usado pelo Senhor para acerca dessas promessas: Números 24:17 –
“Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de
perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá os
termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete”. Nada ficará
fora de Seu domínio.
Malaquias 3:1 – “EIS que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho
diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e
o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos
Exércitos”. A quem se refere este texto com detalhes tão precisos?
Deuteronômio 18:15 – “O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de
teus irmãos, como eu; a ele ouvireis”...
Um Profeta semelhante a Moisés, mas nEle havia um diferencial inconteste, pois
quando Pedro o quis igualar aos demais profetas, vejamos a Voz do Pai: Mateus
17:2a5 – “E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto
resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis
que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. E Pedro, tomando a
palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui
três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. E, estando ele
ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz
que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; a Ele ouvi”. Não se pode fazer tendas iguais... O
Filho de Deus é a Palavra encarnada, Ele é o Senhor, o Grande Rei, Profeta e
Sacerdote, não comparável a nenhum outro.
Daniel 9:24 – “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre
a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e
para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a
profecia, e para ungir o Santíssimo”. Esta maravilhosa profecia que
vimos no livro de Daniel fala da contagem de um tempo desde a reconstrução do
templo de Jerusalém até a data exata do nascimento do Senhor Jesus. A
iniquidade expiada na Cruz e a justiça imputada pela fé.
Isaías 49:6 – “Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares
as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei
para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra”.
Luz para os gentios e salvação por todos os confins da terra. Eis a gloriosa
missão de nosso Salvador, trazer a salvação de Deus, a dádiva do Senhor a todos
nós.
Isaías 61:1,2 - O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me
ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de
coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;
A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a
consolar todos os tristes”. Após ler esta passagem o próprio Senhor
declara:
Lucas 4:21a23 – “Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em
vossos ouvidos. E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de
graça que saíam da sua boca; e diziam: Não é este o filho de José? E ele lhes
disse: Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; faze
também aqui na tua pátria tudo que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum”.
Assim, estava predito que no meio do seu povo, Ele seria rejeitado, desprezado
e odiado:
Isaías 53:3 – “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de
dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o
rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum”.
João 15:25 – “Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua
lei: Odiaram-me sem causa”.
Salmos 69:4 – “Aqueles que me odeiam sem causa são mais do que os cabelos da
minha cabeça; aqueles que procuram destruir-me, sendo injustamente meus
inimigos, são poderosos; então restituí o que não furtei”.
Zacarias 12:10 – “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém,
derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem
traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho
unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo
primogênito”.
“Prometido por Seus profetas nas Santas Escrituras” – É
importante notar que a frase não se refere apenas aos profetas que exerciam a
função de profeta, como o caso de Jeremias, Isaias e Habacuque, mas faz referência
a todos aqueles que profetizaram e registraram suas profecias nas Sagradas
Escrituras, como o caso de Moisés e Davi. Por isso, podemos ver, claramente, em
todas as ofertas queimadas e sacrifícios do Velho Testamento, algo como
profecias indiretas, em tipos e sombras do Cordeiro de Deus.
Em Davi, lemos: Salmos
22:1;6a8;14a18 – “DEUS meu, Deus meu, por que me
desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?
Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo. Todos
os que me vêem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo:
Confiou no SENHOR, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer. Como água me
derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera,
derreteu-se no meio das minhas entranhas. A minha força se secou como um caco,
e a língua se me pega ao paladar; e me puseste no pó da morte Pois me rodearam
cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés.
Poderia contar todos os meus ossos; eles vêem e me contemplam. Repartem entre
si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa”.
Para entendermos as
condições em que os profetas escreviam as Sagradas Escrituras necessitamos de
uma definição de termos; com frequência vejo pessoas confusas quanto à
diferença entre revelação e inspiração. Bem, a diferença é simplesmente esta:
revelação é tornar conhecidos certos fatos – é dar informação; inspiração é o
que exerce controle sobre a exposição e a expressão daqueles fatos. Profeta é
aquele em que há ambas as coisas – a revelação e a inspiração.
O Apóstolo Pedro, já na
eminência de sua morte, traz à memória aquilo que havia testemunhado acerca do
Senhor, ele vira com seus próprios olhos as profecias se cumprirem, ele
aprendera ainda mais a temer e a amar aquela Escritura inerrante. Assim, ele
nos aconselha a bem atentarmos aos escritos dos profetas:
IIPedro 1:15a21 – “Mas também eu procurarei em toda a ocasião que depois da
minha morte tenhais lembrança destas coisas. Porque não vos fizemos saber a
virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas
artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele
recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida
a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. E
ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo; E temos,
mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a
uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva
apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da
Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados
pelo Espírito Santo”.
Não é de particular
interpretação, ou seja, não atende a interesses próprios.
Romanos Estudo n° 5
"...o evangelho não começa conosco, não começa com nossos problemas e experiências. É uma grandiosa proclamação, um grandioso anúncio de algo que Deus fez acerca de Seu Filho".
Rom.1:3e4 – “Com respeito a Seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da
descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o
Espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo,
nosso Senhor”. Algo fundamental a se perceber nesta passagem é que o
Evangelho é acerca do Filho Deus; existem muitas religiões e filosofias no
mundo, cada uma delas possui um fundador, um mentor, alguém que teve a ideia e
fundou o movimento. Por exemplo, quando pensamos no budismo, no induísmo, no
islamismo, conhecemos seus fundadores e seus escritos. Cada uma dessas
religiões possuem seus códigos de ética, suas regras e seus bons conselhos e
nós podemos esquecer seus fundadores e continuaremos com a religião sem
qualquer dificuldade. Podemos ter budismo sem Buda, confucionismo sem Confúcio,
islamismo sem Maomé, a filosofia é a mesma, não importa quem foi seu
fundador. Mas o cristianismo não é
assim, o Senhor Jesus não é apenas seu fundador, Ele é seu centro, seu cerne,
Ele não apenas traz as boas novas, Ele é a Boa Notícia. Sem Cristo, não existe
cristianismo, pois não se trata de uma filosofia ou conjunto de ideias,
trata-se da aplicação da Lei, de uma sentença cósmica, do Santo Tributo, do
Sangue derramado, Ele não é só o fundador do cristianismo, Elé é O Cristo. “O
Evangelho de Deus... com respeito a Seu Filho”.
O evangelho é acerca
do Filho de Deus, e o que é que tem? Bem, diz o Apóstolo: Ele “nasceu da descendência de Davi, segundo a carne”, Ele
foi declarado (em contraste com “nasceu”) “Filho de Deus”, não filho de Davi, “Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação”
– em contraste com, “segundo a carne” – “pela ressurreição dos mortos”. Bem,
aqui temos a prova do que é o evangelho, e do que ele se trata afinal? Bem, o
evangelho não começa conosco, não começa com nossos problemas e experiências. É
uma grandiosa proclamação, um grandioso anúncio de algo que Deus fez acerca de
Seu Filho, que estava com Ele, “no seio do Pai”, desde a eternidade, sem nenhum
princípio: co-eterno com o Pai. Ele veio à terra, segundo a carne, pela
descendência de Davi, conforme a promessa, ou seja, Ele não passou a existir
como Deus, pois isso Ele sempre foi, mas, veio a ter carne, segundo a promessa,
pela descendência de Davi, fez-se um de nós, para, sobre Si, levar nossa
punição. Portanto, acerca dEle é o evangelho, acerca do que Deus fez por meio
dEle. Este é o cerne: “No princípio era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”
(João1:1a3).
Gálatas 4:4 – “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei”. Da eternidade onde Ele antes
estava – daquela existência que Ele sempre tivera. Como nos diz João 17:5 – “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela
glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”. O mais triste
desvio que a Igreja pode cometer está relacionado com a perda do foco do
Evangelho, pois quando o homem é colocado no centro, o Senhor é retirado do Seu lugar.
O verdadeiro evangelho
precisa ser simples, prático e persistente em manter sempre a centralidade de
Cristo no foco da mensagem, como vemos na carta aos Filipenses em que o
Apóstolo estava exortando os crentes ao amor fraternal. Ele então diz, olhem
para o Mestre e:
Filipenses 2:4a11 – “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada
qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não
teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso,
também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na
terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o
SENHOR, para glória de Deus Pai”. Em outras palavras, o Apóstolo está
exortando a que ninguém fique preocupado apenas com seu bem estar, com suas
coisas, com seus benefícios e direitos, não, antes, pelo contrário, devemos
atentar para o direito e benefício do outro, devemos estar dispostos a
sacrificar-nos pelo irmão, como fez nosso Senhor que “subsistia”, ou seja,
existia e sempre existiu na forma de Deus, sempre foi Um com Deus, mas Ele não
se apegou, não se agarrou ao Seu direito e majestade, NÃO, Ele se esvaziou, Ele
se despiu de Sua realeza, Ele desceu para se fazer um de nós... Ele se humilhou
até a Cruz, morreu, e por isso também ressuscitou e nisto foi exaltado pelo Pai
e deixou-nos exemplo.
Confesso que costumava
ver com muita dificuldade esta passagem, ouvi muitas interpretações diferentes
acerca da mesma... sempre me indagava o que significa “não
julgou por usurpação ser igual a Deus...”, muitas traduções trazem esta
frase, a primeira ideia que costumava vir à minha mente é que o Senhor Jesus
era muito parecido com Deus, estava quase no mesmo nível que Ele e que poderia usurpar-Lhe
o trono através de um golpe parecido com aquele intentado por satanás. Bom,
esta não seria uma interpretação tão horrível assim, mas, de qualquer forma,
não revela a verdade, não está de acordo com o contexto e nem com a mente do
Espírito, pois o Senhor Jesus, é um só com o Pai, Ele jamais precisou invejar o
Pai, do Pai Ele ouve: “tudo o que é meu,
é Teu”, não há diferenças ou concorrências. O que o texto diz é que o Senhor
não se apegou ao Seu eterno direito e estado, mas que, por amor ao desejo e
plano do Pai, esvaziou-Se, desceu até nós... Há grande diferença de
entendimento ao vermos o texto dentro de seu perfeito contexto. Assim, o crente
precisa ter sempre firmado em sua mente e coração o conceito de deidade e
eternidade que pertencem ao nosso Senhor Jesus Cristo, “designado Filho de Deus com poder, segundo o Espírito de santidade”.
“...o qual, segundo a carne, veio...”. Como é importante
salientar este ponto das escrituras, a plena humanidade de nosso Senhor. Desde
o início da Igreja, já haviam hereges que diziam que o Filho eterno de Deus,
entrou no homem Jesus em Seu batismo e saiu dEle na cruz; isso vai contra todo
o ensino do Novo Testamento. O Filho eterno de Deus tomou sobre Si uma
verdadeira natureza humana, não somente o corpo, mas também a alma, a razão, a
mente e o entendimento, e Ele morreu tão verdadeiramente como qualquer ser
humano. Como vemos em Lucas2:52 – “E crescia Jesus em
sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”. O
Senhor se desenvolveu como uma criança normal, não passou direto para a fase
adulta, Ele é, em tudo, perfeito homem e inteiramente Deus conosco (Emanuel).
Hebreus 2:14a18 – “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue,
também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que
tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da
morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. Porque, na verdade, ele não
tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão. Por isso convinha que em
tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote
naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele
mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados”.
“...da descendência de Davi...” – Em Sua carne e nessa
forma humana, Ele era da “descendência de Davi”.
E esta é a descrição dEle que nos é dada no Novo Testamento. Mateus começa logo
dizendo: Mt.1:1 – “LIVRO da geração de Jesus Cristo,
filho de Davi, filho de Abraão”. Ai está, conforme a promessa, Filho de
Davi e o povo logo reconheceu isso. Lembremo-nos do cego: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim”
(Mc.10:47). Paulo, ao pregar, renova a ênfase sobre esta verdade: IITimóteo 2:8
– “Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência
de Davi, ressuscitou dentre os mortos, segundo o meu evangelho”. Qual a
razão disto? A razão é que Palavra jamais deixa dúvida acerca de Suas doutrinas
elementares; Todo homem que já houvesse lido e estudado o Velho Testamento não
poderia ter dúvida acerca das credenciais do messias e esta era uma delas. Deus
foi estreitando, desde o primeiro livro da Bíblia, os caracteres e sinais do
Messias:
Semente de mulher -
Gn.3:15. Da tribo de Judá, O Legislador – Gn.49:10. Mas não somente da tribo de
Judá, mas também de uma linhagem específica nas “firmes misericórdias de Davi”,
“do aumento deste principado e da paz não haverá fim,
sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e
com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará
isto” (Is.9:7). Acerca de Jessé, o pai de Davi, diz: “PORQUE brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas
raízes um renovo frutificará” (Is.11:1). Que maravilhosa promessa, ó
quão sublime e santa promessa! Os descendentes carnais de Davi formaram uma
tremenda dinastia, que durou até próximo dos dias de glória do império romano,
quando então foi sublimada e quase chegou à aniquilação; sobrou, então, um
pequeno renovo, uma pequeníssima família nos arredores de Belém, um casal de
descendentes de Davi: José e Maria. E no momento mais fraco e obscuro desta
dinastia, Deus suscita O Rei Eterno, na maior fraqueza da carne e total
rejeição dos homens.
Ancestrais de José e
Maria:
Mateus 1:1,2e16 – “LIVRO da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de
Abraão. Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a
seus irmãos; E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se
chama o Cristo”.
Lucas 3:23e24 – “E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo
(como se cuidava) filho de José, e José de Heli, e Heli de Matã, e Matã de
Levi, e Levi de Melqui, e Melqui de Janai, e Janai de José”.
Quando comparamos a
genealogia descrita por Mateus com a descrita por Lucas, facilmente podemos ver
as muitas diferenças existentes entre elas. Para que possamos conciliar as duas
narrativas, basta que fiquemos atentos às palavras de Lucas: “...sendo (como se cuidava) filho de José...”; Pois bem,
“como se cuidava”, ou, como pensavam os vizinhos e amigos na época, ainda que,
José e Maria, sabiam muito bem que era o Verdadeiro Pai do “ente Santo”
(Lc.1:35) que nasceu da virgem. Nesta narrativa de Lucas, ele esclarece que
muitos achavam que Ele fosse filho de José, e José, filho de Heli por
consideração à Lei do casamento (Nm.27:1a11 e 36:1a12). Explicando: Heli era
pai, na verdade, de Maria e sogro de José, pois já vimos em Mateus 1:16 que o
pai de José chamava-se Jacó. Lucas considera José como filho de Heli pela Lei
do casamento apenas com o intuito de descrever a linhagem genealógica de Maria,
pois seguindo a tradição ele considera apenas os homens como cabeças de
família; assim, fica claro que a genealogia de Lucas descreve a árvore de
Maria, enquanto a de Mateus descreve a árvore de José e por isso a aparente
contradição.
Romanos Estudo n° 6
"...antes que houvessem tempos Ele era".
Romanos Estudo n° 7
"meus sofrimentos me fizeram desapegar e desmamar deste mundo cada vez mais".
No início da Igreja muitos cristãos morreram ao afirmar que Jesus Cristo e não César é senhor; e a fé cristã, em sua totalidade, depende desta sentença. Logo no início da Igreja, muitas heresias surgiram, umas negando a deidade de Cristo, outras negando Sua humanidade, e a Igreja teve de lutar para sobreviver.
Romanos Estudo n° 8
A obediência da fé
Romanos Estudo n° 6
"...antes que houvessem tempos Ele era".
Romanos 1:3-4 – “Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi
segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de
santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor”.
Precisamos observar
atentamente o contraste que o Apóstolo estabelece nestas duas sentenças: “feito ou trazido à existência na
descendência de Davi, segundo a carne...porém, segundo a verdadeira essência,
segundo a existência na eternidade, declarado (do grego -οριζω horizo) Filho de Deus em poder. Como devemos
entender este contraste?
É bem simples, com temor e tremor, observamos que Ele
não passou a existir a partir da carne, como nós que ganhamos carne e depois o
sopro da vida. Ele não é assim, o Espírito de santificação que ressuscitou dos
mortos trouxe à luz a Declaração de
que Ele tem poder e é Senhor. Isto foi provado na ressurreição, foi declarado
para os céus e a terra. Mas Ele, claramente, como se vê, não passou a existir
como Eterno Filho de Deus a partir deste instante, pois antes que houvessem
tempos Ele era .....
Apocalipse 1:8 – “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor,
que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso”.
Horizo – definir,
determinar, marcar fronteiras.
Isaías 43:10-13 – “Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, e meu servo, a
quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo,
e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu
sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei, e eu salvei, e eu o
fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas
testemunhas, diz o SENHOR; eu sou Deus. Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e
ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá”?
Bom, então o que mudou
na ressurreição? Por que Ele foi declarado
Filho em poder? A mudança está na forma que Ele assumiu, pois Filho de Deus Ele
sempre foi, mas não veio com poder, antes, nasceu como um bebê fraco e
indefeso; por isso a importância do paralelo, da comparação, pois embora
continuasse sendo o Filho de Deus, agora precisava receber cuidados, ser
alimentado e tratado como qualquer outra criança. Bom, o resultado da
ressurreição é aquilo que o Apóstolo está ressaltando, como vemos em outras
passagens:
Mateus 28:18e19 – “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o
poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
Atentemos para a
mudança ocorrida:
IICoríntios 13:4 – “Porque, ainda que foi crucificado por fraqueza, vive,
contudo, pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos
com ele pelo poder de Deus em vós”.
Como um Rei que viaja
incógnito por seu país, disfarçado de cidadão comum, assim esteve Ele sobre a
terra, sem suas insígnias, sem um coral de anjos que se prostrassem ao vê-Lo
passar. Estava incógnito, escondido sob o véu da encarnação, um invólucro de
carne estava sobre Ele; No fim, não somente a carne, mas também a maldição que
ela abriga: “o salário do pecado...”; mas,
finalmente, vem a declaração, vem a proclamação, vem a aurora do Primeiro Dia
da Semana, vem a ressurreição, Ele está de volta ao Seu Direito de
Primogenitura, ao Seu trono na eternidade. A maldição da carne, a sentença pelo
pecado, a morte, a implacável corrupção foi vencida.
Outra frase que
fazemos bem em analisar é : “...segundo o Espírito de
santificação”. O que ela significa. Muitas discussões já ocorreram por
causa do sentido desta frase. Há aqueles que defendem a ideia de que se trata
de uma ação do Espírito Santo na vida do Senhor, a ação da Bendita terceira
Pessoa da Trindade. Mas eu gostaria de sugerir outra ênfase aqui, pois quero
insistir no paralelo entre as frases: Ele adquiriu carne segundo a descendência
de Davi, mas ressurreição, segundo o Espírito de santificação. Para melhor
esclarecer, vamos buscar outras passagens na Escritura acerca deste mesmo tema
para compararmos Escritura com Escritura, conforme nossa regra:
Salmos 16:10 – “Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que
o teu Santo veja corrupção”. A primeira impressão que temos ao ler este
Salmo de Davi é a de que ele está escrevendo a seu próprio respeito, mas lendo
o sermão de Pedro no dia de Pentecostes, descobrimos que ele estava
profetizando acerca do Senhor, vejamos:
Atos 2:22a31 – “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno,
homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus
por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; A este que vos foi
entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes,
crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; Ao qual Deus ressuscitou,
soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela;
Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha
direita, para que eu não seja comovido; Por isso se alegrou o meu coração, e a
minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança; Pois
não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; fizeste-me conhecer os caminhos da
vida; encher-me-ás de alegria na tua presença Homens irmãos, seja-me lícito
dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado,
e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo
que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo
a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, nesta previsão,
disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem
a sua carne viu a corrupção”.
Assim, também, vemos o
Apóstolo Paulo fazer a mesma declaração:
Atos 13:35a37 – “Por isso também em outro salmo diz: Não permitirás que o teu santo veja corrupção. Porque, na
verdade, tendo Davi no seu tempo servido conforme a vontade de Deus, dormiu,
foi posto junto de seus pais e viu a corrupção. Mas aquele a quem Deus
ressuscitou nenhuma corrupção viu”.
IPedro 3:18 – “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo
pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas
vivificado pelo (no) Espírito”. Quando olhamos para o original, vemos
que a melhor tradução é no Espírito e não pelo Espírito. Vamos prosseguir com
nosso argumento com mais esta passagem escrita por Paulo:
ICoríntios 15:45 – “Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito
em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante”. Observando
todas estas passagens, o que concluímos é que o Apóstolo está contrastando
aquilo que é certo acerca de nosso Senhor na carne, com aquilo que é certo
acerca dEle no Espírito. Segundo a carne, Ele foi feito da “semente de Davi” e
veio em fraqueza, mas em Seu ser espiritual, Ele é o Filho de Deus com poder, e
isso é provado pela ressurreição. Aí está o contraste. Noutras palavras, o
nosso Senhor teve uma existência no espírito, e a Sua existência no espírito é
santa. Mesmo enquanto esteve aqui, o espírito que havia nEle era santo – é o
espírito de santidade.
Paulo faz um paralelo
entre aquilo que Ele era como o Filho do Homem, e aquilo que Ele é como Filho
de Deus, e essa diferença ele assinala em termos de carne e espírito. O
espírito que estava em Cristo é espírito de santidade. Espírito aqui aparece
como essência do Ser, assim como o Pai e o próprio Espírito Santo possuem, em
Sua essência, o espírito de Santidade. Creio que somente este paralelismo pode
muito bem explicar a frase em questão; desta maneira, como se vê, segundo a
carne, da semente de Davi; segundo o espírito – o espírito que é santo – Filho
de Deus com poder. E por ter essa essência santa, essa natureza santa, esse
espírito de santificação, a morte não pôde detê-LO. Ele não viu a corrupção ou
degradação do corpo de Sua carne, por isso, nós, Seus filhos, podemos em
regozijo afirmar como o salmista:
Atos 2:26 – “Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou;
E ainda a minha carne há de repousar em
esperança”. (Conforme Sl.16:9).
O salmista Davi diz
que até a carne pode repousar em esperança. Oh! quão gloriosa declaração acerca
da ressurreição dos mortos, pois a sentença do Senhor é destruir toda carne
(Gn.6:12), mas na ressurreição, graças ao espírito de santificação presente no
Senhor Jesus que não viu a corrupção, agora nós, que veremos a corrupção na
sepultara onde nossos corpos serão comidos pelos vermes, podemos ter esperança,
pois um dia...
ITessalonicenses
4:13-14 – “Não quero, porém, irmãos, que sejais
ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os
demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e
ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com
ele”. E, lembrando, que esta não é uma ressurreição como aquela da filha
de Jairo ou de Lázaro, ou do filho da viúva de Naim, pois estes voltaram a
morrer, seus corpos ainda veriam a corrupção; mas esta ressurreição que nos
espera, esta sim, será feita à semelhança daquela experimentada pelo Cabeça, como
vemos em Colossenses 1:18 – “E ele é a cabeça do corpo,
da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha
a preeminência”. O primeiro da ressurreição eterna, “O Caminho” pelo
qual trilharemos.
Romanos Estudo n° 7
"meus sofrimentos me fizeram desapegar e desmamar deste mundo cada vez mais".
Romanos 1:3a5 – “Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi
segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de
santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo
qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as
gentes pelo seu nome”.
Como já temos visto nos
estudos anteriores, o evangelho acerca do Filho de Deus e, devido a tudo ser
acerca dEle, é que o Apóstolo termina a sentença dizendo: “Jesus Cristo, nosso Senhor”. Ele é “Senhor e Cristo” (At.2:36), facilmente podemos notar o
quanto os primeiros cristãos se alegravam e tinham grande prazer em utilizar
esta designação para o Senhor, pois vemos ele se repetir muitas vezes no Novo
Testamento.
No início da Igreja muitos cristãos morreram ao afirmar que Jesus Cristo e não César é senhor; e a fé cristã, em sua totalidade, depende desta sentença. Logo no início da Igreja, muitas heresias surgiram, umas negando a deidade de Cristo, outras negando Sua humanidade, e a Igreja teve de lutar para sobreviver.
Os judeus esperavam a vinda
do Messias, e o Messias não é tão somente um libertador, um Salvador; a
expressão implica particularmente que Ele é Alguém que foi “ungido” a fim de
libertar e salvar. Paulo diz aos tessalonicenses (At.17:2,3) que era necessário
que o Cristo padecesse e, “este Jesus que vos anuncio é
o Cristo”. Para entendermos, “O Cristo”, é a expressão grega que
significa “o Messias” do hebraico.
Ungido por Deus para ser, não somente Salvador, mas Profeta, Sacerdote e
Rei. É preciso lembrar que nenhum Rei ou sacerdote poderia exercer o cargo sem
ser ungido com óleo, por isso, nosso Senhor, ao sair das águas do batismo teve
aquele maravilhoso testemunho da Unção: “Este é meu
filho amado em quem me comprazo”. Ele, referindo-se a Si próprio diz: “a este o Pai, Deus, o selou” (João 6:27).
No Sermão do Monte vemos O
Profeta expondo e explicando a Lei. No Calvário vemos o Sumo-Sacerdote que “nos
convinha” (Hb.7:26); “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de
Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão”
(Hb.4:14). Capaz de sentir e se compadecer de nossas fraquezas e que, ao mesmo
tempo, é o Eterno Filho de Deus, segundo a ordem de Melquisedeque, “vivendo sempre para interceder por eles” (Hb.7:25). De
igual modo O vemos como Rei, como Aquele que tem autoridade sobre a natureza e
sobre toda a criação, que pode curar enfermidades, que tem autoridade única e
que todos notam: Lucas 4:36-37 – “E veio espanto sobre
todos, e falavam uns com os outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos
espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem? E a sua fama
divulgava-se por todos os lugares, em redor daquela comarca”.
É correto chamar Jesus de
Senhor?
Por vivermos em um país de
colonização católica, nos habituamos a ouvir acerca de uma “nossa senhora”, de
tal forma que o termo de tão popular nem sequer nos causa espanto; mas quando
ouvimos algo cerca de nosso Senhor, até mesmo crentes sinceros podem não saber
o real significado do termo, pois a grande maioria pensa acerca do Salvador, mas
nunca acerca do Senhor. Alguns até argumentam que se alguém conhece a Jesus
como Salvador, algum dia também o conhecerá como Senhor; Porém, esta dicotomia
jamais existiu na mente dos verdadeiros filhos de Deus, pois “ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo”
(ICor.12:3). Os filhos, desde que nasceram de novo e foram selados pelo
Espírito (Ef.1:13), não possuem qualquer dúvida acerca deste senhorio, sabem
que “foram comprados por bom preço” (ICor.6:20). Todos que já ouviram sobre os
mercados de escravos sabem o sentido do termo “ser comprado”. Se alguém já
sentiu o peso de seus pecados terá muito gratidão ao perceber que tem agora um
novo Senhor!
Romanos 6:17a22 – “Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E,
libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça... mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus,
tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna”.
At.2:36 – “....Deus o fez Senhor e Cristo”. É importante notar que a
expressão usada aqui para Senhor, é a mesma utilizada para Jeová, o Deus
todo-poderoso no Velho Testamento, portanto, quando o Novo Testamento afirma
que Jesus é Senhor, está realmente afirmando que Jesus é Jeová e, temos então,
uma bendita expressão da Trindade.
Nosso Senhor Jesus Cristo,
chama-Lo assim, não é somente correto, mas é obrigatório. “Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também
andai nele” (Col.2:6). É impossível receber o Salvador dissociado do
Senhor. Não há nenhum local nas Escrituras onde se insinua que se possa
recebê-Lo como Jesus somente, ou como Senhor somente. A Pessoa é Una e
indivisível! E se alguém crê no Senhor Jesus sem se dar conta de que Ele é o
seu Senhor, eu não hesito em dizer que esta crença é vã.
Mateus 1:21 – “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele
salvará o seu povo dos seus pecados”. Ele é Nosso Senhor porque nos
comprou com Seu Sangue, nos comprou e tirou do mercado de escravos, e por que
Ele nos comprou? Tito 2:14 responde a pergunta: - “O qual se deu a si
mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para Si um povo
seu especial, zeloso de boas obras”. Purificar para Si, remir da iniquidade,
estes são os objetivos. O Senhor desejou ter com Ele uma família santa, lavada
e remida; claro que não podemos entender a razão ou a extensão deste projeto,
mas certo é que assim diz a Palavra, nisto cremos e assim vivemos, como disse o
Apóstolo Paulo: “Segundo a minha intensa expectação e
esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo
será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja
pela morte. Porquanto, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o
viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher.
Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com
Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Filip.1:20a24).
Como disse David Brainerd em
sua biografia: “meus sofrimentos me fizeram desapegar e desmamar deste mundo
cada vez mais”. É triste pensar que amamos demais este mundo para querer
deixa-lo e que a maioria de nós jamais ora pedindo o retorno do Senhor. E
nisto, muitos se encontram confusos acerca do motivo de ser cristão, acerca do
por quê e para que fomos salvos. O Senhor Jesus sempre deixou claro, vejamos:
Lucas 24:45a50 – “Então abriu-lhes o
entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está
escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse
dentre os mortos, e em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos
pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E destas coisas sois vós
testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na
cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. E levou-os
fora, até Betânia; e, levantando as suas mãos, os abençoou”. Eis o que
se deve pregar: Arrependimento e remissão, no Nome do Senhor Jesus para então
receber O Dom, A Promessa, O Poder de Deus para santificação dos crentes, O
Santo Espírito para, com o Apóstolo poder dizer: “O
viver é Cristo (obediência e senhorio) e o
morrer é lucro”.
Romanos Estudo n° 8
A obediência da fé
"A boa nova é que somos reconciliados com Deus; somos justificados à vista de Deus, não com base em obras que tenhamos praticado, quaisquer que sejam, mas pela fé".
Romanos 1:3a5 – “Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi
segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de
santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo
qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as
gentes pelo seu nome”.
Continuando a estudar
o versículo 5, observamos a grande ênfase que o Apóstolo dá a esta frase: “a Obediência da fé”. Ele usa esta frase,
deliberadamente, com o fim de salientar mais uma coisa, uma característica
essencial do evangelho, a que nos fala da “justiça de
Deus que é pela fé”. Ora, este vai ser, como veremos, um tema de grande
importância nesta Epístola em particular; é algo a que o Apóstolo dá ênfase em
toda a parte. A boa nova é que somos reconciliados com Deus; somos justificados
à vista de Deus, não com base em obras que tenhamos praticado, quaisquer que
sejam, mas pela fé. Como diz nos versos 16 e 17 deste capítulo: Romanos 1:16-17
– “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo,
pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu,
e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como
está escrito: Mas o justo viverá da fé”. Ele vai argumentar amplamente
sobre isso nos primeiros capítulos desta Epístola. Já não devemos pensar em
termos de obras. O segredo todo é que é pela fé, pela obediência da fé,
contrariamente a toda e qualquer ideia de salvação em termos das nossas obras
ou de nossa justiça própria.
De novo, porque isso é
muito importante, ele irá novamente acentuar no capítulo 3: Romanos 3:21-22 – “Mas agora”, diz ele (depois de haver demonstrado que
pelas obras de Lei nenhuma carne poderá ser justificada diante de Deus) “se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho
da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para
todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença”. Vejamos, que
fique bem claro que é obediência da fé e não obediência das obras, mas que
jamais tentemos separar os dois vocábulos, não somente fé e não somente
obediência, mas sim “obediência da fé”. E nisto deixar
bem claro que crer no evangelho não é meramente uma questão intelectual, antes,
é algo mais que mera aceitação consciente, mas inclui aceitação e obediência
que vem da fé. Noutras palavras, crer inclui um elemento de entrega; inclui um
elemento de submissão. O Apóstolo sempre defende com muita clareza esse ponto
em sua Epístolas, vejamos:
Romanos 6:17 – “Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues”. É
desta forma que o Apóstolo descreve a conversão de alguém, “obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues”. Uma total entrega de obediência e submissão, como vemos
também no capítulo dez:
Romanos 10:10 – “Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca
se faz confissão para a salvação”. O coração
(καρδια kardia) aqui, nos fala de um
completo envolvimento, da totalidade do ser, do centro da razão e das emoções. Quando
alguém crê, declara Paulo, crê na totalidade da sua personalidade e confessa
com a boca.
Houve acerca de dois
séculos atrás, na Inglaterra, uma heresia chamada sandemanismo, a qual afirmava
que bastava ao homem dizer que crê no Senhor Jesus e tudo estaria bem, sua
maneira de viver ou seus sentimentos para com o pecado, não importava muito,
bastava dizer que cria e, seu texto predileto era – “Confissão se faz com a
boca para salvação”. Este era o grande texto bíblico para os sandemanistas. Um
grande pregador batista chamado Christimas Evans, foi vítima desta heresia por
vários anos em que ele pregou sem resultados, sem conversões genuínas e
sentindo uma terrível sequidão de alma. Tudo o que ele pregava e dizia era
certo, mas não conseguia sentir o poder transformador e influente da Palavra.
Até que um dia, viajando à cavalo nas proximidades da montanha chamada Cader
Idres, subitamente o Espírito Santo retornou ao seu coração, o enterneceu
novamente e o libertou da escravidão. Pois bem, ninguém poderia crer na heresia
sandemista se lembrasse desta frase, “a obediência da fé”. O homem completo está envolvido.
Você não será salvo se apenas disser que crê no Senhor, a personalidade toda
está envolvida.
Vejamos o ensino de
nosso Senhor acerca deste assunto:
Mateus 21:28a31 –“Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e,
dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele,
porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi. E,
dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu
vou, senhor; e não foi. Qual dos dois
fez a vontade do pai?” O
Senhor está salientando o significado de obediência e arrependimento, Ele deixa
claro que se aquele jovem chegasse para o Pai e dissesse: Sinto muito, eu agi
errado, eu estou triste por ter dito isso, lamento mesmo... mas continuasse a
não ir trabalhar, esse não seria arrependimento genuíno, pois não provocou
mudança de caráter e de atitude, foi mera confissão verbal e não tem valor
algum! Obediência significa ir trabalhar na vinha, não apenas um sentimento de
remorso ou tristeza; “depois, arrependendo-se foi...”. O que o Apóstolo está
afirmando é que crer no Evangelho, também significa crer que sou pecador, que
estou debaixo da ira de Deus, por isso entristeço-me pelo meu pecado e vou a
Ele, abandono a mim mesmo, quero pertencer a Ele e não mais ao mundo, como
vimos: Ninguém pode crer no Senhor Jesus Cristo, a menos que creia nEle como
seu Senhor e, igualmente, como seu Salvador.
“Obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome”
– Já houve controvérsias acerca desta frase, pois em algumas traduções aparecem
o termo gentios ao invés de gentes. Alguns argumentam que o Apóstolo estava
falando de sua obrigação de pregar apenas aos gentios... pois a palavra, no
original permite esta tradução. Porém, não consideremos correta esta versão,
pois a Igreja de Roma possuía tanto crentes judeus quanto gentios e Paulo
escrevia para eles. Um segundo argumento é que o Senhor, quando chamou o
Apóstolo, o enviou a judeus e gentios, como vemos: Atos 26:16-20 – “Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por
isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto
como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; Livrando-te deste povo, e dos
gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos, e das trevas os
converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a
remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim.
Por isso, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Antes anunciei
primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da
Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo
obras dignas de arrependimento”.
O Apóstolo insiste em
que todos necessitam desta grande salvação, tanto judeus quanto gentios:
Gentios - Romanos
3:10a13 – “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se
extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há
nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam
enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios”.
Judeus - Romanos
2:17a24 - Eis que tu que tens por sobrenome judeu, e
repousas na lei, e te glorias em Deus; E sabes a sua vontade e aprovas as
coisas excelentes, sendo instruído por lei; E confias que és guia dos cegos,
luz dos que estão em trevas, instrutor dos néscios, mestre de crianças, que
tens a forma da ciência e da verdade na lei; Tu, pois, que ensinas a outro, não
te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que
dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes
sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da
lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios
por causa de vós.
Assim como todos
estávamos debaixo de pecado, em Cristo Jesus, todos, somos trazidos à família
celestial e não há mais separação entre povos e povos, antes, “a parede de
separação foi derribada”:
Efésios 2:11a14 – “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios
na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão
feita pela mão dos homens; Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da
comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança,
e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe,
já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de
ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio”.
Colossenses 3:11 – “Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão,
bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos”.
Todos os povos
necessitam desta tão grande salvação, todos aqueles que sentiram a miséria de
seu pecado, todos aqueles que algum dia já sentiram-se cansados e
sobrecarregados com as cargas de vaidade impostas pelo mundo. No tempo de Seu
ministério terreno, alguns gregos queriam ir ao Senhor, mas o Senhor disse: “Ainda não...mas quando eu for
levantado...”, vejamos:
João 12:20a32 – “Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar
no dia da festa. Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da
Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus... (o
Senhor não permite que eles O vejam, antes fala da condição necessária para ter
comunhão com Ele e servi-LO)... Respondeu Jesus, e
disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós. Agora é o juízo
deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E eu, quando for
levantado da terra, todos atrairei a mim”.
“Pelo Seu nome”- Chamado para ser Apóstolo, por graça
recebida a fim de chamar as gentes por amor do Seu Nome. Ah precioso Nome,
maravilhoso Nome, esta era a ênfase de Paulo, esta era sua motivação, por amor
a este Nome ele estava disposto a chamar todas as gentes, todas as nações, ele
estava disposto a evangelizar e ensinar a grande verdade:
Atos
4:12 – “E em nenhum outro há salvação, porque também
debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos
ser salvos”.
Romanos Estudo n° 9
Romanos Estudo n° 9
"Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados".
Romanos 1:6e7 – “Entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus
Cristo. A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e
paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”.
Observamos nestes
versículos que o Apóstolo agora se dirige diretamente às pessoas para as quais
estava escrevendo, ele iniciou falando do Senhor e Seu evangelho, mas agora ele
se dirige aos chamados para serem de Jesus Cristo, chamados santos. Esta é a
sinopse da fé cristã, o sumário da sã doutrina, ele inicia dizendo de si mesmo
que era alguém que foi chamado para ser apóstolo, foi-lhe dada a graça que fez
dele um apóstolo, e ele foi chamado para pregar este evangelho, e para chamar
homens e mulheres à “obediência da fé entre todas as
nações” – não somente judeus, mas como vimos, também os gentios; especialmente nesta Igreja
de Roma que deveria ter maioria de gentios entre seus membros.
Na versão Revista e
Atualizada encontramos esta frase da seguinte forma: “Chamados
para serdes de Jesus Cristo”, outras versões trazem “chamados para pertencerdes a Jesus Cristo”. Alguns
acreditam que a preposição “por” equivale a “de”, de tal forma que seriam os
“chamados por Jesus”; mas nós não pensamos assim, pois conforme vemos em muitas
outras passagens das Escrituras o “chamado” dos cristãos é atribuído a Deus o
Pai. É Deus que nos chama por Sua Graça. Veja como o Apóstolo Paulo se expressa
ao escrever aos efésios, no capítulo dois; Eles estavam mortos...eram filhos da
ira:
Efésios 2:1a5 – “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em
que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das
potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.
Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne,
fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da
ira, como os outros também... Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente
com Cristo
(pela graça sois salvos)”. O Pai nos chama para Cristo, o Pai nos dá ao
Filho...em toda Escritura é assim descrito.
O próprio Senhor Jesus
declara:
João 17:6 – “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram
teus, e tu mos deste, e guardaram a tua Palavra”.
João 6:44 – “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer;
e eu o ressuscitarei no último dia”. Esta é a ideia, chegamos a Cristo,
fomos trazidos a Ele, fomos chamados pelo Pai e, acima de tudo precisamos
compreender que somos chamados para “sermos de Jesus Cristo”, pertencemos a
Ele, estamos “em Cristo”. Esta é outra frase que aparece continuamente no Novo
Testamento e o que ela nos diz? Ela nos diz que estamos em Seu Reino, estamos
em Seu Corpo, estamos ligados a Ele, unidos a Ele, há uma relação mística entre
nós; isto deve ser “os chamados para serdes de Jesus Cristo”.
“A todos os que estais em Roma, amados de Deus” – Muito
interessante a forma que o Apóstolo se dirige a estas pessoas, inicialmente ele
diz: “Todos os que estais em Roma”. Sabemos que
haviam muitas pessoas morando em Roma, mas ele logo deixa claro que não está se
dirigindo a todos os cidadãos de Roma, antes, a um grupo especial, e quem eram
eles? “Os amados de Deus, chamados santos”. Provavelmente
aqui, já não se enquadram a grande maioria dos habitantes de Roma, mas quem são
estes, como eles chegaram a esta condição tão especial?
Quando lemos o
restante do capítulo um de romanos, percebemos uma descrição geral do tipo de
vida que levavam os cidadãos daquela metrópole; uma vida repleta de
licenciosidade, imoralidade e idolatria. Ainda assim, por mais improvável que
pudesse parecer, haviam alguns que eram diferentes de todos os demais, eles se
reuniam em suas casas, nas casas de pessoas como Áquila e Priscila, haviam
esses pequenos grupos de cristãos, presentes naquela grande sociedade pagã. Que
foi que os levou a isso, eles são completamente diferentes dos outros. Não pesa
mais sobre eles a culpa desses pecados horríveis (Rm.1:24a27); estão tendo uma
espécie inteiramente diferente de vida. Que será que os levou a isso? O
Apóstolo só tem uma resposta para dar: “O amor de Deus”. “Amados de Deus” – por
isso eles são o que são. Notemos que ele coloca isso em primeiro lugar e nada
mais acrescenta. Ele não diz que eles são amados de Deus porque são gente boa,
ou porque sempre tiveram uma vida virtuosa, ou porque realizaram isto ou aquilo
de maravilhoso. Nada disso! Eles são o que são porque estão “em Cristo” e,
isto, primeiramente graças ao amor de Deus que os chamou da morte para a vida.
ICoríntios 15:10 – “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para
comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais...”. A Graça operou em
Paulo, ele se tornou aquele grande Apóstolo por esta Graça, por este chamado
Eficaz e gratuito, não por algo que ele tivesse feito, pois não nos tornamos
amados de Deus por algo que fazemos. Como ele diz aos Efésios(Ef.2:1a8): “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados” ... nós andávamos como todos os outros segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, desse espírito rebelde que atua
nos filhos da desobediência, todos nós, todos nós andávamos segundo as
inclinações de da nossa carne, éramos canais, movidos, inspirados, animados
pela carne, fazíamos a vontade da carne e dos pensamentos e éramos, portanto,
FILHOS DA IRA. Mas Deus!! Aqui tudo
se encerra! Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do amor com que nos
amou. Ele nos amou, Ele nos amou. E por que nos amou? Nós estávamos mortos em
delitos, tínhamos a podridão e mau cheiro da morte, mesmo assim, Ele nos deu
vida, e como nos deu vida? Ele nos deu vida juntamente com Cristo; de que
forma? “ – Pela Graça sois salvos”. Pela Graça,
algo não merecido, não conquistado, não por prêmio, não por mérito, mas apenas
por graça. Por isso aquele pequeno grupo de cristãos se reunia em Roma, porque
o Deus eterno pôs sobre eles o Seu amor, não há outra explicação. Não há outra
ordem, primeiro Deus amou...
O grande privilégio
concedido aos cristãos é que a mesma linguagem usada no monte da transfiguração
é aquela usada para nós:
Mateus 17:5 – “E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os
cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me
comprazo; escutai-o”.
João 17:22e23 – “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um,
como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em
unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens
amado a eles como me tens amado a mim”. O Senhor Jesus declara, o meu
desejo é que o mundo saiba que o Pai os amou da mesma maneira como me
amou...algo por demais extraordinário, muito além da nossa compreensão, se
olharmos para nosso próprio coração, certamente um crente sincero deverá se
perguntar: Como pode ser que Ele me amou? Apesar de mim! Apesar de eu ser isto que
sou? Mas como disse o Apóstolo: “Mas pela Graça de Deus
sou o que sou”.
Deus chama; Há algo
mais que devemos ver acerca desta verdade, vejamos as outras referências das
Escrituras em que o termo aparece:
Mateus 20:16 – “Assim os derradeiros serão primeiros, e os primeiros
derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”.
Mateus 9:13 – “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e
não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao
arrependimento”.
Deus chama:
Atos 2:37a39 – “E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e
perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos? E
disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;
Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que
estão longe, a tantos quantos Deus nosso
Senhor chamar”. A promessa do
Espírito não está sobre todos ou quaisquer pessoas e sim sobre aqueles que o
Senhor chamar.
ICorintios 1:26 – “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os
sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são
chamados”.
ICorintios 1:21-24 – “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus
pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.
Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a
Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.
Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo,
poder de Deus, e sabedoria de Deus”.
Toda vez que o
evangelho é pregado existe um chamado, um chamado universal ou geral: Atos
17:30 – “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da
ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se
arrependam”. O Apóstolo diz que o chamado geral foi para muitos nobres,
muitos sábios, mas eles não compreenderam, porém, alguns, que tinham um chamado
distinto, um eficaz, estes sentiram “o poder de Deus”, estes se tornaram
cristãos. A isso denominamos chamado eficaz, diferenciado do chamado geral,
justamente por ser acompanhado pelo poder de transformação e ressurreição.
IPedro 2:9-11 – “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo,
mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora
alcançastes misericórdia. Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros,
que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma”.
O chamado eficaz não
depende da habilidade do homem, não depende da criatividade, não está ligado a
inovações ou novas programações, o chamado está ligado ao Poder do Espírito
Santo na pregação da Palavra e somente da Palavra:
ICorintios 2:1-5 – “E EU, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o
testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque
nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu
estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra, e
a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana,
mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse
em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”. Paulo jamais usava de
filosofias humanas, jamais usava de distrações científicas ou contextuais,
Paulo confiava no Poder do Espírito pela Palavra.
IPedro 1:23 – “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da
incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”.
“Chamados santos”. E que isso significa? As palavras e
expressões semelhantes que aparecem em contextos como o que estamos examinando,
vêm todas da mesma palavra hebraica, ou da mesma palavra grega, e todas elas se
equivalem e representam exatamente a mesma coisa, sendo que o seu sentido
essencial pode ser expresso da seguinte forma – significa: “Separado para Deus,
para o Seu louvor”.
Romanos Estudo n° 10
Romanos 1:5a8 – “Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo. A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé”.
Doutrina, palavra de origem no Grego: διδαχη didache
1) ensino
1a) aquilo que é ensinado
1b) doutrina, ensino a respeito de algo
2) o ato de ensinar, instrução
2a) nas assembléias religiosas dos cristãos, fazer uso do discuro como meio de ensinar, em distinção de outros modos de falar em público.
Romanos Estudo n° 11
Romanos Estudo n° 12
Romanos Estudo n° 13
Romanos Estudo n° 10
"...A paz é o oposto da inquietação. É o oposto do conflito e da insegurança.
A paz é o oposto da infelicidade. Assim, Paulo quer que eles gozem paz, e que
todas essas outras coisas saiam da vida deles. O cristão é alguém que chegou à
paz com Deus".
Romanos 1:5a8 – “Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo. A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé”.
Doutrina, palavra de origem no Grego: διδαχη didache
1) ensino
1a) aquilo que é ensinado
1b) doutrina, ensino a respeito de algo
2) o ato de ensinar, instrução
2a) nas assembléias religiosas dos cristãos, fazer uso do discuro como meio de ensinar, em distinção de outros modos de falar em público.
Como já vimos
anteriormente, o Apóstolo inicia a Epístola falando de sua missão e por Quem
era ele comissionado e acerca de Quem ele iria discorrer. Logo em seguida,
dirige-se mais diretamente aos seus leitores, aos chamados, aos amados de Deus,
aos chamados para serem santos; Agora, ele expressa o seu desejo e sua saudação
a eles: “Graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do
Senhor Jesus Cristo”. Estamos no início da carta, é de se esperar que o
Apóstolo não comece imediatamente falando de doutrina; mas, inevitavelmente,
parece que ele não consegue separar sua saudação, seus votos de bênçãos de seu
ensino doutrinário. E, como disse o Dr. Martin Lloyd Jones: “A vida cristã é
una e indivisível. Consiste de fé e obras, crença e prática, e ambas estas
coisas são inseparáveis”. A vida cristã é resultado daquilo que cremos; nada há
de mais perigoso para a alma do que tentar separar da vida a doutrina. Então, o
Apóstolo introduz sua doutrina: “Graça e paz da parte
de Deus...”. O que Ele está tentando dizer?
Ele está expondo algo
acerca da doutrina da Graça, ele está dizendo que estas pessoas foram chamadas,
foram eleitas, foram designadas para serem santas, agora ele diz mais, ele diz
que ele deseja que elas recebam ainda mais Graça e recebam paz. Por que? Porque
tudo isso depende da Graça, e uma prova desta Graça é a paz que a acompanha.
Uma paz totalmente diferente daquela que o mundo dá, pois quando olhamos para
os eleitos, descobrimos que eles eram pessoas “sem classe, sem status, sem
evidencia social”, pessoas simples, iletradas, pobres, perseguidas e
desprezadas, nada conquistaram neste mundo, nada tinham para se exibir e se
orgulhar, mas tinham paz. Não tinham as melhores casas, não tinham boas roupas,
seus filhos não estavam nas melhores escolas, nada tinham para se jactanciar,
nada tinham para exibir, não eram aplaudidos, mas tinham Graça, tinham paz,
estavam felizes sem nada neste mundo...
ICorintios 1:26a28 – “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os
sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são
chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as
sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;
E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são,
para aniquilar as que são”.
Pois bem, isto é parte
desta grandiosa Doutrina da Graça, não era o assunto principal de Paulo aqui,
ele não pretendia se aprofundar na questão neste momento introdutório, mas ele
não consegue saudar os irmãos sem fazer uma breve menção daquilo que era seu
escopo principal.
“Graça e paz” – É muito comum ouvirmos de certas
pessoas e, eu mesmo, em muita ocasiões disse isto: “Quando eu obtiver aquela
casa, aquele escritório, aquele cargo, bom, ai então estarei realizado, terei
paz”. Este sentimento perdura até o exato momento em que conquistamos o alvo e,
então, logo dizemos: ah... ainda falta aquilo...”. E aqueles que vivem a
experiência de conquistar tudo de mais proeminente que este mundo pode
oferecer, logo descobrem que ainda não há paz... naquilo que o mundo pode dar,
não há paz!
João 16:32,33 - Eis
que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos cada um para
sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo.
Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas
tende bom ânimo, eu venci o mundo”. O Senhor caminhava para a Cruz, toda aquela
dor e abandono inimagináveis para nós. “E me deixareis
só” – Ele sabia que todos o abandonariam, Ele promete, então, essa paz,
uma paz em meio às aflições do mundo. Todo crente precisa se perguntar se ele
sente, ou se já sentiu, algum dia, essa paz!
João 14:27 – “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize”.
Qual seria a maior
felicidade de nossas vidas? Qual seria a nossa maior realização? O que,
realmente, nos daria paz e completude nesta vida? Paulo deseja que os romanos
obtivessem, por Graça, este efeito da Graça, que é a paz da parte, ou, por
Deus... Tenho conhecido muitos crentes que dizem não se importar com doutrinas,
que consideram ler e meditar nestas coisas como algo de menor importância; pois
bem, acredito que se a nossa vida não é produto da nossa doutrina, então não é
vida cristã. Muitas pessoas possuem um bom nível de vida, são trabalhadores,
responsáveis, idealistas e com excelente padrão moral, mas não são cristãos, a
paz que pensam ter obtido, está essencialmente ligada às sua conquistas, não
possuem o elemento de Graça, são meritórias, foram conquistadas, duram enquanto
seus alicerces permanecerem, mas quando vem a tempestade e removem os bens...
bom, temos uma pessoas furiosa e frustrada.
E o que diferencia o
cristão? Bom, ele não conquistou a sua paz, ele não a merece, quando a
tempestade o assola, quando na amargura da perseguição todos os seus ganhos e,
até mesmo sua família lhe são tirados, ele descobre que não pode perder algo
que não lhe pertence, não pode perder a Graça, não pode perder a paz; se com
dinheiro ele a tivesse comprado, poderia perder agora que está pobre e não tem
com o que pagar, mas o Dom que é dado do alto, não pode ser perdido por seus
beneficiários.
Por que o evangelista
sente paz quando prega e quase ninguém ouve?
Atos 18:9,10 – “E disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala, e não
te cales; Porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal,
pois tenho muito povo nesta cidade”. Certamente, se a conversão
dependesse do talento do evangelista, então ele teria muito para se preocupar e
perder a doce paz; mas Deus tem um povo sobre a terra, devemos pregar e pregar,
no tempo do Senhor, chegaremos a eles, e eles ouvirão, porque são chamados. A
paz do evangelista consiste em pregar, a glória do Senhor consiste em chamar,
convencer e converter.
“Primeiramente, dou graças ao meu Deus, mediante Jesus Cristo,
no tocante a todos vós...”. Por que ele dava “graças a Deus”? Porque ele
era um grande evangelista, talvez o maior, por isso, ele podia agradecer ao Pai
por cada conversão, por cada chamado, por cada eleito, ele jamais diria a um
crente romano: “Eu agradeço, primeiramente, ao meu talento e, secundariamente,
à boa vontade e boa capacidade que vocês tiveram em aceitar a pregação...”.
Não! Jamais este apóstolo diria isso! Primeiramente, dou graças a Deus! “Graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo”, ou seja,
todo agradecimento, todo louvor e toda a glória à Santa Trindade, ao Pai que
por meio de Jesus Cristo e ação do Espírito Santo realizou tão tremenda
salvação.
E o que é esta paz?
Vejamo-la negativamente: A paz é o oposto da inquietação. É o oposto do
conflito e da insegurança. A paz é o oposto da infelicidade. Assim, Paulo quer
que eles gozem paz, e que todas essas outras coisas saiam da vida deles. O
cristão é alguém que chegou à paz com Deus:
Romanos 5:1 – “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus,
por nosso Senhor Jesus Cristo”. Mas o incrédulo não possui essa paz, ele
está em inimizade, ele, na verdade, odeia a Deus, ele não quer que Deus exista,
ele está pronto a acreditar em qualquer notícia que divulgue um novo achado
científico acerca de uma suposta prova de que homem veio do macaco e não de um
Criador Eterno. Ele está em constante conflito, em constante luta contra Deus.
“...estranhos e inimigos no entendimento”
Col.1:21. Ele está sob a ira de Deus, ali não há paz. Assim o que Deus fez por
nós em Cristo é que Ele nos reconciliou consigo – a paz é criada, a paz vem a
existir.
É necessário deixar
bem claro que o Senhor é Pai para os que receberam esta paz, mas Ele não é Pai
de todos. A crença em uma paternidade universal e sem distinção, não é uma
doutrina Bíblica, não é um ensino pautado nas Santas Escrituras.
João 8:44 – “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos
de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade,
porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é
próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira”.
A obediência à Palavra
é a mais pura expressão desta filiação: João 14:21 – “Aquele
que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me
ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”.
João 1:10a17 – “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o
conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos
quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que
crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus... Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram
por Jesus Cristo”. “Veio para o que era Seu”,
ou seja, todo o mundo, todo o universo, toda a criação, afinal, tudo é dEle,
tudo a Ele pertence, mas o pecado trouxe grande destruição e transtorno. “...veio para o que era Seu, mas os Seus não o receberam”,
Sua criação o rejeitou, todos os rejeitaram. Mas Deus, Deus fez algo, Deus fez
com que alguns que não nasceram da vontade da carne, nem do sangue, nem da
vontade do homem, estes que não dependeram da vontade ou decisão dos homens,
estes que nasceram da Vontade de Deus, estes O receberam e foram feitos filhos,
a saber, aos que creram no Seu Nome.
“...porque em todo o mundo é proclamada a vossa fé”. Há
algo muito interessante nesta verdade expressada pelo Apóstolo; ele dava graças
a Deus pela fé que os romanos possuíam e naquilo que resultou dessa fé tão
viva. Precisamos compreender que esse testemunho maravilhoso espalhou como um
fogo em palha através do império, pois esses cristãos possuíam, sem dúvida, um
modo de vida tão singular e uma santa piedade que pregava em alto som aquilo
que eles criam. Há algo, porém, que devemos ficar atentos neste contexto, pois
quando a Bíblia diz em “todo o mundo”, ela está dizendo a todo mundo romano de
então, a todos os interessados neste santo evangelho e que habitavam no vasto
império. Não podemos imaginar que todo o mundo significa todas as pessoas
existentes no globo terrestre, pois sabemos que muitos pagãos espalhados em
continentes como Ásia e América jamais ouviram falar do Evangelho, assim,
precisamos fica atentos para o contexto e saber que quando a palavra ‘todos’
aparece nas Escrituras, ela está ligada ao todo do texto e não pode ser lido
isoladamente. Um bom exemplo desta hipérbole é aquela usada pelo Apóstolo
Mateus ao se referir ao Batismo de João Batista:
Mateus 3:5a6 – “Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; E eram por
ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados”. Obviamente,
quando ele diz que toda a Judéia ia ter com João para ser batizada, ele não
estava dizendo que eram todas as pessoas que habitavam na Judéia, mas sim uma
grande quantidade de pessoas que ali habitavam. É muito comum usarmos
expressões como: “Estou morrendo de fome”, “rios de lágrimas te correrão dos
olhos...”, “Ele demorou um século para entender a explicação”. Da mesma forma,
a Bíblia usa desta figura de linguagem em algumas situações para acentuar e dar
a devida ênfase ao que está sendo descrito.
Romanos Estudo n° 11
"O verdadeiro crente jamais terá íntima comunhão com uma pessoa ímpia,
pois acima de qualquer outro laço está a família da fé".
Romanos
1:8-15 – “Primeiramente dou graças ao meu Deus por
Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa
fé. Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é
testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em minhas
orações que nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir
ter convosco. Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a
fim de que sejais confirmados; Isto é, para que juntamente convosco eu seja
consolado pela fé mútua, assim vossa como minha. Não quero, porém, irmãos, que
ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido
impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais
gentios. Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a
ignorantes. E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar
o evangelho, a vós que estais em Roma”.
É
interessante notar o grande desejo de Paulo em ir visitar estes irmãos, ele se
refere à sua família na fé, aos seus filhos em Cristo (Gl.4:19), como entes
queridos dos quais ele sente verdadeira saudade. Esta união entre os filhos de
Deus é algo sobrenatural, o próprio Senhor Jesus quando perguntado acerca de
Sua família, ele responde:
Mateus
12:48-50 – “Ele, porém, respondendo, disse ao que lhe
falara: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?... Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos
céus, este é meu irmão, e irmã e mãe”. A família da fé é nossa única
verdadeira família, isso pode parecer espantoso, mas o Senhor também disse:
Mateus
10:37 – “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não
é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de
mim”. O Senhor delimita Sua família naqueles que “fazem a Vontade do
Pai”; dentro dessa família existe um agente de união, existe o Santo Espírito
que une os corações, que aproxima e testifica na santa comunhão dos irmãos, por
isso o Apóstolo diz: “desejo ver-vos...”. Na
verdade, ele nem os conhecia, mas ouvia a respeito deles e sabia que poderia
encontrar maravilhosa recepção e sincero apego na Igreja de Roma, a identificação
do Espírito é mais forte do que o laço de carne e sangue.
O
verdadeiro crente jamais terá íntima comunhão com uma pessoa ímpia, pois acima
de qualquer outro laço está a família da fé. Quero esclarecer que nem todo
aquele que se diz crente é um membro desta família, mas “o senhor conhece os que são Seus”... IITimóteo 2:19 –
“Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este
selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo
aparte-se da iniquidade”. Desta forma, o “Espírito
do Senhor testifica com o nosso espírito de que somos filhos de Deus”
(Rm.8:16). Não iremos nos apegar em amor a todos os que se dizem cristãos, mas
sim àqueles que deixaram a iniquidade e se tornaram verdadeiros filhos de Deus.
O
próprio Apóstolo Paulo nos adverte quanto aos cristãos falsos e que permanecem
no erro: ICoríntios 5:11 – “Mas agora vos escrevi que
não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento,
ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda
comais”. Não temos comunhão com ímpios e nem mesmo com os falsos
cristãos.
Algo
que também precisa ser observado na vida do crente é que, nenhum de nós, nasce
maduro, antes, como meninos... ICorintios 3:1,2 – “E
EU, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a
meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não carne, porque ainda não podíeis,
nem tampouco ainda agora podeis”. Todos têm um caminho de
amadurecimento, começamos a caminhada como neófitos ( ITim.3:6), mas devemos
crescer e à medida que crescemos, nosso alimento deve mudar, nossa carne deve
ser mortificada.
IPedro
2:2 – “Desejai afetuosamente, como meninos novamente
nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”.
A Igreja
de Roma, assim como a maioria as Igrejas da Europa eram Igrejas novas, seus
membros eram, em grande maioria, recém convertidos, por isso o Apóstolo
expressa essa grande preocupação e diz que queria vê-los para “transmitir algum Dom a fim de confirma-los”. Ah..
quanto necessitamos desta confirmação, como aquilo que ele escreve aos Efésios
3:17 – “arraigados e fundados” nas doutrinas das
santas escrituras. Que grande perigo corre nossas almas quando somos engodados
e vencidos pelos falsos ensinos quando deram ouvidos aqueles que disseram:
“Você precisa ser circuncidados para ser salvo”. Atos 15:1 – “ENTÃO alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os
irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis
salvar-vos”. Ao que Paulo responde:
Gálatas 5:6-9 – “Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão
tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor. Corríeis bem; quem vos
impediu, para que não obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que
vos chamou. Um pouco de fermento leveda toda a massa”.
Gálatas
3:1 – “Ó INSENSATOS gálatas! quem vos fascinou para não
obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi
evidenciado, crucificado, entre vós?”.
Atos
16:4e5 – “E, quando iam passando pelas cidades, lhes
entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos
pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. De sorte que as igrejas eram
confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número”.
Nós
precisamos ser confirmados na Fé, é aí que a doutrina (e também os decretos
apostólicos) entram! Por isso o grande desejo do Apóstolo em ir ver aqueles
irmãos Romanos. “Porque desejo ver-vos, para vos
comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confirmados; Isto é, para
que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, assim vossa como
minha. Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter
convosco (mas até agora tenho sido impedido)...”. É incrível ver que um
grande homem como este Apóstolo tinha o desejo de ir ver os irmãos, mas era
impedido, e o que o impedia? Quantos desejos e anseios que possuímos, muitas
vezes desejos legítimos e santos, são impedidos de se concretizarem, a ponto de
que alguns irmãos chegam ao extremo de apontarem os céus e se indignarem com
Deus pelas suas frustrações... mas vejamos os impedimentos de Paulo, nas
ocasiões que teve que mudar de rota para
ver o que aprendemos:
1 -
Atos 16:6e7 – “E, passando pela Frígia e pela província
da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia.
E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho
permitiu”. Parece-nos tão espantoso que o próprio Espírito Santo tivesse
impedido que a Palavra fosse pregada naquele local; mas todo servo do Senhor
precisa aprender a estar atento à vontade soberana do Pai e compreender que o
tempo e o modo pertencem a Ele:
Atos
16:9e10 – “E Paulo teve de noite uma visão, em que se
apresentou um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e
ajuda-nos. E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia,
concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho”.
2 - ITessalonicenses
2:18 – “Por isso bem quisemos uma e outra vez ir ter
convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu”. Algumas
vezes, assim como Jó, vimos todos os nossos planos e carreiras arruinados pelo
inimigo de nossas almas; percebemos que fomos atacados, entrincheirados e
aparentemente derrotados por ele. Mas precisamos sempre lembrar que, até mesmo
os ataques de satanás passam pela deliberação e permissão do único que é Senhor
de tudo e de todos, por isso, como Jó, temos que ser pacientes e clamar:
Jó
19:25a27 – “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e
que por fim se levantará sobre a terra. E depois, revestido este meu corpo da
minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos
o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro em mim”.
3 –
Paulo possuía uma regra pessoal: Se esforçava sempre para pregar o evangelho
exatamente onde Cristo não havia, ainda, sido anunciado, pois não era seu
interesse receber lucros ou louvores das Igrejas fundadas por outros irmãos, a
isto ele chama de edificar sobre fundamento de outro, ou ser exaltado por
colher frutos de lavouras alheias. Ele era constantemente acusado de incentivar
os cristãos a não se submeterem a doutrinas legalistas do judaísmo.
Romanos
15:20a23 – “E desta maneira me esforcei por anunciar o
evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento
alheio; Antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão, E
os que não ouviram o entenderão. Por isso também muitas vezes tenho sido
impedido de ir ter convosco. Mas agora, que não tenho mais demora nestes
sítios, e tendo já há muitos anos grande desejo de ir ter convosco”. Ele
sentia que uma vez terminado seu trabalho naquelas cidades nas quais plantara
tantas Igrejas, estaria então livre para visitar os irmãos.
Sabemos
que no fim do seu ministério, ele finalmente chegou a Roma, após muitas prisões,
acoites e naufrágios e uma passagem pela ilha de Malta onde todos se
converteram nas mais improváveis condições, ele chegou, manietado, preso,
escoltado, mas pela Mão do Rei, ele chegou e ali pregou por dois anos.
Filipenses
1:13 – “De maneira que as minhas prisões em Cristo
foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares”.
Romanos Estudo n° 12
"...Não pregamos a nós mesmos, não
nos auto-promovemos, “não buscamos o que é vosso”
(IICor.12:4), toda mensagem tem por foco a Glória, a exaltação e o louvor de
Cristo Jesus nosso Senhor! Exatamente o oposto de uma pregação no espírito, é
uma pregação da carne".
Romanos 1:9-11 – “Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de
seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo
sempre em minhas orações que nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça
boa ocasião de ir ter convosco. Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum
dom espiritual, a fim de que sejais confortados”.
“Deus a quem sirvo” – Vemos nesta frase um grande
fundamento da obra de Paulo, pois ele quer deixar claro a Quem ele servia, e
que este serviço estava acima e muito além dos interesses dos homens que o
cercavam, até mesmo dos romanos para quem escrevia. Observando a palavra
servir, que é comumente utilizada no Novo Testamento e, também na Septuaginta
(tradução grega do Velho Testamento), podemos perceber que este vocábulo sempre
traz a ideia de serviço “religioso”; traz sempre um elemento de adoração, de
reverência, de temor, um elemento de culto. O Apóstolo tinha uma vida de
adoração e nada do que ele fazia, ainda que estivesse em ambiente secular não
abandonava sua atitude de permanente adoração a Deus; dentro ou fora da Igreja
(templo), sua vida era de serviço cristão. É triste quando vemos alguma pessoa
que na Igreja é um “santo”, mas na rua um devasso.
A palavra servir vem do grego λατρευω latreuo lat-ryoo’-o de latris
(criado assalariado)
2a) no NT, prestar serviço religioso ou reverência, adorar
2b) desempenhar serviços religiosos, ofertar dons, adorar a Deus na observância dos ritos instituídos para sua adoração
2b1) dos sacerdotes, oficiar, cumprir o ofício sacro
2b) desempenhar serviços religiosos, ofertar dons, adorar a Deus na observância dos ritos instituídos para sua adoração
2b1) dos sacerdotes, oficiar, cumprir o ofício sacro
“...sirvo em meu espírito...” - Paulo servia a Deus com
todo o seu ser, completamente sincero, no espírito, no homem interior; Ele não
estava interessado na opinião ou reconhecimento dos homens, ainda que pudesse
ter estas coisas a seu favor, mas seu primeiro interesse era agradar ao
“General” que o arregimentara. Como ele mesmo diz, haviam alguns que não
serviam sinceramente: Filipenses 1:15 – “Verdade é que
também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade”.
Estes sempre haverão de existir no seio da Igreja, por isso devemos estar
atentos, como ele mesmo nos alertou: Atos 20:29 – “Porque
eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis,
que não pouparão ao rebanho”.
Paulo fazia questão de
afirmar sua completa sinceridade na pregação, ele se sentia profundamente
ferido quando falsamente acusado de insinceridade, ou que trabalhasse em causa
própria. Neste caso, ele buscava defender sua reputação: IICorintios 4:2 – “Pelo contrário, rejeitamos as coisas ocultas, que são
vergonhosas, não andando com astúcia, nem adulterando
a palavra de Deus; mas, pela manifestação da verdade, nós nos recomendamos à
consciência de todos os homens diante de Deus”.
Adulterando-δολοωdoloo
1) apanhar numa armadilha
2) corromper, adulterar.
1) apanhar numa armadilha
2) corromper, adulterar.
Para melhor
entendermos esta palavrinha adulterar (ou falsificar), vamos citar, como
exemplo, a forma em que muitas vezes ela tem sido utilizada para descrever os
combustíveis em nosso país: “Fulano comprou gasolina adulterada e a
consequência foi que seu carro teve o motor arruinado e destruído”. O Apóstolo
sabia dos males que a falsificação no ensino da Palavra podia gerar, por isso
ele jamais se cansava de advertir.
Algo mais que devemos
salientar na expressão “em meu espírito”, é que, obviamente, constitui um
contraste com um serviço meramente externo. A obra de pregação do evangelho não
é uma profissão, é uma vocação, um chamado. Uma profissão você assume, para pregar
você “é chamado”. Você assume sua profissão, seu trabalho, pois estes estão
fora de você. Quando termina o dia, você sai do ambiente de trabalho, fecha sua
pasta e não tem mais que pensar nisto. Não é assim no serviço cristão. Jeremias
nos faz uma vívida descrição disto, quando, por motivos de perseguição e
rejeição, havia decidido não mais pregar e nem ensinar a Palavra, veja como se
sentiu:
Jeremias 20:9 – “Então disse eu: Não me lembrarei dele, e não falarei mais no
seu nome; mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus
ossos; e estou fatigado de sofrer, e não posso mais”.
Quando alguém prega em
seu espírito, não prega simplesmente por obrigação contratual, não prega por
obrigação, prega primeiramente a si mesmo, ama cada Palavra, sente o poder que
delas advém e, antes de querer mudar alguém, sente em si mesmo a mudança
ocorrer pela exposição e conhecimento da “Verdade”. Não pode haver nada mais
terrível do que ouvir alguém “pregando” a Palavra como se estivesse dando uma
aula de geografia ou qualquer outra ciência deste mundo. Pode-se até estar
dando um correto ensino, mas aquele que ouve sabe que algo que vem “de fora”,
não é pregado “no espírito”.
Outra característica
inconteste daquele que prega em seu espírito é que ele não está falando de si
mesmo, também não está repetindo as notícias que ouviu no jornal ou na novela,
não está dando sua opinião acerca das novidades do mundo, não, Ele está falando
dos atributos, da grandeza, dos feitos e do grande poder de seu Mestre:
IICorintios 4:5 – “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o
SENHOR; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus”. Não pregamos a nós mesmos, não nos
auto-promovemos, “não buscamos o que é vosso”
(IICor.12:4), toda mensagem tem por foco a Glória, a exaltação e o louvor de
Cristo Jesus nosso Senhor! Exatamente o oposto de uma pregação no espírito, é
uma pregação da carne, e o que ela gera?
ICorintios 3:3-4 – “Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja,
contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os
homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura
não sois carnais”? Os carnais buscam glória pessoal, buscam glória dos
homens, buscam títulos e preeminência, mas aquele que é espiritual “busca a
honra (glória) que vem só de Deus”. Assim o Senhor Jesus condenou os religiosos
e pregadores falsos: João 5:44 – “Como podeis vós crer,
recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus”?
O Apóstolo que havia
estudado nas mais excelentes cadeiras da filosofia grega de sua época,
certamente, um homem de grande cultura, ele poderia utilizar seu vasto
conhecimento para fascinar seus ouvintes com as mais incríveis histórias,
curiosidades científicas, anedotas e múltiplas formas de entreter e atrair a
atenção de seus ouvintes, mas afinal, qual foi sua abordagem?
ICorintios 2:3-5 – “E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande
tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras
persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;
Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de
Deus”.
É importante deixar
claro que servir a Deus na carne não é meramente uma questão de óbvia exibição
carnal e de uma pessoa mostrar-se. Inclui isso, mas não para aí. É igualmente
carnal uma pessoa exibir a sua cultura ou o seu conhecimento. Um pregador deve
ser um holofote a apontar para o Noivo, nunca para si mesmo; faço esta distinção
pois é comum os crentes identificarem alguém que de forma soberba e jactanciosa
se exibe, mas não conseguem perceber quando algum pregador de forma sutil e
velada comete o mesmo pecado exibindo seus feitos ou talentos ou conquistas.
“...em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra,
e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana...”.
vejam como ele mesmo diz, em fraqueza, em temor; não era de filosofia que ele
falava, não era de ciência, não era de atualidades ou amenidades. Ele fala das
grandezas de Cristo, da Palavra de Cristo, por isso tinha “poder do Espírito”. Ele sabia do interesse dos coríntios por
filosofia, pelas ciências e pela moda, sabia o que eles queriam ouvir, ele
temia que não se interessassem pela Verdade, mas ainda assim, permaneceu fiel à
sua missão, não mudou o foco de sua mensagem.
Outra coisa que
devemos sempre atentar é que existe um tipo de zelo carnal. O fato de que um
homem é zeloso, não prova, necessariamente que está servindo a Deus no
espírito. É muita vezes dificílimo diferenciar o zelo de um homem carnal com o
de alguém como o apóstolo Paulo. Todavia, se formos sinceros com Deus, Ele
sempre esclarecerá; vejamos como o apóstolo fala da religiosidade judaica de
seu tempo:
Romanos 10:1a3 – “IRMÃOS, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por
Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus,
mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e
procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de
Deus”.
Este zelo, este
serviço prestado com muito empenho, mas sem entendimento, sem verdadeira
intimidade e amor por Deus, não é agradável ao Senhor. Por isso, devemos sempre
buscar “servir no espírito”, vejamos como o Apóstolo descreve esse serviço
espiritual:
Romanos 12:11 – “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito,
servindo ao Senhor”.
Atos 20:31,32 – “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não
cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois,
irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso
para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”.
É assim que ele servia
a Deus no espírito, no coração, no interior, ele tinha zelo com entendimento,
ele “encomenda a Deus pela Palavra da Sua Graça”, fala com verdadeira paixão,
com verdadeiro temor e reverência, ele amava aqueles irmãos, durante três anos
os havia ensinado. Talvez vocês pensem, mas três anos é muito tempo, será que
eles não se cansariam de estudar a Bíblia por três anos seguidos, não teriam
esgotados os assuntos. Ah, meu irmão, se algum dia você pensou assim, então
jamais compreendeu nada da Palavra, jamais compreendeu que todo verdadeiro
crente passará a eternidade adorando a Deus por Sua Palavra e que todo o
universo é governado por Sua Palavra e nunca haverá tempo suficiente para
aprendermos toda a misteriosa beleza das Santas Escrituras.
“...Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de
seu Filho, me é testemunha...”. É preciso notar que Paulo faz uma
delimitação proposital aqui, pois primeiro ele diz que serve no espírito, ou
seja: a forma como ele serve; agora ele vai dizer onde, ou seja, qual o limite,
qual a esfera do seu serviço? “sirvo em meu espírito, no evangelho de Seu
Filho”. Talvez houvessem muitas coisa relevantes para se fazer naquela Igreja,
talvez, houvessem muita outras necessidades físicas e materiais, muitos
assuntos e atualidades para serem discutidas, mas o Apóstolo é sistemático, ele é radical, ele
é, como diriam os liberais: “religioso”. Religiosamente fiel à sua missão; Ele
se concentra totalmente no Evangelho, na mensagem, no ensino das Escrituras.
ICorintios 2:2 – “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo,
e este crucificado”. Assim como Paulo, a Igreja precisa estar consciente
de que sua missão é saber sobre o Cristo crucificado, este é seu assunto, este
é seu alvo. A Igreja não é uma associação cultural geral. Não faz parte da
ocupação da Igreja ensinar literaturas, filosofias ou sociologias. Não faz
parte a promoção de entretenimentos, músicas artes ou quejandos, o mundo já
possui seus mestres para isso. Não estou dizendo que estas coisas não possuem
sua importância, sim, elas possuem, são coisas legítimas no lugar certo, mas,
específica e peculiarmente, o dever da Igreja é pregar Jesus Cristo. Porque,
para nós, Ele é mais do que suficiente:
ICorintios 1:30 – “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito
por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”. A isto, nada
precisa ser acrescido.
“Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom
espiritual, a fim de que sejais confortados” – O que o Apóstolo quer
dizer com comunicar algum dom espiritual? Muitos têm defendido a ideia de que
este dom seria o recebimento do Dom de Deus (Atos 8:20), ou seja, o Espírito
Santo. Afinal, Paulo, sendo um Apóstolo, possuía o poder de conceder o Espírito
pela imposição de mãos sobre os que criam, conforme vemos em Atos 19:6 – “E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito
Santo; e falavam línguas, e profetizavam”. Outros estudiosos acreditam
que seria um daqueles dons descritos na lista de dons do espírito em ICor.12; Mas
nós, entendemos que o Apóstolo não está se referindo a nenhuma destas duas
possibilidades, antes, ele se refere à obra do Espírito Santo na vida do
crente, pois devemos lembrar as Palavras do nosso Senhor:
João 14:26 – “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em
meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto
vos tenho dito”. O Espírito tem o papel de ensinar a Palavra, mas,
então, que relação ou sentido, encontramos nesta frase? “Comunicar algum dom
para que sejais confortados”? Primeiramente, vamos estudar o que significa o
termo grego traduzido por confortar ou fortalecer:
Palavra de origem no
grego: στηριζω sterizo
1) tornar estável, colocar firmemente, pôr a salvo, fixar
2) fortalecer, tornar firme
3) fazer constante, confirmar
1) tornar estável, colocar firmemente, pôr a salvo, fixar
2) fortalecer, tornar firme
3) fazer constante, confirmar
Paulo desejava tornar estáveis estes crentes,
Paulo queria confirmá-los, torná-los firmes, maduros, queria confortá-los; Como
ele poderia fazer isso? Como ele poderia dar amadurecimento e santificação
cristã para eles? Lembremos das Palavras de nosso Bendito Senhor:
João 15:3 – “Vós já
estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”.
João 17:17 – “Santifica-os na tua verdade; a
tua palavra é a verdade”.
João
6:63 – “O espírito é o que vivifica, a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida”.
Somente a Palavra, pela ação do Espírito
Santo pode dar vida, crescimento, maturidade e santificação do espírito. Por
isso, não temos nenhuma dificuldade em compreender que o desejo de Paulo era conceder
o Dom do Espírito para iluminar o conhecimento da Palavra naquela Igreja de
Roma:
Colossenses
1:9-10 – “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o
ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do
conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; Para que possais andar dignamente diante do Senhor,
agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no
conhecimento de Deus”.
Romanos Estudo n° 13
"Será que o evangelho precisaria de adaptações e reformulações para atingir outras camadas sociais ou culturais? Sabemos que não..."
Romanos 1:11a13 – “Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom
espiritual, a fim de que sejais confortados; Isto é, para que juntamente
convosco eu seja consolado pela fé mútua, assim vossa como minha. Não quero,
porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até
agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também
entre os demais gentios”.
Observamos o desejo de
Paulo em ver pessoalmente aqueles irmãos, e quais eram os motivos? Ele queria
comunicar algum dom espiritual, algum conhecimento do Senhor, como já vimos, no
capítulo anterior; mas não era somente este o seu desejo, ele também desejava
receber algo. Poderíamos perguntar o que um homem como Paulo, versado em idiomas,
conhecedor das filosofias e ciências de sua época, célebre orador, o que ele
gostaria de receber daqueles fracos e obscuros servos da corte imperial, a
maioria sem qualquer preparo acadêmico ou educação refinada, o que tinham para
oferecer?
“Isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela
fé mútua...”. Ele compreende que tem muito para dar-lhes, mas quer que
eles também saibam que têm muita coisa para dar-lhe, e que haverá uma espécie
de intercambio, de ambos os lados haverá encorajamento. Isto é o que bem
podemos chamar de “comunhão dos santos”. Este é um princípio que fazemos bem
lembrar em nossos dias, pois vemos que o Apóstolo era homem de autoridade
espiritual, tinha poder para comunicar dons, para impor as mãos sobre os
enfermos, ainda assim, ele tinha necessidade de estar com os irmãos, de
interagir com eles para ser confortado, consolado e confirmado na fé mutua.
Muitos líderes
cristãos surgem como estrelas intocáveis, chegam ao ponto de cercarem-se de
seguranças e carros blindados... mas este apóstolo não era assim, ele estava no
meio do povo e deles recebia grande consolo. Por isso, ele dizia àqueles que
desejavam supervalorizar seus líderes:
ICorintios 3:5a8 – “Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos
quais crestes, e conforme o que o SENHOR deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou;
mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o
que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são
um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho”.
O que Paulo procurava
nos crentes romanos, qual era seu maior interesse? Vejamos o que ele mesmo
pergunta àqueles cristãos de Éfeso: “Recebestes vós o
Espírito quando crestes?” (Ef.19:2). Este, sem dúvida, era o fator
distintivo, aqui estava todo o interesse de Paulo, não era uma questão de cor
da pele, nacionalidade ou grau de instrução, não! O que realmente importa é “o
espírito de adoção pelo qual clamamos Abba Pai” (Rm.8:15). Ele buscava alguém
com quem, realmente, pudesse ter comunhão.
Esta é uma questão
importante, se você fosse convidado a passar uma tarde na presença de um grande
e sábio indivíduo não cristão, podendo conversar acerca de todos os mais
interessantes e elevados assuntos, será que você trocaria por um mesmo período
de tarde na companhia do crente mais simples e humilde, mas que tivesse
experimentado a Graça de Deus em seu coração, e que lhe pode falar sobre as
coisas do Espírito, e partilhar experiência com você?
Paulo queria muito ir
para Roma para estar com os crentes de lá, veja que grande diferença que existe
entre ele e o atual “Bispo de Roma”, pois este está sempre cercado de muros e
forte segurança; os fiéis, no máximo, conseguem receber dele um aceno ou
beijar-lhe a mão. Eles são capazes de dar benção, de longe e, nunca são capazes
de receber coisa alguma, pois o povo comum, dizem eles, nada têm a comunicar.
Paulo não agia assim,
ele se relacionava com os irmãos, recebia daqueles que também, tinham O
Espírito. O Próprio Senhor Jesus ensina acerca da hierarquia na Igreja:
Mateus 20:25a28 – “Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis
que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem
autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre
vós fazer-se grande seja vosso serviçal; E, qualquer que entre vós quiser ser o
primeiro, seja vosso servo; Bem como o Filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”. No Reino de nosso Senhor o menor é maior e o último primeiro, quem tem ouvidos
para ouvir, ouça!
Pedro, também, exorta
aos lideres e presbíteros sobre a forma correta de cuidar do rebanho do Senhor:
IPedro 5:1a3 – “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou
também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante
da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre
vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe
ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus,
mas servindo de exemplo ao rebanho”.
Não desejo com isso
negar o princípio da autoridade, não, de forma alguma; antes, o que estou
afirmando é que a única autoridade que o Novo Testamento reconhece é a autoridade
“espiritual”. Quero dizer com isso, autoridade dada, não a um ofício, mas ao
homem. Não há autoridade inerente a um ofício. A autoridade é a presença do
Espírito Santo no homem. Assim que este Apóstolo, que pode ser tão modesto,
humilde e natural, também pode repreender severamente, e dizer às pessoas: “Sede meus imitadores”.
Romanos 1:13a16 – “Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes
propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter
entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios. Eu sou devedor,
tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. E assim,
quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós
que estais em Roma. Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também
do grego”. É preciso compreender que Paulo tinha algo a compartilhar,
ele podia “comunicar algum dom”, isto lhe foi concedido por Deus, ele tinha
poder e autoridade para compartir o dom; E com quais pessoas ele iria
compartilhar? “Gregos”? “Bárbaros”? ”Sábios”? “Ignorantes”? Todos, ele podia
compartilhar do evangelho com todos, com todas as classes e tipos de pessoas.
Ele não teria dificuldade de pregar aos sábios, ele também pertencia à elite do
pensamento de sua época.
Mas e quanto aos
ignorantes, e quanto àqueles que mal sabiam ler ou escrever, ou que tivessem
costumes e culturas diferentes? Será que a estes Paulo conseguiria pregar? Será
que o evangelho precisaria de adaptações e reformulações para atingir
outras camadas sociais ou culturais? Sabemos que não, sabemos que Paulo não se
envergonhava do verdadeiro evangelho, pois este é “o
poder de Deus”. Se ele estivesse apoiado em sua capacidade e retórica,
então teria muito para se preocupar, mas estando no “poder”, a que precisaria
temer?
Romanos Estudo n° 14
Romanos Estudo n° 14
"...o evangelho de Jesus Cristo sempre ofende o homem natural e, se ele não
faz isso, então é provável que esteja deturpado em algum ponto".
Romanos
1:15a17 – “E assim, quanto está em mim, estou pronto
para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma. Porque não me
envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a
justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”.
Nesta
passagem o Apóstolo nos esclarece o grande tema desta Epístola; recordemos o contexto;
Ele diz: “Sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros,
tanto a sábios quanto a ignorantes. E assim, quanto está em mim, estou pronto...”.
Não importava quem fossem os ouvintes, ele estava disposto e estava pronto para
pregar a mesma mensagem; Se os ouvintes fossem doutores ou pobres camponeses,
não importava, ouviriam o mesmo evangelho, seriam impactados pela loucura da
pregação:
ICorintios
1:21 – “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não
conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela
loucura da pregação”. Afinal, a sabedoria de Deus não permitiu que
qualquer ser humano O conhecesse por sabedoria própria, sabedoria inata. Nenhum
cálculo, teste científico ou filosofia humana pode levar alguém a conhecer a
Deus, somente a loucura da pregação pode fazer isso.
“Não me envergonho do evangelho...”. Será que Paulo
teria motivos para se envergonhar deste evangelho? Será que eu e você teríamos
motivos? Bem, primeiramente, precisamos compreender a figura de linguagem que
Paulo emprega aqui. Ele está utilizando uma conhecida por litotes, que
significa “uma afirmação feita na forma de negação de uma afirmação contrária”.
Ao invés de dizer que “se orgulha” do evangelho, ele diz que não se envergonha
dele. E dizer que não se envergonha é, na verdade, uma outra forma de dizer que
se gloria nele. Como ele mesmo declara aos Gálatas (6:14) – “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de
nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu
para o mundo”. Ele se gloriava na Cruz, na pregação da Cruz.
E por que
ele se utiliza da litote de forma negativa? Muito provável que deliberadamente,
ele estava tentando dizer as duas coisas, que se orgulhava e que de forma
alguma sentia vergonha deste Santo Evangelho. Ele estava indo para Roma,
capital do mundo naquele período, local onde se encontravam os maiores cientistas
e filósofos de sua época. Paulo não teria dificuldade em se comunicar com eles,
afinal, ele também era versado nas letras (At.26:24), porém, queria deixar
claro que o objetivo de sua visita, o alvo de sua vida, toda sua concentração e
esforços estavam em torno deste tema e desta mensagem. Da mesma maneira
orientou seu jovem discípulo:
IITimóteo
1:8 – “Portanto, não te envergonhes do testemunho de
nosso SENHOR, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições
do evangelho segundo o poder de Deus”. Havia muitos motivos para Timóteo
voltar atrás, desistir da carreira cristã, muitas perseguições, tribulações e
rejeições acompanhavam a fé. Exatamente por isso, Onesíforo recebe grande
elogio pelo seu cuidado com o Apóstolo:
IITimóteo
1:16-18 – “O SENHOR conceda misericórdia à casa de
Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas
cadeias. Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou. O
Senhor lhe conceda que naquele dia ache misericórdia diante do SENHOR. E, quanto
me ajudou em Éfeso, melhor o sabes tu”. Em relação à verdade do
evangelho, jamais devemos ser passivos, antes temos que levantar, alçar a voz e
batalhar pela fé:
IITimóteo
1:7 – “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas
de fortaleza, e de amor, e de moderação”. Isto é disciplina.
Um
cristão pode falar assim: “Desde quando eu cri, nunca fui tentado a duvidar,
nunca fui tentado a envergonhar-me”. Porém, quando olhamos a biografia dos
grandes santos do passado e até mesmo de Timóteo, vemos que eles sofreram duras
investidas nessa linha, passaram por fortes tentações e foram sustentados por
Deus. Paulo diz que este evangelho era “escândalo para os judeus e loucura para
os gregos”. Quem de nós gostaria de ser ridicularizado por aquilo que crê em meio
a uma multidão de pessoas? Quem gostaria de ser o motivo de risos e de deboches
em meio aos amigos da escola ou do trabalho? Será que Paulo não se arrependeu
de um discurso tão radical em meio aos intelectuais de sua época que debocharam
dele abertamente? Vejamos:
Atos
17:16-32 – “E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o
seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria.
De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias
na praça com os que se apresentavam. E alguns dos filósofos epicureus e
estóicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E
outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a
Jesus e a ressurreição. E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos
nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas nos
trazes aos ouvidos; queremos, pois, saber o que vem a ser isto (Pois todos os
atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão
de dizer e ouvir alguma novidade). E, estando Paulo no meio do Areópago, disse:
Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; Porque, passando
eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito:
AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu
vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e
da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é
servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele
mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; e de um só
fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra,
determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação para
que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que
não está longe de cada um de nós; Porque nele vivemos, e nos movemos, e
existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua
geração. Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a
divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por
artifício e imaginação dos homens. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da
ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se
arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o
mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos,
ressuscitando-o dentre os mortos. E, como ouviram falar da ressurreição dos
mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez”.
“Uns escarneciam...”. Eis o ponto, eram filósofos, eram
cientistas, Paulo também era, era versado em idiomas e filosofias, poderia
conversar com eles no mesmo nível, poderia contextualizar a mensagem, mudar a
ênfase, usar argumentos e exemplificações mais humanistas, se agisse assim, não
zombariam dele; mas ele foi radical, ele falou em ressurreição, em
arrependimento, disse que a divindade não pode ser “esculpida pelo artifício da
imaginação dos homens”, disse que todo e qualquer conceito de Deus à parte da
Palavra não passa de vã e condenável idolatria. Por isso ele foi rejeitado,
escarnecido e perseguido naquela cidade; Mas Deus, que consola os abatidos
confortou a Paulo, tocando o coração dos eleitos a fim que ouvissem a mensagem
e se convertessem pela loucura da pregação, como vemos:
Atos
17:34 – “Todavia, chegando alguns homens a ele, creram;
entre os quais foi Dionísio, areopagita, uma mulher por nome Dâmaris, e com
eles outros”. Estes são os frutos, estes são aqueles que tiveram seus
corações abertos, por isso creram, creram pela ação do Espírito e não pela
habilidade do pregador:
Atos
16:14 – “E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora
de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o SENHOR
lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia”. Não
ter vergonha do evangelho também significa crer o suficiente para ser fiel e
pregar somente a Palavra, ainda que esta venha a ferir a consciência e as crenças
dos ouvintes; sabendo que ser fiel à mensagem é nossa obrigação; conversão é
com o Senhor... !
Uma boa
prova que podemos perceber acerca daquilo de que está sendo pregado é a reação
dos ouvintes, pois o evangelho de Jesus Cristo sempre ofende o homem natural e,
se ele não faz isso, então é provável que esteja deturpado em algum ponto, está
falsificado. Se ao invés de levar o pecador ao desespero, a ponto de clamar por
um Salvador, antes, apenas o faz pensar que fazendo isto ou aquilo poderá
salvar-se, então ele não ouviu o evangelho, mas apenas teve comichão nos
ouvidos, ouviu uma palestra de auto ajuda. Qualquer um que pode fazer algo a fim
de ser salvo, não precisa de Alguém que o salve. O verdadeiro evangelho diz que
estamos mortos em delitos e pecados, diz que estamos sob a eminente ira
vindoura de Deus, que nada podemos fazer por nós mesmos, o verdadeiro evangelho
humilha o pecador mostrando sua condição e necessidade, por isso mesmo, será
odiado pelos que se perdem e amado pelos que estão sendo salvos. O orgulho
humano não aceita e nem reconhece sua incapacidade e total dependência da
intervenção Divina. Não pode tolerar a ideia de que todo Dom perfeito vem do
alto (Tg.1:17), e que dele mesmo, homem, apenas o mal pode proceder (Mt.15:19).
Para o homem natural, não há nada mais humilhante e vergonhoso do que ser salvo
e nada mais odioso do que o evangelho.
Que
significa, então, a salvação? Em primeiro lugar, a salvação só pode significar
que o homem é libertado do pecado. E como isso se dá? Há na salvação uma
tríplice libertação do jugo do pecado:
-
Libertação da culpa e da condenação do pecado: Todos nós nascemos em estado de
culpa pelo pecado, não podemos evitá-lo, não temos como parar, e os nossos
pecados produzem culpa à vista de Deus. Somos culpados perante Deus. Por isso o
evangelho é o “poder de Deus pra salvação de todo
aquele que crê...”, não que possa parar completamente de pecar, mas que
confia pela fé em um Justificador e Salvador... sente-se livre da culpa, por
isso: “O justo viverá da fé”.
-
Libertação do poder do pecado: Todos nós éramos escravos do pecado, estávamos
sob seu jugo, sob seu poder, ele nos dominava, nossas mentes e pensamentos
estavam cativos (Ef.2:2). A salvação, garante Paulo, é o poder de Deus para a
libertação da escravidão do pecado.
-
Libertação da corrupção do pecado: Corrupção que não está só no mundo, mas que
também vem de dentro de nós, como diz o Apóstolo: “Mas
vejo nos meus membros outra lei...”, Paulo vai dizer no capítulo 7 de
Romanos: Sou impuro. Há algo em mim que me arrasta para baixo, eu mesmo me
tornei corrupto, impuro, moralmente poluído. Assim, a salvação nos livrou do
pecado desta maneira tríplice, ainda que, quanto à corrupção, este trabalho só
será completado naquele Dia:
Efésios
5:26-27 – “Para a santificar, purificando-a com a
lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.
Em
segundo lugar...
Romanos Estudo n° 15
"O SENHOR fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal".
Romanos
1:16 – “Porque não me envergonho do evangelho de
Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro
do judeu, e também do grego”.
Voltamos
à pergunta do estudo anterior: O que significa salvação? Em primeiro lugar,
como já vimos, libertação do pecado, em sua culpa, seu poder e, também, da
corrupção e contaminação inerentes. Em segundo lugar, significa ser
completamente reconciliado com Deus. É trágico verificar quantas vezes isso é
esquecido ou não é dito. Parece que alguns apresentam a salvação como se
simplesmente significasse perdão. Mas o perdão é apenas o começo. Este segundo
fato é ainda mais maravilhoso e glorioso. Antes da queda o homem estava em
comunhão com Deus e gozava o seu companheirismo e, não seremos salvos enquanto
isto não for restaurado.
Em
terceiro lugar, é que a salvação restabelece em nós a esperança da glória.
Quando o homem caiu em pecado, ficou sob a ira de Deus, e a ira de Deus envia o
culpado à destruição. Portanto precisamos ser libertos da destruição;
precisamos ser libertos da ira vindoura. Certamente vocês notam que quando João
Batista pregava, a mensagem era: arrependei-vos! Ele chamava as pessoas para o
batismo de arrependimento para remissão dos pecados: “Salvai-vos
desta geração perversa, fugi da ira vindoura!” Permita-me dizer mais uma
vez: o homem em pecado está sob a ira de Deus, e a ira de Deus envia o pecador
à perdição, à destruição, e precisamos ser libertos dessa destruição. A
salvação é isso; dá-nos “vida eterna”; dá-nos “vida sempiterna”; dá-nos a
“esperança da glória”; apresenta-nos a possibilidade de passarmos na presença
de Deus, em toda a Sua glória!
Esta,
em essência, é a definição mais básica de salvação, porém, é de grande proveito
definir a salvação em termos do tempo, isto é, relacionar a salvação com o
fator tempo. Em certo sentido, todo verdadeiro cristão pode dizer que já está
salvo, como Paulo bem afirmou:
ICorintios
1:18 – “Porque a palavra da cruz é loucura para os que
perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus”. “Somos
salvos”, significando que em certo momento nós fomos salvos e agora
permanecemos... Verdadeiramente, há um aspecto da salvação que já está
completo, não precisa ser repetido jamais, como também nunca poderá ser
desfeito. O Apóstolo fala sobre isso em algumas ocasiões, como no início do
capítulo 5 de Romanos: “Sendo, pois, justificados pela
fé, temos paz com Deus”. Sendo justificados pela fé, já se deu o acontecimento.
“Portanto, agora, nenhuma condenação há...”.
Contudo,
é claro que há um aspecto não concluído desta grande obra de salvação, por
conta disto, podemos dizer que fomos salvos e, também, que estamos sendo... Há,
portanto, um sentido em que a salvação já aconteceu, e, contudo, ainda está
acontecendo. Como vemos em Romanos 7:24-25 – “Miserável
homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por
Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de
Deus, mas com a carne à lei do pecado”.
Depois,
em terceiro lugar, ela acontecerá ainda no futuro. Por isso diz Paulo: Romanos
8:24 – “Porque em esperança fomos salvos. Ora a
esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará”?
Ou como
ele afirma no versículo 23 acerca desta esperança: Romanos 8:23 – “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do
Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção
do nosso corpo”. Vemos, claramente uma progressão, uma caminhada
ascendente no processo de salvação: Romanos 13:11 – “E
isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a
nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”.
Como
vemos nos versículos que Deus utilizou para a conversão de Agostinho: Romanos
13:12a14 - “A
noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e
vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia; não em
glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem
em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais
cuidado da carne em suas concupiscências”. Fomos salvos... agora estamos
caminhando para a perfeição, por isso, Paulo nos diz: A nossa salvação final,
perfeita, “está agora mais perto de nós do que quando passamos a crer”.
Estivemos marchando para frente e para frente continuamos indo; é algo que
ainda está adiante. Por isso Pedro se refere a esta jornada guiada e conduzida
por Deus da seguinte forma: IPedro 1:5 – “Que mediante
a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se
revelar no último tempo”. O poder de Deus nos guarda dentro da salvação,
a isto os reformados chamaram de “perseverança dos santos”; este “Poder” nos
guarda, preserva e conduz até o Dia da perfeita salvação em que “seremos como ele é” (IJo3:2). (perfeitamente santos).
Desta
forma, este caminho de salvação, este progresso, é bem definido nesta passagem:
ICorintios 1:30 – “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo,
o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção”. Todos os méritos, todos os trabalhos são realizados por
Cristo e refletidos em nós, por isso, “mediante a fé,
estamos guardados no poder de Deus para a salvação já prestes a se revelar no
último tempo”. O Evangelho, ensina o Apóstolo, não é um incentivo ao
esforço próprio, antes, é o anúncio do que Deus fez para salvar-nos.
Romanos
1:16-17 – “Porque não me envergonho do evangelho de
Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro
do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em
fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”.
“...pois é o poder de
Deus para salvação...” – É fundamental que sempre possamos interpretar
esta frase de modo a deixar claro que é uma poderosa ação da parte de Deus, não
da parte do homem. Precisamos entender claramente que o evangelho não é Deus
dizendo a nós o que devemos fazer, ou dando-nos uma receita ou fórmula, porque
se fosse isso, o poder necessário seria nosso e não dEle. O evangelho não é um
método, antes, é o poder de Deus produzindo salvação em nós. Noutras palavras,
é Deus em nós. Nós podemos ver Paulo declarando esta mesma ideia em outras
passagens como:
IICorintios
5:4e5 – “Porque também nós, os que estamos neste
tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas
revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus,
o qual nos deu também o penhor do Espírito”. Um obra completa, preparada
e executada pelo Senhor.
Efésios
1:19e20 – “E qual a sobreexcelente grandeza do seu
poder sobre nós, os que cremos, segundo
a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o
dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus”. Alguém poderia
dizer: “estou salvo, porque um dia eu cri, eu decidi...”; Mas, a pergunta que
deve ser feita é: O que foi que operou em você para que viesse a crer? Não foi
o poder de Deus mediante o Espírito? E, se foi o poder de Deus, então de quem é
o mérito? De quem é a glória?
Outra
pergunta que devemos fazer é: Quem fez o crente? Quem gera a nova vida? Quem
opera o novo nascimento? A resposta está nesta passagem: Efésios 2:10 – “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as
boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”.
Nossas
obras e realizações são mesmos nossas, ou há algo por trás dos bastidores
realizando não só a nossa santificação como também o ato de salvação? O Apóstolo
responde: Filipenses 2:12e13 - “De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não
só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também
operai a vossa salvação com temor e tremor; Porque Deus é o que opera em vós
tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. Bom, alguém
poderia dizer: “Se Deus faz tudo, então posso me sentar e curtir a preguiça?”
Jamais! Este poder que opera em nós vencendo o pecado e destruindo a natureza
caída, também nos capacita e impulsiona para as boas obras, por isso diz: “...somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras...”.
A Bíblia jamais justifica a letargia, a omissão e a preguiça, antes, deixa
claro que aquele que foi salvo, foi salvo para determinados fins:
Provérbios
16:4 – “O SENHOR fez todas as coisas para atender aos
seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal”.
Romanos
8:28a30 – “E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo
o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a
estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou”.
A palavra traduzida por ‘conhecer’ nesta passagem
que lemos, vem do grego - προγινοσκω proginosko que
significa: Ter conhecimento, ou relacionamento de antemão, prever, daqueles
que Deus elegeu para a salvação, predestinar. Esta mesma palavra
aparece em outras passagens como:
Mateus
1:25 – “E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o
primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus”. Esta palavra prognosko, possui
um sentido de relacionamento profundo, nada tem a ver com conhecer no sentido
em que nós costumamos utilizar em nossa língua, como alguém que diz: “Eu
conheço aquele político, já o vi pela televisão...”. Não, de forma alguma, este
conhecer aqui está indicando relacionamento profundo com o indivíduo e não com
suas obras ou feitos. Deus não nos escolheu por saber que um dia faríamos algo
bom, de forma alguma, antes, Deus nos escolheu para nos transformar em algo bom
e, para que façamos coisas boas coerentes com nosso novo e santo caráter.
A
salvação jamais será por algo que fazemos, ou possamos fazer, e sim, por algo
que Ele fez por nós: Romanos 3:20 – “Por isso nenhuma
carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o
conhecimento do pecado”. Nem pelas obras da lei ou por qualquer outro
código de regras...
Ele
gerou a salvação em nós por Sua Vontade e não pela nossa: Tiago 1:18 – “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade,
para que fôssemos como primícias das suas criaturas”.
IPedro
1:23 – “Sendo de novo gerados, não de semente
corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece
para sempre”. A Palavra de Deus é a semente incorruptível que, através
da ação do Espírito gera a nova vida e, somente a nova vida é capaz de fazer a
Vontade do Pai e agradá-Lo em tudo; jamais obedeceremos por nossa vontade, mas
sim pela Vontade dEle operando em nós, por isso, “quem quiser segui-lo,
renuncie a Si mesmo”, facilite a obra, não resista ao Espírito, permita que Ele
te mate e gere algo novo, nascido da morte em ressurreição e verdadeira vida.